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Um relato detalhado de um projeto de pesquisa realizado por estudantes sobre a leitura de canções, enfatizando a interação entre a letra e a música. O documento discute os experimentos conduzidos em sala de aula, os resultados obtidos e as contribuições dos estudantes. Além disso, ele aborda a importância da subjetividade na compreensão do texto musical e a exploração dos sentidos para produzir sentido na leitura de canções.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Memorial de Formação apresentado ao Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), Instituto de Letras, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Suzane Lima Costa
Memorial de Formação apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Letras, Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras. Banca Examinadora: ___________________________________________________________ Profa. Dra. Suzane Lima Costa (Orientadora) Universidade Federal da Bahia
Prof. Dr. Júlio Neves Pereira (Presidente da Banca) Universidade Federal da Bahia
Profa. Dra. Simone Souza de Assumpção (Examinadora do Programa) Universidade Federal da Bahia
Profa. Dra. Rosinês de Jesus Duarte (Examinadora Externa ao Programa) Universidade Federal da Bahia Salvador, 02 de dezembro de 2019.
“ Sempre pensei a música contracenando com a história como se fosse uma personagem. A canção é capaz de fazer com que o mundo se abra diante de nós, um mundo onde a memória nos guia completamente e, num só golpe, embala nossa mente e nosso coração. São canções que nos agradam a alma. Então, é só deixar que [...] nos arrastem para um tempo sagrado e eterno.” Luiz Fernando Carvalho “ As memórias autobiográficas pelas canções podem ser compartilhadas através da narrativa .” José Davidson da Silva Júnior
SANTOS, Antonio de Jesus. A palavra, o som e o sentido: a canção e o discurso literomusical nas aulas de Língua Portuguesa. 217., 2019. Memorial de Formação (Mestrado Profissional em Letras) – PROFLETRAS /Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador,
Este Memorial de Formação apresentado ao Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), no Instituto de Letras, da Universidade Federal da Bahia elege o gênero canção como catalisador do processo de escrita (auto)biográfica e apresenta os resultados do projeto de intervenção intitulado A palavra, o som e o sentido: a canção e o discurso literomusical nas aulas de Língua Portuguesa , desenvolvido/realizado na Escola Municipal Cleusa Maria de Carvalho Moreira, situada no município de Camaçari, Bahia. O objetivo deste trabalho foi refletir com os educandos sobre o lugar da canção nas aulas de Língua Portuguesa, tendo como foco o discurso literomusical. Com isso, durante as ações pedagógicas foram desenvolvidos dez módulos com propostas de experimentos literários criados, analisados e discutidos com os estudantes. Utilizaram-se, como pilares para a pesquisa, os aportes teóricos das produções acadêmicas sobre a arte de escrever a vida (SOUZA, 2011; CORDEIRO e SOUZA, 2010; SANTIAGO, 2018), sobre alfabetização e letramentos (STREET, 2014 [1995]); KLEIMAN, 1995; SOARES, 2010 [1998]; TFOUNI 2010 [1995]; GALVÃO, 2010), sobre modos de leitura literária da canção (COSTA, 2010, 2011; COELHO, 2014; TATIT, 1997, 1999; WISNIK, 2017 [1989]), sobre letramento literário (AGUILAR e CÁMARA, 2017; COSSON, 2018; GARRAMUÑO, 2014; DALVI et al , 2013), sobre delineamento de metodologia em sala de aula (SCHNEUWLY e DOLZ 2004, et al .; HERMETO, 2012). Todos os experimentos literários vislumbraram a construção das ações que foram desenvolvidas na turma do 9º ano do Ensino Fundamental II, entre os meses de maio a agosto no ano de 2019, destacando um modo específico e diferente de se trabalhar com a canção em sala de aula nas aulas de Língua Portuguesa. Os dados desta pesquisa foram construídos a partir de rodas de conversa, produtos diversos de cada experimento, escritos no material didático dos alunos e registros audiovisuais das aulas. Os resultados alcançados com os participantes da pesquisa demonstraram que experimentações com canções, valorizando as possíveis percepções sensoriais dos corpos que ouvem, possibilitam aos educandos uma leitura crítica, produzindo outros significados e outras textualidades de si, do outro e do mundo. Palavras-chave: Canção; Letra e melodia; Discurso literomusical; Aulas de Língua Portuguesa.
