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Um projeto educacional que utiliza a canção popular brasil, de cazuza, para estimular o pensamento histórico em estudantes do 9º ano do ensino fundamental ii. O autor intenciona explorar as mudanças e permanências, semelhanças e diferenças entre as repercussões da canção desde a década de 1980 até o presente, desenvolvendo habilidades de observação, interpretação, compreensão e pensamento sobre a cidadania, democracia e direitos civis, políticos e sociais. O documento discute a natureza da música popular e sua importância como fonte histórica e recurso didático.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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uma canção no tempo numa democracia em pauta NATAL 2022
uma canção no tempo numa democracia em pauta Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Mestrado Profissional do Programa de Pós- Graduação Mestrado em Ensino de História – PROFHISTÓRIA, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, visando à obtenção do título de Mestre em Ensino de História. Orientador: Professor Dr. Haroldo Loguercio Carvalho. NATAL 2022
uma canção no tempo numa democracia em pauta Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ensino de História pelo Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino de História. Orientador: Professor Dr. Haroldo Loguercio Carvalho. Data de aprovação _______/_______/______ BANCA EXAMINADORA
Professor Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (Orientador) Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Professor Dr. Magno Francisco de Jesus Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Professora Dra. Miriam Hermeto de Sá Motta Universidade Federal de Minas Gerais NATAL 2022
Dedico este trabalho a todos que veem na música uma fonte de reflexão e realização pessoal e no estudo, pesquisa e ensino da história, uma forma de tornar o mundo menos injusto socialmente e mais humano.
Sobre nós o pôr do sol (Luciano Capistrano e Lázaro Cunha) Sobre nós a escuridão das ideias das liberdades sobre nós o obscuro do autoritarismo das ilegalidades permitidas sobre nós a esperança de um novo tempo das utopias possíveis... O amanhecer (Lázaro Cunha) É preciso ter paciência coragem e persistência e sempre caminhar não cair em desespero deixar se abater e sempre contemplar o amanhecer
RESUMO Este trabalho aborda a temática da fragilização da cidadania na história do Brasil recente em face do cenário de questionamentos da ordem democrática pós-ditadura, especialmente depois de 2013 quando se iniciou processo que resultou no Impeachment/Golpe de 2016 e na eleição de Jair Bolsonaro em
INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 4 CAPÍTULO 1......................................................................................................................... 15 PENSANDO O ENSINO DE HISTÓRIA NUMA PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA ATRAVÉS DO USO DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E DA MÚSICA (BRock80).............................. 15 1.1 CIDADANIA E DEMOCRACIA: um debate contemporâneo em meio a pandemias e autoritarismos.................................................................................................................... 15 1.2 O ENSINO DE HISTÓRIA E A CIDADANIA: Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e suas bases democráticas. ......................... 22 1.3 A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): suas controvérsias, o ensino de História e a cidadania........................................................................................................ 23 1.4 OS LIVROS DIDÁTICOS DO PNLD NO SÉCULO XXI: o BRock80 e o ensino de História através da música................................................................................................. 32 CAPÍTULO 2......................................................................................................................... 39 EXPERIÊNCIAS PESSOAIS EM SALA DE AULA E REFLEXÕES PRÁTICAS E TEÓRICAS SOBRE O USO DA MÚSICA NO ENSINO DE HISTÓRIA.................................................... 39 2.1 MÚSICA E ENSINO DE HISTÓRIA: relatos de experiências pessoais em sala de aula no Ensino Fundamental II.................................................................................................. 39 2.2 MÚSICA E ENSINO DE HISTÓRIA: entre a prática e a teoria..................................... 49 CAPÍTULO 3......................................................................................................................... 55 A CANÇÃO “BRASIL” E O ENSINO DE HISTÓRIA: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA............................................................................................................................. 55 3.1 PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL: conhecimentos prévios e engajamento da “audiência” (PRIMEIRO MOMENTO)................................................................................................... 57 3.2 DIREITOS CIVIS, POLÍTICOS E SOCIAIS: desenvolvimento da narrativa do ensino (SEGUNDO MOMENTO)................................................................................................... 60 3.3 UM PAÍS COM “SANGUE NAS MÃOS” (TERCEIRO MOMENTO)............................. 63 3.4 OUVINDO OS ESTUDANTES (QUARTO MOMENTO)............................................... 66 3.5 A CANÇÃO “BRASIL” E O SEU LANÇAMENTO: entre o cinema e a novela (QUINTO MOMENTO)....................................................................................................................... 67 3.6 REFLEXÃO COMPLEMENTAR: o Brock80, suas brasilidades, a trajetória de Cazuza e a canção Brasil ................................................................................................................. 69 3.7 COMEÇANDO A INTERPRETAR O BRASIL (SEXTO MOMENTO)........................... 73 3.8 SÍNTESE INICIAL: recapitulando as primeiras impressões......................................... 74 3.9 A CANÇÃO BRASIL E OS SEUS SIGNIFICADOS (SÉTIMO MOMENTO)................. 74 3.10 CAZUZA E O BRASIL: entre a esperança e a desilusão (OITAVO MOMENTO)....... 76
