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Este texto discute a importância do cinema como instância pedagógica e a necessidade de analisar seus espaços e circunstâncias. Os autores citados, como jean-claude carrière, duarte, ecosteguy, stam, martín-barbero e silva, discutem a transmissão de valores e ideias através do cinema e sua influência na sociedade. O texto também aborda a importância da cultura e das representações nas relações sociais e a necessidade de identificar e analisar as contradições sociais.
Tipologia: Provas
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a pedagogia cultural do filme Hoje eu quero voltar sozinho
São João del-Rei 2018
a pedagogia cultural do filme Hoje eu quero voltar sozinho
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação - Processos Socioeducativos e Práticas Escolares da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação. Orientadora: Prof. Dra. Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo.
São João del-Rei 2018
Ao meu pai, Francisco, e ao meu irmão, Diêgo, homens de minha vida, que me ensinam sempre sobre amor incondicional.
Obrigada também às professoras Dra. Rosália Maria Duarte e Dra. Fernanda Omelczuk, pelas considerações realizadas no Exame de Qualificação e pela participação na Banca de Defesa da dissertação. À CAPES pela bolsa de estudos. Obrigada todos vocês, por alinhavarem minha história e me ajudarem a coser mais esse retalho na minha vida.
Será que nos conhecemos melhor do que antes do nascimento do cinema? Ninguém (a não ser um grande arrogante) pode responder claramente. Nós nos conhecemos de maneira diferente. Depois de cem anos de imagens que se movem e de sons, nossa superfície não é mais a mesma. Por baixo dessa superfície, é mais difícil de dizer. Não podemos mais negar a existência do cinema, fora ou dentro de nós, tanto quanto não podemos negar o ar que respiramos. Está na bagagem de todos. Penetrou em nós, sem desprezar qualquer área que pudesse ser explorada. Alguns realizadores se preocupam com assuntos sérios além do cotidiano, para perscrutar não apenas um modo de vida, mas uma razão de viver (JEAN-CLAUDE CARRIÈRE, 2014, p. 201).
O Hoje eu quero voltar sozinho conta a história de um casal de adolescentes gay e o filme tem um final feliz, né?! É um filme que... é um filme que eu sempre falo que eu fiz pro meu eu de 16 anos. Que era um adolescente gay que queria ver um filme que eu me sentisse representado e que me dissesse que ia dar tudo certo, que ia tá tudo bem. E quando a gente ganha um prêmio do público isso me deixa muito feliz, porque pela repercussão que a gente teve com o filme, tanto de gente que escreve pra gente falando como o filme tocou na vida deles e deu uma certa esperança pra eles, eu me sinto muito feliz! E eu acho que a gente concluiu o objetivo desse filme, que era dialogar com as pessoas e contar pra todo mundo, pros adolescentes que estão se descobrindo que vai dar tudo certo, que pode dar certo, que tá tudo bem mesmo nesse mundo que as vezes dá um pouco de medo. E eu queria dedicar o prêmio a equipe do filme, e é isso! Obrigado, gente! (DANIEL RIBEIRO em Discurso pronunciado ao vencer uma categoria do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, 2015).
The present dissertation sought to understand the representations and meanings about (homo)sexuality build in the Brazilian movie The way he looks (HOJE, 2014). We also sought to understand how this product acts as a cultural pedagogy. The movie The way he looks tells the story of a teenager's first love for his school friend in a sensitive and optimistic plot. A participant in this research summarized the movie like that: "The boy is blind, then he is gay and everything works out at the end ", a summary that gave title to this research. Films teach ways to be and values. Therefore, it is important to investigate the relations between education and cinema trying to understand how this cultural pedagogy acts. This research also dealt with the concepts of gender and heteronormativity. This words produce the argument about how the film allows us to broaden the meanings about representation and the deconstruction of norms regulating sexuality. Also we made a national filmography survey with non-heterosexual characters, interlacing their representations with the struggles promoted by the LGBT social movement. A screening of the movie was made in a public school for young people. The speech of these people enable new meanings on this film. The research revealed how the film surpass heteronormativity, bringing a new representation on the characters.
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Nossas vidas têm muitos outros componentes. Nem precisamos dizer isso. Não somos constituídos somente de histórias. Mas, sem histórias, somos nada, ou muito pouco (CARRIÈRE, 2014, p. 192).
