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Um estudo que avalia e compara o desempenho motor de escolares praticantes e não praticantes de educação física. O objetivo é identificar diferenças significativas no desenvolvimento motor entre esses dois grupos. O texto também discute as fases do desenvolvimento motor e a importância da educação física nas primeiras séries do ensino fundamental.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
Compartilhado em 07/11/2022
4.5
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Priscilla da Silva Fernandes
Porto Alegre Novembro de 2011
Priscilla da Silva Fernandes
Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do título de Licenciatura em Educação Física pela Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientadora: Profª. Drª. Míriam Stock Palma
Porto Alegre 2011
À minha orientadora Professora Doutora Míriam Stock Palma pelo acolhimento durante esse processo, pela dedicação, disponibilidade, pelas palavras de incentivo e, principalmente, por transmitir segurança e calma nos momentos difíceis.
À minha querida mãe que sempre me incentivou e ajudou para concluir mais essa etapa em minha vida, nunca deixando de me apoiar quando fiz minhas escolhas.
Ao meu namorado e companheiro, que durante esse processo sempre me deu carinho e incentivo nas fases conturbadas do curso.
Ao meu colega Maicon pela ajuda nas coletas, sempre com boa vontade e disponibilidade em me auxiliar.
Aos meus colegas e amigos que conquistei durante o curso, e que estiveram comigo durante todos os momentos alegres e difíceis.
Às crianças participantes do estudo, pelo entusiasmo e disposição durante as coletas.
Grandes mudanças estão ocorrendo em nossa sociedade e uma delas é a falta de liberdade das crianças poderem brincar em parques, praças, sem a preocupação com a segurança, pois a violência cresce no mesmo ritmo que os centros urbanos. Com isso, na maioria das vezes, a escola torna-se o principal espaço para as crianças desenvolverem suas habilidades motoras básicas; então cabe ao professor de educação física auxiliá-las nesse processo. O objetivo do nosso estudo foi avaliar e comparar o nível de desempenho motor de crianças praticantes e não praticantes de educação física escolar. A amostra foi composta por quarenta crianças, meninos e meninas com sete a nove anos de idade, dentre as quais vinte matriculadas em uma escola municipal de ensino fundamental (onde é oferecida educação física com o professor da área) e vinte matriculadas em uma escola estadual de ensino fundamental (onde as crianças não têm educação física com um professor da área); as duas escolas estão situadas no mesmo bairro em Porto Alegre. O instrumento utilizado para a análise do desempenho motor das crianças foi o Test of Gross Motor Development-2 (TGMD-2), de Ulrich (2000). Os resultados apontaram um nível de desempenho motor muito pobre para ambos os grupos, com base nas categorias propostas por Ulrich (2000), portanto indicando que os níveis de desempenho motor dessas crianças estão aquém do esperado para a idade. Não foram verificadas diferenças significativas entre os grupos, no que se refere aos subtestes locomotor e de controle de objetos e ao Coeficiente Motor Amplo. Considerando os resultados obtidos, fica a nossa preocupação quanto à qualidade dos programas de educação física escolar, uma vez que o grupo que realiza educação física com professor especializado apresentou um desempenho motor muito aquém do esperado.
Palavras-chave: Desempenho Motor; Escolares; Educação Física.
Figura 1 - Análise transacional da causa no desenvolvimento motor..............................^14
Figura 2 - Fases do desenvolvimento motor.................................................................... 17
da criança............................................................................................................................... 39 Anexo 2 - Protocolo de avaliação da habilidade de corrida lateral do teste de ULRICH (2000). ................................................................................................................... 40 Anexo 3- Questionário - Informações a respeito da prática de atividade física sistemática pelas crianças..................................................................................................... 41
Anexo 4 - Termo de Consentimento Institucional............................................................. 42
Diversos fatores da sociedade moderna vêm modificando as experiências motoras das crianças: elas estão mais dentro de casa por causa da violência, assistem muitas horas de televisão, computadores e jogos eletrônicos substituem as brincadeiras nas ruas e nos parques. Estudos mostram que, como consequência desta realidade, o número de crianças obesas em todo o mundo vem aumentando aceleradamente.
É na infância que as crianças necessitam de experiências motoras diversificadas e hábitos adequados para se tornarem adultos ativos e saudáveis. As escolas, então, acabam se tornando o único (ou o principal) espaço onde as crianças conseguem vivenciar e ampliar suas experiências motoras. Nesse sentido, compreende-se a grande importância e necessidade de programas de movimento desde tenra idade. Esses programas devem propiciar às crianças oportunidades de novos movimentos, com materiais e espaços adequados e, além disso, a orientação de um professor que conheça e considere as características e necessidades das crianças.
Por isso, entendemos que a educação física nas séries iniciais é de suma importância para o perfeito desenvolvimento motor das crianças, mas, ao contrário disso, o que percebemos em muitas escolas é a prática da educação física ministrada pelo professor da área somente nos últimos anos do ensino fundamental.
