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Este documento discute a pododermatite, uma afecção inflamatória que acomete as extremidades distais dos membros de animais, causando-lhes desconforto funcional, ulcerações e edema. O texto aborda as principais causas, sintomas e tratamentos da doença, incluindo fármacos que podem desencadear reações adversas. Além disso, são discutidos os exames laboratoriais e a importância de investigar o ambiente e os hábitos do animal.
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Autor: Eduardo Antunes
Autor: Eduardo Antunes Trabalho apresentado como requisito parcial para graduação em Medicina Veterinária Orientador: Prof. Dr. Daniel Guimarães Gerardi Coorientadora: M. V. Juliana Maciel Cassali Vieira
Meus agradecimentos são para meus queridos pais, Eduardo e Neusa, por sempre me apoiarem em todas as ocasiões e escolhas da minha vida. Por sempre acreditarem no meu potencial. Agradeço por viabilizarem a realização do meu sonho, e por que não dizer do nosso sonho, em cursar minha graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Por todo o esforço que fizeram para me dar a melhor educação, mesmo que por muitas vezes, terem que se privar de bens materiais em prol da possibilidade de proporcionar as melhores ferramentas para minha educação e formação. Obrigado meus pais, por todos os valores aos quais me foram passados por vocês e ajudaram a constituir minha formação como homem e cidadão. Agradeço a minha noiva Drª. Ane Caroline Schmitt, um verdadeiro anjo que entrou na minha vida e que tenho como um dos exemplos de profissional e de amor aos animais. Mostrou-me como é maravilhosa a profissão de médico veterinário e mesmo sem ela perceber me influenciou a trocar o curso de Engenharia Mecânica pela da Medicina Veterinária.Agradeço o amor, o carinho, o companheirismo, a paciência e a dedicação que sempre teve comigo. Agradeço os meus mestres Dr. Daniel Guimarães Gerardi, Dr. Mauro Machado, Drª Fernanda Amorim da Costa não só pelos ensinamentos que me proporcionaram, mas também por serem exemplos aos quais me guiam na minha formação como Médico Veterinário. Agradeço ao meu amigo Maicon Ramos por todos os momentos que passamos dentro e fora da universidade. Um grande amigo e um dos grandes presentes que tive dentro do curso da Medicina Veterinária que levarei por toda vida. Uma pessoa de coração gigante, uma pessoa humilde e uma pessoa sempre pronta a ajudar. Muito obrigado meu amigo. Por fim e não menos importante agradeço a uma das pessoas que sempre me incentivou e me ajudou a lapidar a paixão que tenho pela Dermatologia Veterinária. Uma pessoa de coração enorme, coração puro e com uma paciência sem igual para ensinar. Obrigado minha amiga Drª Juliana Maciel Cassali Vieira.
A pododermatite é uma afecção dermatológica bem frequente na clínica de pequenos animais. É caracterizada como uma doença inflamatória localizada na parte distal dos membros e relatada em muitas dermatoses principalmente em cães. Pode ocasionar transtornos de locomoção, dor e até alterações sistêmicas no animal acometido. Em determinadas situações pode ser considerada como um estímulo inicial para o estabelecimento de um quadro de transtorno psicogênico pelo fato do animal lamber e mordiscar as patas compulsivamente. Para um diagnóstico preciso é necessário testes diagnósticos e estabelecer a etiologia subjacente. Em alguns casos, mesmo realizando todos os testes diagnósticos, é possível chegar a um diagnóstico de doença idiopática.Outro fator importante na doença é que representa uma afecção que nem sempre pode ter remissão completa. Por esse motivo pode causar desistência do tratamento ou até, em casos mais extremos, os tutores desejarem eutanasiar seus animais.
Palavras-chave : Pododermatite, dermatoses, diagnóstico, lambedura.
Figura 1: Extremidade distal do membro torácico com eritema e alopecia de um cão.... Figura 2: Ulceração interdigital na extremidade distal de cão.......................................... Figura 3: Extremidade distal do membro pélvico com edema de um cão........................ Figura 4: Extremidade distal do membro pélvico com exsudato serosanguinolento de um cão.............................................................................................................................................
Tabela 1: Diagnósticos diferenciais, sinais clínicos e testes diagnósticos para pododermatite interdigital................................................................................................................................. Tabela 2: Diagnósticos diferenciais, sinais clínicos e testes diagnósticos para pododermatite que afeta predominantemente coxins....................................................................................... 20 Tabela 3: Diagnósticos diferenciais, sinais clínicos e testes diagnósticos para doenças que acometem as unhas....................................................................................................................
