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Este documento analisa a teoria de que os personagens de harry potter, especialmente harry, lord voldemort, dumbledore e snape, podem ser comparados aos personagens do conto the tale of the three brothers, apresentado no livro harry potter and the deathly hallows. O autor considera que essa analogia é importante para o desenvolvimento da narrativa da saga harry potter, pois apresenta três itens mágicos importantes, as 'relíquias da morte'. Além disso, o documento discute a importância de contar histórias para crianças e jovens, usando a obra os contos de beedle, o bardo como exemplo.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Monografia apresentada ao curso de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para a obtenção do título de Licenciada em Letras Inglês. Orientadora: Profa. Dra. Alyere Silva Farias
Catalogação na publicação Seção 331h Vasconcellos, Gabriella Silveira. Harry Potter e os arquétipos dos três irmãos: uma leitura comparada entre a série e o Conto dos Três Irmãos / Gabriella Silveira Vasconcellos. - João Pessoa, 2019. 47 f. Orientação: Alyere Farias. Monografia (Graduação) - UFPB/CCHLA.
Agradeço primeiramente a minha família. Sou muito grata a todo o apoio que sempre me deram e continuarão a dar em minhas escolhas. Agradeço por terem paciência até eu conseguir encontrar a graduação certa para mim, e também por nunca me pressionarem a escolher uma carreira específica. Também agradeço aos amigos que fiz ao longo do curso. Essas pessoas foram muito importantes por me propiciarem o apoio emocional em uma fase tão difícil que é a graduação. Quero agradecer principalmente a Helen, que sempre me aceitou do jeito que eu sou, esteve lá para me apoiar nos tempos difíceis, mas também compartilhou risadas e alegrias. Quero agradecer a professora Elaine, pois foi por causa dela que finalmente consegui um tema para meu TCC. Ela também me encorajou a falar de um tema que pode não ser visto por muitos como o mais usual para se trabalhar no mundo acadêmico, e me fez perceber que eu não deveria ter medo de trabalhar com o que gosto. Agradeço também minha orientadora Alyere, que me ajudou a elaborar todo esse trabalho, bem como me ensinou muito na disciplina de Literatura Infanto-Juvenil. Agradeço por ela não ter desistido de me orientar, mesmo que eu tivesse levado muito tempo para concluir esse trabalho. Por fim, agradeço aos participantes do podcast Nerdcast, que me apresentaram aos livros de Campbell, que pretendo estudar mais a fundo no futuro.
Joanne Kathleen Rowling has published since late 1990s one of the best-sellers of contemporary children’s literature, with her seven Harry Potter’s titles. The saga, a phenomenon among kids and teenagers, has also been a success with adults. With the development of fan culture, that try to fill the blanks in their favorite books, a theory was proposed: the characters on The tale of the three brothers, firstly mentioned in the last book of the saga and then published in the collection The tales of Beedle, the Bard, would be analogies to other four characters in the book’s series, Harry Potter, Lord Voldemort, Albus Dumbledore and Severus Snape. Based on Campbell’s (2004) theory of the Archetypes, reinforced by Vogler (2007), an archetypical analysis was made with all these characters, in order to prove and better elaborate this theory that has been circulating for so long among the series of books’ fans. Key words: Harry Potter. Children Literature. Campbell. Vogler. Archetypes.
