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Guias e Dicas
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Frequência de Dermatofitose em Cães e Gatos em Porto Alegre (1979-2009), Esquemas de Veterinária

Um estudo epidemiológico observacional retrospectivo sobre a frequência, fatores de risco e tendência secular da dermatofitose em cães e gatos em porto alegre, brasil, entre 1979 e 2009. O documento inclui tabelas com dados sobre a frequência de isolamentos de fungos dermatófitos, sensibilidade e especificidade do exame microscópico, distribuição de frequências conforme a idade e tamanho dos pelos, e análises de regressão multivariada e poisson. O objetivo é contribuir para o conhecimento da evolução gradual, disseminação e manutenção da casuística de dermatofitose na zona urbana.

O que você vai aprender

  • Quais são os fatores de risco associados à dermatofitose em cães e gatos?
  • Quais são as espécies de fungos dermatófitos mais frequentes em cães e gatos?
  • Qual é a frequência anual de isolamentos de fungos dermatófitos em cães e gatos em Porto Alegre entre 1979 e 2009?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

jacare84
jacare84 🇧🇷

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETRINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ESTUDO RETROSPECTIVO DAS DERMATOFITOSES DIAGNOSTICADAS
EM CÃES E GATOS EM PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, NO PERÍODO DE
1979 A 2009
CARIN ELISABETE APPELT
PORTO ALEGRE
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Baixe Frequência de Dermatofitose em Cães e Gatos em Porto Alegre (1979-2009) e outras Esquemas em PDF para Veterinária, somente na Docsity!

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE VETRINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ESTUDO RETROSPECTIVO DAS DERMATOFITOSES DIAGNOSTICADAS

EM CÃES E GATOS EM PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, NO PERÍODO DE

1979 A 2009

CARIN ELISABETE APPELT

PORTO ALEGRE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE VETRINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ESTUDO RETROSPECTIVO DAS DERMATOFITOSES DIAGNOSTICADAS

EM CÃES E GATOS EM PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, NO PERÍODO DE

1979 A 2009

CARIN ELISABETE APPELT

Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias, área de concentração Microbiologia

Orientador: Prof. Dr. Laerte Ferreiro Co-orientador: Prof. Dr. Luís Gustavo Corbellini

PORTO ALEGRE

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador professor Laerte Ferreiro por mais uma oportunidade de aprendizado, pelos conhecimentos, orientação, confiança e incentivo. Ao meu co-orientador professor Luís Gustavo Corbellini por toda ajuda, paciência e incentivo. Por me mostrar um caminho novo e antes não traçado. À médica veterinária Carmem Lígia da Rocha Ferreiro pela disponibilização da maior parte dos dados analisados neste estudo. Ao INMET pela disponibilização dos dados meteorológicos. As minhas colegas do Setor de Micologia da FAVET/UFRGS, principalmente a Edna e Andréia, por tanto carinho, ajuda e atenção. Aos meus colegas do laboratório EPILAB, em grande especial ao Heber e Eduardo, pelas incansáveis e incontáveis horas de auxílio. Às amigas Laura, Andréia e Carol por toda a ajuda e carinho. À UFRGS responsável por grande parte da minha formação. Aos meus familiares pelo apoio, paciência e entendimento de tantos períodos de ausência. Ao meu amor Fernando por toda a ajuda, carinho, paciência e apoio incondicional. Ao meu filho Bento, por entender que eu primeiro precisava me dedicar a este projeto para então me dedicar a ele.