O esforço de sistematizar um pensamento é desafiante. Nunca as minhas palavras contemplarão todas as minhas ideias, mas é preciso a tentativa. Para explicar como cheguei a esta pesquisa é preciso percorrer outros tempos. Falar sobre a pesquisa também é falar sobre mim. Educação. Entro para o curso de Pedagogia em 2012, vinda de transferência do Jornalismo. Não era a mesma caloura do ano anterior, tinha outra visão de universidade e de vida. Fui para a Educação com anseio de “fazer acontecer”, de encontrar meu lugar no mundo, de transformar (nem que fosse só eu mesma). Já no primeiro período do curso começo a estudar as questões de gênero. Eram estudos sempre a margem e muito solitários, já que aconteciam por iniciativa própria e não eram contemplados na grade curricular do curso. O cinema se insere na minha formação com a entrada no PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência), cujo projeto contemplava o tema “cinema na escola”. Nesse momento, tive contato com diferentes autores da educação que estudam o cinema, como: Rosália Duarte, Inês Teixeira, Milton José de Almeida, Cristina Bruzzo, Adriana Fresquet, entre outros, assim como fui apresentada aos mais diversos filmes e diretores. Ver filmes, especialmente a partir desse momento, passa a fazer parte de minha rotina enquanto estudante. A minha pesquisa não começou no mestrado. Meu trabalho de conclusão do curso de Pedagogia foi sobre as questões envolvendo educação, cinema e sexualidade no filme Hoje eu quero voltar sozinho (2014), mesmo filme desta investigação. Na monografia intitulada “Educação, cinema e sexualidade: o amor em outros sentidos” (2015) faço uma análise do filme citado, especialmente nas questões de gênero e sexualidade. Nela, utilizei, principalmente, os estudos de Guacira Lopes Louro. A entrada no mestrado, em 2016, fez com que minha travessia sofresse algumas curvas. Não só as leituras e estudos se modificaram, mas também minha vida. Fui morar sozinha, minha militância na Universidade ficou mais enérgica, conheci novos lugares e pessoas, ocorreram términos, surgiram algumas lacunas na minha vida, assim como
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novos começos. Passei em um concurso, mudei de cidade, assumi uma sala de aula pela primeira vez, saí da casa dos meus pais, outros términos. Vivi uma relação de amor e ódio com o filme da minha pesquisa. Entre bloqueios e rupturas, conquistas e recomeços, minha escrita é parte dessa história. Insiro-me na pesquisa a partir da Educação. É desse lugar que saio, permaneço e percorro para alcançar os temas periféricos desta narrativa. O principal diálogo que busco alcançar é com o cinema. Uma pesquisa sobre educação e cinema. Para isso, assumo que filmes também ensinam modos de viver e participam, portanto, da formação dos sujeitos. Exercem, assim, uma importante e eficiente pedagogia. Os filmes, assim como qualquer produto cultural, transmitem e fazem circular valores, estilos de vida, ideias e outros produtos a eles associados (LOURO, 2010). Partindo dessa ideia, pesquisar filmes se torna uma das vertentes dos estudos em Educação.
Saber como o cinema atua, nos leva a admitir que a transmissão/produção de saberes e conhecimentos não é prerrogativa exclusiva da escola (embora ela tenha um importante papel a desempenhar nesse processo), mas que acontece também em outras instâncias de socialização. Pensar o cinema como uma importante instância “pedagógica” nos leva a querer entender melhor o papel que ele desempenha junto àqueles com os quais nós também lidamos, só que em ambientes escolares e acadêmicos (DUARTE, 2009, p. 67).
