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Um estudo sobre a regência verbal em português, especificamente sobre os verbos 'dar', 'acabar', 'ficar' e 'passar'. O texto aborda as notções de regência, tipos de verbo e seus complementos, variedade de regências verbais e regências específicas de cada verbo. Além disso, o documento inclui descrições da amostra, resultados do conhecimento geral das regências dos verbos e análises e resultados de exercícios sobre essas regências. Os resultados mostram os desafios enfrentados por alunos chineses na mudança de sentido provocada pelas diferentes regências.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Universidade de Aveiro 2019^ Departamento de Línguas e Culturas
Universidade de Aveiro 2019^ Departamento de Línguas e Culturas
dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Português Língua Estrangeira / Língua Segunda, realizada sob a orientação científica da Doutora Sara Topete de Oliveira Pita, Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
agradecimentos Agradeço sinceramente, por este meio, à Professora Doutora Sara Topete de Oliveira Pita, a minha orientadora, pela orientação atenciosa, pela paciência e pelas recomendações que me deu no processo da realização da dissertação. Aos amigos, pelos seus apoios e conselhos, e também pelo acompanhamento durante a elaboração desta dissertação. A todos os alunos que participaram no inquérito, a vossa cooperação foi muito importante para realizar o presente trabalho.
palavras-chave regência verbal, mudança de sentido, verbos dar, ficar, passar e acabar , dificuldades, problemas, alunos chineses
resumo A regência verbal estuda as relações entre os verbos e os seus complementos. Em português, os verbos transitivos indiretos implicam o uso de uma preposição a reger um complemento. Nesses casos de regência verbal indireta, apenas algumas preposições podem ligar o regente ao regido e esse uso específico dá origem a mudanças de significado, o que causa vários problemas a nível interpretativo para os alunos chineses. Este trabalho visa compreender e analisar as dificuldades sentidas por alunos chineses na mudança de sentido provocada pelas diferentes regências dos verbos dar, ficar, passar e acabar. A aplicação de um inquérito a estudantes chineses da Universidade de Aveiro permitiu concluir que, por exemplo, há desconhecimento da totalidade das regências dos verbos e respetivos significados, e aplicação insuficiente das regências em contexto de aula e no quotidiano. Em virtude dos resultados, tecem-se, no final, algumas considerações para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.
apresentação dos fundamentos teóricos relacionados com o tema, incluindo a noção de regência, os tipos de verbo e os seus complementos, e a variedade da regência verbal, dando alguns exemplos dos diversos sentidos das regências dos verbos dar, acabar, ficar e passar. O segundo capítulo apresenta o resultado do inquérito que foi aplicado a 70 alunos chineses a estudar português na Universidade de Aveiro e a análise dos resultados, a fim de evidenciar as dificuldades e os problemas principais. No final, apresentam-se algumas sugestões para os alunos chineses e para os professores de Português como língua estrangeira (PLE), com o intuito de diminuir as dificuldades dos alunos chineses e fornecer algumas considerações na melhoria do processo de ensino deste tópico gramatical.
Capítulo I – Enquadramento teórico 1.1 Noção de Regência As palavras de uma frase ou oração são interdependentes, relacionando-se para formar um significado completo. Segundo a definição do Dicionário da Língua Portuguesa , a regência constitui a “relação sintática de dependência entre palavras ou entre orações, em que uma exige a presença de outra”. Pode dizer que a regência estuda a relação de subordinação entre palavras e orações de modo a construir frases corretas e expressar sentido claro. Vários foram os gramáticos que estudaram a regência, como a seguir se procurará demonstrar. Melo (1980, p.214) define a sintaxe de regência como a propriedade que certas palavras têm de acoplarem a si um complemento, preposicionado ou não. Cegalla (2005, p.483) apresenta uma definição semelhante: a sintaxe de regência ocupa-se das relações de dependência das palavras existentes na frase. Cunha e Cintra (2013, p.641) dão uma explicação mais detalhada, indicando que se trata da relação necessária estabelecida entre duas palavras, uma das quais precisa de outra para completar o seu sentido. A palavra subordinada chama-se regida, e o elemento subordinante denomina- se regente. De acordo com a definição dada pelos gramáticos acima, na sintaxe da regência, os termos da oração distinguem-se entre partes regentes e partes regidas. O termo que exige a presença de outros é regente e o termo que completa o seu sentido é regido. Cunha e Cintra (2013, p.64 2 ) também dizem que as relações de regência são indicadas pela ordem dos termos, pelas preposições e pelas conjunções subordinadas, incluindo as relações com os complementos exigidos pelos substantivos, pelos adjetivos, pelos verbos, pelos advérbios e pelas orações.