LISTA DE ABREVIATURAS

% Percentual μm Micrômetro AIC Akaike´s Information Criterion AIDS Síndrome da imunodeficiência adquirida FAVET Faculdade de Veterinária FR Frequência Relativa HL Hosmer & Lemeshow IC Intervalo de Confiança INMET Instituto Nacional de Meteorologia KOH Hidróxido de potassa LABVET Laboratório de Diagnóstico Veterinário Logit Logaritmo neperiano do odds MLG Modelo de Regressão Linear Offset Função de ajuste, logaritmo da população de risco OR Odds ratio Poisson Distribuição de probabilidade discreta PROC GEMOND Comando do programa SAS para a construção de modelos lineares generalizados PROC LOGISTIC Comando do programa SAS para a construção de modelos de regressão logística RR Risco relativo RS Rio Grande do Sul SAS Statistics Analysis System SRD Sem raça definida UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Tabela 8 - Distribuição de frequências de resultados positivos para dermatófitos conforme a idade de cães e gatos (2870 amostras dermatológicas) durante o período de 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil............................................................................................. 31

Tabela 9 - Distribuição de frequências de resultados positivos para dermatófitos conforme o tamanho dos pelos de cães e gatos ( amostras dermatológicas) durante o período de 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil...................................................................... 31

Tabela 10 - Resultado da análise de regressão univariada das amostras dermatológicas obtidas de cães e gatos durante o período de 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil....................................................... 33

Tabela 11 - Resultado^ da^ análise^ de^ regressão^ multivariada^ das^ amostras dermatológicas obtidas de cães e gatos durante o período de 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil....................................................... 34

Tabela 1 2 - Resultado da regressão de Poisson relativo à análise de associação entre a contagem de cultivos positivos para dermatófitos de amostras dermatológicas de cães e gatos com as variáveis e umidade relativa do ar e período de tempo entre 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil...................................................................... 35

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Frequência anual de isolamentos de fungos dermatófitos em cães e gatos no período de 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil........... 27

Figura 2 - Curva^ logística^ ilustrando^ a^ probabilidade^ de^ isolamento^ de dermatófitos no cultivo fúngico (E(Y=1)) conforme a idade dos gatos durante o período de 1979 a 2009 em Porto Alegre, RS, Brasil.................................................................................................... 34

Figura 3 - Distribuição dos dados de temperatura e umidade relativa do ar, de Porto Alegre, RS, Brasil no período de 1979 a 2009........................... 36

ABSTRACT

Dermatophytoses are caused by a group of fungi with keratinophilic and keratinolytic properties. A wide variety of dermatophytes have been isolated from a large number of mammals. Dogs and cats are the main carriers and sources of infections of Microsporum canis to human as well as to other domestic animals. Epidemiological data about fungal infections are important for diagnosis, treatment and prevention. The objectives of the present study were to analyze the frequency, the risk factors, and the secular tendency of dermatophytoses in dogs and cats from 1979 to 2009 in Porto Alegre, RS, Brazil. A retrospective observational epidemiological study was performed based on data obtained from 6695 samples of animals with clinical suspicion of dermatophytoses [5584 (83.4%) dogs and 1111 (16.6%) cats]. The frequency found was 16.6%, being Microsporum canis the most isolated fungus in dogs (78.4%) and cats (97%). It was observed a higher frequency of positive samples originated from cats. The frequency was also higher in dogs and cats with a defined breed. In dogs, the probabilitie of dermatophytoses was greater in animals between 1 and 24 months, with medium to long coat. On the other hand, the chance observed in cats was higher in young animals, where the probability of isolation decreases around 2.3% for each additional month of age. There is a greater chance of dermatophytosis in cats with medium to long coats as well. The analyses had demonstrated a medium raise in positivity with the increasing of the relative air humidity and period of time. The microscopic examination of the coat revealed 48% of sensitivity and 97% of specificity, while with Wood’s lamp test, it was achieved 64.52% of sensitivity and 89.22% of specificity when compared to fungal culture. The fungal species with higher frequency of isolation in this population was Microsporum canis and cats were more likely to be infected by this agent than dogs. The risk factors found in this population were related to age (young animals), coat (medium to long), and relative air humidity (higher rates). The frequency of isolation increased throughout the period (1979 - 2009) and fungal culture was c onsidered as the “gold standard” for diagnosing dermatophytoses.

Keywords: dermatophytosis, dogs, cats, epidemiology, time series, Microsporum canis.

