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Tendências da Maquiagem no Século XX: Um Reflexo da Sociedade e da Arte, Provas de Teatro

Este texto discute as tendências da maquiagem ao longo do século xx, examinando o contexto social-político-econômico e os movimentos artísticos que influenciaram a beleza e a atitude, desde a moda e as mídias atuais. A maquiagem é analisada como um diferenciador social, sexual, disfarce ou camuflagem, e sua importância na moda, especialmente em termos sazonais.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Adriana_10 🇧🇷

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Uma passagem pela Maquiagem no decorrer do
séc. XX e suas tendências de comportamento
Fernanda Santoro1
Palavras-chaves / Key words
Maquiagem / Make-up - Séc. XX / Twentieth Century -
Comportamento / Behavior
Resumo
Esse texto comenta as tendências de comportamento referentes à maquiagem
no decorrer do séc. XX, refletidas através do contexto sócio-político-econômico e dos
movimentos de expressão artística, como o teatro, o ballet e o cinema, que criaram
ícones de beleza e atitude, refletindo não nas gerações contemporâneas, mas
mantendo-se vivas nas composições e criações dos looks construídos na moda e nas
mídias atuais.
Abstract
The present text is about the tendencies of behavior regarding make up
throughout the twentieth century, taking into consideration the social-political-
economical context and the movements of artistic expression such as theatre, ballet and
the movie industry, all of which have created icons of beauty and attitude, affecting not
only contemporary generations, but its compositions and creations of the looks used in
fashion and in midia.
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1 Fernanda Santoro é Desenhista Industrial pela PUC-Rio e Mestre em Ergonomia pelo Departamento de Engenharia
de Produção da UFSC
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Uma passagem pela Maquiagem no decorrer do

séc. XX e suas tendências de comportamento

Fernanda Santoro^1

Palavras-chaves / Key words Maquiagem / Make-up - Séc. XX / Twentieth Century - Comportamento / Behavior

Resumo Esse texto comenta as tendências de comportamento referentes à maquiagem no decorrer do séc. XX, refletidas através do contexto sócio-político-econômico e dos movimentos de expressão artística, como o teatro, o ballet e o cinema, que criaram ícones de beleza e atitude, refletindo não só nas gerações contemporâneas, mas mantendo-se vivas nas composições e criações dos looks construídos na moda e nas mídias atuais.

Abstract The present text is about the tendencies of behavior regarding make up throughout the twentieth century, taking into consideration the social-political- economical context and the movements of artistic expression such as theatre, ballet and the movie industry, all of which have created icons of beauty and attitude, affecting not only contemporary generations, but its compositions and creations of the looks used in fashion and in midia.

(^1) Fernanda Santoro é Desenhista Industrial pela PUC-Rio e Mestre em Ergonomia pelo Departamento de Engenharia de Produção da UFSC

O ato de vestir, pura e simplesmente, parte de uma idéia que se materializa pelo objeto roupa e tudo aquilo que se relaciona com a atitude de se ornamentar, desde penteados até as intervenções feitas diretamente sobre o próprio corpo, constituindo um sistema de representação” (LEITE e GUERRA 2002). Assim, a maquiagem corresponde a um dos elementos que compõem o sistema representativo do “vestir”. Ela possui características que a torna um diferenciador social, um diferenciador de sexo, um disfarce ou uma camuflagem. Suas diferentes intenções e maneiras de se aplicar a tornam parceira inseparável da moda, inclusive em seu caráter sazonal. Segundo a pesquisadora Carol Garcia: “Todos os dias, ao definirmos como vamos nos apresentar para colocarmos os pés no mundo, buscamos algo que possa nos distinguir... Lenço, paletó, brinco ou maquiagem que nos tornem interessantes, elegantes, irresistíveis. Para isso fazemos escolhas” (GARCIA 2005). No séc. XX, período onde mais se concentrou mudanças e inovações em todos os campos de estudo, a dinâmica da moda ganhou a característica de tempo de delimitação, reduzindo o mesmo à forma de decênios para estabelecer identidades específicas e assim a maquiagem permaneceu acompanhando os looks propostos pela época estabelecida.

Comportamento da Maquiagem nos looks do séc XX A partir de 1900, na Europa, a revolução já estava em marcha e era econômica, industrial e artística e viria a modificar as condições de vida da sociedade. A beleza das mulheres, sua maneira de seduzir, a arte de se valorizarem evoluiriam na mesma cadência. Em Paris, Liane de Pougy^2 uma das mais célebres cortesãs parisienses, reinava na Belle Époque, ela impôs uma silhueta longilínea com rosto claro e cabeleira erguida. Louras ou morenas a tez da pele deveria ser branca e transparente, sinalizando uma pureza, não necessariamente verdadeira. Em busca de fortuna, Max Factor deixou sua Rússia natal em 1904 e foi para a América. Lá abriu uma loja de maquiagem para teatro em Los Angeles e logo se tornou o primeiro maquiador de Hollywood, criando cosméticos adaptados para as telas de

(^2) Liane de Pougy criou um escândalo ao aparecer numa festa quase nua, num vestido de musseline branca.

