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O cimento é empregado na proteção indireta do complexo dentino-pulpar, como curativos temporários e fixação de próteses provisórias. A forma de solução é útil ...
Tipologia: Exercícios
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LAVÔR, Mateus Leite Tavares de et al. Uso de hidróxido de cálcio e MTA na odontolgia: conceitos, fundamentos e apli- cação clínica. SALUSVITA , Bauru, v. 36, n. 1, p. 99-121, 2017.
Introdução : atualmente os produtos à base de hidróxido de cálcio são amplamente utilizados e difundidos na odontologia em várias situações clínicas, desde capeador em exposição pulpar à pulpoto- mias, em virtude de suas propriedades físicas, mecânicas, do baixo custo e de seu próprio mecanismo de ação, representando assim, o material mais próximo do ideal. Objetivo : descrever os conceitos, os fundamentos e a aplicação clínica do Hidróxido de Cálcio e do MTA, por meio de uma revisão da literatura. Material e Métodos : foi realizada uma revisão da literatura, por meio de busca bibliográ- fica nas seguintes bases de pesquisa online: Lilacs, Scielo, PubMED/ Medline e Bireme, com uso dos descritores: hidróxido de cálcio (cal- cium hydroxide); hidróxido de cálcio e MTA (calcium hydroxide and MTA) e MTA, rastreando artigos relevantes publicados entre o pe-
Recebido em: 02/12/ Aceito em: 24/02/
(^1) Acadêmico de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Campus VIII, Araruna/PB, Brasil. (^2) Professor Doutor do curso de Odontologia da Univer- sidade Estadual da Paraíba (UEPB) Campus VIII, Araruna/ PB, Brasil.
LAVÔR, Mateus Leite Tavares de et al. Uso de hidróxido de cálcio e MTA na odontolgia: conceitos, fundamentos e aplicação clínica. SALUSVITA , Bauru, v. 36, n. 1, p. 99-121, 2017.
ríodo de 2010 a 2015. Resultados e Discussão: materiais a base de hidróxido de cálcio, são biocompatíveis e apresentam propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias, estimulantes da formação de dentina esclerosada, de tecido ósseo mineralizado além de proteger a polpa contra estímulos termoelétricos e tóxicos, provenientes de alguns materiais restauradores, mantendo assim, a integridade pul- par. São amplamente utilizados para: proteção pulpar, pulpotomias, cimentação protética, forramento cavitário, apicificação e em casos de reabsorção radicular. As formas de apresentação desses materiais pode ser produtos na forma de pó, ou na forma de pastas, autoativa- das ou fotoativadas. O Agregado Trióxido Mineral (MTA) apresenta muitas propriedades coincidentes com o hidróxido de cálcio, mas uma das suas principais desvantagens é seu alto custo, o que invia- biliza o rotineiro na clínica, esse material é apresentado na forma de pó e líquido, o qual é composto apenas por água destilada. Con- clusão : Diante das várias opções de produtos presentes no mercado, recomenda-se ao profissional a escolha do melhor material para cada caso, incluindo seguir protocolos adequados durante a aplicação dos materiais para alcançar resultados clínicos satisfatórios.
Palavras-chaves: Odontologia. Dentística operatória. Hidróxido de cálcio.
