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Nesta dissertação, analisamos as imagens relacionadas ao rito de sacrifício no livro de levítico, particularmente no capítulo sixteen do rito das expiações. Através de uma abordagem pautada pela psicologia da religião, examinamos as relações entre o rito de sacrifício e o processo simbólico existente na imaginação do rito de expiação. Além disso, discutimos as dimensões simbólicas e religiosas do sacrifício, as significações dos símbolos e imagens que permeiam o sacrifício, e as figuras centrais do sacerdote e do bode. A hermenêutica simbólica foi realizada com o objetivo de descobrir as conexões possíveis na essência da narrativa do texto literário.
Tipologia: Notas de aula
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências das Religiões como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências das Religiões. Orientadora: Profª. Drª. Eunice Simões Lins Gomes
Meu pai, Irineu Pedro de Amorim ( in memoriam ), que será sempre razão da minha força, luz, vida, meu sim. Minha mãe, Maria Alcântara Amorim, maior motivação, meu não. Meu filho, Irineu Pedro de Amorim Ferreira, o tesouro, incentivo constante nos meus passos. Meus irmãos, por acreditarem em meus sonhos. Professora Drª. Eunice Simões Lins Gomes, pela sua metodologia de amor. Meus familiares, professores, amigos e inimigos, por suas lições de vida. Todos que, por razões explicáveis e inexplicáveis, desconhecem a verdadeira paz: DEUS.
Cada um de nós tem alguma incumbência a cumprir, um Deus eterno a glorificar, uma alma imortal para dela cuidar: um dever necessário a ser realizado; a sua própria geração a servir. E nosso cuidado diário deve ser cumprir essa incumbência , pois assim no-lo ordenou o Senhor, nosso Mestre, que em breve haverá de chamar-nos a prestar conta a esse respeito, e será para nosso grande perigo se a negligenciarmos... Pelo que devemos estar sempre em estado de profundo respeito. (Matthew Henry)
Quando andamos com o Senhor, à luz de sua Palavra, Quanta glória vem iluminar-nos o caminho! Se fizermos isso de boa vontade, ele prosseguirá conosco, e com todos quantos confiam e obedecem. (J. H. Sammis)
Nunca provaremos o sabor de Seu amor, até jazermos sobre o altar; Pois o seu louvor e a alegria que Ele dá São para aqueles que confiam e obedecem. (J. H. Sammis)
Nesta dissertação nos propomos analisar as imagens constantes no livro do Levítico, mais precisamente no capítulo dezesseis, no que se refere ao rito do sacrifício no grande dia das expiações. Objetivamos identificar as imagens mítico- simbólicas presentes nas representações do sacerdote e do bode expiatório, símbolos existentes no ritual do sacrifício e, a partir dessa catalogação, discutir quais as relações entre as imagens presentes no rito do sacrifício e o processo simbólico existente no imaginário do rito de expiação, ou seja, analisar qual o imaginário do sacrifício no Levítico e quais as mensagens subjetivas a essa prática. Nosso estudo é descritivo e bibliográfico com abordagem qualitativa. Evidenciamos as contribuições das teorias da religião de Eliade, as contribuições da Teoria Geral do Imaginário de Durand, Maffesoli, dos estudos sobre os símbolos de Cassirer, e das análises que tratam com propriedade as questões simbólicas, míticas, imaginárias e religiosas. Nesse contexto as Ciências das Religiões, compostas por um campo multidisciplinar, auxiliam o pesquisador a apreender o fenômeno religioso e os elementos inerentes a ele, como os rituais, os símbolos e os mitos, que falam de uma cultura ou tempo histórico determinados. As imagens que emergiram da narração do Levítico e inerentes ao sacrifício sugerem, através de uma análise pautada pela psicologia da religião, uma busca de transcendência, que ainda se apresenta na humanidade como anseio, demonstrando a necessidade do encontro consigo mesmo, num processo de individuação, afastando a sombra e restaurando a luz da consciência. O mesmo conjunto de imagens, analisado através da hermenêutica simbólica, utilizando-se os pressupostos da Teoria Geral do Imaginário, evidenciou uma Estrutura Heroica, pertencente ao Regime Diurno do Imaginário, para o sacrifício realizado no grande dia das expiações no Levítico.
Palavras-chave: Levítico. Sacrifício. Imagens mítico-simbólicas. Teoria Geral do Imaginário.
