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Este documentário experimental de 23 minutos aborda a vida em comunidades intencionais e ecovilas, explorando suas relações com a vida em comunidade e a sociedade como um todo. O autor, felippe pozzobon richardt, foi inspirado durante as aulas de sociologia da comunicação no curso de comunicação social da ufsm, onde abordou-se o modo de vida das comunidades intencionais como forma de enfrentar a decadência civilizatória. O objetivo é ampliar o reconhecimento dessas comunidades nas plataformas digitais, pois conteúdos sobre elas raramente circulam em mídias de massa.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Felippe Pozzobon Richardt
Felippe Pozzobon Richardt VIDA EM COMUNIDADE Relatório de Projeto Experimental apresentado ao Curso de Comunicação Social – Produção Editorial, da Universidade Federal de Santa Maria, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Produção Editorial. Orientadora: Profª. Drª. Veneza Mayora Ronsini Santa Maria, RS 2020
À minha eterna amiga Leonor.
Listar as pessoas a quem eu gostaria de agradecer por terem me ajudado a concluir essa etapa beira o impossível, já que são tantas, mas não posso deixar de citar algumas, principalmente a minha avó Ileda, a minha forte mãe Maria Elizabete, que mesmo não me falando me mostrou na prática que desistir nunca é uma opção, meu padrasto Adelmo, que sempre foi um amigo presente, os amigos Rafael Salles, Rafael Dezorzi, Anelise Dias, Vitória Londero, Ivan Lautert e Dario Ramires. Não posso deixar de fora os colegas de trabalho da TV Campus que sempre foram presentes desde o início do curso. Um agradecimento especial a todos os professores do curso que tiveram paciência para me aguentar durante muito tempo e também à UFSM, que me deu educação de qualidade, emprego e oportunidades. Aos amigos de longe e aos de perto, ficam um abraço e a certeza de que logo nos veremos; aos que não estão mais aqui, ficam a saudade e as lembranças boas. A todos, o agradecimento por terem participado da minha vida de alguma forma e terem me dado forças e incentivado conquistas. Queria deixar registrado meu grande estimo e carinho à professora Veneza, com quem aprendi muito ao decorrer do curso, e desde a primeira aula que tivemos em 2013 foi uma grande fonte de inspiração e referência.
AUTOR: Felippe Pozzobon Richardt ORIENTADORA: Veneza Mayora Ronsini Resumo: O presente projeto experimental trata da criação de um documentário sobre ecovilas e comunidades intencionais. O produto tem o intuito de ajudar a dar visibilidade e difundir os ideais de comunidades intencionais e ecovilas, bem como explorar suas relações com diversos aspectos da vida em comunidade e da sociedade como um todo. Palavras-chave: Ecovila. Comunidade Intencional. Permacultura. Sustentabilidade. Mídias Sociais. Redes Sociais. Internet. Global Ecovillage Network.
AUTHOR: Felippe Pozzobon Richardt ADVISOR: Veneza Mayora Ronsini Abstract: This experimental project deals with the creation of a documentary about ecovillages and intentional communities. The product is intended to help give visibility and disseminate the ideals of intentional communities and ecovillages, as well as explore their relationships with various aspects of living in community and society in general. Keywords: Ecovillage. Intentional Community. Permaculture. Sustainability. Social Media. Social Networks. Internet. Global Ecovillage Network.
