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Este documento transcrito trata sobre a tradicional festa de são joão no brasil, sua sincretização com o cristianismo e catolicismo, as origens da música junina e o papel de luiz gonzaga nela. Além disso, aborda as comidas típicas, os instrumentos musicais e as atividades festivas.
Tipologia: Notas de estudo
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Personagem: Viva senhor São João! Viva São João! Viva São João Batista nesse ano e no outro e no outro e no outro ano. Título: Viva São João! A vida aqui só é ruim Quando não chove no chão Mais se chover dá de tudo Fartura tem de porção Tomara que chova logo Tomara, meu Deus tomara. Só deixo o meu cariri No último pau de arara Só deixo o meu cariri No último pau de arara Enquanto a minha vaquinha Tiver o couro e o osso E puder com o chocalho Pendurado no pescoço Eu vou ficando por aqui Que Deus do céu me ajude Quem foge a terra natal Em outros cantos não pára Só deixo o meu cariri No último pau de arara Só deixo o meu cariri No último pau de arara Apresentador: Vamos receber com muitas palmas, nosso padroeiro Santo Antônio. Viva Jesus Cristo nosso rei. Viva Jesus Cristo, nosso rei. Gil: É uma festa muito antiga. Essa festa vem da tradição bárbara, né. Vem de povos bárbaros da Europa. Depois ela sincretiza com o cristianismo, com o catolicismo, aí que entra São João... Personagem feminina: São João Batista, santo venerado por Jesus, primeiro morto degolado. Coro: “Pai nosso do estais no céu, santificado, santificado seja vosso nome, venha a nos o vosso reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje.Não nos deixei cair em tentação.”
Antenor: São João é o anunciador do caminho do senhor, porque quando São João... São João batizando o pessoal, pensava que era ele que era o Cristo Jesus, mas ele dizia: “Eu não sou o Cristo.” “E você é o messias?” “Eu não sou o messias. Eu sou aquele que clama a vós nos desertos. Preparai o caminho do senhor.” Como está escrito no profeta Isaías. Apresentador da festa :Viva São João! Viva a festa do milho! O sertanejo festeja A grande festa de milho Alegre igual a mamãe Em ver voltar o seu filho O sertanejo festeja A grande festa de milho Alegre igual a mamãe Em ver voltar o seu filho Em Março queimo o roçado Lá dizendo aquele planta O milho já esta molhado Ligeiro o milho levanta Dá uma limpa em Abril Em Maio solta um pendão Já todo embonecado Prontinho para o São João O sertanejo festeja... Personagem masculino: Quem faz a festa da... de São João é nos da roça, é os lavradores da zona rural. Por que se nos não trazer a laranja, não trazer o milho, não trazer o jenipapo, tudo em fim... Como é que faz o São João? Dia de São João vai tá triste. Sr. Toti: Toda colheita só sai na... no mês de São João, que é um tempo bom de especial. É o melhor tempo pra se colher e fazer a colheita e a plantação. A gente planta no meio de Março. Do dia vinte e cinco... De..dezenove de Março, pra plantar, pra tirar água na fogueira... Pro São João... o milho , o feijão... Tudo isso. É a melhor quadra a do dia dezenove de Março. É a alegria da gente. É um tempo de certa fartura, verdura. Se não tiver nada do milho, não tem um amendoim , não tenho laranja, então não tem alegria para São João. É o tempo melhor que nos temos no mundo, é o tempo de São João. Se todo tempo fosse assim, a gente andava bem alegre e pegava muito mais dinheiro. Eu plantei meu milho todo No dia de São José Se me ajuda a providência Vamos ter milho a granel Pelos cálculos vou colher Vinte espigas em cada pé Pelos cálculos vou colher Vinte espigas em cada pé