Figura 1 O sacerdote ................................................................................. 59 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5
Sacerdote e altar ......................................................................... As vestes sacerdotais .................................................................. O santuário .................................................................................. Ritual de sacrifício dos bodes ......................................................
Figura 6 O bode expiatório e o bode emissário ......................................... 72
Quadro 1 Quadro 2
Esboço do livro de Levítico .......................................................... Imagens e símbolos no Levítico (16: 1-34) - O grande dia das expiações ....................................................................................
2.1.1 A imaginação simbólica: considerações ................................................ 2.2 A TEORIA GERAL DO IMAGINÁRIO ............................................................
2.3.1 A função social e religiosa do sacrifício ................................................. 2.3.2 As dimensões do sacrifício para o humano ...........................................
3.1.1 A estrutura do livro ................................................................................... 3.1.2 O sacrifício no livro de Levítico ............................................................... 3.2 O IMAGINÁRIO DO SACERDOTE ................................................................. 3.3 O IMAGINÁRIO DO ANIMAL SACRIFICADO: O BODE EXPIATÓRIO E O BODE EMISSÁRIO ...............................................................................................
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................
REFERÊNCIAS ......................................................................................................
ANEXOS ..............................................................................................................
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Os mitos, as lendas e os contos de fadas são conteúdos que fazem parte da minha trajetória de vida desde a infância até os dias atuais. Na década de setenta, enquanto professora do Ensino Fundamental, sempre optava pelos mitos para fazer exemplificações; usava suas significações simbólicas no âmbito emocional e psicológico nos períodos de transição do desenvolvimento humano. Dando continuidade aos meus estudos, prossegui com as leituras míticas, fazendo paralelos com as atividades desenvolvidas no âmbito da Educação Ambiental, dos Direitos Humanos, da Psicologia e da Religião, formações que obtive aprofundando mito, cultura e a religião. Aos poucos fui percebendo a existência da relação entre a religião e o sacrifício, estabelecida através de alguns discursos que escutava no consultório de psicologia clínica enquanto profissional, ou no meio social, individual ou coletivo. O sacrifício com seus ritos e oferendas, persiste na humanidade com diversos objetivos e formatações, seja em forma de sacrifício para conseguir algo material, para estar em conexão com divindades (graça) ou em sacrifícios de expiações. Consideramos que as imagens sacrificiais permeiam o imaginário humano. É o mito vivenciado como um ingresso, para sair do mundo “profano” e adentrar o “sagrado”, o que implica essa reatualização, na penetração de um mundo fabuloso, significativo, com a presença de seres sobrenaturais. Outro aspecto marcante estabelecedor do meu interesse pelo objeto de investigação é a minha relação com as leituras que gosto de fazer nas escrituras sagradas. Daí porque estudar sobre o sacrifício me vincula afetivamente no empreendimento deste trabalho de pesquisa. Conviver com uma infinidade de experiências religiosas me motivou sempre a buscar uma interligação dos conhecimentos aprendidos na academia e desenvolver pesquisas que envolvessem tanto ciência quanto religião. Quando realizei o Curso de Especialização em Ciências das Religiões, tive a oportunidade de me aprofundar nos estudos e atualizei os conceitos a respeito do tema, já acrescentando a Teoria Geral do Imaginário, proposta por Gilbert Durand. Entendemos que esta dissertação de mestrado contribui com os estudos desenvolvidos pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões
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totalidade, procuraremos sair do reducionismo (FILORAMO, 2003), trabalhando os aspectos funcionais e específicos e as mudanças contínuas existentes nas crenças, nos ritos, nos mitos, nas formas sociais e religiosas, é um desafio a todo pesquisador, no qual consiste esta pesquisa. Portanto, as Ciências das Religiões podem investigar o fenômeno religioso de forma variada, de acordo com os diversos propósitos, culturais, econômicos, tradicionais. Ou seja, um campo multidisciplinar que auxilia na pesquisa. As religiões estão próximas da experiência individual e coletiva, mais do que possamos admitir. Dentre elas está a religião judaico-cristã, cujo termo é usado para caracterizar o conjunto de crenças em comum do Judaísmo e do Cristianismo, bem como a herança das tradições judaicas herdadas pelos cristãos, com um conjunto de livros composto pelo Velho Testamento e Novo Testamento. O foco da análise, o “sacrifício”, foi delimitado no livro do Levítico, o terceiro livro do Pentateuco, por ter assegurado a relação simbólica, mítica com o fenômeno religioso. A sociedade molda o mundo e suas instituições sagradas, fixando inclusive tempos e lugares santificados. Qual legisladora e guardiã da moral, a sociedade organiza a ordem comportamental das coisas e pune as violações. Nesse contexto, aparece o funcionalismo do ritual como função integradora social (MALINOWSKI apud CROATTO, 2004). Como um deus, o ritual em sua função social, integra a sociedade, dá e espera receber de volta. Para Hock (2010, p. 108), “a atuação religiosa não acontece num espaço neutro, mas se mistura com outras formas da atuação social que visa também a outras metas”. Consideramos, portanto, o comportamento religioso, como um comportamento social. Tal como a perspectiva religiosa constitui-se em um elemento da vida do ser humano, geradora de experiências, vivências, convicções e valores que constroem uma determinada visão de mundo, as Ciências das Religiões, sendo uma área de estudos plurais com contribuições dialogais com outras ciências, auxiliam substancialmente no entendimento da vida religiosa ou de fenômenos afins. Etimologicamente a palavra religião vem do latim: religio , formada pelo prefixo re (outra vez, de novo) e o verbo ligare (ligar, unir, vincular). A religião é uma religação entre o mundo profano e o mundo sagrado, e isto comporta a natureza (água, fogo, ar, animais, plantas, astros, metais, terra, humanos) e as divindades que habitam a terra.
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A religião pressupõe que, além do sentimento da diferença entre natural e sobrenatural, haja o sentimento da separação entre os humanos e o sagrado, mesmo que esse sagrado habite os humanos e a natureza. Consideramos, nesse estudo, o fenômeno religioso dividido em duas partes, conforme preconiza Eliade (2001), prevalecendo uma visão dualista, onde um se opõe ao outro. O elemento sagrado, base das religiões, leva o indivíduo ao processo de enfrentamento do vazio, à busca de soluções para superar ou aliviar a angústia. Como um campo de estudo, o sistema religioso com seus ritos sacrificiais descreve claramente diferentes partes do universo humano, pela extensão e relevância do fenômeno em todas as áreas sociais. É possível perceber que há séculos o homem entende o sacrifício como a destruição de um bem ou a renúncia do mesmo, em honra a uma divindade (MAUSS, 2005). A palavra sacrifício deriva, etimologicamente, do latim sacrum, que significa sagrado, e de facere, fazer. Sacrificar-se, portanto, é o fazer sagrado, ou permitir que o sagrado da vida seja cumprido, para que a vida se manifeste em sua grandeza. Destas reflexões sobre religião, sobre o que é sagrado ou profano e sobre as origens ou as destinações sobre o sacrifício, surge a nossa questão problema: Qual o imaginário simbólico do sacrifício expiatório? Partindo desta questão, estruturamos nosso objetivo geral: Identificar no sacrifício de expiação quais as imagens mítico-simbólicas presentes nas representações do sacerdote e do bode expiatório, símbolos existentes no ritual do sacrifício e, a partir dessa catalogação, analisar qual o imaginário do sacrifício expiatório no Levítico e quais as mensagens subjetivas a essa prática. Esta análise foi fundamentada na perspectiva da Teoria Geral do Imaginário e das estruturas antropológicas proposta por Gilbert Durand e Girard. Dessa forma, procura-se o enraizamento profundo dos símbolos bíblicos no húmus antropológico. Por isso a intenção desta pesquisa é elaborar um estudo sócio-antropo-mitológico, de natureza interpretativa, que trata o sacrifício como processo simbólico. Segundo Durand, (1993, p. 31), “todo simbolismo é, pois, uma espécie de gnose, isto é, um processo de mediação por meio de um conhecimento concreto e experimental”. Dessa maneira, o sacrifício também pode funcionar como iluminação, mediação entre criatura e criador, experiência interna. Nos estudos a respeito do mito, novas leituras permitem uma análise do sacrifício, que sugerem uma busca de resposta aos anseios humanos, como forma
