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Um estudo sobre as obras literária e cinematográfica de donnie darko, escritas e dirigidas por richard kelly. O objetivo é analisar a transposição do roteiro para o filme, identificar intertextos presentes na obra e comparar as características narrativas de ambas as versões. O texto aborda a materialidade cinematográfica, a intertextualidade na trilha sonora e a representação dos anos 80, entre outros temas.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Letras Português e Inglês, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Letras Português e Inglês.
Linha de Pesquisa: Literatura, Sociedade e Interartes. Orientador: Dr. Wellington Ricardo Fioruci
Enfim mais uma jornada chega ao fim e não foi fácil concluir esta etapa. Foram muitas noites mal dormidas, muito dinheiro na farmácia e desespero por pensar que não conseguiria. Contudo, foram quatro anos de muito aprendizado, desafios vencidos e muitos laços de amizades criados. Primeiramente gostaria de agradecer a minha família pelo apoio, compreensão e principalmente pela paciência. Gostaria também de agradecer o melhor professor, orientador e amigo Dr. Wellington Ricardo Fioruci por sempre me incentivar a participar de projetos, como o Projeto de Iniciação Cientifica (PIBIC) e o Projeto de Extensão (PIBEX) e aceitar embarcar comigo nesta viagem do tempo. A minha parecerista maravilhosa profa. Dra. Camila Paula Camilotti por todas as considerações, ensinamentos e risadas no departamento; A Profa. Dra. Mirian Ruffini pelo seu carinho, compreensão, amor e amizade. Gratidão também a todos os professores do curso de Letras, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, por compartilharem seus conhecimentos. E por fim agradecer aqueles que diretamente (as minhas Honeys Daniele, Letícia, Luana e Nathália) ou indiretamente me acompanharam nestes quatros anos de estudos.
“– Seis chopes duplos [...] E depressa, porque o fim do mundo está próximo.” (ADAMS, 2010, p. 24).
LAMPUGNANI, Rafaela. Donnie Darko , screenplay and film: Narrative Aspects and Postmodernity. 2018. 61 p. Monograph (Graduation's degree in Letras Português e Inglês), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2018.
ABSTRACT
From the perspective of postmodernity and Interarts studies, this monograph aims at studying two works: the screenplay titled Donnie Darko (1997) written by Richard Kelly, and the cinematographic work by the same name, also directed by Kelly (2001). With a view to analyzing the way in which the script was transposed to the film work, as well as how the intertexts and other resources, both literary and cinematographic, help in the interpretation of the work. The methodology used was of a comparative nature, based on critical theoretical sources, based on theories of adaptation, postmodernism and elements of the narrative. Thus, by following this perspective, the analysis of this work presents the importance of studies between literature and cinema, as well as the way that the poetics of postmodernism influences the construction of texts. The results obtained were satisfactory, since relevant intertexts were identified, as well as postmodern characteristics in the two works.
Keywords : Donnie Darko. Interart Studies. Postmodernism. Script.