Baião, baião, baião baião, baião Chiquinha Gonzaga e Gil: “Ai que saudade que eu tenho das noites de São João, das noites tão brasileiras, da sanfona, sobre o luar do sertão”(cantando) Chiquinha Gonzaga: Ai que saudade que eu tô chegando na minha terrinha. Dez anos que eu não venho aqui. Dez anos sem ver o Exu. Dez anos sem ver o Araripe. Dez anos sem ver Crato e Juazeiro, nossa terrinha querida, onde nos andamos muito mais o nosso rei do baião, Gonzagão. A Chiquinha tá voltando, Chiquinha tá voltando e tá voltando agora firme...pra botar pra derreter.(risos) Olha como tá bonito Gil, olha o verde, né? Ali é a serra do Araripe. É a divisão. Pra cá, o Ceará e pra lá Pernambuco. Gil: Diz que fica...O Exu fica logo aí atrás daquela ponta ali. Chiquinha Gonzaga: A música que nos...É ...Vinha assistir os festejos do Araripe. Aí, Gonzaga dizia: “Aquela música...Aquela música que eu gravei, vocês canta ela na chegada.” Aí, nos começava: Já já’cutuca seu Felipe Vamos pro Araripe Que os Gonzaga vai chegar Já já te apeia mané Bento Amarra teu jumento Pega Zefa pra dançar Januário vai tocar A minha terra é pobre Porém o povo é nobre Eu Quero ver o meu velho novo Exu Meu pé de mulungu Que me traz recordação Eu quero ver dona Decia de Lulu Descer do caititu dando viva São João Chiquinha Gonzaga: Aí, minha mãe mais a Geni vieram de Vapor...Aquele vaporzinho que tinha no São Francisco.Você conheceu? O vaporzinho que viajava no São Francisco....Aqueles vaporzinhos.... Gil: Sei... Chiquinha Gonzaga: Parecia assim... Aquelas barcas de Rio- Niterói. Gil: É...é... Chiquinha Gonzaga: Elas viajaram quatorze dias naquele...Naquele São Francisco. E ele veio de avião.Marcou para quando elas chegarem aqui em Petrolina, o avião abaixar e elas irem com ele junto num caminhão. Quando nos subimos no caminhão, aí nos saímos cantando. “Vocês já conhecem minhas músicas pelo rádio? Vocês já conhecem alguma?” Aí a gente: “É,eu já conheço”. “Canta uma aí.” E nos comecemos: “É no meu pé de serra, deixei ficar meu coração. Ai que saudade eu tenho, eu vou voltar pro meu sertão”(cantando). Ele disse: “Olha mãe, pois as negas não sabem? Já aprenderam as nossas músicas”.Qual era a outra? Juazeiro, Juazeiro, onde é essa...Era Juazeiro, pé de
serra... Aquelas músicas mais antigas, que agora são mais antigas, mas naquela época era nova, porque ele tava começando. Gil: Tava começando Chiquinha Gonzaga: Aí, meu pai já tinha mandado buscar um sanfoneiro, que chamava Manoel Paraibano lá na divisa do Ceará com Pernambuco. Um sanfoneiro de oito baixos muito bom. Minha mãe mandou matar um porco enorme, mandou matar dois cabritos e muito capão. Sabe o que é capão? Gil: Sei Chiquinha Gonzaga: Então... Gil: Galo, né? Chiquinha Gonzaga: É...Aí, ela chamou três mulher pra fazer comida. De noite e de dia fazendo comida.E a casa lotada. Comendo e o forró cantando, e nos dançando a noite inteira. Foi a coisa... Uma das histórias mais importantes da vida de Gonzaga, que eu achei. Gil: Essa foi a primeira vez que ele voltou? Chiquinha Gonzaga: Foi a primeira vez que ele voltou. Gil; Tá bonitinho aqui. Chiquinha Gonzaga: Tá bonitinho...Tá arrumadinho Gil: Tá Tudo arrumado Chiquinha Gonzaga: Muito bonitinho. Gil: Tá... Já, já, cutuca seu Felipe Vamos pro