ABSTRACT
Introduction: products of calcium hydroxide are largely used in a variety of dental clinical condiition due to its physical and mechanical properties and its low cost as well as its rationelle. In this contexto, it representes a material close to the ideal. Objective : to describe the concepts, fundamentals and clinical application of Calcium Hydroxide and MTA, through a review of the literature. Materials and Methods : a review of the literature was carried out by means of bibliographic search in the following online databases: Lilacs, Scielo, PubMED / Medline and Bireme, using the descriptors: calcium hydroxide; Calcium hydroxide and MTA, and MTA, tracking relevant articles published between the period 2010-2015. Results and Discussion : materials based on calcium hydroxide, are biocompatible and exhibit antimicrobial, anti- inflammatory, stimulating properties of the formation of sclerosed dentin, of mineralized bone tissue, besides protecting the pulp against thermoelectric and toxic stimuli from some restorative materials, thus maintaining pulp integrity. They are widely used for: pulp protection,
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tricálcio, de bismuto e de silicato; sendo um pó formado por fi - nas partículas hidrofílicas que ao entrar em contato com umidade torna-se um gel coloidal que em seguida forma uma estrutura rígida (CHAIN, 2013). O MTA foi desenvolvido com o propósito de selar a comunicação entre o dente e a superfície periodontal e apresenta-se biocompatível e estimulador da regeneração tecidual (PEREIRA et al., 2014). Ele é um cimento usado para terapia da polpa vital e outras indicações en- dodônticas, sendo composto por pó e líquido (água), onde sua reação de presa se dar por hidratação dos silicatos (ANUSAVICE; SHEN; RALWS, 2013). Apesar de apresentar similaridades químicas e biológicas em re- lação aos compostos à base de Hidróxido de Cálcio, o MTA oferece algumas vantagens como a formação de uma camada que apresenta maior resistência mecânica, maior potencial selador da cavidade e baixa solubilidade ao meio bucal (PEREIRA et al , 2014). Portanto, o presente trabalho tem como objetivo, revisar os trabalhos publica- dos na literatura, relacionados à utilização do Hidróxido de Cálcio e do MTA na odontologia, incluindo conceitos, fundamentos e apli- cação clínica.
materiais e mÉtodos
Este estudo caracterizou-se por uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados eletrônicas: PubMED/Medline, Lilacs, Bireme e Scielo, limitando a busca ao período do ano de 2010 ao de 2015. Os descritores utilizados para seleção dos artigos foram: Hidróxido de Cálcio (Calcium Hydroxide); Hidróxido de Cálcio e MTA (Calcium Hydroxide and MTA) e MTA, foi utilizado também o sistema de formulário avançado “AND” para filtragem dos artigos relacionados ao tema. Além do mais, lançou-se mão de uma busca manual na lis- ta de referência dos artigos selecionados. Os artigos obtidos através da estratégia de busca, que tiveram como temática principal “Uso do Hidróxido de Cálcio e do MTA na odontologia” foram avaliados e classificados em elegíveis (estudos que apresentaram relevância e tinham possibilidade de ser incluídos na revisão) e não elegíveis (estudos sem relevância, sem possibilidade de inclusão na revisão) (Figura 1). Dentre os critérios adotados à seleção dos artigos, foram conside- rados os seguintes aspectos: disponibilidade do texto integral do es- tudo, clareza no detalhamento metodológico utilizado, artigos escri- tos em inglês, espanhol ou português, aqueles que se enquadravam
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no enfoque do trabalho e os mais relevantes em termos de delinea- mento das informações desejadas. Foram adicionados ainda quatro livros considerados relevantes para este estudo. As palavras chaves utilizadas e os resultados encontrados são apresentados no Quadro 1. Dos 945 artigos identificados apenas 40 foram incluídos na amostra.
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Os materiais que promovem proteção pulpar devem apresentar, preferencialmente, uma densidade óptica com radiopacidade maior do que das estruturas dentárias. Para alcançar essa propriedade são adicionadas à composição do cimento de hidróxido de cálcio, par- tículas de tungstato de cálcio ou sulfato de bário, permitindo ao profissional, visualizar a presença do material durante o exame ra- diográfico (MARÃO, 2010; FERREIRA et al , 2014). Possui baixa condutibilidade térmica, mas essa propriedade não fica evidencia- da devido a sua fina espessura de aplicação, que deve ser aproxi- madamente 0,5mm entre a base e o tecido dentinário (ALMEIDA FREIRES; CAVALCANTI, 2011; FERREIRA et al , 2014). Não pro- move reações tóxicas ou imunológicas quando inserido ou em con- tato com tecido vivo, sendo um material biocompatível (ALMEIDA FREIRES; CAVALCANTI, 2011; HILTON et al , 2013). Em geral seus aspectos positivos incluem baixo custo, fácil aplicação e con- siderável efetividade quando empregado corretamente, além de seu pH entre 11 e 12 conferir um papel bactericida e bacteriostático (PEREIRA et al , 2014).