O presente trabalho tem como objeto de estudo duas obras, o roteiro intitulado Donnie Darko (1997), escrito por Richard Kelly, e a obra cinematográfica homônima, dirigida também por Kelly (2001), com vistas a analisar de que forma ocorreu a transposição do roteiro para a obra fílmica, assim como identificar quais são os intertextos presentes na obra. Estes aspectos foram estudados sob o prisma da pós-modernidade, visto que esta poética influencia na construção dos textos. Esta pesquisa também tem como foco o estudo dos elementos que foram utilizados na transposição de um código para o outro e de que forma eles foram construídos. A Transposição Intersemiótica vem se disseminando no meio acadêmico por englobar as mais variadas obras e estudos, principalmente a transposição realizada de uma obra literária para os filmes. Donnie Darko foi escrito e dirigido no início do século XXI, porém várias características pós-modernas podem ser percebidas, desde a música utilizada até questões da representação dos anos 1980. Em um segundo momento, a escolha deu-se pela questão dos estudos relacionados com adaptação, pois eles estão cada vez mais valorizados e difundidos na academia. E também porque o trabalho de análise e comparação do texto fonte com o texto adaptado é um tema bastante relevante para as pesquisas no âmbito das interartes. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho é comparar a obra literária e cinematográfica de Donnie Darko com foco nas características da construção narrativa, tanto fílmica quanto literária, assim como a questão do pós-modernismo e dos intertextos presentes na obra. Dessa forma, a metodologia presente no trabalho foi a pesquisa bibliográfica e analítica, apoiada em uma perspectiva comparativista e baseando-se em fontes crítico-teóricas. Como aporte ficcional, primeiramente, utilizou-se a obra literária e cinematográfica Donnie Darko, no livro, o roteiro e uma entrevista com o autor estão presentes. No que tange às questões da adaptação/transposição fílmica e cinema, o estudo baseou-se nas obras de Linda Hutcheon Uma Teoria da Adaptação (2011), Robert Stam Introdução à teoria do cinema (2013) e Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade (2006); Julio Plaza Tradução Intersemiótica (2013), Laurent Jullier; Michel Marie Lendo as imagens do cinema (2009). No que diz respeito ao roteiro cinematográfico, sedimentaram os estudos as obras de Doc
Desde os primórdios dos tempos ouvimos relatos da arte presente na vida humana, seja ela por meio de desenhos ou textos escritos. No entanto, com o passar do tempo a arte foi ganhando novos adeptos que ousaram ao apresentá-la, isto é, juntaram uma forma de arte com outra, o que transformou em uma arte híbrida. A hibridização tornou-se cada vez mais popular e conhecida no mundo todo. Dois exemplos de artes híbridas são as HQ’s – literatura e imagens - e o cinema – imagem em movimento, literatura e música -. A partir da união de um sistema sígnico com outro temos a “criação de um meio novo antes inexistente” (PLAZA, 2013, p. 65). Com a criação do cinema houve um aumento nas adaptações de obras literárias para esta nova linguagem, sejam dos famosos clássicos da literatura até obras contemporâneas, e que tornou obras literárias já conhecidas mais famosas, e obras menores em grandes obras cinematográficas. A partir dessa junção entre literatura e cinema, percebeu-se uma “transferência de valores histórico-culturais que permite a proliferação de inúmeras narrativas cinematográficas.” (ARAUJO, 2011, p. 7). O cinema teve a sua criação no final do século XIX, ou seja, é uma criação recente se comparado com a pintura ou com o próprio teatro, e dizer que o “cinema surgiu ‘depois’ do romance ou do teatro não significa que ele se alinhe atrás deles e no mesmo plano” (BAZIN 2014, p. 117), pois ele tem as suas características próprias. Apesar de recente, essa arte vem revolucionando a nossa forma de estudar e apreciar a literatura, visto que o cinema se apropria e adapta muitas obras da literatura clássica e da contemporânea. Em relação a esta apropriação do cinema Camargo (2003, p. 9) explica que: “a sétima arte apropria-se da literatura, porque ela constitui um sistema ou subsistema integrante do sistema cultural mais amplo, que permite estabelecer relações com outras artes ou mídias.”. Ou seja, o cinema é uma arte que possibilita estabelecer relações com a literatura e com outras mídias existentes, como os jogos de videogames. Além disso, “Com sua linguagem híbrida, o Cinema transforma o discurso – no caso, a obra literária – em imagens, som, movimento, luzes, e essa nova obra, independente, desvinculada do texto de origem, mas sem perdê-lo de vista, ganha autonomia e novos sentidos”. (SILVA, 2011, p. 3).
