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Endereçamento de Proteínas em Organismos Eucarióticos: Síntese e Transporte, Notas de estudo de Fisiologia

Este documento aborda o processo de endereçamento de proteínas em organismos eucarióticos, onde elas podem ser sintetizadas tanto nos ribossomos livres no citosol quanto nos ribossomos aderidos à face citosólica da membrana do retículo endoplasmático granuloso (reg). O texto explica as sequências sinais características para o endereçamento para diferentes compartimentos celulares, a importância das chaperonas no enovelamento de proteínas e o transporte de proteínas para o núcleo, o retículo endoplasmático, o citosol e outros compartimentos celulares.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Michelle87
Michelle87 🇧🇷

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Biologia e Fisiologia Celular
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UNIDADE 3
ENDEREÇAMENTO DE PROTEÍNAS
1. INTRODUÇÃO
A síntese de proteínas que são codificadas a partir do genoma nuclear, nos organismos
eucariotos, pode ocorrer tanto nos ribossomos livres no citosol quanto nos ribossomos aderidos à
face citosólica da membrana do Retículo Endoplasmático Granuloso. Nestes organismos, a
síntese protéica também pode ocorrer nas mitocôndrias ou nos cloroplastos, a partir das
informações contidas no DNA presente nestas organelas. Nesta unidade vamos discutir como as
proteínas que são sintetizadas no citosol são endereçadas aos seus destinos finais.
A primeira questão que devemos fazer é: como a célula “sabe” para onde uma
determinada proteína deve ser endereçada? A resposta é simples: a célula não “sabe”. Bem, mas
se a célula não “sabe”, como a proteína chega, então, ao seu destino correto? Quem respondeu a
essa pergunta pela primeira vez foi o cientista alemão Günter Blobel no ano de 1970. Blobel
verificou que determinadas proteínas apresentavam sequências específicas de resíduos de
aminoácidos como parte de sua estrutura primária, e que estas sequências eram responsáveis
pelo endereçamento da proteína para um determinado compartimento celular. Estas sequências
funcionam como verdadeiros códigos postais biológicos e são conhecidas como sequência sinal
ou peptídeo sinal. Pelas suas contribuições no campo da biologia celular, Blobel foi contemplado
com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia no ano de 1999.
2. SEQUÊNCIAS SINAIS
O endereçamento de uma proteína ao seu destino final é crucial para garantir à célula que
todos os processos fisiológicos ocorram de forma adequada. As proteínas de localização
citosólica são as únicas que não apresentam uma sequência sinal. Tais proteínas são sintetizadas
nos ribossomos livres no citosol. As proteínas das mitocôndrias, dos cloroplastos, dos
peroxissomos, e do interior do núcleo (nucleoplasma), são sintetizadas nos ribossomos livres no
citosol (figura 3.1A). Por outro lado, as proteínas do retículo endoplasmático, do complexo
golgiense, dos endossomos, dos lisossomos, das vesículas secretoras e da membrana
plasmática, são sintetizadas nos ribossomos aderidos à face citosólica da membrana do retículo
endoplasmático granuloso (figura 3.1B). O aspecto granuloso do retículo endoplasmático deve-se
justamente à presença dos ribossomos envolvidos na síntese destas proteínas. É nesta região do
retículo, conhecida como retículo endoplasmático granuloso (REG), onde ocorre a síntese da
cadeia polipeptídica de forma simultânea ao transporte da mesma para o interior do retículo
endoplasmático (lúmen do retículo).
Diversas sequências sinais foram descritas. A tabela 3.1 apresenta uma relação de
algumas sequências sinais características para o endereçamento para alguns compartimentos
celulares, incluindo sequências sinais de retenção de proteínas no retículo endoplasmático e de
exportação de proteínas do núcleo para o citosol. Estudos modificando as sequências sinais
demonstraram que pequenas alterações nas sequências podem comprometer o endereçamento
correto destas proteínas para o seu destino final. Além do mais, a inserção de uma sequência
sinal em uma proteína de localização citosólica, pode direcionar esta proteína para um
determinado compartimento celular.
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UNIDADE 3