Araripe Que os Gonzagas vão chegar Já, já se apeia mané Bento Amarra meu jumento Pega Zefa pra dançar Januário vai tocar A minha terra é pobre Porém o povo é nobre Eu quero ver o meu velho novo Exu Meu pé de mulungu, Que me traz recordação. Eu quero ver dona Decia de Lulu Descer do caititu Dando viva São João Chiquinha Gonzaga: Essa casinha baixa ali, meu pai que fez milhares e milhares de forró nessa casinha baixa. Gil: Ali? Chiquinha Gonzaga: É... Ali eu pulei a janela da minha casa várias vezes para vir dançar aqui. Gil: Você acha que o fato de viver aqui na roça e na fazenda...E ser pobre e honrado... E ter a ambição de vencer na vida... E de se emancipar...E de mostrar para esse povo preconceituoso...Em fim...Que o...Que o coração e a mente do homem é...É que faz o valor
De Salgueiro a Bodocó Januário é o maior E foi aí Que me falou, meio zangado O veio Jacó Luiz, respeita Januário Luiz, respeito Januário Luiz Tu pode ser famoso Mais teu pai é mais tinhoso Nem com ele ninguém vai, Luiz Luiz, respeita os oito baixos do teu pai Respeita os oito baixos do teu pai, Luiz Respeita os oito baixos do teu pai Vem cá...Vamos levantar poeira...Vamos levantar poeira...Tapa o nariz Quando eu voltei lá do sertão Eu quis mangar de Januário Com meu fole prateado Só de baixo- cento e vinte Botão preto bem juntinho Como nego empareado Mas antes de fazer bonito De passagem por Granito Foram logo me dizendo De Itaboca à Rancharia De Salgueiro a Bodocó Januário é o maior E foi aí Que me falou, meio zangado O veio Jacó Luiz, respeita Januário Luiz, respeito Januário Luiz Tu pode ser famoso Mais teu pai é mais tinhoso Nem com ele ninguém vai, Luiz Luiz, respeita os oito baixos do teu pai Respeita os oito baixos do teu pai, Luiz Respeita os oito baixos do teu pai Lajedo do Pai Mateus – PB Gil: Mulher rendeira...aqui é tão lindo. “ Olé mulher rendeira, Olé mulher renda...” Dominguinhos: Exatamente...
Gil: “Tu me ensinas a fazer renda, que eu te ensino a namorar.” Que é a cantiga mesmo do... Dominguinhos: Do povo... Gil :Do povo, né...Como Luiz também, né...Muita coisa...O Asa Branca mesmo... Dominguinhos: Isso... Gil: Ele fala, né? Dominguinhos: O Januário mesmo...Eu tava tocando pra ele lá naquele... No alpendrezinho da casa dele, e comecei a tocar “Asa Branca”. Ele disse: Olha, o “Asa Branca”... Essa musica é minha. Esse nego safado roubou... Gil : (risos) Esse nego safado...É o filho dele... Dominguinhos: (risos) Foi... Gil: Esse que foi... Esse foi uma das contribuições extraordinárias do Gonzaga, foi isso...Foi ele pegar essa coisa popular, quer dizer, daqui, que de outra forma não sairia nunca daqui, né. Ficaria aqui, no folclore....E ele levou para o pop. Levou pro popular, popularizou, levou pra canção popular. E foi uma coisa que deu partida pra vários outros aproveitamentos, de várias outras manifestações folclóricas, de outras regiões também. Você mesmo foi descoberto, de uma certa forma...Foi ele né, que trouxe você pra gente, né?. Dominguinhos: Foi...Tive assim uma sorte muito grande. Eu toquei para um homem lá em Garanhuns. Eu tinha uns oito anos, nove anos de idade, com Moraes e Valdomiro, e.... Gilberto Gil: Seus irmãos.. Dominguinhos: Meus irmãos...Nos tocamos praquele homem...E ele deu dinheiro, deu endereço, e eu não sabia quem era, porque eu tinha oito anos de idade. Não ouvia radio porque não tinha. O rádio era muito difícil da gente ouvir, de alguém ter um rádio Gil: Mas