1.1 As narrativas para crianças e jovens e as conexões entre os mundos da ficção e do vivido
10 esconder durante décadas, e apenas a despiu quando percebeu que sua hora havia chegado, passando a Capa para seu filho. Ele então caminhou com a Morte, que o recebeu como uma velha amiga. Como já foi apontado por fãs da série, Voldemort, o Lorde das Trevas, Snape, o professor de Poções e antigo servo do Lorde das Trevas, e Harry, o menino que sobreviveu, representariam o primeiro, segundo e terceiro irmãos, respectivamente. Outra hipótese, derivada desta primeira suposição seria que Dumbledore, juntando-se aos três personagens citados, representaria a Morte, porque ele, em diferentes momentos da série, esteve em posse das três relíquias. Essa teoria já circula há algum tempo dentro do fandom^1 de Harry Potter, apesar de não ser confirmada pela autora. Portanto, para analisar em que aspectos as personagens são similares, fiz uma comparação entre seus pares. Isto foi feito com base no conceito de arquétipos, explicado por Vogler em sua A jornada do escritor (2007), que por sua vez é baseada no trabalho de Joseph Campbell (2004), principalmente O herói de mil faces. Aliado ao conceito de arquétipos, também me apoio nos conceitos trazidos por Pádua (2004) dos Arquétipos do Mago. Apesar da autora também contribuir para os conceitos de literaturas fantástica e infanto-juvenil aqui desenvolvidos, apoio-me principalmente em Hochscheid (2016), Brito (2014) e Fernandes (2013), além de trazer Domingos (2015) e Jenkins (2009) para trazer uma visão mais aprofundada da cultura de fã, que vem crescendo paralelamente com a popularização da literatura infanto-juvenil. No primeiro capítulo, disserto brevemente sobre a literatura fantástica e infanto- juvenil ao longo da história, como base para um melhor entendimento da obra de Rowling, que se enquadra em ambas classificações. Também trago algumas considerações acerca da cultura de fã focada na série de livros, pois foi essa cultura que trouxe a teoria analisada em questão. No segundo capítulo, trago a definição dos Arquétipos, que são essenciais para essa análise, não sem antes discorrer brevemente sobre o Monomito, considerando, como será explicado, como estão interligados. No terceiro capítulo, trago uma análise de todos os personagens trabalhados a partir dos Arquétipos. Primeiramente, disserto sobre os personagens do conto, destacando as características que os fazem serem classificados como seus respectivos Arquétipos. Em seguida, faço o mesmo com os personagens da série de livros, enquanto comparo estes com os personagens do conto. (^1) Nome dado ao conjunto de fãs de uma determinada obra. No caso, o conjunto de pessoas que se consideram fãs da saga Harry Potter.
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Neste capítulo irei tecer algumas considerações sobre o ato de contar histórias para crianças, traçando algumas aproximações entre o mundo ficcional de Harry Potter e o mundo material, com a figura do contador de histórias. Destaco ainda algumas concepções sobre a literatura infanto-juvenil que influenciam a maneira como ela é considerada pela academia. Em seguida, procuro discutir brevemente questões relativas à literatura e a cultura de fãs, destacando elementos que oferecem subsídios para minha leitura e análise comparativa das narrativas.
O ato de contar histórias vem desde os tempos primitivos. Apesar das mães serem, geralmente, as primeiras a contarem histórias para as crianças, isso não era visto como uma tarefa que elas deveriam exercer. Esse papel era, na verdade, atribuído aos homens. Em seus estudos sobre contos de fadas, Warner (1999) narra que Sibila praticava escondida suas artes proibidas, dentre elas a arte de inventar e contar histórias. Em suma, apesar dessa arte estar associada à figura do homem como contador para a sociedade, as mulheres desempenhavam um importante papel, introduzindo as crianças às narrativas, mesmo que sem o conhecimento dos homens. Quando a figura do contador iletrado passou a ser substituída por leitores profissionais, as narrativas escritas registravam uma personagem narradora, como em Os contos da mamãe ganso. As histórias mais antigas são caracterizadas pelo anonimato do autor, e o conceito de autoria é relativamente recente. Como eram contadas oralmente, a autoria era difícil de ser atribuída à uma única pessoa. É possível que muitas dessas histórias não tenham um único autor nem uma única versão. Apesar disso, não se diminui nem um pouco o valor da história. Pelo contrário, a história se torna mais rica, pois se atualiza, o que a deixa mais viva, facilitando suas dispersão e identificação com os ouvintes.