ENDEREÇAMENTO DE PROTEÍNAS

1. INTRODUÇÃO

A síntese de proteínas que são codificadas a partir do genoma nuclear, nos organismos eucariotos, pode ocorrer tanto nos ribossomos livres no citosol quanto nos ribossomos aderidos à face citosólica da membrana do Retículo Endoplasmático Granuloso. Nestes organismos, a síntese protéica também pode ocorrer nas mitocôndrias ou nos cloroplastos, a partir das informações contidas no DNA presente nestas organelas. Nesta unidade vamos discutir como as proteínas que são sintetizadas no citosol são endereçadas aos seus destinos finais. A primeira questão que devemos fazer é: como a célula “sabe” para onde uma determinada proteína deve ser endereçada? A resposta é simples: a célula não “sabe”. Bem, mas se a célula não “sabe”, como a proteína chega, então, ao seu destino correto? Quem respondeu a essa pergunta pela primeira vez foi o cientista alemão Günter Blobel no ano de 1970. Blobel verificou que determinadas proteínas apresentavam sequências específicas de resíduos de aminoácidos como parte de sua estrutura primária, e que estas sequências eram responsáveis pelo endereçamento da proteína para um determinado compartimento celular. Estas sequências funcionam como verdadeiros códigos postais biológicos e são conhecidas como sequência sinal ou peptídeo sinal. Pelas suas contribuições no campo da biologia celular, Blobel foi contemplado com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia no ano de 1999.

2. SEQUÊNCIAS SINAIS

O endereçamento de uma proteína ao seu destino final é crucial para garantir à célula que todos os processos fisiológicos ocorram de forma adequada. As proteínas de localização citosólica são as únicas que não apresentam uma sequência sinal. Tais proteínas são sintetizadas nos ribossomos livres no citosol. As proteínas das mitocôndrias, dos cloroplastos, dos peroxissomos, e do interior do núcleo (nucleoplasma), são sintetizadas nos ribossomos livres no citosol (figura 3.1A). Por outro lado, as proteínas do retículo endoplasmático, do complexo golgiense, dos endossomos, dos lisossomos, das vesículas secretoras e da membrana plasmática, são sintetizadas nos ribossomos aderidos à face citosólica da membrana do retículo endoplasmático granuloso (figura 3.1B). O aspecto granuloso do retículo endoplasmático deve-se justamente à presença dos ribossomos envolvidos na síntese destas proteínas. É nesta região do retículo, conhecida como retículo endoplasmático granuloso (REG), onde ocorre a síntese da cadeia polipeptídica de forma simultânea ao transporte da mesma para o interior do retículo endoplasmático (lúmen do retículo). Diversas sequências sinais já foram descritas. A tabela 3.1 apresenta uma relação de algumas sequências sinais características para o endereçamento para alguns compartimentos celulares, incluindo sequências sinais de retenção de proteínas no retículo endoplasmático e de exportação de proteínas do núcleo para o citosol. Estudos modificando as sequências sinais demonstraram que pequenas alterações nas sequências podem comprometer o endereçamento correto destas proteínas para o seu destino final. Além do mais, a inserção de uma sequência sinal em uma proteína de localização citosólica, pode direcionar esta proteína para um determinado compartimento celular.

Figura 3.1 – Síntese e endereçamento de proteínas.

Tabela 3.1 – Exemplos de sequências sinais. X representa qualquer resíduo de aminoácido hidrofóbico. COO-^ representa a porção carboxi-terminal e H 3 N+^ representa a porção amino-terminal.

3. ENOVELAMENTO DE PROTEÍNAS

As proteínas para exercerem a sua atividade biológica necessitam adquirir a sua conformação nativa, ou seja, uma estrutura terciária que permita uma interação com o(s) seu(s) substrato(s) e conseqüentemente permita o pleno exercício de sua atividade biológica. O enovelamento de proteínas é o processo pelo qual as mesmas adquirem as suas estruturas tridimensionais funcionais. As proteínas sintetizadas nos ribossomos livres no citosol são enoveladas por proteínas específicas denominadas chaperonas. As chaperonas citosólicas são importantes para prevenirem o dobramento incorreto das proteínas antes do término da síntese e por auxiliarem no enovelamento da proteína para a aquisição da sua conformação nativa (figura 3.2). Dentro do lúmen do retículo endoplasmático granuloso também são encontradas chaperonas. Estas chaperonas reticulares se ligam em regiões hidrofóbicas de proteínas não-

Destino Sequência Sinal Transporte para o Núcleo ~Pro-Pro-Lys-Lys-Lys-Arg-Lys-Val~ Exportação do Núcleo ~Leu-Ala-Leu-Lys-Leu-Ala-Gly-Leu-Asp-Ile~ Transporte para o Retículo Endoplasmático

