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Uma análise de fotografias de pierre verger, registradas em salvador, bahia, na década de 1950. As imagens selecionadas representam manifestações religiosas, principalmente da festa de iemanjá e de um ritual de candomblé no terreiro de pai cosme. O autor busca abordar as imagens fotográficas como representações da imaterialidade e explorar o papel de verger como mensageiro entre duas culturas, contribuindo para a desmistificação das religiões de matriz africana.
O que você vai aprender
Tipologia: Exercícios
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Porto Alegre 2019
Jéssica Graciela Caetano de Freitas
Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Museologia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Orientadora: Profª. Drª Zita Rosane Possamai
Porto Alegre 2019
Dedico este trabalho à minha mãe Ana Lúcia, minha irmã Gislaine, meu padrinho Alessandro, minha madrinha e melhor amiga Kênia e a memória de meu pai (que sempre foi luz em minha vida), pоr serem essenciais еm minha trajetória, pelo apoio, pelo afeto e por não medirem esforços para que eu concluísse essa etapa.
É gratificante poder agradecer a todos que direta ou indiretamente contribuíram durante minha caminhada acadêmica para que eu chegasse até esse momento. Dá um certo receio de esquecer o nome de alguém, visto que muitas pessoas foram importantes incentivadoras ao longo desse processo. Foram horas de solidão acadêmica compreendidas pela família e amigos, creio que palavras não são suficientes para agradecer a cada um, mas vou tentar.
Agradeço em primeiro lugar a minha orientadora, Prof. Dra Zita Rosane Possamai que em meio a sua rotina turbulenta, se dispôs a me orientar. Sempre me auxiliou de forma gentil, com um sorriso contagiante e palavras suaves, que me estimularam a continuar, obrigada pela orientação, pela paciência, disponibilidade de tempo e acolhida sincera. Ao longo de minha vida acadêmica, mas principalmente na escrita deste trabalho, me senti muito acolhida por ela com sua atenção e cuidado acalentadores. Aos professores Eráclito Pereira e Vanessa Barrozo Teixeira Aquino pelo acompanhamento acadêmico e imensa honra de aceitarem compor minha banca.
A Luciana Auzani e Anelise Scherer pelo apoio, incentivo e compreensão nos momentos em que precisei me ausentar das atividades laborais em virtude de compromissos com a Universidade. O apoio e a amizade de ambas foram fundamentais para a conclusão deste trabalho. Obrigada por me ouvirem, me incentivarem e serem minhas amigas. Não posso deixar de citar Adão Junior que me incentivou a prestar vestibular e a nunca desistir de minhas cadeiras, obrigada por ter sido amigo e companheiro, por dialogar sobre a temática do curso sempre que necessitei e por me ouvir até o presente momento, foi gratificante contar com tua ajuda.
A minha Ialorixá Ângela, por me incentivar a estudar e a crescer enquanto ser humano e profissional, por compreender minhas ausências religiosas, neste momento tão importante de minha graduação e por ser verdadeiramente Mãe de cada um de nós, seus filhos de santo. À vó Tereza, que mesmo não sendo vó sanguínea me acolheu de maneira tão fraterna em seu coração, suas palavras sempre me motivam a buscar o conhecimento, tanto acadêmico quanto religioso. À Venira por se comportar como amiga, irmã, mãe de coração e, principalmente, por aguentar meus surtos existenciais, me acalmar e me mostrar que sou capaz de
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar as fotografias de Pierre Verger enquanto suporte material de preservação das manifestações religiosas por ele fotografadas. Para tal utilizarei imagens selecionadas da fototeca digital da Fundação Pierre Verger. Sabendo que os Cultos Sagrados afro-brasileiros são pautados na oralidade e no saber fazer, tendo em vista que durante sua vida as lentes de Verger registraram as manifestações imateriais de muitos grupos, este trabalho visa analisar suas fotografias como ferramentas de preservação e salvaguarda de tais movimentos.
Palavras chave: Patrimônio imaterial. Fotografia. Memória. Fundação Pierre Verger
El objetivo de este trabajo es analizar las fotografías de Pierre Verger como soporte material de preservación de las manifestaciones religiosas por él fotografiadas, para ello utilizará imágenes seleccionadas de la fototeca digital de la Fundación Pierre Verger. Sabiendo que los Cultos Sagrados afro-brasileños son bastante pautados en la oralidad y en el saber hacer y teniendo en vista que durante su vida las lentes de Verger registraron las manifestaciones inmateriales de muchos grupos, este trabajo busca analizar sus fotografías como herramientas de preservación y salvaguardia tales movimientos.