A pododermatite é uma afecção dermatológica inflamatória que acomete as extremidades distais dos membros dos animais causando-lhes uma redução na qualidade de vida (WHITE,1989). É uma doença de difícil remissão ou de remissão temporária caracterizada por períodos de exacerbação e podendo também acometer ao mesmo tempo as extremidades distais dos membros locomotores (MANNINGET al., 1983). Estudos realizados mostram que os membros locomotores torácicos estão mais susceptíveis a injúrias mecânicas por estarem mais predispostos a sofrerem impacto com o solo (RUMPH et al.,1995). A pele da região podal de cães e gatos está exposta a uma grande variedade e intensidade de traumas (ANDERSON, 1980), fator que pode desencadear o processo inflamatório nessa região, facilitar a entrada de patógenos e de corpos estranhos (WHITE, 1989). Especula-se também que o trauma da própria pele interdigital juntamente com pelos curtos e eriçados dos dígitos possam causar um atrito constante. Esse atrito constante entre as duas porções podem funcionar como meio desencadeador de lesão (GROSS, 2005). O aumento de carga nos membros torácicos, em pesquisas realizadas, mostrou que cães tinham maior concentração do tromboxano (TX) B2 nas extremidades distais destes em comparação as dos membros pélvicos. Fatores extrínsecos como pressão dérmica, altas ou baixas temperaturas e correntes elétricas podem reduzir significativamente a circulação sanguínea podal (BRADLEY et al. 1996). Cães que apresentam anatomicamente o tarso longo, espaços interdigitais amplos apresentam mais comumente inflamação podal (1926 apud BREATHNACH, 2008).
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica do tema proposto, colaborando assim com o médico veterinário para o correto diagnóstico desse transtorno dermatológico.
É uma doença comum em cães e rara em gatos. Os animais acometidos pela pododermatite apresentam, em alguns casos, outras afecções concomitantes, sejam transtornos de origem imunológica, de origem infecciosa ou de origem parasitária (MASON, 1990).
Animais que estejam com deficiência imunológica, por algum fator ou que tenham a barreira cutânea prejudicada quanto a sua integridade, podem ter um crescimento exacerbado da levedura Malassezia pachydermatis. A malasseziose é normalmente uma doença secundária, geralmente desencadeada pelo quadro de dermatite atópica podendo levar a uma pododermatite, apesar de a levedura ser comensal da pele de cães (DUCLOS, 2013). Além disso, uma reação de hipersensibilidade à Malassezia pachydermatis e à Candida spp. com presença de paroníquia é relatada com certa frequência (MASON e EVANS, 1991).
A necrólise epidérmica tóxica, o lúpus eritematoso, a vasculite e o eritema multiforme que ocorrem na região podal dos animais podem ser atribuídos à reação adversa `a administração de fármacos que por sua vez, pode levar a um quadro de pododermatite (MASON, 1990). Dentro desse grupo de animais que apresentam reações medicamentosas destacam-se os fármacos pertencentes aos grupos dos antifúngicos (por exemplo, 5- fluorocitosina), anti-helmínticos (por exemplo, levamisole, moxidectina), b-lactâmicos e sulfonamidas (GIGER et al., 1985; TROTMAN et al., 2006).
É relatada nos cães pertencentes à raça Pastor Alemão uma síndrome, considerada rara, chamada de Síndrome Dermatofibrose Nodular, que exibe uma forma generalizada no corpo do animal (GILBERT et al., 1990). A síndrome mencionada é caracterizada pelo crescimento de nódulos pelo corpo, incluindo as extremidades distais dos membros pélvicos do animal. Histopatologicamente as lesões são classificadas como nódulos ou nevos colagenosos (JONES et al., 1985; BERGMAN, 2007). O estudo histopatológico demonstra a presença de feixes dispostos de tecido colágeno nas regiões acometidas (WHITE et al., 1998).
A dermatopatia podal de origem parasitária não é uma condição rara e geralmente cursa com piodermite interdigital crônica. Erroneamente a pododermatite parasitária por Demodex canis é diagnosticada como doença de hipersensibilidade justamente por ter apresentação sem sazonalidade juntamente com a localização das lesões (DUCLOS, 2013;SCOTT et al, 2001).
