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Gilberto Freyre (1946, p. 86), em sua clássica obra “Casa Grande e Senzala”, considera que a predisposição do povo português para colonização dos trópicos é explicada em grande parte devido à aclimatabilidade e miscibilidade muito maior que outros povos europeus, já que Portugal tem um passado de país geográfico, étnico e culturalmente indefinido entre a Europa católica e a África moura. O malandro Zé Carioca reintroduzia nos anos 1950 “a concepção freyriana de que no Brasil tudo tende a amolece
Tipologia: Notas de estudo
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Fundação Escola de Sociologia e Política FESPSP
Trabalho final apresentado à disciplina Estado, Cultura e Identidade do curso de Estudos Brasileiros da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP) Prof. Dr. Daniel de Lucca Aluno: Edson Luiz Fogo RA 20443 São Paulo 2016
Introdução Gilberto Freyre (1946, p. 86), em sua clássica obra “Casa Grande e Senzala”, considera que a predisposição do povo português para colonização dos trópicos é explicada em grande parte devido à aclimatabilidade e miscibilidade muito maior que outros povos europeus, já que Portugal tem um passado de país geográfico, étnico e culturalmente indefinido entre a Europa católica e a África moura. O malandro Zé Carioca reintroduzia nos anos 1950 “a concepção freyriana de que no Brasil tudo tende a amolecer e se adaptar” (SCHWARCZ, 1995, p. 9). Verdadeiro ícone da cultura brasileira, Zé Carioca se encaixa com perfeição na definição de herói nacional: “servem de imagem e de modelo para a nação. No processo de construção de um herói, é possível detectar qual o tipo de personalidade e quais os valores mais altamente considerados pelo povo, tal como um espelho ou como uma aspiração” (CARVALHO, 2003, p. 398). Só que esse “ícone da cultura brasileira” é uma criação de artistas norte-americanos dos Estudios Disney. As origens do personagem Durante a 2ª Guerra Mundial, vários artistas norte-americanos colaborariam com seu governo engajando seu talento e personagens no esforço de guerra. O desenho animado “Alô, amigos” (“Saludos amigos”, 1942) narra a viagem pela América Latina de desenhistas, músicos e escritores dos estúdios do produtor de desenho animado Walt Disney que “em sua estadia, criaram diversos personagens ligados aos países latino-americanos para o cinema de animação, entre eles o papagaio brasileiro Zé Carioca” (Santos, 2002, p. 2). Zé Carioca ciceronearia novamente o Pato Donald pelas terras brasileiras, bebendo cachaça e dançando samba nos desenhos animados “Você já foi à Bahia?” (“The three caballeros”, 1944) e “A culpa é do samba” (“Blame it on the samba”, 1948). Pegoraro (2012, p. 8) enumera vários elementos que provavelmente foram utilizados pela equipe de Disney para compor o personagem: Paulo da Portela, passista de escola de samba, teria inspirado o visual e alguns trejeitos do papagaio; Dr. Jacarandá, conhecido boêmio do Rio de Janeiro dos anos 1940, inspirou a indumentária (terno, chapéu de palha e guarda-chuva) do Zé Carioca; e os desenhos de papagaios feitos por J. Carlos, cartunista que na época foi convidado a trabalhar nos Estúdios Disney (e recusou), inspiraram a arte-final do personagem. Schwarcz (1995,
publicadas em “Zé Carioca 70 anos” são descritas a seguir:
uma confusão com um canário que pertence à sua namorada Rosinha e deveria participar de um concurso. Nessa história os principais personagens, Mickey e Minie, foram substituídos por Zé Carioca e Rosinha por desenhistas brasileiros, fato comum nesse período;
CARVALHO, José Murilo de. Nação imaginária: memórias, mitos e heróis. In: NOVAES, Adauto. A crise do Estado-nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 395-418. DAMATTA, Roberto. Você sabe com quem está falando?: um ensaio sobre a distinção entre indivíduo e pessoa no Brasil. In: DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. p. 1-70. FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1946. FRY, Peter. "Feijoada e soul food" 25 anos depois. In: A persistência da raça: ensaios antropológicos entre o Brasil e a África Austral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 145-166. O PATO DONALD , São Paulo, Abril, n. 1, jun. 1950. Mensal. Edição Fac-símile. PEGORARO, Celbi Vagner. A criação do Zé Carioca. In: Zé Carioca 70 anos: volume 1. São Paulo: Abril, 2012. p. 6-10. SANTOS, Roberto Elísio dos. Zé Carioca e a cultura brasileira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIêNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 25., 2002, Salvador. Anais.... Salvador: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2002. p. 1 - 19. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/843a7d8668c8cf6538d1f9e54842581f.pdf. Acesso em: 10 jun. 2016. SCHWARCZ, Lilia. Complexo de Zé Carioca. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 10, n. 29, 1995. VENTURA, Fernando; ALENCAR, Marcelo. Anos 1950: a fase de transição. In: Zé Carioca 70 anos: volume 1. São Paulo: Abril, 2012. p. 230-231. ____________. Anos 1970: a década de ouro. In: Zé Carioca 70 anos: volume 2. São Paulo: Abril, 2012b. p. 6-7. Zé Carioca 70 anos: volume 1. São Paulo: Abril, 2012. Zé Carioca 70 anos: volume 2. São Paulo: Abril, 2012.
A CULPA é do samba (Blame it on the samba). Direção de Clyde Geronimi. Produção de Walt Disney. Los Angeles: Walt Disney Productions, 1948. (6 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5Ys1U6BNYAQ. Acesso em: 5 jun. 2016; 6 jun. 2016. ALÔ, amigos (Saludos amigos). Direção de Wilfred Jackson. Produção de Walt Disney. Los Angeles: Walt Disney Productions, 1942. (42 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CODjUu0Y6vs. Acesso em: 4 jun. 2016. VOCÊ já foi à Bahia? (The three caballeros). Direção de Norman Fergunson. Produção de Walt Disney. Los Angeles: Walt Disney Productions, 1944. (61 min.), son., color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OLDgiRGJJB4. Acesso em: 5 jun. 2016.