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Yasmin Lima Pacheco CASO BERNARDO BOLDRINI, Notas de estudo de Jornalismo

CASO BERNARDO BOLDRINI: um estudo sobre as facetas discursivas ... RESUMO. Esta pesquisa está formada em torno dos estudos sobre discursividades organizadas.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Yasmin Lima Pacheco
CASO BERNARDO BOLDRINI: um estudo sobre as facetas discursivas
apresentadas na cobertura do jornal O Diário de Santa Maria
Santa Maria, RS
2015
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Yasmin Lima Pacheco

CASO BERNARDO BOLDRINI: um estudo sobre as facetas discursivas apresentadas na cobertura do jornal O Diário de Santa Maria

Santa Maria, RS 2015

Yasmin Lima Pacheco

CASO BERNARDO BOLDRINI: um estudo sobre as facetas discursivas apresentadas na cobertura do jornal O Diário de Santa Maria

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Jornalismo, do Centro Universitário Franciscano, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo.

Orientadora: Profª. Morgana de Melo Machado

Santa Maria, RS 2015

AGRADECIMENTOS

Depois de longos anos, chegou a hora de agradecer. A hora de expressar aos que tenho tanto carinho e amor toda minha gratidão. Começarei pela minha mãe. Ela que me deu a vida, me ensinou o que é certo e o que é errado, e nunca deixou ninguém desmerecer meus sonhos. A mulher mais linda que conheci que fez de tudo para me criar, que me ensinou a amar aos outros. Sempre será motivo das minhas alegrias e meu porto seguro. Dedico mais essa etapa a você, obrigada por tudo, te amo. Ao meu grande e eterno amor, Fernando. Sem palavras para descrever tudo o que você faz por mim, obrigada por ser meu colo nas noites que achei que não iria ser capaz se chegar ao fim desse percurso, por acreditar nos meus sonhos e por ser esse marido tão fiel e amoroso. Minha tia e minha vó, exemplos de mulheres, a base da nossa família. Vocês foram e são essenciais para que eu consiga sempre me manter em pé. Vozinha, quanta coisa já fez pela nossa família, quantas noites em claro já passou para não deixar faltar as coisas em casa né? Você é nossa guerreira que, embora pareça ser um pouco séria, é de uma delicadeza incrível. Titia, a mulher mais alegre da família, não se deixa abalar tão fácil pelas coisas, desce do salto para defender os seus. Essa tua força me trouxe até aqui. Vocês são minhas mães de coração, meu amor e gratidão eterna. Meu tio, quase um pai na minha vida, me ensinou a apreciar as melhores bandas de rock que existem, me deu todo amor e carinho que existia. Apesar na distância física entre nós, eu te amo e dedico a você parte dessa vitória. Meu padrasto querido, Silvio, mais conhecido como Mano, o rei das mentiras e das armadilhas, né? Coube a você me ensinar, defender e amar, lhe tenho como pai e exemplo de homem, todo teu amor me deu forças para ir de atrás dos meus sonhos, obrigada. Aos meus professores, todos, sem exceção, que merecem o meu muito obrigada por me mostrarem o quão apaixonante é a profissão que escolhi. Por me fazerem acreditar que podemos fazer um mundo melhor. Levarei vocês comigo, cada um com suas particularidades. A minha orientadora, diva Morgana, que meu ajudou a pensar e concluir com êxito este trabalho, que me manteve calma e me deu forças. E, é claro, pela amizade que se construiu entre nós, obrigada, muito obrigada.