A ação desse material ocorre por meio de atividades enzimáticas como: inibir as enzimas bacterianas (efeito antimicrobiano: bacte- riostático ou bactericida), e ativar enzimas teciduais como a fosfatase alcalina, promovendo um efeito mineralizador. Essa enzima é ativa- da a um pH de 8,6 a 10,3, ela facilita a liberação de fosfato orgânico (íons fosfato), que reagem com os íons cálcio da corrente sanguínea formando um precipitado na matriz orgânica (fosfato de cálcio). Os íons cálcio, do hidróxido de cálcio, se precipitam sob a forma de car- bonato de cálcio que atuam como núcleos de calcificação distrófica (ANDRADE MASSARA, 2012). A fosfatase alcalina também pro- move a separação dos ésteres fosfóricos liberando íons fosfatos, que livres, reagem com íons cálcio e formam um precipitado na matriz orgânica, o fosfato de cálcio, que é a unidade molecular da hidroxia- patita (ESTRELA, 1995). A pasta de hidróxido de cálcio quando em contato com a pol- pa causa a formação de uma camada de tecido necrótico de cerca de 1,0 a 1,5mm de espessura que por fim desenvolve uma camada calcificada e pode solubilizar e estimular a liberação de moléculas dentinárias bioativas que estimulam a formação de tecido calcificado (BMPs, TGF-B1) (ANUSAVICE; SHEN; RALWS, 2013). Portanto, histologicamente, ocorre a formação de 5 zonas, que vão surgindo à
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medida que passam os dias: a) Zona de necrose de coagulação (Zona de necrose de coagulação rápida): duas horas após o procedimento, ou seja o contato com o produto. b) Zona granulosa superficial (Zona granulosa): composta por uma matriz mineral e uma matriz orgâni- ca que separa a polpa necrosada da polpa vital. c) Zona granulosa profunda (zona de necrose de coagulação lenta): composta por uma matriz mineral e orgânica que aumentam em número e tamanho com o decorrer das horas. Observa-se ainda, o aparecimento progressivo de granulações finíssimas e após 48 horas há o aumento de volume e do número das granulações constituídas por sais de cálcio, culmi- nando com a formação de uma camada uniforme, que isola comple- tamente a polpa viva de sua zona de necrose. d) zona de proliferação celular (zona de reparação): constituída por inúmeros fibroblastos jovens, células mesenquimais indiferenciadas e várias figuras de mitoses (zona de proliferação celular). Decorridos sete dias as duas zonas granulosas estão completamente calcificadas, sendo portan- to, observadas a formação de uma verdadeira barreira de proteção para o remanescente pulpar. Verifica-se também o aparecimento de odontoblastos jovens dispostos desordenadamente, mas com 15 dias esses odontoblastos jovens estão dispostos em fileiras formando uma camada uniforme, em que se Inicia a elaboração de dentina. e) Zona de tecido pulpar normal: formada geralmente após 60 dias (MON- DELLI, 1998).
Apresenta baixa resistência mecânica, o que dificulta a sua apli- cação direta sob materiais restauradores condensáveis, tornado uma condição crítica em capeamentos pulpares e consequentemente res- tringindo-se basicamente a forramentos cavitários em áreas que não suportem cargas excessivas (CHAIN, 2013; HILTON et al , 2013). Acrescenta-se ainda, que o material é solúvel em meio bucal e não apresenta adesividade às paredes cavitárias (HILTON et al , 2013; PEREIRA et al , 2014). A necrose por coagulação e a formação da barreira mineraliza- da implica em perda de tecido vital, mas isso é apenas em torno de alguns micrômetros de espessura. Este fato, de certa forma pode reduzir o potencial de resposta pulpar em casos de desafios pato- lógicos subsequentes (HERRERA et al , 2011). Como desvantagens é pertinente ressaltar ainda a possibilidade de induzir calcificações ectópicas ou formação de barreira mineralizada irregular ou incom- pleta, em casos de falhas de aplicação durante o capeamento pulpar,
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radora (CALHEIROS; ZANIN; PACHECO, 2013). Sua formulação pré-preparada é atualmente utilizada como medicação intracanal, podendo ser preparada com manipulação de água destilada ou soro fisiológico e o pó de Ca(OH) 2 P.A. (ANUSAVICE; SHEN; RALWS, 2013).