H 3 N+-Met-Met-Ser-Phe-Val-Ser-Leu-Leu-Leu-Val-Gly-Ile-Leu-Phe- Trp-Ala-Thr-Glu-Ala-Glu-Gln-Leu-Thr-Lys-Cys-Glu-Val-Phe- Gln~ Retenção no Retículo Endoplasmático

~Lys-Asp-Glu-Leu-COO-^ (proteínas solúveis do lúmen) ~Asp-Asp-X-X-COO-^ (proteínas integrais da membrana) Transporte para a Matriz Mitocondrial

H 3 N+-Met-Leu-Ser-Leu-Arg-Gln-Ser-Ile-Arg-Phe-Phe-Lys-Pro-Ala- Thr-Arg-Thr-Leu-Cys-Ser-Ser-Arg-Tyr-Leu-Leu~ Transporte para os Peroxissomos

~Ser-Lys-Leu-COO- H 3 N+-----Arg-Leu-X 5 -His-Leu~

4.1. TRANSPORTE MEDIADO

No transporte mediado, as proteínas que apresentam sequência de localização nuclear (SLN) são endereçadas ao nucleoplasma através do complexo de poros nucleares. Esse transporte é mediado por proteínas especializadas, denominadas importinas, que se ligam especificamente às SLNs, que, ao interagirem com proteínas fibrilares do complexo de poros nucleares, realizam o transporte das proteínas para o interior do núcleo. Algumas proteínas, como determinados fatores de transcrição, apresentam tanto SLN como um sinal de exportação nuclear, circulando, assim, entre o citosol e o nucleoplasma, de acordo com o estado fisiológico da célula.

4.2. TRANSPORTE TRANSMEMBRANAR

O transporte transmembranar é mediado por proteínas integrais transmembranares presentes nas membranas de determinados compartimentos celulares. Estas proteínas atuam como translocadores protéicos, formando poros, através dos quais as proteínas são inseridas nos compartimentos. Neste caso, as sequências sinais das proteínas interagem diretamente com os translocadores protéicos sem a necessidade de uma proteína mediadora (como a importina, por exemplo). No transporte para as mitocôndrias, por exemplo, complexos protéicos presentes na membrana mitocondrial externa (TOM) e na membrana mitocondrial interna (TIM), além de proteínas solúveis do espaço intermembrana, são responsáveis pela importação das proteínas mitocôndrias. Estas proteínas são enoveladas após a importação para a organela, por intermédio de chaperonas mitocondriais e as suas sequências sinais, de localização amino-terminal, são clivadas por peptidases presentes na organela. De forma diferente, as SLN não são clivadas das cadeias polipeptídicas após a importação das proteínas nucleares. A única exceção no transporte transmembranar de proteínas é o direcionamento para o retículo endoplasmático, uma vez que o transporte ocorre de forma simultânea à síntese protéica na maioria das células eucariontes. Vamos, agora, analisar, com mais detalhamento, como ocorre o transporte para o retículo endoplasmático. Uma vez iniciada a síntese protéica no citosol, caso a proteína apresente uma sequência sinal de localização reticular, uma proteína citosólica solúvel, denominada Partícula de Reconhecimento de Sinal (PRS), se liga à sequência sinal do peptídeo nascente e interrompe a síntese protéica (figura 3.3 – passo 1). O complexo ribossomo/RNAm/peptídeo nascente/PRS é, então, direcionado à face citosólica da membrana do retículo endoplasmático, onde a PRS interage com um receptor presente nesta membrana (receptor da PRS), ancorando todo o complexo traducional na superfície do retículo endoplasmático (figura 3.3 – passo 2). Em seguida, a PRS se desliga do complexo traducional e do receptor da PRS, e o complexo traducional passa a interagir com o translocador da membrana do REG. A síntese protéica, então, se reinicia, com a cadeia polipeptídica sendo inserida para o lúmen do retículo, caracterizando o transporte simultâneo à tradução (figura 3.3 – passo 3). Após o término da síntese, o complexo traducional é desfeito, sendo liberado no citosol, e o translocador sofre mudanças conformacionais que levam ao fechamento do poro na membrana reticular. As proteínas que são sintetizadas nos ribossomos aderidos à membrana do REG podem ter destinos diferentes. Algumas destas proteínas são proteínas solúveis, liberadas no lúmen do REG, e podem ser direcionadas para o complexo golgiense (numa rota conhecida como via de exportação ou via de secreção), sendo, em seguida, endereçadas aos endossomos tardios, às vesículas secretoras ou para a membrana plasmática, onde serão liberadas no meio extracelular.