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(GIRARD, 2005), ou seja, partimos da letra/texto e nos dirigimos a sua significação simbólica, rompendo assim com a exegese literal, ao atribuirmos ao texto um sentido simbólico. No entanto, é necessário esclarecer sobre as possíveis armadilhas que a interpretação de um texto dispõe, pois segundo Eco (1993, p. 41), “um texto é um universo indefinidamente aberto e quem o interprete pode descobrir interligações infinitas”. É o que também nos sugere Gomes (2011). Como o texto é sempre manifestação do símbolo, seja no seu sentido latente (figurado), seja na sua estrutura de significação patente (ideológica), foi possível encontrar alguns obstáculos para identificar o sentido latente, principalmente em textos eminentemente racionais, ou seja, identificar a pregnância mítica que se faz presente no texto bíblico ora analisado. Os símbolos e suas múltiplas possibilidades fazem com que a tarefa de agrupá-los e encerrá-los em categorias não se torne muito fácil. Para tanto, reafirmamos que nos valemos da teoria de Durand e Girard, para conceituar, estudar os símbolos do sacrifício, demarcar os aspectos que impressionam mais particularmente a imaginação bem como a intuição simbólica. Num primeiro momento, fizemos várias leituras do livro do Levítico. Em seguida, selecionamos o capítulo primeiro por ter a descrição do ritual do sacrifício e conter as principais imagens e símbolos do holocausto, imagens que foram selecionadas. Estruturamos os capítulos da dissertação através da seleção e descrição das categorias construídas e, em seguida, a transcrição e catalogação das passagens ricas de imagens míticas para adentrar na análise. Então, por estarmos interessadas em fazer emergir as categorias míticas presentes no sacrifício de expiação no livro do Levítico, entendemos que a abordagem metodológica que mais se aproximou do nosso interesse investigativo é a Teoria Geral do Imaginário de Durand. Isso porque, apoiados nessa teoria, entendemos que o imaginário não é um elemento secundário do pensamento humano, mas a própria matriz do pensamento (GOMES, 2011). Fizemos opção em nossa análise pela hermenêutica simbólica, por ser uma metodologia que possui como base o dinamismo dos mitos. Consiste em um método de análise que persegue o âmago da obra, mediante o confronto do universo mítico que forma a compreensão do leitor com o universo mítico que emerge da leitura. Desde já afirmamos que nossa abordagem em relação às narrativas do sacrifício não é explicativa, no sentido de retirar as incógnitas. Visa antes, descrever
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as formas simbólicas ou o modo de organização interna das imagens simbólicas (MAFFESOLI, 1998). Desse modo, a hermenêutica simbólica dá conta de articular o biopsíquico e o sociocultural, ou seja, os dois pólos do “trajeto antropológico” (DURAND, 2002). Para Durand, o caráter basal da linguagem simbólica induz a pistas para a construção pluri, trans e metadisciplinar de uma Antropologia do Imaginário, apoiada num projeto de unidade da “Ciência do Homem”. No primeiro capítulo, esta Introdução , é feita a exposição de motivos da autora para desenvolver a análise, definidos o método e os instrumentos da pesquisa e introduzidos alguns conceitos a serem desenvolvidos no corpo do trabalho. Por esse motivo, abordamos primeiramente o conceito dos ritos, das imagens, dos símbolos. Afirmamos, desde já, que o objetivo não é retirar as incógnitas ou dissecar racionalmente o texto de Levítico, mas trazer à luz o significado simbólico do sacrifício do dia da expiação à luz da Teoria Geral do Imaginário. No segundo capítulo, A dimensão simbólica e religiosa do sacrifício , discorremos sobre o conhecimento dos símbolos e a imaginação simbólica à luz da Teoria Geral do Imaginário (TGI), Como também, fizemos um breve relato sobre as origens e as aplicações, a divisão dos Regimes e Estruturas da TGI. Finalizamos estabelecendo a relação entre sagrado, profano e sacrifício e discutindo o processo simbólico do sacrifício. No terceiro e último capitulo, As imagens e o processo simbólico do sacrifício, descrevemos as significações dos símbolos e imagens que permeiam o sacrifício, delimitando a análise das figuras centrais do sacerdote e do bode (expiatório e emissário). Foi realizada a hermenêutica simbólica, tendo por objetivo principal concentrar sobre o conteúdo narrativo do texto literário e descobrir as conexões possíveis, na essência da diegese da aparição dinâmica das imagens simbólicas do sacerdote no rito sacrificial, o qual contém uma teia relativa à dinâmica dessas imagens e que permite descobrir as suas várias dimensões. Discorremos resumidamente, também, sobre as contribuições que as mensagens emitidas pelo Levítico podem dar ao homem da atualidade, na busca de autodescobrimento, que está no limiar entre consciente e inconsciente, lugar onde também imperam as imagens. Convidamos, assim, o leitor para uma leitura imagética sobre o sacrifício do Dia das Expiações.