quem era então esse homem? Dominguinhos: Luiz Gonzaga Gil: Luiz Gonzaga (risos) Sivuca: O Luiz Gonzaga foi quem começou tudo. O Luiz Gonzaga foi quem inseriu, foi quem fez com que o zabumbo e o triangulo fossem tocados pela primeira vez numa estação de rádio no sul. Luiz Gonzaga foi quem levou com dignidade o ritmo nordestino, quer dizer, sem essa coisa da... da... música de ponta de rua , que hoje, aliás, é chique. Chamar um forró de pé de serra, hoje é chique, mas naquele tempo era altamente pejorativo. E o Gonzagão pegou a nossa...o nosso gênero musical do nordeste e levou pro...pro sul, onde os veículos de comunicação divulgavam a cultura. Por que naquele tempo, até o nordeste vivia do que se tocava no Rio e em São Paulo. E o Gonzaga fez a operação inversa. Levou a música nordestina para o sul e conseguiu fazer um sucesso fora de série.Um sucesso, eu acho, que pouca gente igualou o sucesso do Gonzagão com a música nordestina. Gil: A música nordestina, quando Gozaga chegou, e logo depois todos os seguidores dele...Vocês e Jacson...E todo mundo...Aí ...Aí então São João pegou. Dominguinhos: Pegou um ritmo... Gil: Pegou fogo mesmo...Uma fogueira mesmo Dominguinhos: Aí, passou a ser uma festa Gil: Aí, passou a ser uma festa extraordinária Marinês: Dá uma saudade né? Uma saudade muito grande Gil: Mas tá aí , né? Tá aí...Ainda tá
Rio está tudo mudado na noite de São João , em vez de polca e rancheira, o povo só dança , só pede o baião”(cantando) Gil: Viva Luiz Gonzaga! Ele, que tinha sido acolhido pelo Rio de Janeiro e junto com a população de nordestinos da construção civil do Rio, construíram a música nordestina no Rio de Janeiro e no Brasil. Viva Luiz Gonzaga! Viva o povo do nordeste brasileiro! No Rio tá tudo mudado Nas noites de São João Em vez de polca e rancheira O povo só dança Só pede o baião No rio tá tudo mudado Nas noites de São João Em vez de polca e rancheira O povo só dança Só pede o baião No meio da rua Ainda é balão Ainda é fogueira É fogo de vista Mas dentro da pista O povo só dança Só pede o baião Ai, ai, ai, ai, São João Ai, ai, ai, São João É dança da moda Pois entrou na roda E só pedem baião Ai, ai, ai, ai, São João Ai, ai, ai, São João É dança da moda Pois entrou na roda E só pedem baião No rio tá tudo mudado Nas noites de São João Em vez de polca e rancheira O povo só dança Só pede o baião No rio tá tudo mudado Nas noites de São João Em vez de polca e rancheira O povo só dança Só pede o baião No meio da rua Ainda é balão Ainda é fogueira
É fogo de vista Mas dentro da pista O povo só dança Só pede o baião Ai, ai, ai, ai, São João Ai, ai, ai, São João É dança da moda Pois entrou na roda E só pedem baião Ai, ai, ai, ai, São João Ai, ai, ai, São João É dança da moda Pois entrou na roda E só pedem baião Amargosa – BA Quadrilha Personagem popular masculino: Já que tá todo mundo presente nesta festa de arrasar, mas melhor será bem bom todo mundo se apresentar. A convite de seu Polidoro, pai da noiva Fulgência , para começar o casamento na melhor da referência. Personagem popular(pai da noiva): Pai da noiva aqui está. Polidoro ele é, e na sua banda desistiu da mulher. Personagem popular(mãe da noiva): Eu sou Miguelina, a mãe da noiva do arraial! Personagem popular: O pai da noiva é o(??), abridor da anunciação , trazendo a mulher do lado , pro mode a representação. Personagem popular(noivo): Sou noivo Bastiao , que vem lá da capital. Fulgência é bonitona e na