No caso de proteínas solúveis do lúmen do retículo, a sequência sinal é localizada na região amino-terminal da proteína e é clivada por uma peptidase reticular.

:: ARREGAÇANDO AS MANGAS!! ::

Figura 3.3 – Endereçamento de proteínas para o retículo endoplasmático.

A grande maioria das proteínas sintetizadas no REG são proteínas integrais transmembrana. Como vimos na unidade 2, estas proteínas podem ser unipasso ou multipasso. Nas proteínas integrais unipasso a sequência sinal pode estar localizada tanto na extremidade amino-terminal quanto no interior da cadeia polipeptídica. No primeiro caso, a sequência sinal é clivada e uma região predominantemente lipofílica, rica em resíduos de aminoácidos com cadeia lateral hidrofóbica e conhecida como sequência de parada de transferência (SPT), constituirá o domínio transmembrana da proteína. Nestas proteínas, a porção carboxi-terminal ficará exposta no citosol. Quando a proteína apresentar uma sequência sinal interna (SSI), esta sequência, além de direcionar o transporte do complexo traducional para o REG, atuará, também, como uma SPT, sendo que a porção carboxi-terminal da proteína pode ficar voltada para o lúmen do retículo ou para o citosol. A síntese das proteínas integrais multipasso segue a mesma lógica das proteínas integrais unipasso. Os domínios transmembrana de tais proteínas são formados pela intercalação de SSI com SPT. As proteínas integrais unipasso ou multipasso podem seguir os mesmos destinos das proteínas solúveis sintetizadas no REG. É desta forma que são sintetizadas, por exemplo, todas as proteínas integrais transmembrana, que constituem, por exemplo, os receptores de superfície celular e os canais iônicos.

Faça uma pesquisa na internet e identifique proteínas, ou polipeptídeos, que são liberados no meio extracelular e cuja via biossintética está associada ao retículo endoplasmático granuloso. Algumas destas moléculas desempenham importantes papéis fisiológicos.

insulina é liberada pelas células das Ilhotas de Langerhans em resposta ao aumento da glicose na corrente sanguínea.

Figura 3.4 – Diagrama ilustrativo do tráfego vesicular. VEx = via de exportação. VR = via de recuperação. VEn = via endocítica. SC = secreção constitutiva. SR = secreção regulada.

:: FIQUE LIGADO!! ::

Os lisossomos são organelas ricas em enzimas responsáveis pela degradação de uma série de substratos de origem extracelular. Entre as enzimas lisossomais podemos destacar as nucleases, proteases, glicosidases, lipases, fosfatases, fosfolipases e sulfatases. Estas enzimas são conhecidas como hidrolases ácidas, uma vez que as reações catalisadas por estas enzimas são reações de hidrólise que ocorrem em meio ácido. A hidrólise enzimática consiste em uma reação química catalisada por uma enzima que utiliza a molécula de água para clivar outra molécula. O pH ácido dos lisossomos é mantido por uma bomba de prótons que transporta, ativamente, prótons H+^ para o lúmen lisossomal. As hidrolases ácidas são sintetizadas no REG e transportadas, por vesículas, até os endossomos tardios, vindo a constituir os lisossomos.

:: FIQUE DE OLHO!! ::

:: TA NA WEB!!! ::

:: PERGUNTAS?? ::

Diversos processos fisiológicos dependem da fusão das vesículas de secreção regulada com a membrana plasmática, entre os quais podemos destacar a secreção de insulina, a neurotransmissão e a fertilização. Em todos os casos, o aumento da concentração de íons cálcio é diretamente responsável pela fusão das vesículas secretoras com a membrana plasmática.

No endereço http://www.johnkyrk.com/golgiAlone.pt.html você irá encontrar uma animação sobre endereçamento de proteínas e tráfego vesicular.

Tanto o retículo endoplasmático quanto o complexo golgiense possuem proteínas que desempenham suas atividades nestas organelas, sendo conhecidas como proteínas residentes do retículo ou do complexo golgiense. Faça uma pesquisa e descubra quais são os mecanismos responsáveis pela retenção destas proteínas nestas organelas.