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................
  • 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................
  • 2.1 Dermatofitose...........................................................................................................
  • 2.1.1 Etiologia ..................................................................................................................
  • 2.1.2 Aspectos zoonóticos ...............................................................................................
  • 2.1.3 Fatores de risco .......................................................................................................
  • 2.1.4 Diagnóstico .............................................................................................................
  • 2.1.4.1 Teste com a lâmpada de Wood ............................................................................
  • 2.1.4.2 Exame microscópico dos pelos ............................................................................
  • 2.1.4.3 Cultivo fúngico ....................................................................................................
  • 3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................
  • 3.1 Obtenção dos dados e construção do banco de dados..........................................
  • 3.2 Análise estatística.....................................................................................................
  • 4 RESULTADOS...........................................................................................................
  • 4.1 Resultados dos testes diagnósticos..........................................................................
  • 4.2 População estudada.................................................................................................
  • 4.3 Modelos estatísticos.................................................................................................
  • 4.3.1 Regressão logística univariada ...............................................................................
  • 4.3.2 Regressão logística multivariada ............................................................................
  • 4.3.3 Regressão de Poisson ..............................................................................................
  • 5 DISCUSSÃO...............................................................................................................
  • 6 CONCLUSÃO.............................................................................................................
  • REFERÊNCIAS.............................................................................................................
  • ANEXO...........................................................................................................................

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centros urbanizados com animais de estimação, principalmente os cães e gatos (MACDONALD, 1989 Apud. PINHEIRO; MOREIRA; SIDRIM, 1997). Em um estudo realizado em 1997 (PINHEIRO; MOREIRA; SIDRIM, 1997) foi observado que 43,3% dos pacientes avaliados, portadores de dermatofitose ou não, eram proprietários de cães e gatos. Existem importantes variações geográficas das dermatofitoses que geram diferentes prevalências encontradas nos diversos estudos (BOND, 2010). Essas variações são devidas às condições climáticas, práticas sociais, deslocamentos, que são cada vez mais frequentes, além dos hábitos de higiene (AQUINO; CONSTANTE; BAKOS, 2007). A dermatofitose é uma doença zoonótica altamente contagiosa e os esporos fúngicos podem ficar viáveis no ambiente por até dezoito meses (PATEL; FORSYTHE, 2010). Portanto, os dados epidemiológicos e de incidência de infecções fúngicas são importantes para o diagnóstico, tratamento e controle das mesmas (TAN, 2005). Em um estudo epidemiológico, o primeiro passo de uma investigação consiste na obtenção dos dados a serem estudados, para que posteriormente possam ser realizadas as investigações qualitativas e quantitativas. A primeira parte de um estudo é a epidemiologia descritiva, que envolve a observação e o registro das doenças e seus possíveis fatores causais. Já na epidemiologia analítica é realizada a análise destas observações com o uso de testes estatísticos mais adequados para cada caso (THRUSFIELD, 2004). Dentre os testes utilizados em epidemiologia, os modelos lineares generalizados como a regressão de Poisson e regressão logística são comumente utilizados. São indicados quando as variáveis estudadas não possuem tendência à distribuição normal. Esses modelos são definidos por uma distribuição de probabilidade, com um conjunto de variáveis independentes descrevendo a estrutura linear do modelo e uma função de ligação entre a média da variável resposta e a estrutura linear. A variável dependente é uma contagem ( Poisson ) ou binária (logística) e as variáveis independentes, categóricas ou numéricas, buscam explicar o comportamento da série ou do evento de interesse (CONCEIÇÃO; SALDIVA; SINGER, 2001; LATORRE; CARDOSO, 2001). Na regressão logística o modelo utiliza a transformação logit (logaritmo neperiano do odds ) para evitar que a função assuma valores negativos (HOSMER; LEMESHOW, 1989 Apud. FRANCISCO et al., 2008), e a medida que expressa o risco (ou força da associação) é a razão de chances ou odds ratio (OR) , que avalia a relação