Pode ser fotoativado, pasta única, ou quimicamente ativado sob a forma de uma pasta base (pH 8,6) constituída de tungstato de cálcio (responsável pela radiopacidade), fosfato de cálcio tribásico e óxi-
do de zinco em salicilato de glicol; e pasta catalizadora (pH 11,3) composta por hidróxido de cálcio, óxido de zinco e estearato de zin-
co em sulfonamida de etileno tolueno. Os componentes responsá- veis pela presa são o hidróxido de cálcio e um salicilato que reagem para formar um dissalicilato de cálcio amorfo (MANDARINO et
al , 2010). Apresenta relativa dureza e resistência mecânica, além de alguns serem impermeáveis aos ácidos (os fotopolimerizáveis – de
acordo com o fabricante) e eficazes contra estímulos térmicos e elé- tricos, possibilitando indicar como base única no caso de proteções indiretas e diretas, pulpotomias, forramento cavitários de cavidades
profundas e cimentação de próteses provisórias (CHIAN, 2013). Em comparação com o P.A, os cimentos apresentam pH menos alcalino, devido ao menor teor de Ca(OH) 2 , promovem uma cama- da mais delgada de necrose por coagulação, a formação de barreira mineralizada é mais lenta e irregular e apresenta maior resistência (PEREIRA et al , 2014). Não se deve colocar o cimento de hidróxido de cálcio diretamente na polpa exposta devido às dificuldades técni- cas, pois é muito difícil e exige grande habilidade uma vez que endu- recem mais rapidamente em contato com os fluidos pulpares, e isso impede uma correta aposição e contato íntimo com a polpa. Além disso, o exsudado pulpar, decorrente do trauma da exposição, deslo- ca o cimento do fundo cavitário fazendo com que o efeito biológico não seja tão efetivo como no caso da pasta e do P.A. Alguns estu- dos mostram que uma polpa exposta quando é capeada com cimento de hidróxido de cálcio, após 90 dias observa-se a formação de uma barreira mineralizada irregular, incompleta e estruída em relação à superfície pulpar (PEREIRA et al , 2014).
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Essa solução é preparada utilizando 10 gramas de hidróxido de cálcio P.A. em 100ml de água destilada ou soro fisiológico, deixando a mistura em repouso até que o excesso de hidróxido de cálcio fique sedimentado no fundo do recipiente. A solução alcalina ou água de hidróxido de cálcio ou água de cal como normalmente é chamada, é utilizada previamente a proteção pulpar para todos os tipos de ca- vidade, independente da profundidade. A alcalinidade desta solução neutraliza o pH da cavidade atuando como agente bacteriostático, hemostático e estimulador da calcificação dentinária, além da sua ação de limpeza (MANDARINO et al , 2010).
É na verdade a agitação, antes do uso, de uma solução de água de hidróxido de cálcio em que o excesso de hidróxido de cálcio que ficou sedimentado no fundo do recipiente. Após ser inserido na cavidade irá formar uma película forradora branca e fosca, sendo utilizado para forramento e limpeza de cavidades de qualquer profundidade. Geralmente, é mais empregado quando se observa exposições pulpa- res ou em casos de irrigação de condutos radiculares (CALHEIROS; ZANIN; PACHECO, 2013).
O pó de hidróxido de cálcio puro (P.A) deve ser inserido na cavi- dade com uso do aplicador de pó de hidróxido de cálcio específico, na região mais profunda da cavidade, podendo ficar em contato com a polpa exposta. Pode ser utilizado também o porta dycal ou uma sonda exploradora umedecida em soro fisiológico ou até mesmo com o auxílio do porta amálgama (MANDARINO et al , 2010). O cimento de hidróxido de cálcio quimicamente ativado é for- necido comercialmente em duas pastas diferentes: uma catalisadora e uma base. Ambas devem ser dispensadas em quantidades iguais sobre uma placa de vidro ou bloco de papel impermeável descartável e manipulada com o próprio aplicador de hidróxido de cálcio por 5 a 10 segundos. Por apresentar presa rápida, 2 a 3 minutos, a homo- geneização deve ser realizada de maneira rápida e eficiente, até a obtenção de uma cor uniforme e viscosidade adequada. Sua inserção