5 afirma, procurei, literalmente, “não cair em desespero”, nem “deixar se abater”, buscando ter “paciência, coragem e persistência”. Na banca de qualificação para o mestrado, apresentei uma proposta de trabalhar com algumas canções que refletissem sobre aspectos relacionados à democracia e à cidadania, sobretudo direitos políticos, civis e sociais. As canções, embora abordassem aspectos diferentes em relação a essas temáticas, tinham algumas coisas em comum. Ambas foram lançadas originalmente nos anos de 1980 e ainda repercutiam de alguma forma na atualidade. Algumas dessas repercussões e a maneira como as canções estavam sendo empregadas na atualidade, mais de 30 anos após os seus respectivos lançamentos, incomodaram em alguns casos os seus compositores, e por vezes algumas reações dos compositores também incomodavam parte dos fãs e críticos musicais. Recebi como sugestão da banca, em vez de explorar diversas músicas e talvez ter uma abordagem mais superficial, me concentrar em uma dessas canções. Assim, foquei meu trabalho no seu circuito de comunicações, que consiste em explorar seus usos e apropriações, desde a produção, recepção e repercussão da conhecida canção Brasil , de Cazuza. A princípio resisti um pouco à ideia, pois não achava possível conseguir desenvolver uma dissertação e uma sequência didática apenas em torno de uma canção. Porém, quando de fato me debrucei sobre minhas fontes e material de estudo, percebi que a sugestão, além de desafiadora, também seria viável. Com isso, desenvolvi todo o meu trabalho em torno da canção Brasil , de Cazuza, que por coincidência teve uma repercussão e discussão recente em torno da sua utilização em movimentos considerados antidemocráticos, que fez a mãe do compositor Lucinha Araújo se manifestar publicamente com ameaça de ações judiciais devido a um entendimento de uso indevido da canção. Como pode ser visto, a relação música e história a ser explorada nesta dissertação, percorre minha trajetória pessoal e profissional, enquanto cidadão, músico e educador. Convido-os, agora, a refletir com a minha proposta: Brasil: “mostra a tua cara”: uma canção no tempo numa democracia em pauta.
6 Brasil mostra a tua cara quero ver quem paga pra gente ficar assim Brasil qual o teu negócio? o nome do teu sócio? confie em mim!^1 Lançada há 33 anos, no dia primeiro de janeiro de 1988, mesmo ano em que nossa Constituição Federal seria promulgada, a música Brasil , foi um dos maiores sucessos do cantor e compositor Cazuza, considerado um dos grandes letristas de sua geração, que ficou conhecida como “Geração Coca-Cola”^2 ou pela expressão “BRock80”^3 , criada pelo jornalista e escritor Arthur Dapieve. A canção que hoje nos parece cada vez mais atual, representando um Brasil corrupto, hipócrita, que precisava mudar e ver sua verdadeira face ser desmascarada, foi composta no contexto histórico do final da década de 1980, onde ao mesmo tempo que celebrava o processo de redemocratização do país, também criticava a maneira como foi feita a reabertura política do país após 21 anos de Ditadura Civil Militar. No dia 03 de maio de 2020, já em plena pandemia da Covid-19, o jornal Folha de S. Paulo noticiava que, em meio a uma manifestação política, que o editorial classificou como um ato de cunho antidemocrático, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, manifestantes que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, tinham como trilha sonora a canção Brasil. Ao tomar conhecimento da reportagem, a mãe do cantor e compositor, Lucinha Araújo, junto aos coautores da música Brasil , George Israel e Nilo Romero, publicaram no site oficial da Sociedade Viva Cazuza^4 , que até recentemente dava apoio e atendia crianças e adolescentes com HIV/AIDS, uma nota de repúdio ao que chamou de uso indevido da canção Brasil. A nota, dentre outras coisas, afirma que: Brasil é uma música de grande importância na democracia brasileira e ser 1 Letra da canção Brasil , de Cazuza. Disponível em: https://www.letras.mus.br/0/7246/. Acesso em: 27 out. 2021 2 Canção da banda Legião Urbana lançada no ano de 1985, no primeiro álbum da banda, de nome “Legião Urbana”. 3 DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2000. (Coleção Ouvido Musical). Obs.: O jornalista e escritor Arthur Dapieve, que também escreveu uma biografia de Renato Russo, Um trovador solitário , foi quem criou a abreviação “BRock80” para o Rock brasileiro dos anos 80. Resolvi adotá-la nesta dissertação pela sua praticidade, tendo em vista que serão feitas várias alusões a esse termo ao longo do texto. 4 Disponível em: http://vivacazuza.org.br/inicio. Acesso em: 20 set. 2020. https://g1.globo.com/rj/rio-de- janeiro/noticia/2020/10/15/sociedade-viva-cazuza-vai-encerrar-atividades-apos-3 (link sobre encerramento das atividades do órgão).