13 A literatura Infanto-Juvenil, como obra de arte, é um gênero recente. Sabe-se que há muito tempo escrevem-se livros para crianças e adolescentes, mas nem sempre a produção para esse público pode ser considerada realmente Literatura. Segundo Zilberman (2003), os primeiros livros de literatura infantil foram produzidos ao final do século XVII e durante o século XVIII. Antes disso não se escrevia para crianças, porque não existia a “infância”. De fato, a concepção de infância como uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica deve-se a um acontecimento da Idade Moderna. (BRITO, 2014, p.12) Esse acontecimento é o surgimento do conceito de unidade familiar. Antes da unidade familiar tradicional (mãe, pai e filhos), os grupos familiares eram muito mais amplos. Com a diminuição do número de membros na unidade familiar, os pais podiam agora dar mais atenção a sua própria prole, o que consequentemente originou o conceito de infância. A adolescência surgiu mais tarde. Essa fase teria se originado após a Segunda Guerra Mundial, quando os quadrinhos de super-heróis eram muito populares nessa faixa etária. Foi nesse cenário que se deu a verdadeira expansão da literatura em quadrinhos, com seus super-heróis, suas séries detetivescas e aventuras, que foram o resultado da fusão entre o maravilhoso e a ciência. A produção textual passava do tom humorístico inicial para batalhas formidáveis com super- heróis. (FILHO, 2011, p. 34) A literatura destinada ao público jovem era, portanto, caracterizada por propiciar heróis para que os leitores tivessem uma figura protetora no momento pós-guerra. Com o tempo, as personagens dessas narrativas tentavam criar uma identificação com os jovens, sendo dessa faixa etária, porém mantendo as atitudes heroicas. Os temas populares para essas narrativas passaram a ser aventura, policial, suspense e o fantástico. Portanto, além da figura jovem (de modo a gerar identificação com o público) e heroica do protagonista, as personagens também estavam inseridas no fantástico. “Todorov (2007, p. 31) explica que ‘o fantástico é a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente sobrenatural’ ”. O gênero fantástico então compreende a narrativa com acontecimentos que não são possíveis no nosso mundo. O protagonista enfrenta um estranhamento inicial, porém logo ele aceita essas condições, assim como outras personagens da trama. Segundo Todorov (2007), quando o fantástico tem uma explicação científica, é classificado como ficção científica, e quando há uma explicação mágica, como nos contos de fada e na mitologia, é classificado como maravilhoso, como no caso da série Harry Potter. Apesar de que, de acordo com Pádua (2004), a seguinte regra nem sempre se aplica. Ela ainda cita: Fantasia e ficção científica se diferem de diversas maneiras, e isso pode nos ajudar a definir o gênero. Uma das principais diferenças entre elas é de que as
14 narrativas fantásticas frequentemente acabam com o reestabelecimento da ordem, com o mal derrotado e o bem restaurado. A ficção científica frequentemente acaba com o estabelecimento de uma nova ordem, uma nova maneira de fazer as coisas, com a evolução para uma ordem superior. (2004, p.5, tradução minha) Apesar das datas da popularização da literatura fantástica parecerem recentes, considerando o contexto de produção para o público infanto-juvenil, ressalto alguns autores que usavam a temática de magia, para percebermos como esse gênero é presente na literatura. Pádua (2004) destaca a personagem Fausto, mago que é personagem tanto de Christopher Marlowe (1564-1593) quanto de Wolfgang von Goethe (1749-1832). Ela também ressalta Shakespeare (1564-1616), com seu mago Prospero na obra The tempest. Dentre os mais antigos, temos Merlin e Morgana, das histórias do rei Artur, com um de seus autores mais conhecidos Geoffrey de Monmouth (1095-1155). Ainda de acordo com Pádua (2004), no século XIX a literatura fantástica já tinha diversas variações e era bem popular, sendo um grande sucesso comercial para autores como Lewis Carroll (Alice no País da Maravilhas) e Júlio Verne (Viagem ao Centro da Terra). Esse sucesso continuou