moda ela sabe andar. E por isso Fulgência, vamos hoje ao escrivão casar. E você Fulgência , não diga que comigo não vai se casar. Personagem popular(noiva): Tu sabe Bastião se eu quero me casar? Sou Fulgência bonitona, tua cara é de arrasar. Mas logo que o escrivão já preparou os papel, pega a mão da tua noiva e bota logo o anel. Personagem popular(noivo): calma mulher...calma... Personagem popular (noiva): A noiva da quadrilha é feia. É o momento que o noivo está bêbado, e que pega ela, e ela engravida, e o marido faz de tudo pra poder ela casar, quer dizer, o marido nem tanto, mas o pai dela obriga que o marido case. Ela vai ter que casar de qualquer forma. O marido corre. É uma coisa assim espetacular.É uma coisa muito engraçada.É uma comédia ótima. Tem tanta fogueira Tem tanto balão Tem tanta brincadeira Todo mundo no terreiro Faz a vida em ação Meu são João, eu não Meu são João, eu não
Flavio Baião: E vem do forrobodó, o forró. Abreviado, o forrobodó, que é a festa, a animação, representa toda a cultura de um povo.É o forró é que é o pé de serra, com sanfona, zabumbo e triangulo. Era isso aí que animava o nosso povo. Sivuca: O primeiro baile que eu toquei como sanfoneiro, foi exatamente numa festa de São João, num lugarejo aqui na Paraíba, chamado Fava de Cheiro. Numa fazenda, Fava de Cheiro. Em 1940, pela primeira vez eu empunhei a sanfona para fazer um baile profissionalmente. Gloria: Com dez anos Sivuca: Eu tinha dez anos.E era um forró, quer dizer, ninguém ousava chamar numa casa de família , um baile, de forró. Se o tocador dissesse dentro da casa: “Eu estou tocando num forró”, ele era posto para fora de casa a socos e pontapés. Porque era uma palavra obscena naquele tempo, né? Podia chamar...Até samba se podia chamar... O samba era meio pejorativo, mas era baile...Era...Mas o forró, o torrado...O torrado então era terrível. Mas de maneira, que eu acho que o nordeste é fortíssimo nas suas, vamos dizer assim, manifestações culturais, notadamente no ritmo do forró, que é o ritmo da alegria das pessoas, do fim de semana. O forró está para o nordestino, assim como o hilife , como a upacanga, estão para os africanos na África. Alceu Valença: O forró é o fruto dos vaqueiros, dos apoios, toadas “Ô, cavalo de João Jerônimo”. É o xaxado, é o xote... Tudo isso é forró... É o genérico. É uma música mourisca, né? Ou seja, por que é mourisca? Porque os árabes, a cultura árabe veio através dos portugueses para cá para o Brasil, na colonização .Então, um apoio é uma coisa árabe. “ Hoje eu vim só para te ver e acabar teu desespero, feito casaca de couro, avoei , cheguei ligeiro. Se eu demoro , meu bem chora, contando as horas nos dedos”(cantando) Cozinheira: Olha como ficou bem passadinha, olha... Dona Tina: Agora só falta passar na peneira Cozinheira: Todo São João eu faço mucunzá, faço bolo de puba e de aipim Dona Tina: Agora, o bolo de aipim é que dói as mãos da gente para torcer... Cozinheira: Para ralar... Dona Tina: Para ralar, não é tanto.É para espremer que dói as palmas da mão da gente Cozinheira: Ah, eu tô com é medo da chuva. Dona Tina: Comida de São João é canjica, mucunzá, bolo de puba, bolo de aipim, pamonha, milho assado e milho cozido...E laranja, para distrair as idéias... E um copinho de licor.. Popular:É uma festa popular, gostosa de se curtir.Não existe um traje caro...Aquela bebida específica. Se você for comparar o São João com o Natal e entrada de ano, aí você pesa o vinho, uma bebida fina, que é o vinho... Para assim, você ter uma especialidade, um vinho francês ou italiano. Áí, você pesa com o licor...Várias espécies: De passas , tamarindo, jenipapo.