Aos meus amigos, que são minha fonte de alegria quando a mesma se esgota. Mariane, a loira mais chata para tudo que já conheci, mais a amiga mais disposta para ajudar quando precisamos e, ainda por cima me deu a benção de ser dinda de uma princesa linda, que veio para encher meu coração de alegria e amor. Nelissa e Stephano, por nossas longas risadas, nossas temporadas de verão na piscina, por serem amigos tão queridos. Madson, pelos melhores churrascos que já comi, por ser o nosso bombeiro de plantão e pela amizade. Junior, meu tipo “afilhado”, que grande menino cheio de vida, amigo de todas as horas, obrigada por tudo. Karina, minha gringa, nossa amizade vem de outras vidas, nossas encontros sempre geram grandes pautas, todo teu companheirismo e amizade foram fundamentais, obrigada. Aos meus colegas de faculdade, não citarei nomes, pois ao longo dos anos foram somando mais e mais amigos, que quero conviver e lembrar para sempre. A minha companheira de trabalho Jaqueline, por toda paciência, por quebrar mil galhos para mim enquanto eu terminava meu trabalho final. E, claro, pela amizade, obrigada. A Deus e aos meus mestres e guias espirituais, a compreensão do espiritismo só veio a acrescentar, me fortalecendo e dando forças, a caridade nos torna mais humanos e evoluídos. Ao anjo mais lindo que conheci na minha vida, Henrique, onde quer que esteja dedico parte dessa conquista a você, a saudade sempre vai permanecer em meu coração, além do amor que existiu entre nós, ficaram teus ensinamentos e minha vontade de viver em busca de um reencontro. Aos meus filhos de quatro patas, Ana Carolina, Pinga, Carláio e Tuf Tuf, vocês são os mais terríveis animais do mundo, mas eu não saberia o que é o amor longe dessas caras lindas, desculpa por estar ausente nos últimos tempos, agora a mamãe é toda de vocês. Concluo os agradecimentos dizendo que todos que estiveram comigo nessa jornada estão guardados em meu coração e que eu nunca os esquecerei. Obrigada. Hoje termino meu trabalho final de graduação, mais ainda falta um trecho desta jornada acadêmica... Agora falta pouco, rumo ao tão sonhado canudo.

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO
    1. REFERENCIAL TEÓRICO
    • 2.1 VALOR-NOTÍCIA
    • 2.2 SOBRE A COBERTURA JORNALÍSTICA
    • 2.3 DISCURSIVIDADES MIDIÁTICAS
    • 2.4 ACONTECIMENTO DO FATO...............................................................................
    • 2.5 MODOS DE ENUNCIAR E APRESENTAR...........................................................
    1. METODOLOGIA
    • 3.1 NATUREZA E TÉCNICA DE PESQUISA
      • 3.1.1 CATEGORIAS
      • 3.1.2. FASES DA PESQUISA
    1. OBJETO EMPÍRICO
    • 4.1 O CASO EM SI
    • 4.2 O CASO NA MÍDIA
      • 4.2.1 CORPUS DE PESQUISA...................................................................................
    1. RESULTADO E DISCUSSÃO DE DADOS
    • 5.1 RESUTADOS QUANTITAVOS
    • 5.2 RESULTADOS QUALITATIVOS
    1. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • ANEXOS
  • FIGURA 1- PROJETO VERSUS COLETA DE DADOS: UNIDADES DIFERENTES DE ANÁLISE.......... LISTA DE FIGURAS
  • FIGURA 2 - CAPA DO JORNAL O DIÁRIO DE SANTA MARIA – DIA 16 DE ABRIL DE 2014.
  • FIGURA 3 - CAPA DO JORNAL O DIÁRIO DE SANTA MARIA - DIA 17 DE ABRIL DE 2014.......
  • FIGURA 4 – ENUNCIAÇÕES - COMOÇÃO
  • FIGURA 5 - ENUNCIAÇÕES - CONDENAÇÃO MIDIÁTICA
  • FIGURA 6 - ENUNCIAÇÕES - REPERCUSSÃO SÓCIO INDIVIDUAL
  • FIGURA 7 - ENUNCIAÇÕES - CREDIBILIDADE
  • FIGURA 8 - ENUNCIAÇÕES – NEUTRALIDADE
  • FIGURA 9 - ENUNCIAÇÕES – INTEGRIDADE
  • FIGURA 10 - ENUNCIAÇÕES - OUTROS TIPOS DE ENUNCIAÇÕES

1 INTRODUÇÃO

A cobertura jornalística do tema morte é recorrente na mídia, casos como Isabella Nardoni, Suzane Richthofen e João Hélio ainda são veiculados a cada novo fato. Podemos compreender o tema morte na mídia pelo critério de impacto, pois sensibiliza, comove e choca o público, gerando grande repercussão midiática. Cada veículo possui suas estratégias discursivas de acordo com suas normas políticas e seus interesses. O olhar lançado do jornalista sobre o fato aponta ângulos diferentes sobre o mesmo.