Este trabalho de conclusão de curso se trata de um projeto experimental em forma de documentário chamado “Vida em Comunidade”. Ele foi gravado no Instituto Arca Verde em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, entre os dias 22 e 25 de janeiro de 20 20 , pelo aluno Felippe Pozzobon Richardt, com a supervisão da Professora Veneza Mayora Ronsini. O interesse sobre o tema deste estudo foi despertado no presente autor durante o primeiro semestre letivo de 2019 nas aulas de Sociologia da Comunicação (disciplina ministrada no curso de Comunicação Social da UFSM pela professora orientadora deste trabalho), em que abordou-se o modo de vida das comunidades intencionais como forma prática de enfrentar o que os moradores das ecovilas designam como “decadência civilizatória” — fenômeno resultante da desigualdade social, da devastação da natureza e das doenças físicas e psicológicas decorrentes do desenvolvimento econômico desordenado. Após o autor ler o projeto de pesquisa da professora Veneza e manifestar interesse em elaborar um projeto experimental com sua orientação, ela sugeriu que trabalhassem com o tema. Foram meses de consulta a referências audiovisuais e teóricas, leituras e, enfim, em janeiro de 2020, marcamos uma viagem ao Instituto Arca Verde. A professora Veneza, por já ter ido ao local anteriormente, fez o contato com integrantes do Instituto por e-mail e telefone, e assim foi dado início à parte prática do projeto. O resultado foi um produto audiovisual de 23 minutos em que foram abordados o cotidiano em comunidade, as relações pessoais entre seus membros, suas visões de mundo, crenças e motivos para viver de forma não convencional. O planejamento do documentário traz uma ideia de pouca interferência no cotidiano dos entrevistados, deixando-os livres para dar as entrevistas quando julgassem conveniente, em local de sua escolha e com total autonomia para interrompê-las ou retornar às suas atividades. Também foi produzido um vídeo extra com o material captado para ser entregue ao Instituto Arca Verde como forma de agradecimento pela disponibilidade do espaço e do tempo de seus moradores para a conclusão deste trabalho. Esse vídeo busca ampliar o reconhecimento do trabalho e legado do Instituto nas plataformas digitais, que é onde as comunidades têm mais espaço, pois conteúdos sobre comunidades intencionais e ecovilas raramente circulam em mídias de massa.
O documentário explora situações e fatos reais. Esta é uma das principais características, de acordo com Rabiger (1998). Já segundo Nichols (2005), existem seis modos de documentário: o poético, o expositivo, o observativo, o participativo, o reflexivo e o performático. Aqui, trataremos apenas do expositivo, pois foi o modo escolhido para a produção. Quando o documentário traz determinado objeto ou assunto, ter um conflito para servir de contraponto ao que é dito e mostrado traz riqueza e possibilidades de explorar a narrativa e transformá-la em algo mais interessante e com diferentes pontos de vista. Por exemplo, um documentário que fala da possibilidade de uma vida sustentável em meio à natureza precisa mostrar o lado da destruição ambiental e do que querem se distanciar as pessoas que optam por tal vida. Ponha dois documentaristas lado a lado, e eles provavelmente discutirão o que é ou não é um documentário. E, conforme passam as décadas, os parâmetros continuam se expandindo, e as disputas são levadas pelas novas gerações. Porém, é unânime o que é central ao espírito do documentário — a noção de que documentários exploram pessoas verídicas e situações verídicas. (RABIGER, 1998, p. 3, tradução nossa).^1 Durante a produção de um documentário, é fácil deixar passar alguns detalhes, o que pode transformá-lo em uma grande-reportagem. O documentário, conforme Jespers (1998, p. 175), “fala em primeira pessoa, confessa a sua subjetividade, enquanto a grande-reportagem ou o inquérito escondem esta subjetividade sob uma pretensão à universalidade”. Sendo assim, podemos assumir que o caráter subjetivo deve ser intrínseco ao documentário, não podendo se distanciar deste, pois corre o risco de perder a essência a que a ideia do documentário expositivo se propõe. Já que deixar transparecer a visão do diretor é muito fácil e nem sempre o distanciamento é possível, é importante ter atenção redobrada às diversas etapas de produção do documentário. Podemos ver mais adiante no cronograma que um tempo de afastamento foi dado à medida que certas etapas foram terminadas. Tal tempo é importante para criar um distanciamento do objeto e do trabalho em si. (^1) No original: “Put two documentarians together and they will probably argue about what is, or isn’t a documentary. And as decades pass, the parameters keep enlarging and the disputes are taken up by new generations. But uncontested is what is central to documentary’s spirit - the notion that documentaries explore actual people and actual situations.”