Nadia Payot chegava da Ucrânia em 1929, com idéias revolucionárias, sua formação em medicina lhe propiciou um novo olhar para a estética. Intrigada com a diferença da perfeição do corpo da bailarina Anna Pavlova e seu rosto já envelhecido, ela criou a ginástica facial, onde fazia trabalhar os músculos do rosto e pescoço assim como os do resto do corpo. Nos anos 40, fugindo do nazismo, muitos artistas se instalaram em Nova York, Paris e Londres, as roupas velhas eram recicladas e os vestidos diminuíam de tamanho. As meias foram abolidas e para criar uma ilusão, as pernas eram tingidas com uma infusão de chicória ou casca de nozes e ainda desenhadas com lápis marrom como se fosse a costura, para que ficasse uma meia perfeita. Na América, Elizabeth Arden inventa o Fin 200, loção que aparentava meias, mas não manchava as roupas e não saía com água. Nos tempos posteriores à 2ª Guerra Mundial, a elegância estava acima de tudo. As pessoas casavam–se cedo e logo tinham filhos, a taxa de natalidade dos EUA nessa época foi maior que da Índia. A mulher preocupava-se principalmente em cuidar do marido, filhos e lar, para o pânico das feministas inspiradas por Simone de Beauvoir com seu livro: “O segundo sexo”, publicado em 1949. Elas viam naquela “felicidade” doméstica uma lamentável regressão. Nesse mesmo ano, a maquiagem dos olhos teve grande foco, levando a reformulação dos ingredientes cosméticos e de suas embalagens que acoplavam espelhos para retoques fora de casa. Em Paris, as irmãs Carita foram responsáveis pelo look de atrizes como Brigtte Bardot e Catherine Deneuve. Elas cuidavam da maquiagem, roupas, estado da pele, acessórios e, inclusive, do “astral da cliente”.

Twiggi, Diana Ross e Miriam Makeba

A moda dos anos 60 foi refletida por uma tomada de consciência da juventude, a liberdade era a palavra chave. A modelo Twiggi ditava o padrão: Olhos acentuados e marcados com delineador, inclusive na parte inferior com desenho de cílios. O final dessa década adotou a moda hippie e as maquiagens psicodélicas de cores vivas, que reafirmavam o conceito de liberdade. Os movimentos marginais de 60 e 70 influenciaram o surgimento de tendências como a moda étnica e a body art entre outras. A maquiagem ganhou padrões inovadores de cores e formas, podendo ser trabalhada tanto no rosto quanto no resto do corpo. O musical Hair inspirou a beleza dos anos 70. Cabelos extremamente volumosos e livres e o estilo “afro” para os negros que assumiam um look original. A cantora Miriam Makeba chamou a atenção da imprensa quando fez sua turnê usando seus cabelos naturais. Beverly Johnson em 1974, foi a primeira modelo negra a ser capa da Vogue americana. Donyale Luna tornou-se musa de Paco Rabanne, primeiro estilista que fez desfilar uma mulher negra para a alta costura. Apesar do reconhecimento nítido da beleza negra a indústria cosmética para essa cor de pele só seria pensada na década seguinte. Anos 80, a multiplicidade de estilos define a pluralidade dessa época. O conceito de rejuvenescimento e a cultura do corpo estavam em alta, inclusive na cosmética. Essa é a década dos maquiadores “estrelas”. Esses profissionais assumiam cargos como diretores de arte e consultores para grandes marcas, onde definiam estilos e supervisionavam a criação de novos produtos. Podemos citar alguns deles como Serge Lutens contratado pela Shiseido em 1980; Tyen, maquiador e fotógrafo da Dior, formado pela Ópera de Paris; Thibault Vabre, mestre das cores de Lancôme, entre outros. A pluralidade continua nos anos 90 somando-se a globalização e a dita, liberdade de expressão, que caminhavam para um universo de opções na moda, onde buscava uma identidade própria. As inovações e renovações estavam por todos os lados, embasadas numa avalanche de informações. O fenômeno das top models se reafirma, mas foram as atrizes, identificadas como “mulheres comuns” as grandes formadoras de opinião, escolhidas e solicitadas por grandes marcas para representar sua imagem.

Fernanda Santoro é graduada em Desenho Industrial pela PUC-Rio e Mestre em Ergonomia pelo Departamento de Engenharia de Produção da UFSC (tese defendida em março de 2001). Atualmente, concebe maquiagem para Moda, Teatro, Cinema, TV e Carnaval e é professora de maquiagem e caracterização do curso profissionalizante para atores do SATED-Rio.

Referências

BRAGA, J. Reflexões sobre moda – volume I. São Paulo: Anhembi Morumbi,

ECO, UMBERTO. História da Beleza / Umberto Eco ; tradução Eliana Aguiar. – Rio de Janeiro: Record, 2004. FAUX, DOROTHY SCHEFER ET ALL. Beleza do Século. São Paulo: Cosac& Naify Edições, 2000. GARCIA, CAROL. E MIRANDA, ANA PAULA DE. Moda e Comunicação: experiências, memórias, vínculos. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2005. ( Coleção moda e comunicação / Kátia Castilho, coordenação ). LEITE, ADRIANO E GUERRA, LISETTE. Figurino, Uma Experiência na Televisão. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002.