É uma bebida tradicional.Você faz em casa.É uma bebida caseira,fica gostosa, sabor delicioso.Aí, tem a festa junina,a dança, o forró , a quadrilha.Aí, você desenvolve bem, você deixa o espírito voar e vai em frente. Ai, quem me dera voltar Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz doer Amarga que nem jiló Mas ninguém pode dizer Que me viu triste a chorar Saudade, o meu remédio é cantar Saudade, o meu remédio é cantar Saudade, o meu remédio é cantar Saudade, o meu remédio é cantar Marinês: Muito bonita. É a nossa festa.É o que a gente tem de mesmo.É o que a gente faz com perfeição, porque nos gostamos, está entendendo? Gil: É, são as canções Marinês: As canções Gil: Os fogos... Marinês: Em fim...A alegria...A claridade Gil: A culinária... A claridade... Marines: A claridade... A fogueira Gil: A culinária...O milho... Marinês: Fogueira...Milho...Fartura...É o santo da fartura Gil: É o santo da fartura.É a festa da colheita , né? Dominguinhos: Exatamente... Gil: É o que vem... Por que é uma festa que já vem de lá, né...Da Europa...E tudo, porque é uma tradição. Antes mesmo da coisa cristã, é uma festa que já vem da tradição pagã dos povos bárbaros. Gil: Essa coisa toda de que aqui...Renovação...De que as coisas se renovam...A renovação dos ciclos...O fogo, como símbolo de purificação, não é? O candeeiro se apagou O sanfoneiro costurou A sanfona não parou E o forró continuou O candeeiro se apagou O sanfoneiro costurou A sanfona não parou E o forró continuou Popular: Bolo de massa...Licor de pitarola...Bolo de ovos... [música de fundo] Sivuca: Porque a festa junina hoje é profana. A festa de São João é profana. É profana e religiosa ao mesmo tempo. Cheia de adivinhações, de cultos ao encontro casamenteiro.As pessoas enfiam a faca na bananeira para saber o nome do futuro marido ou da futura esposa. E é uma festa de misticismo.Então, é um misticismo alegre e inocente.É uma festa acima de tudo... Uma festa...É um encontro.
Gil: E eu...E eu cantava nos shows...Nos shows, no ano passado eu cantava...Cantava para ilustrar.Eu dizia...Que era um pouco assim... Eu falava o seguinte...Porque hoje fica essa cisma com o negócio das músicas de duplo sentido...Por que não sei o que...Porque as músicas apimentadas...eu disse assim: “Olhe, pois Marinês, não é de hoje, já faz um tempo, quando ela começou.” Marinês: Cinqüenta anos, né... Gil: “Um grande...Um grande sucesso dela, foi uma música apimentada literalmente” Marinês: E já dizia que pimenta gostosa, era a pimenta de baiano, que era aquela pimenta vermelhinha e compridinha. Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Que lá do céu vai sumindo Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Que lá do céu vai sumindo Foi numa noite igual a essa Que tu me deste o teu coração O céu estava assim em festa Pois era noite de são João Havia balões no ar Xote, baião no salão E no terreiro O teu olhar que incendiou Meu coração Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Que lá do céu vai sumindo Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Que lá do céu vai sumindo Foi numa noite igual a essa Que tu me deste o teu coração O céu estava assim em festa Pois era noite de são João Havia balões no ar Xote, baião no salão E no