Os animais que desenvolvem pododermatite não apresentam idade específica, sexo ou predileção de raça. Todavia, raças que apresentam pelagem curta são mais mencionadas em alguns estudos realizados (SCOTT et al. 2001). É uma afecção dolorosa, pruriginosa e que pode facilitar a infecção microbiana secundaria. Os sinais clínicos de pododermatite mais comuns incluem eritema (figura 1), a hiperqueratose da pele em especial na região interdigital dorsal e ventral regiões palmoplantares, colaretes, alopecia (figura 1), úlceras (figura 2), nódulos, bolhas hemorrágicas, edema (figura 3), hiperpigmentação e podem também apresentar exsudato serosanguinolento ou seropurulento (figura 4). De menor ocorrência, os animais podem apresentar lesões nas camadas mais profundas de coxins digitais e metacarpo / metatarso (ANDERSON, 1980; SWAIM et al., 1991). Os animais acometidos apresentam sinais de emagrecimento, inapetência, letargia e depressão(SCOTT et al., 2001). Os coxins apresentam, em casos crônicos, fissuras tornando o animal intolerante ao exercício ou ao simples ato de se locomover (WHITE,1989).Juntamente com os sinais podais, se o animal apresentar sinais sistêmicos tais como poliúria e polidipsia pode ser um indício para uma doença sistêmica como por exemplo, como o lúpus eritematoso ( MUELLER, 2007). Os animais podem também apresentar mudança na coloração dos pelos pela ação da saliva no ato do animal realizar a lambedura ou a mordedura decorrente do prurido e/ou desconforto (SCOTT E MILLER, 1992).
Os animais afetados podem ter relutância em realizar locomoção, demonstrar sinais sistêmicos, depressão e inapetência (ANDERSON, 1980). Mesmo após a remissão da afecção é normal permanecer sinais de fibrose e danos irreversíveis aos tecidos acometidos. A cura por completo é uma condição difícil e incomum (SWAIM et al., 1991). A dermatose geralmente acomete tecidos moles, porém em alguns estudos relatam que pode ocorrer em casos raros o acometimento ósseo ou de tecido conjuntivo (SCOTT et al.,2001).
Figura 1 – Extremidade distal do membro torácico com eritema e alopecia de um cão.
Fonte: Hnilica 2011 Figura 2 – Ulceração interdigital na extremidade distal de cão.
Fonte: Hnilica 2011 Figura 3 – Extremidade distal do membro pélvico com edema de um cão
Fonte: Hnilica 2011
disso, é preciso descartar o componente iatrogênico que pode desencadear reações à fármacos apresentando lesões nas regiões podais do animal (AFFOLTER e VON TSCHARNER, 1993). Outro fato que também deve ser considerado é a dieta ao qual o animal é submetido quando a pododermatite não possui um caráter sazonal (STREILEIN, 1989). Biópsias realizadas em regiões lesionadas podem demonstram variados estageamentos de vasculite e pústulas intra-dérmicas, foliculite ou furunculose (SCOTT et al., 1978 ; GROSS et al., 1993).
Os sinais clínicos podem variar bastante podendo apresentar acometimento somente de uma extremidade distal ou acometer as quatro extremidades distais dos membros locomotores do animal. Por essa razão é de suma importância realizar um exame clínico detalhado e criterioso tanto na região podal aparentemente acometida e sim em todos os membros (NESBITT e HELTON, 1984). Lesões secundárias também são importantes a serem observadas podendo assim sugerir, quando presentes, uma infecção secundária bacteriana, por exemplo. As apresentações clínicas das lesões na pododermatite raramente permitem que uma causa subjacente seja identificada sem a realização de exames complementares (ANDERSON,1980; SCOTT et al., 2001).
Os principais exames laboratoriais e complementares que devem ser realizados são o tricograma, a cultura bacteriana juntamente com antibiograma, o exame parasitológico de pele, exame citológico do conteúdo de pústulas, de lesões e também de exsudações oriundas dessas lesões (MANNING et al.,1983 ; WHITE, 1989).A citologia pode ser realizada utilizando fita adesiva de acetato (mais indicado para lesões secas). Se a citologia revelar uma infecção bacteriana ou infecção por Malassezia , esta infecção é geralmente causada por uma doença base, embora as infecções induzidas pelo estresse não sejam incomuns.(MUELLER, 2007).Também é indicada a biópsia para a realização de exame histopatológico para a
confirmação do diagnóstico e também para identificação de etiologias subjacentes (MANNING et al.,1983 ; WHITE, 1989).