ASSUFBA Associação dos Funcionários da Universidade Federal da Bahia ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas BAMUCA Banda Municipal de Camaçari BNCC Base Nacional Curricular Comum BTS Bangtan Boys (em inglês um acrônimo de Beyond The Scene ) CAP Centro de Aperfeiçoamento Profissional CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CD Compact Disc (Disco Compacto) CELL Congresso Nacional de Estudos Linguísticos e Literários CEP Comitê de Ética e Pesquisa CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CMCM Cleusa Maria de Carvalho Moreira CPM-BA Colégio da Polícia Militar da Bahia GLIIAECA Glossário Ilustrativo de Instrumentos que Auxiliam na Execução da Canção DERBA Departamento de Infraestrutura do Estado da Bahia DVD Digital Versatile Disc (Disco Digital Versátil) EJA Educação de Jovens e Adultos FABAC Faculdade Baiana de Ciências FLIPELÔ Festa Literária Internacional do Pelourinho GAPECC Grupo de Ação para Promoção Educacional Científico-Cultural IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IGEO Instituto de Geociências ILUFBA Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia K7 Cassete (Fita com padrão magnético para gravação de áudio) LP Long Play (Disco de vinil, que registra informações de áudio) MARV Movimento de Apoio e Respeito à Vida MC Mestre de Cerimônias MP3 MPEG Layer 3 - M oving Picture Experts Group MPB Música Popular Brasileira NASF Núcleo de Aprendizado Sagrada Família
NELT Núcleo de Estudos de Linguagens e Tecnologias PHOC Programa Habitacional Orientado de Camaçari PÓS-CRÍTICA Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural PPP Projeto Político Pedagógico PROFLETRAS Programa de Mestrado Profissional em Letras PROHPOR Programa para História da Língua Portuguesa SAEB Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica SEDUC Secretaria de Educação de Camaçari SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESC Serviço Social do Comércio SISPEC Sindicado dos Professores e Professoras da Rede Pública Municipal de Camaçari TCC Trabalho de Conclusão de Curso UCSAL Universidade Católica do Salvador UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana UFBA Universidade Federal da Bahia UNEB Universidade do Estado da Bahia VHS Video Home System (Sistema Doméstico de Vídeo)
17 produzem distintas significações na “máquina performática de experimentações”. (AGUILAR; CÁMARA, 2017) O meu uso constante do termo “experimento” dialoga, portanto, com concepção da linha teórico-crítica contemporânea exposta por Aguilar e Cámara, (2017) que constroem a sua perspectiva singular, ao informar o conceito do literário de um sentido mais largo, precisamente quando o literário escapa. Foi assim que me vi com o trabalho com a canção: com um literário (um discurso literomusical) que escapava daquilo que se chama de “literário”, por isso precisei experimentar outras possibilidades, do trabalho com a literatura, que me permitiu a emissão de tantos signos além do escrito e além do dito. Trago também com o termo experimento a possibilidade do leitor articular, com suas experiências, a construção de significação. Iser (1996, p. 13-14) acredita que: A interpretação da literatura, orientada pela estética da recepção, visa à comunicação, por meio da qual os textos transmitem experiências que, apesar de não familiares, são, contudo, compreensíveis. [...] através desses textos, acontecem intervenções no mundo, nas estruturas sociais dominantes e na literatura existente. Com essas experiências propostos, existiu a possibilidade de os estudantes transmitirem “experiências [com canções] que, apesar de não familiares, são, contudo, compreensíveis” por se tratar de uma concepção em que os sentidos de uma obra localizaram- se nos efeitos , afetos e/ou desafetos que o corpo mobiliza e nas alterações que ele provoca sobre ele mesmo e sobre o que nele se torna visível, dizível e, é