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Uma análise detalhada da história do pensamento econômico antes de adam smith, com foco na abordagem austríaca. Ele discute as contribuições de diversos pensadores econômicos anteriores a smith, como os escolásticos medievais, copérnico, turgot e david hume. O texto aborda temas como a teoria do valor, a questão da usura, a teoria monetária e a evolução do pensamento econômico. Essa análise histórica oferece uma perspectiva alternativa à visão dominante que relegava os predecessores de smith a um papel secundário na história do pensamento econômico. O documento busca resgatar a importância desses autores e suas ideias, mostrando como eles anteciparam e influenciaram o desenvolvimento da economia política.
Tipologia: Esquemas
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iv História do Pensamento Econômico: Uma Perspectiva Austríaca — Antes de Adam Smith Murray N. Rothbard Editora Konkin, 1ª edição Coordenação Editorial Daniel Miorim de Morais Tradução Adriano Bernardes de Oliveira Jr., Alex Pereira de Souza, Carolina Lázaro, Caroline Andrade, Daniel Estevão, Daniel Miorim de Morais, Eric Matheus, Erick Kerbes, José Aldemar Santos Pereira Júnior, Júnior Percebon, Vitor Gomes Calado. Capa Raíssa Souza Abreu Diagramação Daniel Silva de Souza e Vitor Gomes Calado Licença Domínio Público. Este livro está livre de restrição de autor e de direi- tos conexões.
Sumário Introdução............................................................................................ xi
Sumário A Reação Liberal Contra o Mercantilismo na França do Século XVII
Uma Perspectiva Austríaca — Antes de Adam Smith viii Mercantilismo e Libertação na Inglaterra: dos Tudors à Guerra Civil
Uma Perspectiva Austríaca — Antes de Adam Smith
xi Introdução Assim como o diz o subtítulo, esta obra é uma história geral do pensamento econômico de um ponto de vista honestamente “Austrí- aco”: isto é, do ponto de vista de um adepto da “Escola Austríaca” de economia. Esta é a única obra do tipo feita por um Austríaco moderno; de fato, apenas algumas monografias em áreas especializadas da histó- ria do pensamento foram publicadas por Austríacos nas últimas déca- das. 1 Não apenas isso: essa perspectiva é fundada na vertente de pen- samento menos famosa, no entanto não menos numerosa da Escola Austríaca: A “Misesiana” ou “Praxiológica”.^2 Entretanto, a natureza Austríaca desta obra é dificilmente sua única singularidade. Quando o presente autor começou a estudar eco- nomia na década de 1940, havia um paradigma esmagadoramente do- minante na abordagem da história do pensamento econômico — um que ainda é presente, mas não tanto quanto já foi. Essencialmente, tal para- digma destaca alguns Grandes Homens como a essência do pensamento econômico, com Adam Smith como seu fundador quase super-humano. Mas, se Smith fosse de fato criador tanto da análise econômica quanto da análise do livre comércio e da tradição do livre mercado na economia política, seria muito mesquinho e insignificante questionar seriamente qualquer aspecto de suas supostas façanhas. Qualquer crítica afiada de Smith tanto como economista quanto como defensor do livre mercado pareceria somente anacronismo: desprezar o pioneiro fundador do ponto de vista superior do conhecimento de hoje, débeis descendentes injustamente atacando os gigantes em cujos ombros estamos. Se Adam Smith tivesse criado a economia, assim como Atena saiu completamente crescida e armada da testa de Zeus, então seus pre- decessores deveriam ser coadjuvantes, pequenos homens sem valor. E 1 O valioso e monumental History of Economic Analysis (Nova York: Oxford Uni- versity Press, 1954) de Joseph Schumpeter, tem sido, geralmente, referido como “Austríaco”. Mas ainda que Schumpeter tenha sido criado na Áustria e estudado sob o grande austríaco Böhm-Bawerk, ele próprio era um Walrasiano dedicado e seu History era, além disso, eclético e idiossincrático. 2 Para uma explicação dos três paradigmas austríacos de ponta no tempo presente, consulte Murray N. Rothbard, The Present State of Austrian Economics (Auburn, Ala.: Ludwig von Mises Institute, 1992).