Segundo Corseuil, (1997), a relação entre as artes não se dá apenas de uma forma, mas sim de várias. A comparação entre a literatura e o cinema pode ilustrar a dimensão dessa relação nas artes, sendo que filmes podem gerar romances, o cinema pode redimensionar a importância de obras menores, e isso pode ser percebido em vários filmes dirigidos por Alfred Hitchcock, como Psicose (1960) e até mesmo incorporar outras formas artísticas, como a pintura, a dança. Enfim, tanto o cinema quanto a literatura nos abrem diversos caminhos para que multipliquemos as nossas possibilidades de interpretação, dando a ela diversos significados. O cinema, por ter uma linguagem específica – vinculadas à montagem, som e fotografia -, e incluir diversos gêneros narrativos pode dispor de relações intertextuais que são próprias dele. Por exemplo, um filme pode ter detalhes que nos remetem a outros filmes ou livros, que não são apenas uma releitura de uma história oficial, mas também de gêneros cinematográficos, como filmes históricos. É nesse processo intersemiótico que a adaptação deve ser vista não como uma obra original, inferior ou infiel a um romance ou texto, mas sim como uma obra independente, que é capaz de recriar, criar, parodiar e atualizar os significados dos textos bases. A “[...] evolução do cinema foi necessariamente inflectida pelo exemplo das artes consagradas [...]” (BAZIN, 2014, p. 116), ou seja, o cinema tem uma relação declarada com as outras artes, sendo assim, a abordagem deste primeiro capítulo será entre a literatura e o cinema. Esta relação pode ser chamada de “Transposição Intersemiótica” e “Adaptação”. Um autor que se destaca na discussão teórica sobre a Transposição Intersemiótica é Julio Plaza. Segundo o autor, “O século XX é rico em manifestações que procuram uma maior interação entre as linguagens”, (2013, p. 11), seja da música para o poema, da pintura para a música, a literatura e o cinema, entre outras maneiras de fazer esta interação. Ainda segundo Plaza a Tradução Intersemiótica é definida como:
[...] aquele tipo de tradução que ‘consiste na interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais’, ou ‘de um sistema de signos para o outro, por exemplo, da arte verbal para a música, a dança, o cinema ou a pintura’ ou vice-versa, poderíamos acrescentar (2013, p. XI). Plaza define a tradução Intersemiótica como uma interpretação de um signo verbal para um signo não verbal, ou de um sistema para o outro. Podemos citar o exemplo do roteiro para o cinema, pois um deles que tem a predominância do signo verbal passa a ter o complemento do signo não verbal como parte da criação
do meio cinematográfico como a fotografia, as imagens, o som, e o tempo/espaço. Estes são características próprias do cinema e ele deve adaptar para as telas da melhor forma, entretanto a literatura e o cinema não são apenas diferenças, existem também as semelhanças. Segundo Pereira (2009, p. 46), “A literatura e o cinema mantêm uma intrínseca relação de diálogo, desde as adaptações ao modo de se narrar uma história. A linguagem como a narração se dá é que varia de uma arte para outra”. Contudo, diante de similaridades, o cinema ainda tem algumas características próprias, e segundo Diniz (1999, p. 317) “o cinema desenvolveu seus próprios métodos de narrar”. A literatura e o cinema estão sendo estudados cada vez mais no meio acadêmico, visto que, a todo o momento presenciamos a adaptação de livros para as telas do cinema. Ambos estão relacionados de várias formas, seja pela utilização do verbal, assim como das estruturas da narrativa que o cinema também possui (narrador, começo, meio e fim, personagens, etc.). Segundo Stam, (2000, p. 61 apud HUTCHEON, 2011, p. 63) “[...] o cinema ‘herda’ todas as formas de arte [...] a visualidade da fotografia e da pintura, o movimento da dança, o décor da arquitetura e a performance do teatro”, e podemos acrescentar também a literatura, visto que ela é uma das influências do cinema. No que tange ainda às similaridades entre literatura e cinema, segundo Gualda (2010, p. 203), um dos elos entre a literatura e o cinema são a “estrutura narrativa” e a “impressão de realidade”. A estrutura narrativa nos remete em como a história é contada, ou seja, o começo o meio e o fim, e os