Esta pesquisa é uma monografia de conclusão do curso de Jornalismo, que tem como objetivo geral estudar como o jornal O Diário de Santa Maria constrói as representações jornalísticas do caso Bernardo Boldrini e objetivos específicos: delimitar a construção técnica sobre o objeto de pesquisa; identificar e acompanhar a cobertura jornalística sobre o caso Bernardo Boldrini no jornal O Diário de Santa Maria, e compreender como se desdobram as categorias de pesquisa elencadas para análise com base na construção teórica. A metodologia é de natureza qualitativa e quantitativa, envolvendo processos e técnicas de várias ordens: leitura e análise dos textos, observação, categorização, fundamentada em princípios da natureza da análise de conteúdo mediante o trabalho de leitura dos discursos das reportagens. A análise é uma metodologia utilizada por muitos pesquisadores na área das ciências sociais, que tem como fundamento a análise numérica da constância de determinados termos, em diferentes textos.

Este estudo justifica-se porque a cobertura do caso Bernardo Boldrini no jornal O Diário de Santa Maria e a construção do acontecimento ainda não foi estudado. No decorrer da história midiática, as abordagens de assuntos relacionados ao tema morte no jornalismo ganharam maior ênfase. A sociedade passou a aceitar de maneira mais branda o assunto, que anos atrás era tão delicado de ser veiculado nos meios de comunicação. Considerando a regionalidade, um dos eventos de maior repercussão midiática no primeiro semestre no ano de 2014 foi a assassinato no menino Bernardo Boldrini. A brutalidade e envolvimento de pessoas do âmbito familiar geraram revolta por parte da sociedade. O fato tornou-se notícia em distintos veículos, uma grande cobertura nacional e regional foi designada a relatar o acontecimento jornalístico.

Entre os diversos jornais que abordaram a caso, foi delimitado apenas um veículo em sua versão impressa, para assumir a condição de objeto empírico. Na demarcação deste material, delimitam-se as particularidades de cada edição escolhida, com suas diferentes representações. Como representante midiático, foi escolhido o jornal O Diário de Santa Maria, primeiramente por se tratar de um dos jornais mais influentes da região e por sua grande credibilidade.

No referencial teórico, recorremos a autores que, em um primeiro momento nos ajudaram através de conceitos como os de valores-notícia, agendamento, representação, apresentação, produção de sentidos, as discursividades midiáticas, a fim de entender os modos de enunciação de cada reportagem. No último capítulo, elencamos seis categorias: comoção, condenação midiática, repercussão sócio-individual, credibilidade, neutralidade e integridade, a fim de facilitar e sistematizar os enunciados elencados. E para demonstrar estas afirmativas, no capitulo das análises, foram avaliadas diferentes edições da cobertura do caso Bernardo Boldrini, nas quais aplicamos os conceitos ordenados no capítulo do referencial teórico, onde tratamos de formar considerações úteis à leitura do caso.

os valores-notícia de seleção referem-se aos critérios que os jornalistas utilizam na seleção dos acontecimentos, na decisão de escolher um acontecimento como candidato à sua transformação em notícia, já os valores-notícia de construção são qualidades da sua construção como notícia, sugerindo o que deve ser realçado. (WOLF, 1987, apud TRAQUINA, 2005, p. 78)

A morte é um dos valores-notícia de maior importância, quanto mais violenta, ou quanto mais espanto causar à sociedade, maior é sua repercussão. Segundo Traquina (2005), a morte é um valor-noticia fundamental para a comunidade e uma razão que explica o negativismo do mundo jornalístico. A sociedade foi modificando-se conforme o jornalismo foi evoluindo, a necessidade crescente da sociedade em saciar suas curiosidades sobre os acontecimentos, principalmente os de cunho negativo, fez com que as notícias ligadas à morte ganhassem maior ênfase pelo mundo midiático. De acordo com Traquina (2005), todos nós seremos notícia pelo menos uma vez na vida no dia seguinte à morte, a localização desta notícia dependerá de nossa notoriedade.