A perspectiva teórica-metodológica que assumo nesta investigação se aproxima dos chamados Estudos Culturais e busca um diálogo com Stuart Hall, Thomaz Tadeu da Silva e Jésus Martín-Barbero, principalmente. Os estudos desses autores colocam a cultura no centro do debate sobre as problematizações da sociedade, afirmando as relações conflitivas entre cultura e poder, destacando a cultura mediática e “seu envolvimento em processos de resistência e reprodução social. De forma mais genérica, reconhecem o papel constitutivo da cultura e das representações nas relações sociais” (ECOSTEGUY, 2010, p. 20). O filme Hoje eu quero voltar sozinho é uma produção nacional lançada em 2014, dirigida e escrita por Daniel Ribeiro. O longa é uma história sobre descobertas da juventude, protagonizado por uma personagem cega, Leonardo. Guilherme Lobo, o ator que interpreta Léo, traz tanta veracidade para sua performance, que é difícil acreditar que não seja cego. As outras personagens centrais da trama são Giovana (Tess
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propondo estabelecer conexões entre imagens fílmicas, cultura, memória/história, identidade, diferença, representação, entre outros conceitos. Segundo Martín-Barbero (2015, p.148), “através de uma “indústria” das narrativas e imagens, vai-se configurando uma produção cultural que ao mesmo tempo medeia entre e separa as classes. (...) Não há hegemonia – nem contra-hegemonia – sem circulação cultural”. São os produtos culturais que vão expor tanto as brechas como a reprodução do status quo e, por isso, refletir os conflitos da sociedade. Dessa forma, esses produtos se tornaram instâncias de afirmação políticas, lugares que devem ser ocupados pelas minorias como parte da luta de garantias e ampliação de seus direitos. O filme Hoje eu quero voltar sozinho questiona as normas reguladoras de gênero e sexualidade, além de outras questões, propondo um olhar diferenciado sobre as temáticas. Para me auxiliar na compreensão desses conceitos, trago Guacira Lopes Louro, e outros autores, que vão apontar que tanto nossas identidades de gênero como de sexualidade são construções sociais, inseridas em contextos especificamente culturais, produtos de criação e não de origens naturais, orgânicas ou biológicas. Dessa forma, esses autores vão questionar a heteronormatividade, buscando ampliar os sentidos e significados sobre aqueles que não compartilham dessa norma. Muitos filmes criaram uma imagem reducionista e deturpada de suas personagens homossexuais, produzindo estereótipos que se firmaram por muitos anos. Nos filmes brasileiros eram muito comuns as representações de sujeitos extravagantes, objetos de chacota ou criminosos, cujos desfechos eram quase sempre a morte. Os últimos anos têm mudado essas abordagens, especialmente nos filmes protagonizados por personagens homossexuais. No segundo capítulo desta dissertação, “As personagens homossexuais no cinema brasileiro”, trago um pequeno levantamento dessas representações, procurando dialogar com o histórico do movimento social de luta de lésbicas, gays, travestis e transexuais no Brasil. Assim, exponho como a forma como eram mostrados essas personagens nas narrativas fílmicas não estão desprendidas da militância desses sujeitos na sociedade. Os caminhos percorridos para a elaboração da pesquisa foram descritos no capítulo “Percurso metodológico”, no qual busco produzir um trajeto inédito, já que o campo de análise fílmica para pesquisas em educação ainda é uma área lacunada. Com o auxílio de alguns artigos que tratam da questão, procurei uma maneira de alcançar os objetivos propostos. Dessa forma, além da pesquisa teórica essencial para qualquer tipo
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de investigação, procurei analisar o filme decupando suas cenas mais potentes de significados e criando categorias de análise que correspondessem às temáticas encontradas nas cenas. Assim, o longa metragem foi assistido diversas vezes, de diferentes formas, alinhando com algumas noções da linguagem cinematográfica como forma de ampliar minhas percepções sobre a obra. Outra rota proposta foi uma exibição do filme seguida de conversa para um grupo de jovens de uma escola pública. Suas falas foram gravadas e posteriormente transcritas, promovendo assim um enriquecimento dos dados, trazendo outras vozes para compor este texto. No quarto capítulo apresento uma “Análise do filme” Hoje eu quero voltar sozinho. Para isso, essa seção foi subdividida em outros capítulos que se constituem em categorias de análises na qual exponho os momentos significativos de descobertas das personagens, a forma como a deficiência visual é apresentada no filme, a família do protagonista e sua importância na inclusão social de Léo, a busca por independência que dá título à obra e é uma motivação do protagonista, o amor em outros sentidos , que vai acontecendo a partir do lugar de alguém que é cego e que acabará sendo um amor correspondido, desconstruindo a heteronormativade, possibilitando novas formas de representar personagens homossexuais. Assistir a um filme em grupo, seja no cinema ou em outro ambiente, sempre promove outras experiências com a obra. Seja um grupo pequeno ou grande, as emoções proporcionadas por uma exibição coletiva são sempre mais intensas. O propósito de passar o filme Hoje eu quero voltar sozinho para um grupo de jovens era trazer novos sentidos e significados para a obra de Daniel Ribeiro. No quinto capítulo, “Recepção do filme”, trago uma descrição da exibição do filme feita em uma escola pública com quinze jovens entre 15 e 19 anos. Após a exibição, aconteceu uma conversa na qual suas falas revelaram discursos inclusivos e questionadores, reascendendo a esperança em meio a uma sociedade cada dia mais conservadora e repressiva. O cinema educa seus espectadores, ensinando modos de ser e por isso participa da educação das pessoas. Sua pedagogia cultural é tão eficiente que impregnou nossa maneira de ver, sentir e pensar sobre a realidade e, por isso, as relações entre educação e cinema devem ser sempre estreitas. Diante disso, esta pesquisa propõe um olhar possível sobre um filme brasileiro, partindo do cinema como uma pedagogia cultural.
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afeto e na emoção que tornam seu “currículo” um objeto tão fascinante de análise...(SILVA, 2007, p. 140).