entrelaçamentos das ideias. A impressão de realidade se manifesta tanto na literatura quanto no cinema, pois o leitor/telespectador se envolve com a história, mesmo sabendo que é ficção. Ainda segundo a autora, ao assistirmos a um filme ou lermos um livro “esquecemos nossa própria realidade e mergulhamos num mundo construído, onde tudo é simbólico (2010, p. 208)”. Porém mesmo ambas – literatura e cinema - possuindo similaridades, algumas modificações no momento da transposição são realizadas. Como foi dito anteriormente, o fenômeno da transposição pode ser chamado também de Adaptação. Segundo Linda Hutcheon “trabalhar com adaptações como adaptações significas pensá-las como obras inerentemente ‘palimpesestuosas” (2011, p. 27, grifos da autora), isto é, pensar nas adaptações como vários textos. Ainda segundo Hutcheon (2011, p. 29) no momento da transposição ou da adaptação podemos
envolver também a mudança de mídia, como também pode haver alteração no foco da história, e dessa forma, a criação de uma interpretação distinta da obra fonte. No momento da adaptação, - romance para o filme – nos deparamos com alguns pontos de conflito como o que definiu a escolha das imagens apresentadas no filme; o que motivou o diretor a adicionar/excluir uma cena; qual é o efeito da trilha sonora, no telespectador. E, por fim, realiza-se a comparação entre obra inicial e obra final, ou seja, discussão acerca da questão da fidelidade da obra é iniciada. Segundo Stam (2006, p. 26), “as adaptações devem ser vistas não como fiel ou infiel, mas como uma criadora de ‘novas situações áudio-visual-verbal’”, isto é, no momento em que é feita a tradução de um sistema como um romance para o cinema, haverá similaridades e diferenças entre a obra de partida e a obra de chegada. A obra de partida é aquela que irá servir como base para a transposição de um sistema sígnico para outro, e a obra de chegada é a adaptação, isto é, o resultado do processo tradutório de um sistema com predominância verbal para outro, ou seja, com mudanças e diferenças da obra fonte. E cada uma, segundo o autor, deve ser considerada única, pois elas estarão criando novas situações. Plaza (2013, p. 32) também defende este ponto de vista, pois segundo ele “A tradução modifica o original porque este também é um produto de uma leitura e, ambos, original e tradução [...] complementam-se”. “Já que literatura e cinema se aproximam naturalmente no processo de fruição podem também aproximar-se no estudo, no ensino e na pesquisa.” (SILVA, 2011, p. 3) Entretanto, mesmo a literatura e o cinema complementando-se, outras questões conflituosas podem ser identificadas, uma delas de que os romances são melhores que as adaptações fílmicas. Segundo vários autores, como Robert Stam, Linda Hutcheon e Thomas Leitch isso não é verdadeiro. Segundo Leitch (2003, p. 154-156), isso é considerado uma falácia devido à questão de poder econômico relacionado ao cinema. Pois o filme, para muitos, faz parte da cultura de massa, isto é, ele é depreciado, enquanto o romance possui uma superioridade axiomática, isto é, por ser uma forma de arte antiga ela é melhor, mas como o autor diz, esta é uma falácia, pois o cinema tem as suas características próprias, o que faz dele único. Outro exemplo diz respeito às críticas de perdas e ganhos nos filmes adaptados. Segundo Stam (2006), mesmo uma adaptação sendo cheia de aspectos positivos as pessoas insistem em dar ênfase às “perdas” que ocorreram no processo de transição e ignoram o que foi “ganho”. Portanto uma adaptação cinematográfica não
adaptação homônima, realizada por Luiz Fernando Carvalho, não deixa de ser complexa e não abandona a linguagem poética presente na obra literária. Porém, devido à visualização das personagens, o telespectador tem mais clareza sobre o tema e de que forma as ações acontecem. Também podemos dizer que esta compreensibilidade, do telespectador, está relacionada ao nosso século, pois a maioria da população tem acesso a filmes, seja na TV aberta ou em plataformas digitais. Ao lermos uma obra literária, em um primeiro momento não é possível observar com clareza certos detalhes, isto é, o leitor deve imaginar as ações das personagens, e tentar compreender o que está escrito nas entrelinhas. Na transposição para as