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entre a chance de um indivíduo exposto possuir a condição de interesse, comparada ao não exposto (LEE, 1994 Apud. FRANCISCO et al., 2008). Já o modelo de Poisson é comumente utilizado em estudos nos quais o desfecho é uma contagem de episódios de um evento em um intervalo de tempo (BARROS; HIRAKATA, 2003). A contagem de indivíduos pode levar em consideração o período de risco (por exemplo, números de casos de mastite por período de lactação de 305 dias), o tamanho da população em risco ou uma área geográfica (por exemplo, número de texugos por 500m^2 ) (DOHOO; MARTIN; STRYHN, 2003). Os coeficientes do modelo de Poisson são interpretados como o aumento médio da incidência para cada unidade de mudança da variável preditora e, portanto, são convertidos em risco relativo (RR). Devido a todos estes fatores, o presente trabalho teve por objetivo realizar um estudo epidemiológico observacional de caráter retrospectivo das dermatofitoses diagnosticadas em cães e gatos em dois laboratórios de Porto Alegre, RS, Brasil, no período de 1979 a 2009, para um aprofundamento no conhecimento desta zoonose e com isso um maior controle da mesma, além de obter informações que contribuam para o melhor conhecimento da evolução gradual, da disseminação e da manutenção da casuística das dermatofitoses na zona urbana. Os objetivos específicos foram verificar os fatores de risco relacionados à dermatofitose nesta população, analisar as variações das dermatofitoses ao longo desses 30 anos e obter dados sobre a correlação entre os resultados dos exames microscópicos, teste da lâmpada de Wood e o cultivo fúngico.

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tratamento tópico e sistêmico, precedido de tosa dos pelos dos animais, para facilitar a penetração dos agentes e diminuir a disseminação ao ambiente. A duração do tratamento será determinada pela remissão dos sinais clínicos e pelo controle através de cultivos fúngicas. Sendo necessário que o tratamento persista de duas a quatro semanas após a remissão dos sintomas, com o acompanhamento de duas ou mais cultivos fúngicas negativas. Associado ao tratamento clínico indica-se o controle do ambiente, através de limpeza e desinfecção das superfícies (BOND, 2010).

2.1.1 Etiologia

Existem aproximadamente 30 espécies de fungos que podem causar infecções de pele em mamíferos e aves, porém são relativamente poucas as espécies frequentemente isoladas na rotina clínica (BOND, 2010). Em relação aos dermatófitos, este grupo é composto por três gêneros de fungos, sendo eles Microsporum , Trichophyton e Epidermophyton , porém somente os dois primeiros foram isolados em animais (CABAÑES, 2000). As espécies mais frequentemente isoladas são Microsporum canis , Trichophyton mentagrophytes e Microsporum gypseum. Além disso, existem variações conforme a espécie hospedeira estudada. Nos gatos, a espécie mais isolada é o M. canis , já nos cães são isolados M. canis , M. gypseum e T. mentagrophytes , com a incidência variando conforme a distribuição geográfica dos animais (GRAM, 2005). Estes fungos são classificados conforme sua origem em geofílicos, zoofílicos ou antropofílicos, conforme sua adaptação à terra, aos animais ou ao homem, respectivamente (PATEL; FORSYTHE, 2010). Os fungos geofílicos são habitantes de solo e raramente são responsáveis por produzir micoses, com exceção do Microsporum gypseum. Os fungos zoofílicos são patógenos preferenciais dos animais, mas podem causar infecção no homem. Já os fungos antropofílicos são restritos ao homem, raramente infectando os animais (SYMPANIA, 2000). O Microsporum canis é um fungo zoofílico de distribuição mundial, encontrado na pelagem de cães, gatos e cavalos, podendo se apresentar na forma assintomática (SHARMA et al., 2007). É muito adaptado aos gatos, sendo o fungo mais comumente isolado nesta espécie, com a frequência de isolamento variando de 81,8% a 100% em trabalhos anteriores (BRILHANTE et al., 2003; CABAÑES; ABARCA; BRAGULAT,