no século XX, com autores como Tolkein (Senhor dos Anéis) e C.S. Lewis (As Crônicas de Nárnia), fazendo com que a literatura fantástica fosse uma grande influência cultural até os dias de hoje. No final do século XX e começo do XXI, J.K. Rowling trouxe os títulos da saga Harry Potter, que mais tarde foram adaptados para diversas mídias. Sobre a definição de literatura infanto-juvenil, levo em consideração o estudo de Fernandes (2013). Ele se apoia na definição de Townsend (1980), que diz que a classificação de uma literatura como sendo adulta ou infanto-juvenil depende de como a editora o promove. Fernandes (2013) defende que as literaturas são, portanto, adotadas por certos públicos. Mesmo que algumas literaturas sejam feitas pensando em uma faixa etária, há casos em que pode haver a inversão dos públicos: adultos adotando livros destinados a crianças e vice-versa. Para citar alguns exemplos, no primeiro caso temos Alice no país das maravilhas (Carroll) e O Hobbit (Tolkien). No segundo caso, temos Moby Dick (Herman Melville) e Robinson Crusoé (Daniel Defoe). Por fim, ainda há o caso da literatura que agrada ambos os públicos, como no caso da série Harry Potter. Por fim, gostaria de tentar esclarecer uma controvérsia ressaltada por Fernandes (2013), em relação a aparente falta de literalidade da literatura infanto-juvenil. Alguns autores alegam isso pois, como diz Fernandes, a julgam partir dos padrões da literatura adulta. De acordo com Hunt (2001), a literatura infanto-juvenil, sendo destinada ao
16 temática de bruxaria. O segundo está relacionado com a companhia que detêm os direitos de filmagem tentar censurar qualquer tipo de conteúdo feito por fãs, ou não-oficial. Segundo Jenkins (2009), os livros foram muito importantes ao influenciar o letramento de vários jovens leitores. Se virmos o letramento como a capacidade não só de ler, mas de escrever, e compararmos isso aos casos abordados, o primeiro caso seria relacionado ao direito de leitura, ou consumo do produto, e o segundo da escrita, ou expressão sobre o produto. Como não podemos considerar letrado alguém que apenas sabe ler e não escrever, podemos considerar um desserviço aos leitores restringir a eles o direito de ler e escrever sua obra, atrapalhando seu processo de letramento. Sobre a participação ativa dos fãs na construção da obra, Jenkins (2009) cita o caso de Heather Lawver, uma garota de 13 anos que criou um jornal fictício (Daily Prophet^2 ) para que ela e outras crianças pudessem escrever relatos de personas que criaram para viver no universo criado por Rowling. Para citar umas dessas criações, temos algumas descrições de perfis que os membros do Daily Prophet criaram para suas personas, como: Don Creevey Varinha: 13 polegadas, pau-brasil, pelo de unicórnio. A varinha foi devolvida quando deixei o Ministério da Magia, em boas condições. Casa de Hogwarts: Lufa-lufa Fiquei muito feliz quando meus filhos, Colin e Dennis, se tornaram Grifinórios, porque eles poderiam ser amigos de Harry Potter. Meus pais foram da Lufa-lufa, e tiveram muita dificuldade, como eu tive. Meus garotos parecem estar se saindo melhor. Ocupação: Comentador de rádio de partidas locais de Quadribol, (chamados de jogos de basebol, localmente.) Os trabalhos são poucos, mas compensadores. O Ministério deu um jeito para que eu conseguisse o emprego—acham que me devem uma, já que o trabalho no Ministério custou minha saúde. Heather Lockhart Tipo de varinha: Pêlo de unicórnio, salgueiro, 10 polegadas. Casa: Corvinal. Olá! Meu nome é Heather Lockhart e sou aluna do quarto ano, em Hogwarts. Eu amo a aula de Poções, então estou escrevendo na seção de Poções no Profeta Diário. Sim, eu sou sobrinha do famoso Gilderoy Lockhart. Eu sou a melhor da minha turma e tenho muitos amigos. Eu amo escrever para o Profeta Diário e nunca desistiria de ser uma colunista. (Disponível em: < http://web.archive.org/web/20020604022557/http://www.dprophet.com/colu mnists.html>. Acesso em 24 de julho de 2019. Tradução minha.) (^2) Profeta Diário. No caso, se refere ao nome do site, porém o nome foi extraído da série de livros, de um jornal bruxo com o mesmo nome.