Consideradas uma forma de ativismo ecológico, político e social, as comunidades intencionais trazem consigo uma ideia ancestral de união e comunhão. Historicamente com intenção de se opor a um sistema dominante e buscar alternativas mais saudáveis ao crescimento econômico através de uma ideologia voltada ao bem estar do ser humano, ao respeito ao meio ambiente e à busca pela sustentabilidade, as comunidades intencionais e ecovilas perpetuam um ideal de progresso através de uma revisita do ser humano a seu contato primitivo com a terra e com seus iguais. Em conversas sobre os assuntos “comunidade intencionais” e “ecovilas” com colegas, amigos e familiares, o presente autor sempre percebeu estranhamento, desconfiança e dúvidas sobre o que realmente são as comunidades. Expõe-se uma ideia caricata de algo que se perpetua no imaginário popular: uma junção desorganizada de pessoas vivendo uma vida paralela sem se importar com o mundo externo, com os impactos causados pela humanidade à natureza, nem com a imagem que a sociedade dita convencional tem dos moradores da comunidade. Um dos pontos discutidos de antemão com os moradores era o papel da mídia em relação às comunidades, pois, como relatados por eles próprios, na grande maioria das vezes que tiveram a experiência de abrir a comunidade a mídias tradicionais, houveram retornos negativos, como no exemplo citado por um dos entrevistados em que um grande veículo de comunicação creditou o nome do instituto errado. Por essas razões, foi tomado cuidado para passar da forma mais prudente possível a imagem da comunidade. Segundo o site da GEN – Global Ecovillage Network, uma ecovila, ou comunidade intencional, como tratada neste trabalho, deve preencher alguns pré-requisitos, como: ser intencional; tradicional ou urbana; projetada por meio de processos participativos onde sejam respeitadas a sustentabilidade em suas quatro dimensões (social, econômica, ecológica e econômica); com intenção de regenerar ambientes sociais e naturais. (GEN, 2017, tradução nossa). Embora a ideia da junção desorganizada de hippies desenhada no nosso imaginário seja ultrapassada pelos requisitos para que uma comunidade seja considerada uma ecovila ou uma comunidade intencional, tal preconceito ainda perdura. Porém, as comunidades se mostram muito bem estruturadas, com ideais de respeito à natureza e ao ser humano, com ações que buscam impactar positivamente a região que
é um espaço para práticas espirituais coletivas, sociais, artísticas e festivas. Cada membro tem também liberdade plena para seguir seu caminho espiritual pessoal, com o respeito de todos. (INSTITUTO ARCA VERDE, 2014). No que tange os associados moradores do Instituto, estes pagam uma quantia em dinheiro para se tornar sócios. Isso lhes garante direitos específicos, como o do voto nas reuniões comunais. Tal prática procura dar preferência aos moradores sobre a vida na comunidade, levando-se em consideração que muitos dos presentes são visitantes voluntários que estão lá apenas para uma temporada de aprendizagem. Já o cotidiano da comunidade, em época sem cursos e vivências, é dividido em rotinas comuns e individuais. O café da manhã é preparado por um dos moradores (cada dia, um é designado) e servido na cozinha comum, onde todos comparecem (porém quando não estão dispostos, não são obrigados). Após o café, os moradores seguem para o trabalho em prol da comunidade durante toda a parte da manhã. Os trabalhos são de reparo e manutenção, agrícola, braçal ou cuidar das crianças que não estão em período letivo ou permanecem na comunidade por algum motivo. Todos os moradores, em algum ponto, exercem todas as atividades (dentro de suas capacidades), pois há um círculo de tarefas de forma a distribuir igualitariamente as tarefas comunitárias entre os moradores. A parte da tarde é reservada para si, ou seja, para projetos pessoais, descansar, passear, seja o que for que o morador quiser. Como um dos moradores falou, “a arca é um espaço propício para a experimentação”, proporcionando assim essa possibilidade. Quanto à arrecadação do Instituto, esta vem por meio da oferta de cursos, visitas guiadas (com direito a almoço e café da manhã), estadia, vivências e voluntariado, bem como da venda dos produtos cultivados pela Arca Verde em feiras na região. No que diz respeito à sustentabilidade e autossuficiência, ouvimos, nas palavras de um dos sócios-fundadores, que a intenção da Arca Verde nunca foi a de ser 100% autossuficiente, pois a relação com o resto da sociedade é necessária e benéfica, já que a grande maioria dos necessidades básicas para o funcionamento pleno do Instituto (internet, eletricidade, ferramentas, etc.) vêm de fora. A intenção é ser sustentável.