terreiro O teu olhar que incendiou Meu coração Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor Que lá do céu vai sumindo Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Que lá do céu vai sumindo Foi numa noite igual a essa Que tu me deste o teu coração O céu estava assim em festa Pois era noite de são João Havia balões no ar Xote, baião no salão E no terreiro O teu olhar que incendiou Meu coração Olha pro céu, meu amor... Targino: Eu acho que a música de Luiz Gonzaga, as canções que ele lançou, que são clássicos na nossa, música nordestina, principalmente na época junina, tem a mesma importância hoje, como se...A mesma importância da fogueira, a mesma importância da pamonha, da canjica , do quentão ,dos fogos, dessa historia de soltar fogos. Eu acho que Luiz Gonzaga está sempre presente onde tem festa junina, onde tem céu estrelado,onde tem o povo nordestino, onde tem nordeste, tem sertão, tem o sol, tem o céu, tem as aves, os pássaros. Luiz Gonzaga está presente, porque ele cantou tudo isso. Alceu Valença: Luiz Gonzaga é a síntese do nordeste.É a síntese da alma nordestina. Luiz Gonzaga é Lampião, tá certo? É o mito...eu digo Lampião, como um mito...Ele é Lampião. Ele é o mito. Ele é embolador. Ele é o violeiro.Ele é a síntese toda, é a figura primeira, né,dessa cultura.,que eu digo, é da civilização do couro. D. Luzia: Eu gosto daqui é do sossego. Aqui é sossegado. Aqui, eu vivo aqui sozinha.Tem essas criancinhas aqui mais eu. Passa três, quatro meses mais eu. Mas eu gosto do meu sossego. Gosto de ser sossegada. Não vejo tiro.Eu não vejo morte.Eu não vejo desordem.Eu não vejo nada que é ruim.Até mesmo na casa dos vizinhos, eu ando pouco.Não gosto.Gosto de viver na minha casa, viver o meu sossego. Mais sossegada, quando eu vejo os meus filhos tudo perto de mim. Entrevistador: A senhora foi casada já, dona Luzia D. Luzia: Graças a Deus fui casada e...Amigada e... Mais amigada e...Mais alguma coisa mais. Entrevistador: Porque que a senhora está sozinha hoje? D.Luzia: Porque acho melhor agora sozinha.Quero morrer sozinha. Se o cabra vir com liberdade agora, ele vai entrar é no facão, no tiro...Qualquer coisa, no que acontecer. Porque eu acho que o homem só deve ter liberdade com a mulher, quando ela der, né? D Luzia: Meu dia a dia? Eu me levando as cinco horas, meu filho. Me levanto, vou para o fogo, vou fazer o meu café. Acendo o meu cachimbo e passo aqui para o chiqueiro. Dou de comer primeiro para as minhas galinhas, ajeito meus bichinhos tudo. Saindo daqui, já vou direto para a roça...Trabalhar. Aí pronto...Aí não tem...Até seis horas da tarde, para vir
Nonato: Nos temos uma musicalidade muito forte nos risados e nas bandas cabaçais, que são as bandas de pifa... Gil: Banda de pifa, né? Nonato: Banda de pifa. Essas músicas, na época que o Lampião vinha pra cá e também na...Antes de existir, assim,da sanfona ser mais popularizada, as festas de São João Gil: Ainda as rabecas Nonato: As rabecas e... Gil: E os pifas Nonato: E os pifas eram quem faziam...O que eles chamavam de função. No popular, eles chamam de função.Eles faziam as festas...Eles dançavam ao som das bandas cabaçais. [Música instrumental: Banda de pífanos Padre Cícero] Gil: Você toca muito nas festa de São João? Mestre Miguel: Nos toca nas festas de São João, nos toca nas festas... Gil: Religiosas também Mestre Miguel: Religiosas.Nos toca nas festas de nossa mãe das dores. Nos toca no aniversário do