Exames de imuno-histoquímicarealizadas nas biopsias de pele podem mostrar a presença de imunoglobulinas IgG, IgA ou IgM. Além disso, podem demonstrar a presença de depósitos de imunocomplexos na epiderme ou na região da membrana basal em casos pododermatite com suspeita etiológica auto-imune (ROSYCHUCK, 2002).A dieta de eliminação, apesar de ter limitações práticas, é indicada para casos de suspeita de hipersensibilidade alimentar e também análise do ambiente onde o animal vive para descartar ou não uma dermatite por contato(KUNKLE, 1988).
Existe um grande conjunto de diagnósticos diferenciais para a pododermatite, porém mesmo realizando todas as etapas preconizadas para chegar a um diagnóstico correto da doença, a causa base pode permanecer desconhecida. Pacientes que apresentam, mesmo depois de realizar todos os testes e exames disponíveis sem identificação da causa base, podemos classificar como pododermatite idiopática (MULLER, 1990; MASON, 1991; SWAIM et al., 1991). A pododermatite idiopática só é diagnosticada quando os resultados de raspados de pele, tricograma, citologia, cultura fúngica,cultura bacteriana, antibiograma,urinálise, testes de função da tireóide,teste de dieta alimentar, hematologia, bioquímica e histopatologia forem inconclusivos para se obter um diagnóstico etiológico específico (BREATHNACHet al., 2005)
A infecção bacteriana é mencionada como principal componente da pododermatite idiopática. A infecção ocorre, obrigatoriamente, como agente secundário a outras doenças (SCOTT et al., 2001).Além disso, existem outros componentes também mencionados como desencadeadores da pododermatite idiopática tais como: furunculose juntamente com a formação de granulomas dérmicos (WHITNEY, 1970; SHAW, 1987), anatomia podal (WHITNEY,1970), trauma (ANDERSON, 1980), imunossupressão(SWAIM et al., 1991).
Tabela 1. Diagnósticos diferenciais, sinais clínicos e testes diagnósticos para pododermatite interdigital.
Diagnóstico Diferencial Sinais clínicos Testes diagnósticos
Dermatite atópica
Inicialmenteapenasprurido sazonal eeritema em outras regiões do corpo(cabeça,orelhas, área perianal) afetados.
Exclusão de diagnósticos diferenciais via terapia, EPP, dieta de eliminaçãopara hipersinsibilidade alimentar, raspados de peleprofundo parademodicose, citologiamicrobiana.
Hipersensibilidade Alimentar
Semelhante à dermatite atópica, não sazonal,muitas vezes, com sinais gastrointestinais , tais como flatulência, defecação frequente, diarreia, etc.
Dieta de eliminação
Pododermatite bacteriana
Eritema, erosões, pápulas, pústulas, furúnculos e úlceras. Tecido edemaciado em casos crônicos.
Cultura bacteriana, citologia.
Pododermatite por Malassezia
Prurido grave, com poucas lesões e eritema
Citologia
Demodicose
Resposta parcial aos antibióticos mais usuais, edema podal
Tricogramas, raspado profundo de pele.
Fonte: Adaptado por Mueller (2007)
Tabela 2. Diagnósticos diferenciais, sinais clínicos e testes diagnósticos para pododermatite que afeta predominantemente coxins.
Diagnóstico Diferencial Sinais clínicos Testes diagnósticos
Pênfigo foliáceo P faceústulas e orelhas, plan^ e crostas nao nasal.
Citologia de pústulas pode revelarcélulas acantolíticas (não patognomônico, mas evidência de doença), biópsia da pele. Dermatose responsiva ao Zinco
Frequentemente crostas periocular e perilabial.
Biópsia e suplementação de Zinco.
Dermatite necrolítica superficial
Anorexia, depressão, lesões em torno das junções mucocutâneas. Alterações bioquímicas hepáticas.
Biópsia e investigar uso de fármacos.
Hiperqueratose idiopática Cães do plano nasal.^ jovens,hiperqueratose Biopsia
Pododermatite plasmocitária Edema apenas em felinos.^ dos coxins, relatado Biopsia
Cinomose Cães sistemicamente , histórico de não vacinação.^ doentes Biopsia, imuno-histoquímica
Fonte: Adaptado por Mueller (2007)