Para a comunidade jornalística outro valor-notícia de grande importância é a notoriedade, quanto mais importante à pessoa é para a sociedade mais chances ela tem de ser noticiada. Não é à toa que todos os dias visualizamos nos meios de comunicação centenas de notícias relacionadas a figuras importantes da sociedade. Galtung e Ruge (1965[1993] apud TRAQUINA, 2005, p.80), “quanto mais o acontecimento disser respeito às pessoas de elite, mais provavelmente será transformado em notícia”. Outro conceito fundamental é a novidade, o que não for novidade não serve para a comunidade jornalística qualquer fator novo em um acontecimento é motivo para voltar a falar sobre o assunto. Já os valores-notícia de construção, segundo Traquina (2005), referem-se os critérios de seleção dos elementos dentro do acontecimento dignos de serem incluídos na elaboração da notícia. Um importante valor-notícia de construção é a dramatização, na qual se levam em conta os aspectos mais críticos, jogando com o lado sentimental do acontecimento, agregando aos leitores o sentimento de comoção. outro ponto que merece ser sublinhado é que os valores-notícia estão enterrados nas rotinas jornalísticas, os contatos entre as fontes e os jornalistas podem influenciar a percepção do jornalista quanto ao valor-notícia dos acontecimentos e dos assuntos. (TRAQUINA, 2005, P. 94)

Noticiar e presenciar uma cobertura jornalística de um acontecimento inesperado, segundo Traquina (2005), corresponde a um momento histórico da carreira, que os jornalistas podem contar para seus netos e serve para dar esperança na fadiga da rotina diária. É atraente ver que o acontecimento jornalístico geralmente se define a partir de uma concepção positiva da história: o extraordinário em relação ao comum, a anomalia em relação à norma. “É acontecimento tudo aquilo que irrompe na superfície lisa da história de entre uma multiplicidade aleatória de fatos virtuais”, diz Rodrigues (1993, p.27). Cada grupo profissional possui suas próprias regras e normas, para melhor agrupar e definir suas especificações, o ethos jornalístico subdivide-se em liberdade e objetividade. Traquina (2004) delimita bem o papel do jornalista; “a teoria democrática aponta claramente para os meios de comunicação o papel de mercado de ideias numa democracia, onde a opinião da sociedade pode ser ouvida e discutida”. Transformando o jornalista em voz da sociedade equipando e fornecendo subsídio para os cidadãos obterem conhecimento e a partir dai tirar suas próprias conclusões sobre assuntos pertinentes ao conhecimento comum. De acordo com Traquina (2004), o jornalismo como guardião dos cidadãos onde os meios de comunicação protegem os cidadãos de eventuais abusos de poder por parte dos governantes. O senso comum do ethos jornalístico se constrói de jornalistas desinteressados de benefícios próprios, os mesmos fornecem informação a serviço da opinião pública. A luta pela liberdade de imprensa é um dos assuntos mais discutidos sobre o ethos jornalístico, Traquina (2004) descreve “a luta pela liberdade e a luta pela defesa da liberdade, perante qualquer tentativa de limitar essa liberdade se torna incessante”. A credibilidade é outro item importante, o jornalista sem liberdade pouco ganhará credibilidade, ponto norteador para um bom trabalho, conjunto com o trabalho constante de verificação dos fatos e das fontes, que é princípio de toda boa notícia. Já no que tange à objetividade do texto e da fala jornalística, Schudson (1978 apud TRAQUINA, 2004, p.137), afirma que “o esforço de comunicar o fato absoluto é simplesmente uma tentativa de alcançar isso que é humanamente impossível, o que eu posso fazer é dar minha interpretação dos fatos”. Cabe ao jornalista relatar fatos do cotidiano, aqueles que por vezes membros da sociedade por si próprios não conseguem ver, criando uma sensação de saciedade, controle e segurança. De acordo com Kovach e Rosenstiel (2004), as pessoas têm uma necessidade intrínseca de saber o que acontece além de sua própria experiência direta. A real necessidade das pessoas de trocarem de informação o tempo todo, entre

A imparcialidade no jornalismo significa estar sendo correto consigo mesmo e neutro em relação aos fatos, em busca constante da credibilidade dos leitores, em uma era onde o papel do jornalista perante a sociedade entra em constante contestação, a imparcialidade de torna fator chave.