Introdução xiii exclusiva ao micro. E assim Keynes adicionou o macro, focando no es- tudo e explicação do desemprego, um fenômeno que foi inexplicavel- mente esquecido do quadro econômico por todos que precederam Key- nes, ou foi convenientemente passado para debaixo do tapete ao descui- dadamente “assumirem pleno emprego”. Desde então, o paradigma dominante vem sendo largamente sustentado, apesar dos assuntos terem se tornado certamente nebulosos. Para começo de conversa, esse tipo de história sempre ascendente de um Grande Homem requer ocasionais novos capítulos finais. A Teoria Geral , publicada em 1936, completa agora quase sessenta anos de idade; deve haver um Grande Homem para um capítulo final? Mas quem? Por um tempo, Schumpeter, com sua moderna e aparentemente realista ênfase em “inovação”, teve chances, mas surgiu um grande en- trave nessa tendência, talvez a realização de que o trabalho fundamental de Schumpeter (ou “visão”, como ele explicitamente dizia) foi escrita mais de duas décadas antes de A Teoria Geral. Os anos desde 1950 fo- ram obscuros; e é difícil forçar um retorno ao uma vez esquecido Walras no leito procustiano do progresso contínuo. Minha visão sobre a grave deficiência da ideia dos Grandes Ho- mens foi grandemente influenciada pelo trabalho de dois excelentes his- toriadores do pensamento. Um sendo o meu próprio mentor de disser- tação Joseph Dorfman, cujo trabalho ímpar de muitos volumes sobre a história do pensamento econômico americano demonstrou o quão im- portantes figuras alegadamente “menores” são para qualquer movi- mento de ideias. Em primeiro lugar, a completude da história é deixada de lado quando se omite essas figuras, e, portanto, a história é falsifi- cada por seleção e preocupação sobre alguns textos dispersos para cons- tituírem A História do Pensamento. Em segundo, um vasto número de supostas figuras secundárias contribuiu bastante para o desenvolvi- mento do pensamento, mais em algumas formas que os poucos pensa- dores de auge. Assim sendo, importantes características do pensamento econômico são omitidas, e o desenvolvimento teórico é feito de forma enfadonha e desprezível, assim como sem vida. Adiante, o desenrolar da própria história, o contexto das ideias e movimentos, como as pessoas se influenciam, e como reagiam para com uns aos outros, é necessariamente excluído da abordagem dos Grandes Homens. Tal aspecto do trabalho do historiador foi particular- mente trazido a mim pela notável obra de dois volumes de Quentin Skinner Foundations of Modern Political Thought , de tal importância
Uma Perspectiva Austríaca — Antes de Adam Smith xiv que poderia ser grandemente apreciado se não fosse a adoção da sua própria versão da metodologia behaviorista de Skinner.^4 A abordagem do progresso contínuo, sempre para cima e para frente, foi destruída para mim, e deveria ter sido para todos, pela famosa Estrutura das Revoluções Científicas de Thomas Kuhn.^5 Kuhn não de- dicou atenção à economia, mas, em vez disso, do mesmo modo como filósofos e historiadores da ciência, focou-se em ciências mais “rígidas” tais quais a física, a química e a astronomia. Trazendo a palavra “para- digma” ao discurso intelectual, Kuhn demoliu aquilo que eu gosto de chamar de “teoria Whig da história da ciência”. A teoria Whig, aceita por quase todos os historiadores da ciên- cia, incluindo a econômica, é a de que o pensamento científico progride pacientemente, se desenvolvendo um ano após outro, mudando, e tes- tando teorias, para que a ciência marche sempre ao progresso e a cada ano, década ou geração vá aprendendo mais e possuindo teorias cientí- ficas cada vez mais corretas. Em analogia com a teoria Whig da história, cunhada no meio do século XIX na Inglaterra, que defendia que as coi- sas estão sempre (e, portanto, devem ficar) cada vez melhores, o histo- riador Whig da ciência, aparentemente em solos mais firmes que o his- toriador Whig médio, implicitamente ou explicitamente afirma que “de- pois é sempre melhor” em qualquer disciplina científica particular. O historiador Whig (tanto da ciência quanto da própria história) realmente sustenta a ideia de que, para qualquer ponto do tempo histó- rico, “aquilo que era, estava certo”, ou ao menos melhor que “aquilo que veio antes”. O resultado inevitável é um complacente e irritante otimismo Panglossiano. Na historiografia do pensamento econômico, a consequência é a firme, senão implícita, posição de que todo econo- mista individual, ou pelo menos toda escola de economistas, contribuiu com seu importante fragmento à inevitável marcha do progresso. É pos- sível, então, que não haja nada como um erro sistêmico grosseiro que revele uma grande falha, ou invalide uma escola de pensamento inteira, muito menos que extravie a direção do mundo econômico permanente- mente. 4 Joseph Dorfman, The Economic Mind in American Civilization (5 vols. Nova York: Viking Press, 1946-59); Quentin Skinner, The Foundations of Modern Po- litical Thought (2 vols., Cambridge: Cambridge University Press, 1978). 5 Thomas S. Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions (1962, 2ª ed., Chicago: University of Chicago Press, 1970).