8 também estavam em evidência. Como pode ser visto no início do texto, algumas canções que fizeram muito sucesso comercial na década de 1980 e que refletiam sobre os problemas enfrentados pelo país, como o caso da canção Brasil , ainda continuam sendo ressignificadas na atualidade. A atualidade de algumas canções, embora muitas vezes tenham adquirido sentidos diferentes e por muitas vezes opostos, é perceptível quando analisamos o caso da repercussão na canção Brasil. Como afirma Paranhos (2004, p. 23-24), a música popular pode nos proporcionar uma verdadeira “dança de sentidos”, onde ressignificações dessas canções ou de posicionamentos políticos de seus autores, muitas vezes entram em aparente “contradição” com sentidos tidos como “originais”. Para esse autor, é muito importante levarmos em consideração que: [...] uma canção não carrega, em si mesma, um sentido unívoco, congelado no tempo, que exprimiria a sua essência. Pelo contrário, uma canção, historicamente situada, comporta significados errantes, submetendo-se a um fluxo permanente de apropriação e reapropriação de sentidos (PARANHOS, 2004, p. 23, 24). Ao circular socialmente, ela, em seu moto-perpétuo, pode ser inclusive ponto de convergência de diversas tradições e contestações, espaço aberto para a pluralidade de significados e para a incorporação de vários sentidos, até mesmo conflitantes entre si (PARANHOS, 2004, p. 24). No presente trabalho, pretendo partir do contexto atual e das discussões do tempo presente, para em seguida retornar os anos de 1980, analisando como a canção Brasil vem sendo significada ao longo dos anos, inclusive na atualidade, com o intuito de refletir sobre a democracia e a cidadania no país, sobretudo em relação a discussões sobre direitos políticos, civis e sociais, buscando entender as rupturas e permanências, continuidades e mudanças entre os dois contextos, através do uso da música no ensino de História. Para isso, pretendo buscar amparo legal em toda a legislação atual da educação brasileira, incluindo desde a mais recente Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2017, até a mais antiga em vigência, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, que preconizam um ensino de História voltado para a preparação dos estudantes para o exercício da cidadania e para a defesa de um regime democrático. A nossa própria Constituição Federal, que ficou conhecida como “Constituição Cidadã”, nos obriga formar os alunos através de valores como a pluralidade de ideias, liberdade de expressão e liberdade política em uma sociedade democrática, ou seja, nossa missão em parte é conscientizar os estudantes sobre a importância do combate aos preconceitos, às
9 desigualdades e injustiças sociais e a luta por garantia dos nossos direitos políticos, civis e sociais, pensando de uma forma histórica sobre a democracia e a cidadania no Brasil, estimulando a reflexão crítica e uma formação humana e cidadã; no caso do presente trabalho, através da música, seja enquanto documento histórico, seja enquanto recurso didático. Sempre me chamou atenção a vocação da História para a democracia, o seu sentido pedagógico de estimular a cidadania, seu olhar sensível para as injustiças e desigualdades entre os seres humanos, o seu apreço pelos movimentos sociais, pela luta das minorias e preocupações éticas; além do constante diálogo e aproximação com manifestações culturais e artísticas. Trabalho na perspectiva de que o historiador e o professor de história do Ensino Básico (Ensino Fundamental II) não podem se isentar das demandas sociais do tempo presente. É necessário refletir sobre a responsabilidade social e ética do professor perante os usos políticos do passado. Afinal, de acordo com Schurster (2015, p. 424): “A História do Tempo Presente auxilia na formação de diagnosticadores do presente, de indivíduos capazes de estranhar sua própria sociedade e sua condição nela”. Faz-se necessário desnaturalizar determinados discursos, historicizar o tempo vivido e tomar o presente como objeto da pesquisa histórica, sobretudo em um contexto de disputas de narrativas históricas, revisionismos e negacionismos e constantes usos do passado no presente. Mediante esse contexto atual, no exercício da profissão de professor historiador, muitos alunos têm me indagado, assim como outros professores têm relatado, a respeito de um verdadeiro arsenal de informações desencontradas na mídia relacionadas