O escritor de não-ficção se comunica com o leitor por meio de gente de verdade em lugares de verdade, então se essa gente fala, nós produzimos o que eles disseram...não inventamos diálogos, não construímos uma personalidade acabada...e tampouco entramos em sua maneira de ser, pensando por eles, não podemos entrevistar os mortos. Se o profissional tem tudo isso bem resumido em sua cabeça, ele leva vantagem sobre aqueles que não têm. (KOVACH; ROSENSTIEL, 2004, p.124)

Princípios básicos como não acrescentar, apenas transcreva o que verificou sobre determinada situação e não enganar, o leitor não deve ser desorientado, mentir e omitir informações é uma forma de fazer pouco caso com a ideia que o jornalismo tem o compromisso com a verdade. A regra da transparência leva o leitor a avaliar a informação de sua maneira, para então dar seu próprio sentido sobre determinado fato, cada cidadão tem sua própria ótica e opinião sobre as coisas, isso tem muito á ver com o conhecimento prévio que cada um carrega. Segundo Kovach e Rosenstiel (2004), existe uma categoria de jornalistas que enganam as fontes, este processo é chamado de mascarada, é quando o jornalista passa por outra pessoa para conseguir sua matéria, ludibriando as fontes.

Os jornalistas que se comprometem com a verdade, tornando esse princípio único e absoluto, se tornam leais com seu público, de forma a sempre ir ao encontro com verdade de seus fatos. “Todos jornalistas da redação à sala da diretoria devem ter um sentido pessoal de ética e responsabilidade, uma bússola moral” (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004, p.274). Dentro do bom senso da profissão é necessário que cada jornalista se sinta livre para quando julgarem pertinente, falarem para seus chefes esta matéria não está de acordo com a ética jornalística. Em uma ilha de redação todos devem sentir-se seguros o suficiente para expressar suas diferentes opiniões sobre determinado assunto.

De acordo com Kovach e Rosenstiel (2004), essa noção de diálogo aberto na redação é a essência do que muita gente que reflete sobre as notícias considera o elemento chave da questão da diversidade na busca de um jornalismo bem equilibrado. A diversidade é base de uma boa redação, onde todos possam expressar suas opiniões, esse conceito é denominado de diversidade intelectual.

talvez o maior desafio para os profissionais que produzem as notícias é reconhecer que sua saúde em longo prazo depende da qualidade das redações, não simplesmente da eficiência. O interesse a longo prazo leva o jornalista na direção de uma cultura da redação mais complexa e difícil, a qualidade de um editor é definida em uma escala maior, pelo grau com o qual dirigem a empresa focalizando esse longo percurso. (KOVACH; ROSENSTIEL, 2004, p. 287)

As notícias fornecidas para os cidadãos todos os dias são bastantes influenciadas pelos editores e a cultura de cada redação Na ótica de Kovach e Rosenstiel (2004), os cidadãos passam também a ter algum tipo de responsabilidade no processo informativo, julgar se o jornalista contribui ou não para a habilidade da sociedade em aprimorar seus conhecimentos sobre as coisas.

2.2 SOBRE A COBERTURA JORNALÍSTICA

Na divisa entre notícia e reportagem, as coberturas jornalísticas são interligadas pela ideia da continuidade. A reportagem é a extensão de um fato onde se tem maior espaço e maior detalhamento no mesmo, a notícia é mais sintética. Existem duas categorias de cobertura, planejadas e inesperadas. As planejadas são aquelas em que se tem um controle, ou seja, eventos pré-estabelecidos, como exemplo podemos citar a Copa do Mundo. No que se refere aos eventos inesperados, temos o exemplo da morte, do desastre, da tragédia. São chamadas de coberturas de última hora, exigem grande agilidade dos jornalistas responsáveis pelas mesmas. Segundo Barbeiro e Lima (2005), o repórter deve cultivar suas fontes de informação e acompanhar os assuntos pelos jornais, revistas, emissoras de rádio, TV e internet. A cobertura jornalística é resultante de uma boa apuração. O repórter deve desenvolver a compreensão da imagem, a regra é que imagem e palavras andam juntas. (BARBEIRO; LIMA, 2005, p. 70)

Este gênero jornalístico é por vezes exaustivo, o tópico morte constitui algo delicado de se retratar. Por tanto todo cuidado na hora da apuração é de suma importância. Conforme Barbeiro e Lima (2005), o repórter deve redigir a reportagem tão logo termine a decupagem da fita bruta, antes que a imagem mental da história comece a desaparecer.