Palabras clave: Patrimonio inmaterial. Fotografía. Preservación. Memoria
Conheci Pierre Edouard Leopold Verger (Pierre Verger) através do meu padrinho e Cacique de Umbanda, Alessandro Machado do Nascimento, que é estudioso das religiões de matriz africana e autodidata da cultura afrobrasileira. No final do ano de 2017, após já haver me falado inúmeras vezes sobre as obras de Verger, ele me apresentou o documentário “Pierre Fatumbi Verger Um Mensageiro entre dois Mundos”; lindamente narrado por Gilberto Gil, o documentário conta a trajetória de Verger entre Brasil e a África. Traz a última entrevista gravada de Pierre Verger, que ocorreu no dia 10 de fevereiro de 1996, um dia antes de seu falecimento, além de depoimentos de amigos. O documentário foi lançado após a sua morte, e foi após assisti-lo que me interessei por suas fotografias, principalmente as que retratam rituais religiosos, por me identificar com o tema, visto que sou praticante desta religiosidade.
Verger foi fotógrafo e etnólogo, de nacionalidade francesa, que viveu por dezessete anos entre o Brasil e a África^1. Verger dedicou grande parte de sua vida ao estudo das religiões de matriz africana, voltou seu olhar de pesquisador para o Candomblé. Quando descobriu essa religião, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Esse interesse pela religiosidade de origem africana lhe rendeu uma bolsa para estudar rituais na África, para onde partiu em 1948. Em 1953 recebeu o titulo de Fatumbi que significa" nascido de novo graças ao Ifá ", titulo concedido pela primeira vez a um homem branco. Sendo fotógrafo, teve acesso a inúmeras manifestações religiosas, bem como as registrou fotograficamente.
Em 1988, criou a Fundação Pierre Verger, instituição sem fins lucrativos que funciona na mesma casa^2 em que Pierre Verger viveu em Salvador, 2ª Travessa da
(^1) Foi na África que Verger viveu o seu renascimento, recebendo o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá", em 1953. A intimidade com a religião, que tinha começado na Bahia, facilitou o seu contato com sacerdotes e autoridades e ele acabou sendo iniciado como babalaô - um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubás. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador.(Fundação Pierre Verger [s.d]) (^2) Ao criar a Fundação, Verger acaba por abrir mão de espaço de moradia em prol de um local para o funcionamento da instituição e diminui consideravelmente o espaço em que habitava. É possível
pretendo abordar as imagens fotográficas de Pierre Verger como representações da imaterialidade. Zita Possamai (2002) diz que o estudo das imagens remete necessariamente ao estudo do imaginário, que se manifesta por imagens e discursos que tentam definir uma determinada realidade. Sendo assim, a análise das festas religiosas populares se baseia nesse imaginário criado a partir de um patrimônio imaterial visível nas imagens fotográficas de Pierre Verger.
De acordo com Simonetta Persichetti (2000), a maioria da bibliografia voltada para a fotografia preocupa-se mais em falar como fotografar, abordando principalmente a questão técnica, subjugando o porquê fotografar, menosprezando a reflexão que possibilita a prática desse fazer. Para ela, fotografar é testemunhar, na procura de transformar a consciência do ser humano através das emoções que as imagens nos provocam. E a fotografia pede uma abordagem crítica para que possa ser compreendida, levando à meditação e uma possível transformação da percepção, portanto, ninguém é igual perante uma fotografia, nem quem a produz, nem quem a olha.
Flávia Batista (2012) afirma que, existem alguns trabalhos acadêmicos, em diversos campos disciplinares, que abordam a obra de Pierre Verger, cada um prendendo-se à uma perspectiva de análise. O ponto em comum nesses trabalhos é a paixão que Verger sentia por Salvador, lugar onde ele se estabeleceu depois de conhecer várias partes do mundo, expressando sua paixão através do seu trabalho. Há inúmeros trabalhos sobre a vida de Pierre Verger, há análises de seus livros, mas poucas pesquisas sobre suas fotografias. Os trabalhos encontrados abordam a técnica fotográfica utilizada por Verger, mas não sobre como as mesmas retratam as manifestações culturais clicadas por ele.
A tese de Marcos Torres (2015) aborda sobre as religiões de matriz africana e os diálogos que as mesmas movimentam dentro da academia brasileira, a partir da segunda metade do século XX. Em sua pesquisa, Torres busca identificar nas fotografias de Pierre Verger, por meio da construção imagética e apropriação dos intelectuais em torno do artista, um olhar que afirma a africanidade como definidora da experiência cultural e religiosa dos negros no Brasil. Estabelece um padrão de intenção no qual, o negro ganha autonomia e valorização a partir de seu corpo e de sua sacralidade e onde a miscigenação e a pluralidade da sua cultura perde a
importância. Este foi o trabalho mais próximo de minha intencionalidade que encontrei.