O interesse para realizar este estudo aconteceu a partir dos estágios curriculares que realizei com alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Verifiquei que, mesmo aqueles alunos do Ensino Fundamental que já realizaram aulas de educação física no Ensino Infantil, ainda possuíam um nível de desempenho não satisfatório. Isso preocupa, pois essas crianças com pouco estímulo motor terão dificuldades na realização de vários movimentos mais especializados, requeridos em muitos esportes, na dança, nas lutas, nos jogos, etc. Esse fato pode levar as crianças a desistirem da prática de atividades físicas durante sua vida, tornando-se então adultos sedentários e, como profissionais de educação física, não é isso o que desejamos.
Nessa perspectiva, surgiu-nos o seguinte problema: Escolares que não realizam aulas de educação física demonstram um nível de desempenho motor inferior, quando comparados àqueles que realizam essas aulas?
Desde o nascimento o ser humano entra em contato com o mundo através do movimento de seu corpo e é através desse movimento que expressa necessidades fisiológicas, cognitivas e psicossociais, como o instinto de sobrevivência, desconforto, alegrias, entre tantas outras manifestações que ocorrem através do movimento.
A necessidade urgente de alcançar o controle das habilidades motoras e de ampliar ao máximo a capacidade do corpo para o movimento é algo comum a todas as crianças. Elas se regozijam com a realização de exercícios físicos e apreciam o movimento por si só, usando-o para expressar sentimentos, manipular objetos e aprender sobre o mundo em que vivem (SANDERS, 2005).
Weineck (2005) afirma que, através da carência de movimentação, ocorre uma redução da capacidade de desempenho de todos os sistemas que garantem o desempenho global do organismo, podendo acarretar deficiências posturais, orgânicas e coordenativas. Corroborando com isso, Sanders (2005) afirma que há muitas razões para que as crianças sejam fisicamente ativas; uma delas é a de que a falta de atividade física contribui para que haja cada vez mais problemas relacionados à obesidade.
Os programas relacionados ao movimento para crianças devem concentrar-se de maneira séria no desenvolvimento das habilidades motoras. Tais habilidades são ferramentas inestimáveis que serão utilizadas ao longo da vida para participar de atividades físicas, ajudando a manter a saúde e a forma física (SANDERS, 2005).
Gallahue e Ozmun (2005) entendem que o movimento e o desenvolvimento sequencial de habilidades são o núcleo do crescimento físico, pois, independentemente da atividade, não se pode executá-la bem se as habilidades fundamentais de movimento contidas nessa atividade não tiverem sido desenvolvidas. Complementando essas afirmações, Weineck (2005) considera a faixa etária de seis a doze anos como período em que há nas crianças grande necessidade de movimentarem-se. Na idade de dez a onze/doze anos, especialmente, é a fase decisiva para a aptidão esportiva. Nesta etapa o que foi perdido, dificilmente ou através de um grande esforço, será recuperado.
A literatura tem apontado que, quando as habilidades básicas do movimento são desenvolvidas na tenra idade e aperfeiçoadas durante a infância, as crianças serão capazes de tomar rumos diferentes e de participar de várias atividades físicas.
O desenvolvimento motor é uma alteração contínua no comportamento motor ao longo do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Além disso, segundo Clark (1994) possui caráter cumulativo, influenciado por habilidades e destrezas individuais assim como diferenças individuais no contexto e na prática de diferentes tarefas.
A figura 1 ilustra a grande variedade de fatores que influenciam tanto no processo como no produto do desenvolvimento motor.
FIGURA 1. Análise transacional da causa no desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Para elucidar um pouco mais esse processo de desenvolvimento, Clark apud Isayama e Gallardo (1998) descreve as mudanças no desenvolvimento motor em seis principais fases: 1) reflexiva; 2) pré-adaptativa; 3) de habilidades motoras fundamentais; 4) de habilidades motoras
Conforme Gallahue e Ozmun (2005) o processo de desenvolvimento motor pode ser considerado sob o aspecto de fases, as quais são subdivididas em estágios. Esses autores afirmam que as habilidades motoras dos indivíduos podem se apresentar em fases diferentes, dependendo de seus ambientes de experiências e de certas estruturas genéticas.
O modelo da ampulheta, formulado por Gallahue e Ozmun (2005), nos ajuda a entender o processo de desenvolvimento motor, pelo qual um indivíduo progride a partir da fase de movimentos reflexos para as fases de movimentos rudimentares e fundamentais e, finalmente, para a fase de habilidades motoras especializadas.
Na perspectiva de muitos autores (GALLAHUE; DONNELLY, 2008; NETO, 2001; SANDERS, 2005), a Fase de Movimentos Fundamentais é a mais importante, pois nessa fase são constituídas as bases motoras a serem utilizadas ao longo de toda a vida. Como resultado da fase dos movimentos fundamentais, surgem as habilidades motoras especializadas, em um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações mais complexas.
No entanto, entre essas fases há um estágio transitório. Nesse período, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais no desempenho de atividades especializadas, requeridas nas mais diversas práticas corporais, como os esportes, a dança, os jogos, as lutas, etc. As “habilidades transitórias são simplesmente aplicações de padrões de movimentos fundamentais em formas mais específicas e mais complexas” (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 62).