1.1.1 Regência verbal Luft (1995, p. 5 ) apresenta o significado de regência derivado de reger, “governar, comandar, dirigir”. Divide a regência em dois tipos:
1.2.1 Classificação de verbo Os verbos são divididos em diversos tipos dependendo de alguns critérios e, inclusivamente, do posicionamento dos linguistas. Conforme as propriedades de seleção categorial e semântica de cada item lexical verbal, Mateus (2003, p.295-296) divide os verbos em três tipos: verbos copulativos, verbos auxiliares e verbos principais. Cunha e Cintra (2013, p.484) distinguem os verbos em verbos principais e auxiliares, aplicando o critério da função, salvaguardando que no ensino de Português a estes acresce a categoria dos copulativos, como Mateus postula. Segundo a definição dos autores, os verbos auxiliares não têm regência verbal e a classificação dos verbos principais decide se o verbo precisa de complemento. Esta classificação dos verbos tem uma relação mais próxima com a função sintática do verbo, ou seja, com o uso da regência verbal. Como Machado (2008, p.79) indica: A questão da regência verbal é um dos fenômenos que merecem destaque nos estudos sobre a sintaxe de uma língua, e está diretamente relacionada com a natureza sintática dos argumentos normalmente posicionados à direita do verbo (complementos verbais). A seguir, vamos ver a definição em pormenor dos três tipos de verbos.
1.2.1.1 Verbos copulativos Cunha e Cintra (2013, p. 485) apresentam a seguinte definição: Os verbos copulativos são aqueles em que existe um constituinte com a função sintática de sujeito e outro com a função sintática de predicativo do sujeito, estabelecendo uma ligação entre eles. Os verbos comummente listados como copulativos são os seguintes: ser, estar, permanecer, continuar, ficar, parecer, tornar-se e revelar-se. Segundo Mateus (2003, p.302), “os verbos copulativos são verbos que apenas selecionam semanticamente um argumento interno – uma oração pequena, cujo núcleo pode ser adjetival, nominal, preposicional ou adverbial. ” Sintaticamente, “o sujeito da oração pequena ocorre com a relação gramatical de sujeito da frase copulativa e o núcleo da oração pequena tem a relação gramatical de predicativo de sujeito. ”
1.2.1.2 Verbos auxiliares Cunha e Cintra (2013, p. 485) dizem que os verbos auxiliares: ...precedem o verbo principal ou o verbo copulativo originando com ele um complexo verbal. Assim, este tipo de verbos não determina os complementos ou o tipo de sujeito que ocorrem na frase, salientando-se que, numa mesma frase, podem coocorrer dois ou mais verbos auxiliares. Isto é, os verbos auxiliares não têm regência verbal, porque não determinam os complementos. Eles não possuem significado lexical e precisam de um verbo principal para funcionar como predicado. Alguns verbos podem funcionar não apenas como verbos principais, mas também como verbos auxiliares: ter: Ele tem uma casa. (verbo principal) Ele tem trabalhado muito.(verbo auxiliar)
1.2.1.3 Verbos principais Segundo Mateus (2003, p.296) e Cunha e Cintra (2013, p.485), os verbos principais, que também são chamados verbos plenos, têm uma significação plena, sendo o núcleo de uma oração e do grupo verbal, determinando a seleção de sujeito, predicativos e complementos, assim como a sua natureza categorial. Considerando a função e tipo de complementos selecionados pelos verbos principais, Cunha e Cintra (2013, p.485) dividem os verbos principais nas seguintes classes: Verbos intransitivos, quando não selecionam complementos (O João dorme) ; Verbos transitivos diretos , selecionam complemento direto (A Maria vê um filme) Verbos transitivos indiretos, selecionam complemento indireto (A Rita telefonou ao Pedro.) ou complemento oblíquo (A Maria gosta de chocolate.) ; Verbos transitivos diretos e indiretos, selecionam complemento direto e complemento indireto (A Maria deu um livro ao João) ou complemento direto e complemento oblíquo (O João colocou o casaco no cabide) ; Verbos transitivos-predicativos, selecionam complemento direto e predicativo do complemento direto ( O juiz considerou o réu culpado.). Segundo a classificação dos verbos principais mostrada pelos autores, verifica-se que a estrutura sintática do complemento verbal está relacionada com a classe do verbo.
1.3 Variedade das regências verbais Cunha e Cintra (2013, p. 643) indicam que alguns verbos admitem mais de uma regência, dependendo do conteúdo semântico do verbo, como por exemplo:
_1. Aspirar o ar da montanha.
(^1) Os exemplos das regências dos verbos dar, ficar, passar e acabar são todos da autora.
1. 4. 1 Regências do verbo dar