claro, audível. As “palavras” escritas e os “sons” descritos só foram possíveis, neste percurso narrativo, por causa das “imagens (figuras)” que serviram como catalisadoras memorialísticas do meu processo de escrita, por isso o uso delas tantas vezes neste Memorial de Formação. As imagens numerosas funcionam como aquilo que Bronckart e Bulea Bronckart (2017, p. 63) chamam de “linguagem no domínio semiótico”, ou seja, registros pictográficos das minhas ações, emoções, realizações, conquistas, comportamentos, conhecimentos e práticas pedagógicas que se concretizam no meu estar no mundo atravessado pelas canções. A Canção foi usada aqui como um gênero textual que produz significados de uma maneira específica, na qual todos os seus elementos constitutivos (letra, melodia, acompanhamento instrumental, arranjo, performance etc.) reservam uma relação dinâmica entre si. Nesta perspectiva, a canção tem como principal meio de execução o canto (voz) com acompanhamento (instrumento). Para que ela seja executada, são necessárias a composição: de uma melodia, ainda que no momento da reprodução vocal não haja instrumento musical para o
18 acompanhamento; de uma letra, seja ela advinda de um texto poético já existente ou de um texto criado juntamente com a melodia pelo compositor musical. Pode parecer inadequado ou pitoresco o uso da canção na escola, uma vez que o discurso pedagógico não prevê, inicialmente, este gênero como um instrumento de comunicação no ensino-aprendizado sistemático nas aulas de linguagem, mas [...] o gênero não é mais instrumento de comunicação somente, mas é ao mesmo tempo objeto de ensino-aprendizagem. O aluno encontra-se num espaço do “como se”, em que o gênero funda uma prática de linguagem que é, necessariamente, em parte fictícia, uma vez que é instaurada com fins de aprendizagem. (SCHNEUWLY; DOLZ et al ., 2004, p. 65, destaques no original) Para mim, a canção sempre instaurou o processo de aprendizagem. Ela é meu esteio entre a ficção e a realidade. Ela é a fronteira que abre o diálogo para escrever a vida, narrar minha historicidade das aprendizagens e descrever propostas didáticas. Assim, apresento uma perspectiva de pesquisa de formação e uma prática de formação de mim com o outro, denominado de Memorial de Formação. Este dispositivo se “[...] caracteriza por ser escrito, geralmente durante o processo de formação, ser acompanhado por um professor orientador e ser concebido como trabalho de conclusão de curso.” (PASSEGGI, 2010, p. 21) Nas páginas seguintes, constam as minhas reflexões e memórias de letramentos, numa perspectiva de leitura do mundo através das canções, bem como reflexões daquilo que me fez e me constituiu como professor-mestrando-pesquisador. Esta “escrita de mim”, nesse contexto, torna-se uma possibilidade de harmonizar meus aportes teóricos sobre percursos (auto)biográficos memorialísticos e a arte de escrever a vida (SOUZA, 2011; CORDEIRO e SOUZA, 2010; FOUCAULT, 2004; SANTIAGO, 2018), sobre alfabetização e letramentos (FREIRE, 2005 [ 1987 ]; STREET, 2014 [19 95 ]; KLEIMAN, 1995; PELANDRÉ e AGUIAR, 2009; SOARES, 2010 [1998]; TFOUNI 2010 [1995]; GALVÃO, 20 10 ), sobre modos de leitura literária da canção (COSTA, 2010, 2011; COELHO, 2014; TATIT, 1997, 1999; WISNIK, 2017 [1989]), sobre discussões linguísticas (POSSENTI, 1996; BAGNO 2015), sobre letramento literário (AGUILAR e CÁMARA, 2017; COSSON, 2018 ; GARRAMUÑO, 2014; DALVI et al, 2013 ), sobre delineamento de metodologia para experimento em sala de aula (SCHNEUWLY; DOLZ 2004 et al .; HERMETO, 2012 ). Neste percurso, não utilizo conscientemente, de aportes específicos sobre teoria musical. Não usar este pressuposto teórico se justifica por questões ideológicas e epistemológicas que se evidenciam na proposta do trabalho com canções: não poemas, nem música, mas sim um gênero híbrido presente no discurso que Costa (2011) chama de literomusical.