Padre Cícero Romão Batista. Aí todo mundo festeja. Solta um foguinhos. Mata um porco. Mata um bode, um peru e convida os convidados para ir comer, almoçar e jantar e tomar café. [Música instrumental: Banda de pífanos de Caruaru] Na feira de Caruaru Faz gosto a gente ver De tudo que há no mundo Nela tem pra vender Na feira de Caruaru Gil: Você aprendeu com o seu pai, não foi, Sebastião? Sebastião Biano: Foi, aprendi com o meu pai Gil: Ele começou a formar banda em que ano? Sebastião Biano: Gil: Em 24 ele fez a primeira? Sebastião Biano:Foi a primeira. Gil: Ainda era em Alagoas? Sebastião Biano:Em Alagoas Gil: Onde a família... Sebastião Biano:Comecemos de lá. Gil: Quando é vocês vieram para Caruaru? Sebastião Biano:Ah..em 39...Esse tempo...de 26 até 39 foi nos rodando nordeste. Gil: Rodando, rodando, rodando por esses lugares todos, até fixar em Caruaru. Sebastião Biano: Até que cheguemos em Caruaru... Gil: E aí fixou.. Sebastião Biano: Até que cheguemos em Caruaru Gil: E esse tempo todo, ele tocando, tocando Sebastião Biano: Tocando, meu irmão. A zabumba nunca saiu das costas dele,
Gil: Não parava, tava tocando e tudo... Sebastião Biano: Nunca, nunca. E foi a nossa sorte no tempo da seca, que nos chegávamos num rancho daquele...Quando nos se arranchava ali , que aquele pessoal ali da fazenda via a zabumba, dizia: “Ah, eles são tocador...vamos pedir para eles tocar um pouquinho?” Aí, chegavam lá aquelas moças e rapazes e diziam: “Vocês podiam tocar um pouquinho?” E nos dizia: “Nos toca, nos toca.” Eles traziam farinha. Traziam feijão. Traziam rapadura. Traziam milho. Traziam de um tudo para a gente consumir na viagem. Passavam três dias sem parar em canto nenhum, só no arrancho e andando, com aquela comida que eles davam.Aí, se acabava..E aí, quando chegava no outro canto, era a mesma coisa.Parecia que era...Que tinha um telefone de um canto para o outro. E era nada de nem noite de negro, não E era ne de nunca mais E era noite de nem, nunca de nada mais E era noite de negro não Porém parece que há golpes de pê,de pé no chão De parecer porquê E era noite de negro não Porém parece que há golpes de pê,de pé no chão De parecer porquê E era não de nada nem Pipoca ali, aqui, pipoca além Desanoitece e amanhã tudo mudou Pipoca ali, aqui, pipoca além Desanoitece e amanhã tudo mudou Sebastião Biano: Sabe o que foi o começo das festas de São João...A fogueira? Eles iam tomar a fogueira um do outro. Você entendeu como é? Eles saíam...Saía aquela turma de bacamasteiro, e o dono da festa já sabia que ia aparecer gente para tomar a fogueira. Botava um para tocaiar.O cara vinha na pontinha da unha, por detrás das moitas, até quando chegava lá pertinho da fogueira. Quando chegava pertinho da fogueira, o que tava atocaiando, já sabia que ele vinha mesmo.Aí, dava as costas e saía um pouquinho. Quando dava fé, era aquele pipoco. Gil: Ah é... Seu Amaro: Bacamasteiro, ele surgiu pelo uma...Uma guerra do Paraguai, quando foi vencida a batalha, aí uns povos que era brasileiro, que voltaram ...Aí traziam as armas e começaram a festejar. Então se já existia a tradição da fogueira de São João, aí começou a aparecer salitre e eles começaram já atirando e comemorando a vinda da vitória da guerra do Paraguai. Sebastião Biano: Mas o senhor acredita que, tá como daqui naquela casa, as brasas faz isso aqui. Gil: Ah, eles faziam isso? Sebastião Biano: Pronto, tomou a fogueira Gil: Ia tomar a fogueira do outro