Nesta seção, será relatado como foram os processos de produção do documentário, a pré-produção, produção e pós-produção, bem como as dificuldades encontradas e como foram contornadas. 4.1. PRÉ-PRODUÇÃO Durante os dois semestres de pesquisas, foram feitas buscas pelos termos “comunidades intencionais” e “ecovilas” em repositórios de vídeos (principalmente YouTube) com a intenção de achar documentários expositivos a respeito. No âmbito nacional, é muito comum encontrarmos produtos que tenham sido feitos de forma espontânea, sem muita produção e preocupação técnica, como é exemplo do “Documentário Eco Vila Dom José”^2 (UNIPERMACULTURA, 2016). Já se tratando de produções internacionais, há aquelas feitas por produtoras (independentes ou não), as quais demonstram preocupação técnica e teórica, como é o caso do premiado documentário “Uma Maneira Mais Simples” da Happen Films (2016). Ainda durante a pesquisa, foi notado um grande número de trabalhos acadêmicos tratando do tema em questão, principalmente nos campos das ciências agrárias e rurais, referindo-se ao aspecto ecológico e arquitetônico. Porém, trabalhos na área da comunicação, principalmente experimentais audiovisuais, foram achados muito poucos. As produções encontradas no site YouTube basicamente se dividem em matérias jornalísticas, financiamento coletivo e autônomas (feitas pelos próprios moradores). Destacam-se três trabalhos de conclusão de curso na área da comunicação, que são o documentário “Sete Pétalas” (PAULA et al., 2017), produzido por alunos da Universidade Municipal de São Caetano do Sul; o “Ecovilas: (re)construção de ideais” (ZANOVELI; MATOS; CARIAS, 2016), da PUC – Campinas; e o “Cultivando a Sustentabilidade – Um Olhar sobre a Ecovila El Nagual” (BOECHAT, 2016), produzido por um aluno da Universidade Presbiteriana Mackenzie — todos para o curso de jornalismo. Entretanto, no que diz respeito ainda a trabalhos acadêmicos, cabe ressaltar um documentário sobre permacultura em ecovilas produzido para a conclusão do curso de (^2) Embora tenha "documentário" no nome, não será classificado como tal, pois não configura os requisitos necessários, e nem há indicação de autoria.