Uma Perspectiva Austríaca — Antes de Adam Smith xvi própria metodologia. No meio dessa situação, o estudo da história do pensamento regressou significantemente, estudo esse que desejamos e esperamos que se expanda nos anos seguintes.^6 Pois se conhecimento enterrado e perdido em paradigmas pode ser esquecido com o passar do tempo, então estudar economistas velhos e escolas de pensamento não precisa ser apenas por propósitos antiquados ou para examinar como a vida intelectual procedeu no passado. Economistas prévios podem ser estudados por sua contribuição ao esquecido, e, portanto, novo, conhe- cimento de hoje. Verdades valiosas podem ser aprendidas a respeito do conteúdo econômico, não apenas nos jornais mais novos, mas dos tex- tos de pensadores há muito tempo mortos. Mas estas são apenas generalizações metodológicas. A realiza- ção concreta de que conhecimento econômico importante foi perdido com o tempo veio até mim pelo revisionismo dos escolásticos que se desenvolveu nas décadas de 1950 e 1960. A revisão pioneira veio de forma drástica na História da Análise Econômica de Schumpeter, e foi desenvolvida pelos trabalhos de Raymond de Roover, Marjorie Grice- Hutchinson e John T. Noonan. Acontece que escolásticos não eram sim- plesmente “medievais”, mas começaram no século XIII e expandiram e floresceram durante o século XVI até o século XVII. Longe de serem moralistas do custo de produção, os escolásticos acreditavam que o preço justo era qualquer preço estabelecido na “estimativa comum” do livre mercado. Não apenas isso: longe de serem teóricos ingênuos do trabalho ou do valor de custo de produção, os escolásticos podem ser considerados “Proto-austríacos”, com uma sofisticada teoria subjetiva da utilidade do valor e preço. Até mais, pois alguns dos escolásticos eram muito superiores aos atuais microeconomistas formalistas no que tange ao desenvolvimento de uma teoria dinâmica do empreendedo- rismo. Além disso, no “macro”, os escolásticos, começando por Buri- dan e culminando nos escolásticos espanhóis do século XVI, trabalha- ram em uma teoria monetária e de preços muito mais austríaca do que a teoria monetarista de oferta e demanda, incluindo fluxo de dinheiro 6 A atenção devotada nos anos recentes à brilhante crítica do formalismo neoclás- sico como totalmente dependente da mecânica obsoleta de meados do século XIX é um sinal de boas-vindas dessa recente mudança de atitude. Consulte Philip Mirowski, More Heat than Light (Cambridge: Cambridge University Press, 1989).
Introdução xvii inter-regional, e até mesmo com uma teoria de paridade de poder de compra das taxas de câmbio. Parece não ser por acaso que essa revisão dramática de nosso conhecimento dos escolásticos foi trazida aos economistas americanos, geralmente não estimados por sua profundidade de conhecimento do latim, por economistas treinados na Europa mergulhados no latim, a língua em que os escolásticos escreviam. Este ponto simples enfatiza outra razão para a perda de conhecimento no mundo moderno: a insu- laridade na própria língua (particularmente severa nos países de língua inglesa) que, desde a Reforma, rompeu a outrora ampla comunidade de estudiosos da Europa. Uma razão pela qual o pensamento econômico continental frequentemente exerceu influência mínima, ou pelo menos tardia, na Inglaterra e nos estados Unidos é simplesmente porque essas obras não foram traduzidas para o inglês.^7 Para mim, o impacto do revisionismo escolástico foi comple- mentado e fortalecido pelo trabalho, de algumas décadas, do nascido alemão, historiador “austríaco”, Emil Kauder. Kauder revelou que o pensamento econômico dominante na França e na Itália durante o dé- cimo sétimo e especialmente décimo oitavo século também era “Proto- austríaco”, enfatizando a utilidade marginal e escassez relativa como determinantes do valor. A partir dessa base, Kauder procedeu com uma surpreendente compreensão do papel de Adam Smith que, de qualquer forma, segue diretamente de seu próprio trabalho e daqueles dos revisi- onistas escolásticos: que Smith, longe de ser o fundador da economia, era praticamente o oposto. Pelo contrário, Smith realmente levou a sé- rio, e quase completamente desenvolveu uma tradição Proto-austríaca de valor subjetivo, mas tragicamente desviou a economia para um ca- minho falso, uma rua sem saída da qual os austríacos tiveram que res- gatar a economia um século depois. Ao invés de valor subjetivo, em- preendedorismo e ênfase nos preços reais do mercado e atividade de mercado, Smith largou isso tudo e trocou por uma teoria do valor-tra- balho e um foco dominante no equilíbrio do imutável “preço natural” de longo prazo, um mundo onde empreendedorismo foi suposto como fora de existência. Sob Ricardo, essa troca infortuna no foco foi inten- sificada e sistematizada. 7 No tempo presente, quando o inglês se tornou a língua franca europeia e a maioria dos periódicos europeus publica artigos em inglês, essa barreira tem sido minimi- zada.