17 Heather, que foi educada em casa, em pouco tempo já coordenava o site para mais de 100 participantes. Com este exemplo, podemos ver como a tecnologia e uma obra de literatura infanto-juvenil foram importantes para o engajamento de diversas crianças no desenvolvimento de seu letramento. Também vale salientar que, bem como as crianças criam identificação ao ler obras desse tipo, ao escrever esse tipo de conteúdo elas estão ainda mais imersas, pois não só se identificam, como se inserem na história através de um personagem. Além do exemplo citado, o fandom da série aderiu a criação de conteúdo escrito em forma de fanfiction, que seria a escrita de um texto mais elaborado, como um romance ou conto, imerso no universo da obra escolhida: Atualmente, a fanfiction pode assumir diversas formas – música, poesia, conto
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Um dos temas centrais para os estudos de Campbell (2004) e Vogler (2007) é a Jornada do Herói. Embora não tenha a mesma importância quanto o conceito dos Arquétipos para o presente trabalho, ainda assim é importante que seja explorada, mesmo que superficialmente, para uma melhor compreensão dos Arquétipos. A importância do conceito da Jornada do Herói (ou Monomito) vem do fato de que ambos os conceitos, ou seja, este e do Arquétipo, estão intimamente ligados. É durante a Jornada do Herói que nos deparamos com os diversos tipos de Arquétipos. Se pensarmos em uma história como Harry Potter, podemos observar tanto os Arquétipos quanto o Monomito. Harry (Herói) vive no mundo comum, até que é chamado para ingressar no mundo dos bruxos (mundo sobrenatural). Ele faz aliados e enfrenta pequenos desafios, até chegar o momento de enfrentar seu inimigo (Sombra). Ele sai vitorioso e consegue solucionar um problema que o afligia durante o ano letivo. Quando as aulas terminam, volta ao mundo comum, para que no ano seguinte sua aventura continue em uma estrutura parecida com a que foi descrita. Além de descrever alguns pontos do Monomito, não pude deixar de falar de alguns Arquétipos (Herói e Sombra). Isso porque estes são primordiais ao Monomito, pois a história acontece através dos personagens, ou Arquétipos. ´ Do mesmo modo, não poderia descrever os Arquétipos sem citar sua função no Monomito. Por exemplo, temos o Arauto, que deve convocar o Herói para ingressar na aventura. Essa etapa é conhecida como Chamado para Aventura. A Sombra, por exemplo, tem sua função mais importante na parte da narrativa chamada Aproximação da Caverna Oculta. Podemos observar como esses termos são, portanto, interdependentes.
O conceito da Jornada do Herói se baseia na ideia de que “[...]todas as histórias consistem em alguns elementos estruturais comuns, encontrados universalmente em mitos, contos de fadas, sonhos e filmes. ” (VOGLER, 2007, p.26). Em outras palavras, todas as histórias seriam iguais estruturalmente, seguindo um ciclo de etapas que, se forem analisadas em suas essências, pode-se observar que seguem essas mesmas etapas. Desse modo, o que torna as histórias únicas são as variantes dessas etapas, que apresentam possibilidades infinitas.
20 A jornada começa quando o Herói sai do mundo comum ao qual está acostumado para entrar em um mundo desconhecido, após receber o chamado a aventura. O papel de motivar o Herói a iniciar sua aventura geralmente fica a cargo do Arquétipo conhecido como Arauto. Considerando o contraste que o mundo comum e o mundo desconhecido têm para o Herói logo no começo, é normal em algumas narrativas existir o momento da recusa ao chamado, quando o Herói reluta em aceitar a aventura. Nesses casos, a narrativa pode criar uma segunda motivação para que o Herói aceite sua jornada. O papel do Arauto também pode ser desempenhado pelo Mentor, que é o arquétipo que guia o Herói em sua aventura. Ao adentrar no mundo desconhecido, o Herói faz seus primeiros aliados e inimigos. Nessa fase as personagens são desenvolvidas. Ele também passa por seus primeiros desafios e aprende as regras desse novo mundo em que está ingressando. Após isso, ele se dirige para enfrentar seu inimigo em seu covil e conseguir obter o que busca nesse mundo. Essa fase, chamada de Aproximação da Caverna Oculta, geralmente inclui uma pausa das personagens para refletirem e se prepararem para a batalha. Ao finalmente enfrentar seu inimigo, o Herói é testado ao seu limite. Neste momento a narrativa pode criar alguns elementos de tensão relacionados ao risco de morte das personagens. O Herói pode, nesse momento, enfrentar a morte, nem que seja uma morte simbólica, representada por uma grande mudança ou perda. Se sobreviver à morte literal, o Herói enfrenta uma ressureição, o que ocasiona uma grande mudança para ele. Desse modo as conquistas passam a ter mais importância. Vencido o inimigo, o Herói então sai do covil do inimigo, junto a suas conquistas, que podem ser desde objetos até coisas imateriais, como o conhecimento para resolver um problema. Ele enfrenta as consequências de sua aventura e entende que cedo ou tarde deverá regressar ao mundo comum. Pode haver um segundo momento de enfrentamento da morte nessa fase.
Conforme a definição de Jung, arquétipos são “[...]personagens ou energias que se repetem constantemente e que ocorrem nos sonhos de todas as pessoas e nos mitos de todas as culturas”. (VOGLER, 2007, p.33). Esses arquétipos não são, como inferido, referências específicas para a literatura, mas refletem diferentes aspectos da mente humana. Eles podem ser um conceito usado para entender o propósito ou função dos