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diculares expostos à saliva humana. Foi aplicado pasta de hidróxido de cálcio em água destilada em um grupo e no outro grupo aplicou- -se pasta de hidróxido de cálcio com paramonoclorofenol canforado (PMCC) em polietileno glicol 400. Observou-se durante 20 dias o comportamento do efeito da barreira física das pastas e concluiu- -se que ambas atuaram como barreira física à infiltração cervical de canais radiculares expostos ao meio contaminado, mas o grupo com hidróxido de cálcio em água destilada obteve menor número de espécimes infiltrados. Silva et al. (2010) realizou uma pesquisa sobre o insucesso no tra- tamento endodôntico tendo o uso de hidróxido de cálcio como me- dicação intracanal. A sua ação deve-se ao fato de estabelecer pH al- calino (12,5) dentro do canal radicular dificultando a sobrevida dos microorganismos. Observou-se que o E. faecalis foi o microrganismo mais frequente encontrado e responsável pelo insucesso, pois o hi- dróxido de cálcio apresentou ação antimicrobiana limitada sobre ele. Cavalcanti et al. (2010) avaliou o pH e a ação antimicrobiana do hidróxido de cálcio combinado com produtos naturais como a tintu- ra própolis 5%, tintura romã 5%, óleo essencial de eucalipto 0,5% e Paramonoclorofenol Conforado (PMCC), sobre algumas cepas e observou que o pH das soluções, não variaram significativamente, mas as formulações comerciais do hidróxido de cálcio, mostraram melhor desempenho antimicrobiano, do que as associações com pro- dutos naturais. Afonso et al. (2012) realizaram um estudo in vitro no qual pre - param trinta e quatro dentes unirradiculares, para simular um ápice aberto divergente e separaram em dois grupos, um com medicação intracanal de hidróxido de cálcio sob o selamento com MTA (G1) e outro sem medicação intracanal, apenas com tampão de MTA (G2). Após 7 dias, a região apical (3mm) das amostras foram submersas em uma solução de pertecnetato de sódio por 3 horas e em segui- da mediu-se a radioatividade com câmara gama, onde avaliou a mi- croinfiltração apical através da captação dessa radioatividade, con- trolada por um computador de aquisição (GenieAcq.) Após 28 dias repetiu o mesmo procedimento, também imergindo 3mm apicais na solução de pertecnetato de sódio por 3 horas e mediu-se novamente a radioatividade com câmara gama. Para cada amostra foi adquirida imagens para avaliação do grau de infiltração. Em todos os grupos não foram encontrados resultados com diferença estatisticamente significativa de microinfiltração nesses períodos avaliados (1º e 28º dias). De acordo com os resultados obtidos no estudo, foi observa- do que o hidróxido de cálcio como medicação intracanal não afetou a capacidade de vedação apical do MTA, em dentes permanentes
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simulando ápices abertos, não havendo diferenças significativas de infiltração apical. Entretanto os autores recomendaram estudos in vivo para obtenção de dados com relevância clínica. Segundo Duque et al. (2009) a proteção direta do tecido pulpar com hidróxido de cálcio viabiliza maior sobrevida, ou seja, há pre- servação da estrutura dentária e da vitalidade pulpar, principalmente para indivíduos com idade inferior a 40 anos, sendo indicado para dentes com tecido pulpar exposto e clinicamente saudáveis, consti- tuindo assim um tratamento conservador. Mickenautsch; Yengopal e Banerjee (2010) realizaram uma revi- são sistemática da literatura publicada até 2009, para diferenciar a resposta pulpar com uso do cimento de ionômero de vidro resinoso e cimento de hidróxido de cálcio, colocados em cavidades profun- das. Foram incluídos ensaios randomizados de controle e não ran- domizados, para extração de dados e posteriormente avaliação da resposta inflamatória e quantidade de odontoblastos intactos sob a restauração dos materiais. Observou-se na amostra de hidróxido de cálcio após 60 dias uma resposta inflamatória 38% menor e após 381 dias constatou maior quantidade de odontoblastos intactos, quando comparado com a amostra de CIV resinoso, porém não apresentou diferenças estatisticamente significativas em relação à resposta pul- par após 2 anos. Concluiu-se que nenhuma afirmação sobre superio- ridade de algum material ainda é conclusiva, pois necessita de mais ensaios randomizados de controle.
O MTA foi desenvolvido pela University of Loma Linda (USA) para selar a comunicação entre o sistema de canais radiculares e a superfície externa em todos os níveis, sendo atualmente utilizado como material para capeamento pulpar direto e tratamento da perfu- ração acidental da dentina. Apresenta, além da biocompatibilidade, a regeneração tecidual com baixo índice de estímulo inflamatório, sua maior limitação é o alto custo. Consiste em um pó formado por partí- culas hidrofílicas que toma presa com água, tornando primeiramente um gel coloidal que em seguida torna-se rígido (ALMEIDA FREI- RES; CAVALCANTI, 2011; CHAIN, 2013). Segundo Costa et al. (2014) é um material de alto custo presente em mais de 24 milhões de procedimento endodônticos realizados anualmente apenas nos EUA, sendo 5,5% desse uso para tratamento avançado que envolve microcirugias periapicais, reparo de perfura- ção, retro-obturação e tratamento de apicificação.