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1997; CAFARCHIA et al., 2004; LEWIS; FOIL; HOSGOOD, 1991; SEGUNDO et al., 2004; SPARKES et al., 1993). O Microsporum gypseum , que é um fungo geofílico, também possui distribuição mundial, é mais frequentemente isolado de cães, sendo encontrado em segundo lugar em alguns estudos, onde foi observado frequência de 6,8% (SILVA, et al., 2003) e 20% (CABAÑES; ABARCA; BRAGULAT, 1997), porém em um trabalho prévio foi o dermatófito mais isolado em cães com 44,3% de frequência (LEWIS; FOIL; HOSGOOD, 1991). Esta espécie é raramente encontrada em gatos e quando encontrada a prevalência é inferior à observada em cães, com 5,26% a 6,6% dos isolamentos (CABAÑES; ABARCA; BRAGULAT, 1997; LEWIS; FOIL; HOSGOOD, 1991; SPARKES et al., 1993). Entretanto, no trabalho de Cafarchia et al. (2004) foi observada frequência de 2,3% sendo superior a de cães que foi de 1,8%. Essa espécie, pode também acarretar dermatofitose em humanos, quando estes entram em contato com solo contaminado (SEVERO; CONCI; AMARAL, 1989). O complexo Trichophyton mentagrophytes , que inclui espécies zoofílicas e antropofílicas (WEITZMAN; SUMMERBELL, 1995), possui como hospedeiros os roedores, mas também pode ser isolado em cães, com frequência de isolamento variando de 1,7% até 24% (BRILHANTE et al., 2003; CABAÑES; ABARCA; BRAGULAT, 1997; CAFARCHIA et al., 2004; LEWIS; FOIL; HOSGOOD, 1991; SEGUNDO et al., 2004; SILVA, et al., 2003; SPARKES et al., 1993;) e com menor frequência em gatos, 1,6% a 13,6% (CAFARCHIA et al., 2004; LEWIS; FOIL; HOSGOOD, 1991; SPARKES et al., 1993).

2.1.2 Aspectos zoonóticos

Os dermatófitos possuem duas características muito importantes para sua fisiopatologia, são queratinofílicos e queratinolíticos, com isso digerem a queratina e a utilizam como substrato, justificando sua capacidade de invadir as regiões queratinizadas dos hospedeiros e então desenvolver a dermatofitose (SYMPANIA, 2000). Crescem nas camadas queratinizadas dos pelos, unhas e pele, mas não são capazes de se desenvolver em tecido vivo e nem persistir na presença de inflamação grave e possuem período de incubação de uma a quatro semanas (GRAM, 2005). A transmissão das dermatofitoses ocorre de forma direta ou indireta, pelo contato de um hospedeiro susceptível com os esporos dos dermatófitos. As fontes de