A figura 2 ilustra o modelo da Ampulheta, proposto por Gallahue e Ozmun (2005).
Figura 2. As fases do desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Este estudo abrangerá o primeiro estágio da Fase Motora Especializada denominada por Gallahue e Ozmun, (2005) , porém vários estudos (BRAUNER, 2009; AZEVEDO, 2009; BRAGA et al. 2009) apontam que grande parte das crianças ainda não alcançaram essa fase, mesmo estando na idade cronológica indicada. Confirmando este fato, diversos autores, como Tani et al (1988, p.
Villwock (2005), em sua pesquisa sobre a competência motora de crianças entre oito e dez anos de idade, avaliadas através do TGMD-2 (ULRICH, 2000), encontrou um desempenho aquém do esperado, assim como diversos estudos recentes têm constatado essa carência motora (BRAGA el al, 2009; VIEIRA et al, 2009; VIILWOK; VALENTINI, 2007; LOPES, 2006; LOPES, et al, 2003).
Brauner e Valentini (2009) afirmam que, embora crianças entre cinco e seis anos de idade possuam potencial para evidenciar padrões maduros de movimento, em seu estudo (que corroborou com outros anteriormente realizados), essas não alcançaram os padrões esperados.
A literatura tem justificado que fatores relacionados às características próprias de cada indivíduo, às condições dos ambientes em que vivem e às especificidades das tarefas tornam
Para Gallahue e Ozmun (2005), as habilidades motoras especializadas são padrões motores fundamentais maduros que foram refinados e combinados para formar habilidades esportivas e outras habilidades motoras específicas e complexas. De acordo com os autores, a maioria das crianças tem potencial, aos 6 anos, para executar bons desempenhos no estágio maduro de grande parte dos padrões motores fundamentais e para começar a transição à fase motora especializada.
Essa fase é subdividida em três estágios, segundo Gallahue e Donnelly (2008). No estágio de transição, que tem início aproximadamente aos 7 anos e se estende até os 10 anos de idade, as crianças demonstram um alto grau de interesse em muitos esportes, mas possuem pouca habilidade real em qualquer um deles. O estágio de aplicação é típico nos alunos dos 11 aos 13 anos de idade; nesse estágio eles começam a selecionar tipos de esportes que preferem, e em que a escolha ocorre de acordo com as experiências anteriores bem sucedidas. A particularização de interesses neste estágio é acompanhada por um crescente desejo por competências. O estágio final dentro da fase motora especializada, o estágio de utilização vitalícia, tem base no esporte já praticado e nos estágios de habilidade fundamental e continua ao longo da vida. Indivíduos selecionam atividades de que gostam especificamente e as levam ao longo da vida por aptidão e satisfação.
O presente estudo trouxe um referencial teórico acerca da importância do movimento na infância e também como ocorre o processo do desenvolvimento motor, principalmente nas crianças. A partir daí, julgamos importante esclarecer como a legislação refere-se à educação física nas séries iniciais e a importância de um programa de educação física sistemática para o desenvolvimento das habilidades motoras.
Nos primeiros anos do ensino fundamental evidencia-se a necessidade de proporcionar à criança movimentos de forma diversificada e prazerosa através da ludicidade, visando uma rica experiência de vivências motoras, que favoreçam a aquisição de habilidades fundamentais para a prática de atividades específicas que serão realizadas posteriormente. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, a educação física aparece no artigo 26, onde é explicitado:
“A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório na Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, de modo a contribuir para o desenvolvimento do organismo e da personalidade do educando”.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), em uma aula de educação física os aspectos corporais são mais evidentes, a aprendizagem está vinculada à experiência prática, no entanto o aluno necessita ser considerado como um todo, onde os aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em todas as situações. Nos PCNs, os conteúdos da educação física estão divididos em três blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental: conhecimentos sobre o corpo; esportes, jogos, lutas e ginásticas; e atividades rítmicas e expressivas. Os três blocos articulam-se entre si, tem vários conteúdos em comum, mas guardam especificidades. Este estudo envolverá alunos que, segundo os PCNs, se encontram no 1º Ciclo do Ensino Básico; nesse momento da escolaridade os alunos têm grande necessidade de se movimentar e estão ainda se adaptando à exigência de períodos mais longos de concentração em atividades escolares. Ao final desse primeiro ciclo (1ª e 2ª séries) espera-se que os alunos sejam capazes de:
Mendonça (2007) entende que a nova LDB, promulgada em 20 de Dezembro de 1996, traz a educação física como componente curricular obrigatório, porém não sendo obrigatório o seu ensino por um profissional devidamente habilitado em licenciatura plena na educação física nas fases da educação infantil e séries iniciais. Em consequência disso, encontramos diferentes realidades em nossas escolas, como: alunos do 1º ciclo sem aulas de educação física, aulas de educação física ministradas por professores unidocentes e aulas de educação física sendo ministradas por professores especialistas da área.