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são e proliferação celular, modula a produção de citocinas, promove diferenciação e migração de células produtoras de tecido duro, pro- move reparo biológico a partir da formação de apatia carbonatada, quando exposto em soluções fisiológicas, além de criar um meio al- calino antibacteriano e antifúngico (CHAIN, 2013).
Capeamento pulpar direto e indireto, reparo de lesões de fur- ca (lesão em função de cárie ou traumatismo durante preparo ou abertura coronária), reparo de perfurações (no canal radicular, principalmente em procedimentos endodônticos), reabsorção radi- cular (de origem fisiológica ou idiopática), retro-obturação (abor- dagem microcirúrgica extra-radicular para abordar a porção final da raiz) e apicificação (tratamento de polpa necrótica em dentes com rizogênese incompleta) (ANUSAVICE; SHEN; RALWS, 2013; COSTA, 2014).
O pó deve ser dosado conforme as instruções do fabricante, e dis-
pensado próximo a uma gota de água deionizada ou soro fisiológico, ambos devem ser depositados sobre uma placa de vidro ou bloco de espatulação (papel impermeável que vem no kit do produto). Em
seguida deve-se incorporar o pó gradualmente com a espátula plás- tica ou de metal, até que seja obtido um produto com consistência de
massa de vidraceiro. Com a espátula, com o porta-amálgama ou com condensador, transportar o MTA até a localização desejada, levando em conta o tempo de presa inicial (aproximadamente 2 horas) e final
(aproximadamente 6 horas) (CHAIN, 2013; ANUSAVICE; SHEN; RALWS, 2013).
O material deve ser preparado imediatamente antes de seu uso e sob controle da umidade, pois este funciona como ativador da rea- ção, evitando contato com sangue, pois o material sofre descolora-
ção. Para restaurações definitivas e provisórias, a resina composta ou o CIV podem ser diretamente aplicados sobre o MTA, evitando-se o
condicionamento ácido sobre o material (CHAIN, 2013; ANUSAVI- CE; SHEN; RALWS, 2013).
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Apesar de apresentar qualidades importantes, Parirokh e Torabi- nejad (2010), Hilton et al. (2013) e Costa et al. (2014), destacaram a dificuldade de manuseio, alto custo, manchamento, elevado tempo de presa e alta solubilidade, como pontos negativos.
Costa et al. (2014) avaliou o tempo de presa (com a especifica- ção 57 da ADA), solubilidade (com a especificação ISSO 6876/2001), pH (com peagâmetro digital), liberação de íons cálcio (com espectrofotômetro de absorção atômica) e radiopacidade (através da determinação em milímetros de alumínio) do cimento Portland puro e associado a quatro radiopacificadores, comparado ao MTA branco. Observou-se que os radiopacificadores carbonato de bismuto e óxido de bismuto, proporcionaram propriedades físico-químicas adequa- das, quando associado ao Cimento Portland. Yoshino et al. (2013) comparou a citotoxicidade in vitro do MTA branco, do MTA Fillapex R e do cimento Portland (CP) em cultura de fibroblastos de ligamento periodontal humano, através da avalia- ção da densidade celular, e observou que o material com maior efei- to citotóxico com redução da viabilidade de fibroblastos foi o MTA Fillapex R, seguido do MTA branco e do CP, este último não induziu alterações na viabilidade de fibroblastos.