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evidências de predisposição relacionada ao sexo dos animais (CABAÑES; ABARCA; BRAGULAT, 1997; CAFARCHIA et al., 2006; SPARKES et al., 1993). O comprimento da pelagem dos animais também tem sido estudado como possível fator predisponente. Foi observado que os animais de pelagem longa possuem maior predisposição a esta dermatopatia (GRAM, 2005; PATEL; FORSYTHE, 2010), principalmente os gatos (SPARKES et al., 1993). Outros autores sugerem que a predisposição seria racial, onde os cães da raça York Shire Terrier seriam mais predispostos às infecções graves por Microsporum canis e os da raça Jack Russel seriam mais predispostos às infecções pelo complexo Trichophyton mentagrophytes , devido ao hábito de caça (PATEL; FORSYTHE, 2010). Já os gatos de raça definida seriam mais predispostos à infecção por Microsporum canis (SPARKES et al., 1993). Entretanto, outros autores relatam que a raça não seria um fator em gatos, mas sim em cães, principalmente no isolamento dos fungos geofílicos (CAFARCHIA et al., 2006). Os dados sobre as variações sazonais são controversos. Estudos apontam que não existem evidências conclusivas sobre a variação sazonal das dermatofitoses (CABAÑES; ABARCA; BRAGULAT, 1997; SPARKES et al., 1993). Outros, em que o clima quente e úmido seria um fator de risco (GRAM, 2005; PATEL; FORSYTHE, 2010). Ou ainda, que haveria maior risco de dermatofitose no inverno em gatos (CAFARCHIA et al., 2006). Portanto, as diferenças nas variações de prevalência da dermatofitose nas diversas regiões ou estações poderiam ser explicadas pelas diferenças climáticas (SIMPANYA; BAXTER, 1996). Existem outros fatores que também podem contribuir para o aparecimento da dermatofitose, como: doenças imunocomprometedoras, medicações imunossupressoras, densidade populacional elevada, nutrição deficiente e práticas impróprias de manejo (GRAM, 2005; PATEL; FORSYTHE, 2010).

2.1.4 Diagnóstico

Os principais métodos de diagnóstico das dermatofitoses são o exame com a lâmpada de Wood, microscopia direta dos pelos, cultivo e biopsia cutânea. Os três primeiros são rotineiramente usados e suficientes para o diagnóstico destes fungos. A biopsia cutânea é usada em apresentações clínicas não rotineiras, quando o diagnóstico não é sugestivo de dermatofitose (SPARKES et al., 1993).

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2.1.4.1 Teste com a lâmpada de Wood

Este teste consiste no exame dos pacientes com o auxílio da lâmpada de Wood, que é uma luz ultravioleta com comprimento de onda de 360nm. O exame deve ser realizado em ambiente escuro, para melhores resultados a lâmpada precisa ser aquecida durante o período mínimo de cinco minutos e a lesão ser exposta a luz por até cinco minutos (PATEL; FORSYTHE, 2010). Este exame é simples e rápido, porém ocorre fluorescência apenas nas cepas de Microsporum canis (SPARKES et al., 1993). Um exame é considerado positivo para Microsporum canis , quando o pedículo piloso fluoresce na cor verde-maçã (GRAM, 2005; PATEL; FORSYTHE, 2010), sendo esta fluorescência devida aos metabólitos do triptofano. Possui índices de especificidade de até 100% quando realizado corretamente (PATEL; FORSYTHE, 2010), porém com sensibilidade baixa, com índices de apenas 50% (PATEL; FORSYTHE, 2010; SPARKES et al., 1993). Sua principal vantagem é permitir a colheita dos pelos contaminados, para a posterior confirmação pelo exame microscópico e cultivo (BOND, 2010).

2.1.4.2 Exame microscópico dos pelos

Este método consiste em examinar os pelos com o uso de uma solução clarificante, como hidróxido de potassa (KOH) a 10% ou parafina líquida, em microscópico ótico num aumento de 40X (PATEL; FORSYTHE, 2010), onde serão visualizados os artroconídios (BOND, 2010) que, na maioria dos casos em veterinária, se deve a uma infecção ectotrix (CHERMETTE; FERREIRO; GUILLOT, 2008; PATEL; FORSYTHE, 2010). Os artroconídios do Microsporum canis são de mais difícil visualização, pois possuem menor tamanho (2 a 4 μm) quando comparados com os de outras espécies, como o Trichophyton verrucosum (maiores que 12 μm). Quando são examinados pelos pigmentados a visualização dos artroconídios fica prejudicada, sendo necessário um maior tempo de clareamento. As melhores amostras, para esta técnica, são os pelos provenientes do bordo da lesão por avulsão ou raspado (ROBERT; PIHET, 2008). Esta técnica possui bons resultados quando realizada corretamente (PATEL; FORSYTHE, 2010). Porém podem ocorrer muitos falsos negativos, além do fato da ausência de artroconídios não consistir necessariamente em diagnóstico negativo de