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Fazedor de Velhos (2008), de Rodrigo Lacerda. (1969 - ). Na pesquisa, foram analisados os elementos estruturais da narrativa, como as configurações de ...
Tipologia: Slides
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras (Área de Concentração: Estudos Literários) do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, como requisito final para a obtenção do título de Mestre em Letras.
Orientador: Prof. Dr. José Batista de Sales
A Marcilio Donadoni, meu primeiro e eterno mestre. Por sua dedicação e apoio desde as minhas primeiras letras rabiscadas. Pai, você me ensinou a remover todas as pedras e plantar flores em meu caminho.
Primeiramente, a minha família, meu pai Marcilio Donadoni ( in memoriam ) e minha mãe, Joana Moreira de Souza Donadoni. Aos meus filhos Alexssander e Andressa, que me incentivaram e foram sempre compreensivos com a minha ausência.
Ao meu orientador, Professor José Batista de Sales, um grande mestre e amigo, que me proporcionou inúmeras oportunidades de aprendizado.
À amiga Laura Akemi Massunari, cuja leitura e revisão contribuíram para iluminar essa dissertação.
Aos meus professores da graduação e do mestrado, Kelcilene Grácia-Rodrigues, Everton Correa, Antônio Rodrigues Belon, Ricardo Magalhães Bulhões, Clara Ornellas, Rosana Cristina Zanelatto e Wagner Corsino Enedino, por ampliarem e refinarem meu amor pela literatura.
Ao professor Rauer Ribeiro Rodrigues, cuja pontual leitura para minha qualificação enriqueceu meu texto e contribuiu para minha formação.
Ao escritor Rodrigo Lacerda, por sua disponibilidade e colaboração ao abrir as portas de sua casa, em São Paulo, e me conceder uma agradável entrevista.
À Capes, pelo financiamento da pesquisa, que possibilitou desenvolver este trabalho com toda minha dedicação.
Agradeço, também, ao marido e amigo Luiz Fernando Marques dos Santos, que soube me elogiar e me criticar nos momentos oportunos, incentivando-me a ingressar no mestrado e a concluir mais um degrau importante em minha formação.
DONADONI, Marcilene Moreira. Uma leitura de O Fazedor de Velhos, de Rodrigo Lacerda. Três Lagoas: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 146 p., 2016. (Dissertação de Mestrado).
O objetivo principal desta dissertação é analisar a estrutura do romance juvenil O Fazedor de Velhos (2008), de Rodrigo Lacerda. (1969 - ). Na pesquisa, foram analisados os elementos estruturais da narrativa, como as configurações de personagem, tempo, espaço e narrador. Acreditamos que as personagens lacerdianas, foco deste trabalho, configuram-se por meio da manifestação da intertextualidade na diegese. Deste modo, o livro, a literatura e o romance de formação auxiliam a compreender esse processo de configuração. Como objetivo secundário, elaboramos a fortuna crítica do autor, a partir de comentários de sua produção e da catalogação de críticas e notícias de jornais das principais mídias brasileiras.
Palavras-chave: Literatura juvenil brasileira. Fortuna crítica. Estrutura narrativa. Rodrigo Lacerda.
ABSTRACT
DONADONI, Marcilene Moreira. A reading of O Fazedor de Velhos, of Rodrigo Lacerda. Três Lagoas: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 146 p., 2016. (Masters Dissertation).
The main purpose of this dissertation is analyze the structure of the young adult romance O Fazedor de Velhos (2008), de Rodrigo Lacerda (1969 - ). The structural elements of the narrative as configuration of the character, time, space and narrator will be analyzed for the development of the study. We believe that the characters of Lacerda, focus of this work, are configured through the manifestation of intertextuality in diegesis, thus book, literature and novel of education help to understand this configuration process. We elaborate the author's critical fortune from the comments of his production and cataloging of critical news of magazines and newspapers of the main Brazilian media, as secondary purpose.
Keywords: Brazilian young adult literature. Fortuna critical. Narrative structures. Rodrigo Lacerda.