Li et al. (2015) compararam a eficácia do agregado de trióxido mineral (MTA) e do hidróxido de cálcio (HC) no capeamento pulpar direto, em seres humanos, por meio de uma meta-análise. Foi avalia- da a resposta inflamatória, a formação de ponte de dentina e a taxa de sucesso. Observou-se que o grupo do MTA, apresentou significa- tivamente maior taxa de sucesso e foi superior em termos de ausência de resposta inflamatória e formação de ponte de dentina, em relação ao grupo do HC. Concluiu-se que o MTA, pode ser um substituto adequado do HC utilizado para procedimentos de capeamento pulpar direto e questionam a recomendação de continuar utilizando hidróxi- do de cálcio como padrão-ouro para tais procedimentos. Hilton et al. (2013) realizou um ensaio clínico randomizado para avaliar e comparar o sucesso do capeamento pulpar direto em dentes
LAVÔR, Mateus Leite Tavares de et al. Uso de hidróxido de cálcio e MTA na odontolgia: conceitos, fundamentos e aplicação clínica. SALUSVITA , Bauru, v. 36, n. 1, p. 99-121, 2017.
sentando túbulos e prolongamentos odontoblásticos. A formação dessa “ponte dentinária” ocorre de 30 a 45 dias após o capeamento pulpar direto, embora com 60 a 90 dias tem-se a garantia de uma resposta mais completa. Menciona-se ainda que o cimento hidróxido de cálcio pode sofrer amolecimento ou desaparecimento, sob restaurações com infiltração marginal, e por apresentar baixa resistência mecânica e baixa resis- tência ao condicionamento com ácido fosfórico (pode ocasionar a sua degradação), recomendamos protegê-lo com o cimento de ionô- mero de vidro (CIV). Um outro fator para o seu recobrimento com o CIV, é que não há co-polimerização com os materiais restauradores resinosos, embora alguns autores afirmem que nos cimentos fotopo- limerizáveis isso ocorra. A aplicação do verniz sobre o cimento de hidróxido de cálcio pode aumentar a sua solubilidade devido ao solvente empregado, ao ser dissolvido o cimento de hidróxido de cálcio deixaria de exercer suas propriedades. Devido a essa solubilidade, recomenda-se a sua proteção com uma base de CIV. Apesar da baixa resistência à com- pressão, comparado com outros cimentos, eles suportam a condensa- ção do amálgama desde que esteja totalmente endurecido e que seja protegido com uma base (CIV). Quando uma restauração de amálgama é colocada imediatamen- te sobre o cimento, ele pode ser deslocado da cavidade, uma vez que ele não se adere à cavidade dependendo da inclinação das for- ças de condensação. Caso isto ocorra ele deixaria de exercer as suas funções uma vez que ele atua por contato. Quando uma restauração de resina composta é colocada imediatamente sobre o cimento, a sua alta solubilidade ao ácido fosfórico provoca o amolecimento ou desaparecimento do material provocando a penetração do sistema adesivo na polpa, infiltração marginal e diminuição da resistência à fratura. A resina composta, também pode deslocar o cimento do fundo da cavidade, já que ocorre um imbricamento mecânico entre o material resinoso e o cimento. Dessa forma o cimento pode fraturar ou deslocar-se do fundo da cavidade devido à contração de polimeri- zação da resina, reduzindo as suas propriedades terapêuticas, pois o cimento não estará em contato com o tecido. Em linhas gerais o mecanismo de ação do MTA é semelhante ao hidróxido de cálcio. O óxido de cálcio e fosfato de cálcio (partículas hidrofílicas) reage com os fluidos teciduais, originando o hidróxido de cálcio, que posteriormente irá reagir com o dióxido de cálcio, pro- duzindo cristais de calcita. Também verificou-se que o MTA pode estimular uma maior secreção de interleucinas (IL-1β e IL-8) produ- zidas pelos neutrófilos. Isso permite uma ação reparadora mais rápi-
LAVÔR, Mateus Leite Tavares de et al. Uso de hidróxido de cálcio e MTA na odontolgia: conceitos, fundamentos e aplicação clínica. SALUSVITA , Bauru, v. 36, n. 1, p. 99-121, 2017.
da. Alguns estudos citam que a diferenciação e a adesão de células são favorecidas e mais bem organizadas promovendo a formação de uma barreira mineralizada de qualidade superior comparado ao hidróxido de cálcio com menor número de defeitos e irregularidades. Por fim, se tratando de proteção pulpar direta, ao utilizar o pó de hidróxido de cálcio ou o MTA, preconizou-se sempre protegê-los com o cimento de hidróxido de cálcio e sobre este utilizar o cimento de ionômero de vidro, por cima do cimento de ionômero de vidro preconizou o uso de um agente selador (sistema adesivo ou verniz), para depois iniciar a técnica restauradora.