explicações acerca do objeto), onde o roteiro daria mais ênfase à voz em off, com mais cenas de cobertura e transições, contudo não foi possível realizar desta forma devido a motivos de força maior. 4.2. GRAVAÇÃO E EQUIPAMENTOS Dancyger (2003) fala que o processo de produzir um documentário é diferente da relação entre amigos, pois o diretor chega com vantagens e esperando obter acesso à vida de outra pessoa. A exploração da vida de outra pessoa é necessária, caso contrário não haveria documentário. Portanto, o diretor tem a obrigação de dar, e não apenas receber, e ser sensível e assertivo no sentido positivo. Sendo assim, o planejamento da gravação das entrevistas levou em consideração que fossem realizadas da forma mais simples possível, usando apenas iluminação natural, com a ideia de criar uma ambientação que fizesse referência a uma estética sustentável, sem o uso de nenhum outro apetrecho técnico que pudesse interferir nesta ideia. Ainda no que diz respeito à iluminação, Dancyger expõe uma diferença entre documentário e ficção, onde ele argumenta que, no documentário, Não há atores, apenas temas que os realizadores perseguem. O posicionamento da câmera tende a ser um caso de conveniência mais do que de intenção e a iluminação é definida para ser o menos intrusa possível. (2003, p. 315). Portanto, foi feita uma aproximação dos entrevistados para que as entrevistas fossem realizadas de forma mais natural possível, com visitas às suas casas, passeio pelo instituto, conversas e, inclusive, almoçando todos os dias em comunidade. As gravações foram então realizadas no Instituto Arca Verde, no município de São Francisco de Paula, durante os dias 22 e 25 de janeiro de 2020. Foram 9 moradores entrevistados nesses 4 dias, com uma duração média de 37 min por entrevista, com um total de material bruto (apenas de entrevista) de 5h34min. O material foi gravado em 4k para ter a possibilidade de usar corte invisível^3 como opção, e 23.97 fps (quadros por segundo). A câmera utilizada foi uma Panasonic GH4, (^3) Invisible cut — uma forma de corte de imagem na edição onde o corte fica escondido no decorrer da cena, trazendo uma sensação de continuidade. É usado comumente em falsos planos sequências, onde é necessário esconder o corte.
com um kit com 3 lentes: Lumix 12-35mm F2.8, Canon FD SSC 55mm 1.2 e Canon FD 35mm F3.5 (esta sendo usada nas entrevistas). Tendo em vista a evidente necessidade de simplificar o processo de captação para adaptá-lo às limitações da equipe, foi decidido que o áudio seria captado diretamente na câmera e monitorado via fone de ouvido. Enquanto as entrevistas usaram um microfone de lapela Sony ECM-V1BMP condensador, com transmissor e receptor Sony UWP-D16, as imagens de apoio usaram captação via microfone direcional Rode VideoMic GO. 4.3. ROTEIRO Originalmente, o roteiro foi concebido de forma que valorizasse mais o meio ambiente, o trabalho comunitário e os moradores. Foram três dias na locação acompanhando parte da rotina dos entrevistados, em duas viagens: a primeira para as entrevistas e a segunda para coletar imagens dos moradores em suas atividades diárias rotineiras, pois assim já estariam mais acostumados a uma câmera os seguindo. Porém, devido à pandemia da COVID-19 e às recomendações sanitárias a respeito, a segunda viagem foi impossibilitada. Inclusive, o próprio Instituto fechou a entrada de não residentes em detrimento das medidas de saúde. A fim de resolver a evidente necessidade de adaptação do roteiro devido à falta de imagens de cobertura, a narração e o áudio em off precisaram ser cortados, e apenas as entrevistas foram mantidas. Algumas imagens captadas entre o intervalo das entrevistas serviram para a estruturação da abertura e do final, mas sem prejuízo de informações, pois, como explica Penafria (1999, p. 23), [...] ao contrário do que habitualmente se vê na televisão, não é obrigatório que um texto em off faça parte de um documentário. Na reportagem, essa obrigatoriedade deriva da necessidade de se explicarem ou descreverem as imagens que se veem. Pelo contrário, no documentário a imagem não é utilizada com fins meramente ilustrativos ou para confirmação do que é dito; a exploração do seu lado conotativo é o que de mais importante o documentário imprime nas imagens que utiliza. São elas o elemento essencial do documentário e que se sobrepõem ao que possa ser dito. Para a construção da narrativa, o roteiro das entrevistas trabalhou com dois tópicos principais ( vida pessoal e vida em comunidade ) divididos em blocos de diferentes perguntas com direcionamento a diversos setores que foram julgados relevantes de