Além dos trabalhos de Flávia Batista e Marcos Torres, há outros trabalhos que visam analisar a obra de Pierre Verger, assim como o de Gerlaine Martini (1999), que aborda a importância da fotografia como ferramenta discursiva e evidência científica para as ciências sociais. A fotografia em todos os trabalhos analisados apresenta-se como um dos elementos centrais e, a partir dela desenvolve-se o que foi proposto.
Contudo, nas pesquisas realizadas, não encontrei um trabalho que analisasse as fotografias pelo viés da imaterialidade e do patrimônio, nem que criasse um diálogo entre ambos. Creio que este será o diferencial desta pesquisa, mostrar através das fotografias o acesso que Verger tinha aos terreiros de Candomblé em uma época em que os ritos religiosos eram bem mais fechados do que atualmente. Diante do tema proposto nesse trabalho, o método de procedimento histórico^5 mostrou-se imprescindível, pois, segundo Lakatos (1991) este parte do princípio que as sociedades atuais, suas instituições e costumes têm origem no passado, o que torna importante pesquisar suas origens “para compreender sua natureza e função”.
A escolha das fotografias para o trabalho se deu a partir da possibilidade de visualização que estas poderiam possibilitar dos elementos imateriais nelas representados. Foram selecionadas na fototeca do site da Fundação Pierre Verger quatro fotos da festa de Iemanjá, ocorrida em Salvador, localidade de Rio Vermelho, na década de 1950, e seis fotografias de uma cerimônia de Candomblé, ocorrida no terreiro de Pai Cosme, também na mesma cidade, no ano de 1950. No site da fototeca encontra-se disponível dez fotos do ritual de Bori, contudo ao ampliar para a análise verifiquei que quatro delas perderam a qualidade da imagem, impossibilitando a visualização dos detalhes. Por esse motivo foram excluídas do estudo. Cada fotografia foi analisada individualmente tanto como suporte material quanto como representação do imaterial.
(^5) Classificação de Lakatos (1991) que divide método em duas classes: métodos de abordagem e métodos de procedimentos. Os primeiros, com níveis de abstração mais elevados, com abordagens mais amplas e os segundos se constituiriam em etapas mais concretas de investigação, com abordagens mais restritivas em termos de explicação do fenômeno e menos abstrata.
contentou com os dois mil negativos apresentados como resultado da sua pesquisa fotográfica e solicitou que ele escrevesse sobre o que tinha visto. A contra gosto, Verger obedeceu. Depois, acabou se encantando com o universo da pesquisa e não parou mais, tornando-se além de pesquisador, etnólogo e antropólogo.
Mesmo tendo optado por fixar residência na Bahia, Verger nunca perdeu sua essência nômade. A história, os costumes e, principalmente, a religião praticada pelos povos iorubás e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de suas pesquisas e sua obra. Ele passou a viver como um mensageiro entre esses dois lugares: transportando informações, mensagens, objetos e presentes. Como colaborador e pesquisador, visitante de várias universidades, conseguiu ir transformando suas pesquisas em artigos, comunicações e livros. Segundo Marcos Torres (2015), Verger via o mundo a partir de uma lente de poucas esperanças, articulando-a como algo sem horizonte e compreendendo a maturidade e a velhice como um fardo, contudo suas obras o imortalizaram de maneira atemporal, como se a ação do tempo não o houvesse afetado.
Em 1960, comprou a casa da Vila América, em Salvador. No final dos anos 1970, ele parou de fotografar e fez suas últimas viagens de pesquisa à África. Em 11 de fevereiro de 1996, Verger faleceu, deixando à Fundação Pierre Verger a tarefa de prosseguir com o seu trabalho. O fotógrafo tinha admiração e afeto por sua fundação, o que pode ser observado em quase todos os textos apresentados na página da instituição:
A criação da Fundação Pierre Verger foi a consequência de dois de meus amores: o que sinto pela Bahia e aquele que tenho pela região da África, situada no Golfo de Benin. Ela se propõe, através de seus objetivos e suas atividades, a realçar esta herança comum, oferecendo à Bahia o que ela conhece sobre o Benin e a Nigéria e informar esses países sobre suas influências culturais na Bahia”, afirmou Verger no primeiro boletim informativo da FPV. Como fundador, mantenedor e presidente, ele doou à Fundação todo o seu acervo pessoal, reunido em décadas de viagens e pesquisas. São dezenas de artigos, livros, 62 mil negativos fotográficos, gravações sonoras, filmes em película e vídeo, além de uma coleção preciosa de documentos, fichas, correspondências e objetos. (Fundação Pierre Verger,2019. A Fundação passou a ser importante espaço de preservação e organização de todas as pesquisas e materiais que Verger possuía; foi dirigida por ele, com afeto e dedicação, até sua morte. Atualmente, possui além do espaço físico, um site onde
é possível encontrar informações sobre exposições, obras de Verger, livros, histórico da instituição, serviços propostos, fototeca, entre outros. Contudo, tratarei aqui sobre a fototeca, nela encontram-se aproximadamente 6.000^7 imagens digitalizadas. O total das fotografias e negativos é acessível apenas para consulta, através de um banco de dados interno na sede da Fundação Pierre Verger, em Salvador. Para ter acesso ao banco de dados, é necessário marcar previamente um horário.