No atual cenário da literatura brasileira contemporânea, produzir, ou melhor, escrever variados textos tornou-se uma tarefa comum. Denomina-se “escritor” aquele que publica e/ou divulga seus materiais nas mídias virtuais. Desse modo, o leitor anseia, arduamente, por conquistar o status de escritor, mesmo antes de se configurar como um leitor literário ou um leitor crítico. Coube aos mestres deste tempo, assim também como já coube aos de outrora, resgatar o texto empurrado para debaixo do tapete, guardado na gaveta ou trancafiado no baú empoeirado. Não pretendemos afirmar que estes textos estão mortos, pois eles continuam sendo lidos, no entanto, mais pelos acadêmicos e menos pela sociedade. Com intuito de alterar essa concepção de uma sociedade não leitora, entra em cena o escritor-professor. É aquele que, antes de compartilhar seus textos, os filtra – a partir de um amplo horizonte de leitura de textos literários, de vários períodos e nacionalidades; ou devido à formação acadêmica especializada, como o curso de Letras, por meio do estudo de correntes e estruturas críticas – e, antes de qualquer publicação, realiza sistemáticas revisões, seja por meio de seu próprio olhar ou o de outros críticos e editores. Podemos incluir o escritor Rodrigo Lacerda na categoria de escritor-professor, uma vez que, ao escrever, inclui em suas obras recortes de outros textos lidos e explorados por ele, transportando para a diegese autores e obras que enriquecem a busca pelo conhecimento. Em seu romance O Fazedor de Velhos (2008), mergulhamos em textos literários, clássicos ou não; a prosa e a poesia passeiam pela narrativa e nos conduzem a vários mundos que nos seduzem. Ao configurar a narrativa in ultimas res , Lacerda utiliza recursos como a expressão do tempo interior da personagem, que evoca não só os acontecimentos do passado, mas os sentimentos e as sensações que essas passagens trazem, buscando recuperar suas experiências por meio das lembranças de forma a presentificá-las. Num presente que reinventa o passado e projeta o futuro, surge um processo de amadurecimento intelectual e emocional, no qual a personagem-narrador, por meio da memória, evoca suas lembranças e relata sua jornada da infância à maturidade.
Neste capítulo, apresentamos a vida e a obra de Rodrigo Lacerda, intercaladas com entrevistas das principais mídias brasileiras, assim como comentários críticos acerca de sua produção e suas premiações literárias.
1.1 A mão que segura a pena: na veia pulsante de Rodrigo Lacerda
Rodrigo Lacerda nasceu em 23 de março de 1969, na zona sul do Rio de Janeiro, onde morou até a adolescência. O avô paterno, Carlos Lacerda, foi jornalista, governador do antigo Estado da Guanabara e criador da editora Nova Fronteira; pelo lado materno, é neto de Flexa Ribeiro, historiador da arte e educador que fundou um colégio, ainda hoje sob os cuidados da família. Filho de Sebastião Lacerda, fundador da editora Nova Aguilar, passou toda a infância rodeado por livros. A mãe, Vera Maria Flexa Ribeiro, lia poemas aos filhos (Rodrigo e a irmã, Maria Isabel Lacerda); poetas como Gonçalves Dias, Drummond, Fernando Pessoa marcaram sua infância. Por meio do pai, inicia seu contato com a prosa e com o mundo editorial. Segundo Lacerda, o meio familiar não o teria influenciado a seguir a carreira literária; porém, como não se inspirar diante de uma família com tamanha formação cultural e intelectual? Mesmo que implicitamente, existiriam reflexos das referências familiares em algum ponto da vida ou da obra, do homem e do escritor. Estaria sua literatura sujeita a tais influências? Ainda que a resposta seja “sim”, o berço não explicaria, por si só, o talento e a qualidade das suas obras; essas são questões que caberá à literatura responder quando nos depararmos com a leitura de O Fazedor de Velhos. Aos 16 anos, começou a trabalhar na editora do pai como assistente de pesquisa de um velho professor, Antônio Carlos do Amaral Azevedo, que lecionara a seus pais no ginásio – e cujo projeto era escrever o dicionário Nomes, termos e instituições históricas , lançado em 1990 pela editora Nova Fronteira. Quando criança, considerava o universo dos escritores um mundo à parte, inalcançável, formado por gigantes ou pessoas superdotadas que vagam por aí. No