telas, é possível ver as imagens e preencher algumas das lacunas deixadas no texto. Dessa forma, ambas as obras complementam-se e auxiliam no processo interpretativo do leitor/telespectador. Levando em consideração a questão do não dito ( non-dit ) e o preenchimento das lacunas somos remetidos ao que Stam (2006, p. 25) disse sobre o assunto: “[...] os textos não se conhecem a si mesmos, e, portanto busca o que não está dito (o non-dit ) no texto. As adaptações, neste sentido, podem ser vistas como preenchendo essa lacuna do romance que serve como fonte, chamando a atenção para suas ausências estruturais”, ou seja, a adaptação faz com que a interpretação dos leitores/telespectadores seja mais ampla. Linda Hutcheon cita que:
As histórias são, de fato, recontadas de diferentes maneiras, através de novos materiais e em diversos espaços culturais; assim como os genes, elas se adaptam aos novos meios em virtude da mutação – por meio de suas “crias” ou adaptações. E as mais aptas fazem mais do que sobreviver; elas florescem (2011, p. 59). Ou seja, a adaptação é uma forma de criar uma nova obra, por isso temos as mudanças na obra fílmica. A questão de adaptação também pode corrigir ou melhorar o texto original, assim como causar um impacto na nossa interpretação do filme. A literatura e o cinema possuem similaridades e diferenças como foi dito anteriormente. Entretanto, pensando na maneira como é realizada a transposição das páginas para a tela devemos pensar em outros pontos importantes. Um deles é sobre o roteiro, pois ele é o intermédio do romance e da tela ao mesmo tempo, pois ele possui uma história, fornece pistas, direciona aspectos para o momento da
transposição, e também há a interpretação do diretor e suas escolhas, principalmente se ele é considerado um filme Cult^1 como Donnie Darko. Segundo Martins (2012, p. 13):
No caso da adaptação fílmica de uma obra literária, é necessário considerar que o roteiro é o mediador entre os dois sistemas sígnicos (o verbal e o visual), e que o próprio roteiro tem como finalidade tornar-se [...] a passagem, a rota, o mapa para a realização de uma obra audiovisual [...]. Ou seja, o roteiro, por sua vez, tem a sua importância no momento das filmagens, pois ele é a ponte entre o romance e o filme, e também serve como um “mapa” para as filmagens. Além disso, ele também é considerado um gênero literário para ser estudado e lido pelos telespectadores do filme após as filmagens, ou seja, ele não é considerado descartável, mas sim um objeto de estudo. Sendo assim, este capítulo foi dividido em duas subseções, nas quais se discute a importância e o porquê do roteiro ser considerado um gênero literário e também a obra Donnie Darko é brevemente resumida.
1.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ROTEIRO
O roteiro pode ter diversas definições, porém serão apresentadas duas que são relevantes para este trabalho. Syd Field (2001, p. 11-12), define como uma “história contada em imagens, diálogos e descrições, no contexto da estrutura dramática”; Já de acordo com Martins (2012, p. 17), o roteiro pode ser definido como:
A primeira questão que se abre, para uma possível definição de roteiro, é que antes de tudo um roteiro é uma história narrada/contada por meio de imagens, cenas, diálogos, descrições. A palavra, no roteiro, está a serviço da imagem e da ação, e não a serviço da narração escrita. No roteiro, a preocupação com a palavra é periférica, uma vez que a palavra deve se submeter às coerções daquilo que é visual, e não daquilo que é verbal. Com estas duas definições percebe-se que o roteiro apresenta uma narração, assim como um romance longo, que utiliza de cenas, imagens e diálogos, isto é, nele presenciamos o verbal e o não verbal (este por meio da imaginação). Entretanto, mesmo possuindo elementos narrativos que estamos acostumados a
(^1) Os filmes cult são geralmente conhecidos por terem roteiros originais, com mensagens conceituais que extrapolam o tema da história principal de um longa. Muitas vezes não se preocupam com uma narrativa linear e “pronta”. [...] Recheados de mensagens subliminares, muitas vezes falam subjetivamente de temas como arte , filosofia , crítica social ou técnica. Além do sombrio, do humor sarcástico e do surreal (CROSS, 2017).