a temas históricos que bombardeiam o público nas redes sociais e na grande mídia televisiva. Perguntas como: o governo de Bolsonaro é fascista? O que é comunismo? A democracia brasileira está ameaçada? Você votou em quem na última eleição? Esse conteúdo que o senhor está dando não seria doutrinação ideológica? Entendo que o papel do professor de História nesse contexto, mediante esses questionamentos, é mediar didaticamente os alunos no sentido de pensar historicamente sobre essas questões, a desenvolver o senso crítico, estimulando a prática da cidadania, o combate ao preconceito e a defesa da democracia, sobretudo com o respeito às diferenças e o exercício do diálogo e da construção do conhecimento como meio de intermediar conflitos e fazer uma leitura histórica da sociedade atual, entendendo os diferentes usos do passado no presente, ao analisar a referida canção de Cazuza, em busca de reflexões sobre direitos civis, políticos e sociais. Há uma necessidade no contexto atual, de o professor de História do Ensino
11 término do período da ditadura cívico-militar, em 1985, fomentou alterações nos programas de ensino e nos livros didáticos de História” (GATTI JR., 2010, p. 105). O contexto político atual brasileiro exige um posicionamento dos professores de História, como a própria Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH) tem feito, em seu slogan “História em combate”. A cidadania e a democracia são questões da ordem do dia no Brasil atual, como também o eram especialmente no contexto da redemocratização nos anos
Circuito de comunicacoes
, busco trabalhar numa perspectiva tanto de romper com os limites de compreensão da música apenas como mera ilustração de um tempo, como nos aponta Nogueira (2018) em sua dissertação, ao trabalhar uma proposta de ensino de História através da música de Chico Buarque, quanto também de12 explorar apenas a letra da canção e os posicionamentos políticos dos seus autores, desconsiderando outros elementos, como a melodia e o ritmo. Quanto a essa questão, tanto Napolitano (2002) quanto Morais (2000) também trazem contribuições nesse sentido ao observarem que: Palavras e frases que ditas podem ter um tipo de apelo ou significado no ouvinte, quando cantadas ganham outro completamente diferente, dependendo da altura, da duração, do timbre e ornamentos vocais, do contraponto instrumental, do pulso e do ataque rítmico, entre outros elementos (NAPOLITANO, 2002, p. 80). A(s) melodia(s) principal(is), os motivos musicais, o andamento, os ritmos e a harmonização, são elementos da linguagem musical que podem ser analisados isoladamente e nas relações entre si, pois têm um discurso e características próprias que normalmente apontam indícios importantes e determinantes para sua compreensão (MORAIS, 2000, p. 215). O conceito de canção popular, que é entendida por Hermeto (2012) e Napolitano (2002) como uma obra produzida em um meio urbano, a partir do século XX, materializada por uma Indústria fonográfica (HERMETO, 2012, p.64), sendo comercializada e intermediada por “mediadores culturais”, que seriam os produtores musicais e jornalistas especializados (HERMETO, 2012, p. 79, 86), que por vezes fazem a ponte entre os “meios de comunicação de massa” e o público, instituindo a circulação e as apropriações da canção, será explorado no trabalho com a canção Brasil de Cazuza. Nos anos de 1980, o Rock Nacional obteve grande acesso à indústria fonográfica e visibilidade nos meios de comunicação de massa, principalmente através do rádio e da televisão, além do crescimento de uma mídia impressa especializada em Rock com divulgação em nível nacional, como a Revista Bizz , dentre outras. Portanto, surgiram espaços de shows como O Circo Voador e inúmeras outras boates e casas de show no eixo Rio-São Paulo, além da Rádio Fluminense, que impulsionou a divulgação das músicas, junto com programas televisivos como o “Perdidos na noite”, apresentado por Faustão, e o “Programa do Chacrinha”, que com frequência recebiam esses artistas, dando a eles uma visibilidade e amplitude nacional. O primeiro festival Rock in Rio, em 1985, também foi uma espécie de divisor de águas nesse processo de ascensão do Rock nacional à grande mídia. Posteriormente, surgiram a emissora MTV americana e também a brasileira, que atuavam na divulgação de clipes musicais de bandas nacionais e internacionais e em programas televisivos, sobre o Rock nacional e seus artistas.