momento em que passa a frequentar “a cozinha” da editora, para revisar o dicionário, estabelece contato com editores e escritores; para ele, essa proximidade “humaniza a figura do escritor” e o fez perder o medo – primeiro passo para arriscar-se e escrever seus primeiros poemas e o primeiro capítulo de um romance que não levou adiante. Por falta de melhor opção e para obter cultura geral, segundo ele próprio, ingressa no curso de História na Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ) em 1987. Em 1991, muda-se para São Paulo e transfere-se para a Universidade de São Paulo (USP). Ao concluir a graduação, inicia o mestrado, também na área de História. No entanto, ao se descobrir como escritor, abandona o curso e ingressa, na mesma instituição, no mestrado em Letras. Em 2005, defende o doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada com a tese João Antônio : uma biografia literária. Lacerda trabalhou como assistente editorial na Editora Nova Aguilar, em 1989; no ano seguinte, na Nova Fronteira, atuou como gerente editorial. Com a mudança para São Paulo, passou a coordenar uma linha de coedições entre a Nova Fronteira e a Edusp, onde foi editor assistente. Trabalhou, também, como assessor político no governo de Mario Covas no estado de São Paulo. Em 2000, trabalhou na Cosac & Naify, editora em que ajudou a definir políticas editoriais na área de literatura brasileira, coordenando a reedição das obras do escritor João Antônio. Na editora Mameluco Produções e Duetto, editou a coleção Deuses da Mitologia. Biólogo e chargista frustrado, atualmente escritor, professor, tradutor e editor, assim se define Rodrigo Lacerda em relação à carreira; para completar sua trajetória profissional, atua, ainda, como crítico literário – atividades que, nem sempre, se harmonizaram facilmente, conforme declara em entrevista a Wilame Prado, publicada no Diário de Maringá em 14 de agosto de 2013:
Já houve um tempo em que eu tinha uma relação de amor e ódio com outras atividades além da literária, sobretudo com minha atividade como editor…Vivo do que ganho como editor, e portanto essa é minha atividade cotidiana, mais regular que a literatura até. Trabalho na editora Zahar, onde encontrei o ambiente de trabalho ideal, cheio de amizade, transparência, respeito e admiração mutua. Custou, mas encontrei uma editora onde estou totalmente feliz…só na Zahar a química foi perfeita.
Para Rodrigo Lacerda, os fatores determinantes da decisão de se tornar um escritor não foram o fato de ter nascido num meio familiar e cultural literário ou de ter
O escritor participa das seguintes antologias: A paixão pelos livros (Casa da Palavra, 2004); Os cem menores contos brasileiros do século , organizada por Marcelino Freire (Ateliê Editorial, 2004); Ficções: Geração Linguagem (Editora Lazuli, 2004); Aquela canção: 12 contos para 12 músicas (Editora Publifolha, 2005); Rio literário: um guia apaixonado da cidade do Rio de Janeiro , organizada por Beatriz Rezende (Casa da Palavra, 2005); e 35 segredos para chegar a lugar nenhum: Literatura de baixo-ajuda , organizada por Ivana Arruda Leite (Editora Bertrand Brasil, 2006). Rodrigo Lacerda destaca-se por destoar do cenário da literatura brasileira de 1990 (cuja temática volta-se para questões da violência urbana), ao explorar temas como uma trama burlesca transcorrida na Inglaterra do século XXII, um tom de farsa para abordar o mercado editorial brasileiro e ao oferecer uma dolorosa reflexão sobre vidas que descarrilham, surpreendendo o leitor. Segundo Antonio Candido, um escritor:
[...] numa determinada sociedade, é não apenas o indivíduo capaz de exprimir a sua originalidade (que o delimita e especifica entre todos), mas alguém desempenhando um papel social, ocupando uma posição relativa ao seu grupo profissional e correspondendo a certas expectativas dos leitores ou auditores. A matéria e a forma da sua obra dependerão em parte da tensão entre as veleidades profundas e a consonância ao meio, caracterizando um diálogo mais ou menos vivo entre criador e público (CANDIDO, 2006, p. 83-4).
Candido descreve a relevância do papel social de um escritor, reconhecimento que concedemos a Lacerda por proporcionar ao seu público uma empatia e permitir que este se visse, de certa forma, representado numa literatura tão bem elaborada e diversificada – sem engessar-se em um estilo, surpreendendo com o conteúdo e a forma de suas obras, inovando a cada livro, pois para Lacerda “[...] tem escritores, que acho que é o meu caso, que a cada livro tem que se reinventar de novo como narrador[...]” (LACERDA, 2010)^2.