Introdução xix sua troca de ênfase do consumidor caprichoso e amante do luxo como o determinante do valor, ao virtuoso trabalhador empenhando suas ho- ras de labor no valor do produto material. Mas se o calvinismo de Smith poderia ser levado em conta, e quanto ao espanhol-português judeu que virou Quaker, David Ricardo, que certamente não era calvinista? Aqui me parece que pesquisas re- centes no papel dominante de James Mill como mentor de Ricardo e importante fundador do “sistema Ricardiano” entraram fortemente em jogo. Pois Mill era um escocês ordenado como ministro presbítero e imerso em calvinismo: o fato que, tarde em sua vida, Mill se moveu para Londres e se tornou agnóstico não tem efeito na natureza calvinista nas atitudes básicas de Mill para com a vida e o mundo. A grande ener- gia evangélica de Mill, sua cruzada por melhoria social, e sua devoção ao trabalho duro (assim como a virtude calvinista cognata da poupança) refletiram em sua perspectiva de mundo calvinista por toda a vida. A ressurreição do Ricardianismo por John Stuart Mill pode ser interpre- tada como sua devoção filopietista a memória de seu pai dominador, e a trivialização de Alfred Marshall aos esclarecimentos austríacos ao seu esquema neo-ricardiano também vieram de um altamente moralista e evangélico neo-calvinista. Em contrapartida, não é acidente que a Escola Austríaca, o maior desafio à visão de Smith-Ricardo, não somente surgiu em um país solidamente católico, mas cujos valores e atitudes ainda estavam forte- mente influenciados pelo Aristotelismo e pensamento Tomista. Os pre- cursores germânicos da Escola Austríaca floresceram, não na protes- tante e anticatólica Prússia, mas nos estados germânicos que eram ou católicos ou politicamente alinhados mais com a Áustria do que com a Prússia. O resultado dessas pesquisas foi a minha convicção crescente de que excluir a perspectiva religiosa, assim como a filosofia social e po- lítica, iria distorcer desastrosamente qualquer retrato da história do pen- samento econômico. Isso é certamente óbvio para os séculos antes do décimo nono, mas é verdade para aquele século também, ainda mais pelo aparato técnico empregar mais de uma vida do que a sua própria. Em consequência dessas revelações, esses volumes são muito diferentes da norma, não só em apresentar uma perspectiva muito mais austríaca em contraste a uma visão neoclássica ou a uma instituciona- lista. O trabalho inteiro é muito mais longo que a maioria, uma vez que insiste em trazer todas as figuras “menores” e suas interações, assim
Uma Perspectiva Austríaca — Antes de Adam Smith xx como enfatizar a importância de suas filosofias sociais e religiosas as- sim como suas visões “econômicas” estritas. Mas eu espero que a ex- tensão e inclusão de outros elementos não faça esse trabalho menos le- gível. Pelo contrário, a história necessariamente significa narrativa, dis- cussão de pessoas reais assim como suas teorias abstratas, e inclui triun- fos, tragédias e conflitos, conflitos os quais eram recorrentemente mo- rais, assim como puramente teoréticos. Por isso, eu espero que, para o leitor, o tamanho incomum seja compensado pela inclusão de muito mais drama humano do que geralmente é nos oferecido em outras his- tórias do pensamento econômico. Murray N. Rothbard Las Vegas, Nevada