As pedagogias culturais educam de forma sutil, mas muito poderosa, especialmente por serem inconscientes. Muitas vezes incorporamos essas informações nas nossas opiniões sem darmos conta da influência desses produtos culturais. A primeira vez que vi o termo “pedagogia cultural” foi no texto O cinema como pedagogia, de Guacira Lopes Louro (2010). Nele, a autora defende a ideia de que o cinema é uma pedagogia cultural que educa seus consumidores. A educação pelo cinema, por exemplo, é tão intensa que ele utiliza da exploração de associações entre imagens, emoções e personagens. E mesmo sendo uma arte mais recente, do final do século XIX, influenciou, e influencia, todas as outras artes. Para Jean-Claude Carrière, o cinema, com “sua técnica e sua linguagem particulares, permitiu que se empreendessem notáveis viagens exploratórias, as quais, sem que nós o percebêssemos, influenciaram todas as artes próximas, talvez até mesmo nossa conduta pessoal” (CARRIÈRE, 2014, p. 33). Somos uma sociedade da imagem e do som. O cinema foi tão revolucionário que transformou a forma como nós vemos o mundo. Para Rosália Duarte (2009, p. 17), “o homem do século XX jamais seria o que é se não tivesse entrado em contato com a imagem em movimento, independentemente da avaliação estética, política ou ideológica que se faça do que isso significa”. Fomos educados na linguagem cinematográfica de uma forma tão intensa que ela faz parte do nosso cotidiano naturalmente. Nos primórdios do cinema, para que o público pudesse acompanhar um filme e compreendê-lo, era preciso que alguém ficasse em frente à tela, apontando para as personagens e explicando o que acontecia. O explicador, como era chamado, ainda persistiu até os anos 1920, pelo menos na Espanha. Isso aconteceu “porque o cinema criou uma nova – absolutamente nova – linguagem, que poucos espectadores podiam absorver sem esforço ou ajuda” (CARRIÈRE, 2014, p. 13). No entanto,
bastaram quatro gerações de frequentadores de cinema para que a linguagem ficasse gravada em nossa memória cultural, em nossos reflexos, talvez até em nossos genes. As sequências cinematográficas que nos envolvem e nos inundam hoje em dia são tão numerosas e interligadas que se poderia dizer que elas constituem o que Milan Kundera chama de “rio semântico”. Nele, nós e nossos pares nadamos
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sem esforço, encorajados por correntes familiares (CARRIÈRE, 2014, p. 46-47).
Agora, a linguagem cinematográfica já foi adquirida por nós. “Nem percebemos mais essa conexão elementar, automática, reflexiva; como uma espécie de sentido extra, essa capacidade já faz parte do nosso sistema de percepção” (CARRIÈRE, 2014, p. 14). Dessa forma, a nossa própria memória, por exemplo, é condicionada a ser como um filme. E, ela própria, é influenciada por esse produto cultural. Muitos teóricos já apontavam sobre a importância das imagens em vários aspectos da nossa vida, inclusive na constituição de nossa memória. Le Goff (2003) argumenta que a fotografia revolucionou a memória. Com a fotografia, nossa memória é multiplicada e democratizada, nos oferecendo “uma precisão e uma verdade visuais nunca antes atingidas, permitindo assim guardar a memória do tempo e da evolução cronológica” (LE GOFF, 2003, p. 466). O historiador Maurice Halbwachs, por exemplo, em seu livro “A memória coletiva” (2006), defende a ideia de que nossas lembranças são criadas coletivamente e o que presenciamos no presente influencia o que nossa memória guardou. Lembramos porque fazemos parte de um grupo, afinal o sujeito não é isolado de seu contexto. O autor argumenta que nossa primeira referência de constituição da memória é a família, e depois passa a ser a cidade. O espaço se torna, então, um “ativador” da memória, através do que o autor chama de “objetos sensíveis”. Assim, as lembranças são ativadas pela percepção de imagens, por exemplo.
Reconhecer por imagem, ao contrário, é ligar a imagem (vista ou evocada) de um objeto a outras imagens que formam com elas um conjunto e uma espécie de quadro, é reencontrar as ligações desse objeto com outros que podem ser também pensamentos e sentimentos (HALBWACHS, 2006, p. 55).
Se o espaço e tudo o que há nele ativam a memória coletiva, podemos dizer que os filmes e os produtos audiovisuais, assim como qualquer outro artefato da cultura, certamente participam desse processo de construção das lembranças. Rosália Duarte argumenta que muitas das representações que temos da história da humanidade são marcadas pelas obras cinematográficas que temos/tivemos contato.