2.3 DISCURSIVIDADES MIDIÁTICAS

Os discursos utilizados pelas diferentes mídias são suas marcas e estratégias para captar e fidelizar um determinado público. “Abordar as mídias para tentar analisar o discurso da informação não é uma tarefa fácil, diferente do discurso político que admite ser um discurso dotado de poder e manipulação” (CHARAUDEAU, 2006, p. 17). Os políticos utilizam-se das mídias para persuadir a opinião pública, gerando uma revolta por parte dos cidadãos que consideram as mídias como um quarto poder e julgam esta exposição política distante da informação clara e objetiva.

o poder nunca depende de um único indivíduo, mas da instância na qual se encontra o indivíduo e da qual ele tira sua força. Essa instância deve ter capacidade de gerir e influenciar os comportamentos dos indivíduos que vivem em sociedade e, para isso, deve dotar-se de meios restritos: regras de comportamento, normas, sanções. As mídias não constituem uma instância que não promulga nenhuma regra, mais que isso as mídias e a figura do jornalista não têm nenhuma intenção de orientação nem de imposição, declarando-se, ao contrário, instância de denúncia do poder. (CHARAUDEAU, 2006, p. 18)

Para existir a manipulação, precisa existir um manipulado e um agente que execute o papel de persuadir, cada veículo tem um público certo que deseja atingir, a informação serve de subsídio aos cidadãos com um grau de sabedoria menor do que a mídia é capaz de englobar e transmitir. Segundo Charaudeau (2006), se escolhe basear-se no que se chama de “hipótese fraca” sobre o grau de saber desse alvo e, logo, considerar que ele é pouco esclarecido. A informação é a linguagem na sua essência pura, ao se tornar fato, a mesma adota outras formas, que vai depender da ótica que cada jornalista sobre a informação. Na ótica de Charaudeau (2006), as mídias não são mais do que um espelho deformante, cada um à sua maneira, um fragmento amplificado, simplificado, estereotipado do mundo.

Funcionando como uma máquina, onde existem os produtores das notícias, os consumidores (leitores), e o produto fornecedor da informação. Os efeitos originários deste processo de comunicação adota o nome de co-intencionalidade, englobando os efeitos possíveis, os efeitos visados e os efeitos produzidos. “O processo de transformação da

notícia consiste em transformar o mundo a significar em mundo significado, estruturando-o segundo um certo número de categorias, expressas por formas” (CHARAUDEAU, 2006, p.41).

O saber já nasce com cada ser um humano, quando este saber é transformado e repassado para outros seres, transformando-se em significação, a ótica de cada um sobre determinado fato torna o conhecimento algo amplo e exclusivo, discernindo as semelhanças e diferenças do saber. Charaudeau (2006) define esses conhecimentos como suficientes para dar conta do mundo da maneira mais objetiva possível, passando por um filtro de experiência social, cultural, civilizacional.

De acordo com Charaudeau (2006) “não se deve confundir valor de verdade e efeito de verdade, embora nos dois casos se esteja diante de um julgamento epistêmico, pois o homem tem necessidade de basear sua relação com o mundo num “crer ser verdade”. O efeito da verdade é o acreditar de cada um, não que realmente seja a verdade absoluta mais é um acreditar ser. Diferente do valor da verdade que é fundado na objetividade do homem em relatar e comentar o mundo, pautado por textos que o dão subsídio. Todo ato de comunicação se realiza num determinado ambiente físico que impõe restrições para a realização desse ato (CHARAUDEAU, 2006, p. 104). O que o torna ato de informar é a distância que tem dos seus leitores ou interlocutores, associando-se a dispositivos que realizam o ato de informar através de contratos específicos em busca de atingir o maior número de pessoas possíveis.

É necessário que os dispositivos façam esse meio de campo entre os jornalistas e seus leitores, para existir uma real interpretação das mensagens emitidas. No estudo do dispositivo realizado pelo autor Patrick Charaudeau, podemos notar a natureza clara do aparelho:

a vibração da voz, o pigmento das cores, a tipografia etc. Esses diversos materiais estão organizados em sistemas semiológicos, conjunto de redes de significantes que permitem a configuração das unidades de sentido: sistema fônico, sistema gráfico, sistema mimogestual, sistema icônico. O suporte também é um elemento material e funciona como canal de transmissão, fixo ou móvel: pergaminho, papel, madeira, ondas sonoras, sua textura se presta a estudos do ponto de vista da solidez, da gramatura, da superfície etc. (CHARAUDEAU, 2006, p. 105) Segundo Charaudeau (2006), a imprensa é essencialmente uma área escritural, feita de palavras, de gráficos, de desenhos e, por vezes, de imagens fixas, sobre um suporte de