Para ter acesso às imagens fotográficas, é necessário entrar no site da fundação, ir até a aba acervo de fotos e entrar na aba fototeca. Ali o pesquisador encontrará pastas nomeadas com cada um dos continentes por onde Verger fotografou. Ao selecionar o continente, é aberta a opção de escolher qual país quer acessar; no país, podem ser acessados os estados; em cada estado abre as cidades; nas cidades a separação se dá por eventos. O acesso é fácil e rápido.
(^7) Ainda não há disponibilidade de todo acervo digitalizado na fototeca, em virtude do custo e do tempo
para digitalização das imagens. Contudo, o pesquisador pode entrar em contato para visitar o acervo, caso haja necessidade (http://www.pierreverger.org/br/).
Em sua dissertação Flávia Batista (2012) afirma que a fotografia é uma referência, porque, ao contrário da palavra escrita ou da pintura que pode simular a realidade sem tê-la visto, na foto jamais se pode negar que a coisa fotografada esteve lá. Contudo, vale lembrar que há de se “escolher’’ o que será retratado uma vez que a fotografia é incapaz de capturar a totalidade de um ritual. Segundo Loizos (2008, p. 137) a imagem possibilita um registro “poderoso das ações temporais e dos acontecimentos reais”. Apresento aqui a fotografia como um recurso para a leitura das manifestações do sagrado.
Entendo aqui, que as fotografias de Pierre Verger têm muito a contribuir para uma análise da necessidade que as casas de Candomblé tinham de guardar seus segredos, e o de assegurar pela divulgação das imagens sua legitimidade e reconhecimento perante a sociedade. Essa divisão em um ritual a céu aberto e outro no Terreiro a portas fechada. No ritual ocorrido a portas fechadas, Verger registra e apresenta, de maneira leve, um ambiente até então proibido aos não iniciados na religião. Segundo Coster:
A fotografia está presente no candomblé de várias formas. Há terreiros que a incorporam como registro da memória dos acontecimentos religiosos, outros a incorporam como objeto afetivo capaz de mediar emoções vivenciadas, outros que a rejeitam, parcial ou totalmente, alegando que ela corrompe o espaço sagrado dos rituais (COSTER, 2007, p. 9) Minha percepção sobre os registros dos rituais de religiões de matriz africana, é de que auxiliam no processo de desmistificação religiosa, elucidam sobre a beleza cultural de um povo por tantas vezes invisibilizado. Marcos Torres (2015) afirma que há aqui a explicitação de um confronto entre modernidade e tradição, uma vez que a imagem fotográfica é vista como dimensão e reprodução do real. Entretanto, o segredo que deve marcar o espaço do sagrado impede, em muitos momentos, que esse registro possa ser feito. Contudo, Verger consegue adentrar nesses espaços sagrados e obter a permissão de Babalorixás e Ialorixás para registro e divulgação desses rituais sagrados. Segundo o próprio fotógrafo relata no documentário Pierre Fatumbi Verger um Mensageiro entre dois Mundos , essa conquista ocorre justamente pelo fato do próprio não ir em busca dos fatos, os fatos vinham até ele.
Nas fotografias de Verger aqui apresentadas, destaca-se uma forma fotográfica específica, onde há de certa forma uma cumplicidade entre o fotógrafo e as pessoas ou objetos por ele clicados. Não há a aparência de foto posada, mas sim tem-se a impressão de que as pessoas retratadas fazem parte do ambiente da fotografia. Há uma naturalidade nos gestos e feições faciais que dialoga com as lentes de sua câmera.
Marcos Torres (2015) diz que essa percepção de olhares e temáticas é importante para dimensionar permanências para Verger. Na verdade, suas fotografias, apesar de serem em preto e branco, nos remetem a um Brasil plural e multicolorido. Nesta primeira parte, irei analisar quatro fotografias da procissão de Iemanjá, ocorrida no Bairro de Rio Vermelho, em Salvador, como um rito ocorrido à luz do dia e a céu aberto.
Figura 1 - Iemanjá
Fonte: Fototeca digital da Fundação Pierre Verger^8
(^8) :https://www.pierreverger.org/br/acervo-foto/fototeca/category/513-yemanja.html?start=