(^2) LACERDA, Rodrigo. Jogos de Ideias Entrevista a Claudinei Ferreira. 6. ed. Fórum de Letras. Ouro Preto - MG, nov. 2010. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=j-FpBEqlwrM. Acesso em: 14 ago. 2014.
1.2.1 O Mistério do Leão Rampante
Em 1995, Rodrigo Lacerda publica o seu primeiro romance, O Mistério do Leão Rampante (Ateliê Editorial, 156 páginas). De forma muito bem elaborada, repleta de leveza, de ironia sutil e sem discurso moralizante ou cansativo, critica a atual sociedade machista.
[...] Seja lá o que te impedia de amar, acabou, e acabou não graças a Burbage ou a mim, ou mesmo ao brasão e ao Rei. Acabou porque tu quiseste que acabasse, porque lutaste para reconquistar tua felicidade. A vida é um palco, minha cara, e não adianta o Autor Supremo determinar as falas, se os atores não subirem nele e as pronunciarem em alto e bom som, com convicção e verossimilhança. Cristaliza teus objetivos em tua mente e luta por eles. Aproveita as oportunidades. Vive e sê feliz! Adeus! (LACERDA, 2005, p. 87).
Valfredo Margarelon é o narrador em primeira pessoa, primo de Maria – uma jovem inglesa do século XVII que recorre, juntamente com a família, aos mais diversos tratamentos (com médicos da corte, padres exorcistas, curandeiras e todos os tipos de charlatães, bem-intencionados ou não) para livrar-se de um feitiço que a impede de se relacionar sexualmente com o marido. Ela encontra a solução ao conhecer o “poder curativo do teatro” e se relacionar sexualmente com Shakespeare, vestido de Rei Henrique V. Maria muda completamente: de mulher frágil e submissa, torna-se cheia de atitudes e opinião própria, tomando decisões e comandando a própria vida. “Com o tempo, Maria se consolidou como sucessora da mãe na liderança da família, ainda mais decidida e bela que sua digníssima progenitora” (LACERDA, 2005, p. 89). No mesmo ano da publicação, ganhou o troféu Caixa Econômica Federal de Autor Revelação; premiado com o Jabuti de 1996 e o Certas Palavras de Melhor Romance, seu reconhecimento não se limitou ao território nacional, pois foi traduzido para o inglês e para o italiano em 1999, com o título William & Mary. João Ubaldo, na apresentação do livro, relata que alguém havia pedido que ele fizesse uma recomendação ao trabalho de Lacerda, a qual ele considerou desnecessária, por não estar “[...] acrescentando nada a um talento pronto, feito acabado e burilado na comovente erudição de quem, para mim saído dos cueiros, é um escritor de verdade” (LACERDA, 1995, p.10).
ficcional, e a História é envergonhadamente ficcional. Esse era o tema do curso, e eu ia escrever uma tese sobre Shakespeare, por causa da minha paixão na época. E o exercício do fim do curso foi transformar a nossa tese em um conto. Eu não consegui escrever um conto e escrevi uma pequena novela, O Mistério do Leão Rampante, que é sobre como Shakespeare é um autor que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos e ver o quanto temos de mau e de bom misturados. [...] E tudo isso se junta n’ O Mistério do Leão Rampante : a questão da linguagem, a questão das fronteiras entre literatura e história e o meu amor por essa nova ética que aprendi com Shakespeare^3.
A paixão de Lacerda pela literatura rompe as páginas de seu primeiro romance e transparece em suas declarações, provocando curiosidade a respeito de sua obra, para a qual as críticas contribuem.
1.2.2 A Dinâmica das Larvas
O segundo romance de Lacerda, A Dinâmica das Larvas , definido como gênero comédia trágico-farsesca, foi publicado em 1996 (Editora Nova Fronteira, 180 páginas). Voltado ao universo editorial, o escritor mergulha em questões polêmicas ao expor a manipulação do mercado literário brasileiro e questionar os valores da alta e da baixa literatura; no posfácio, declara: “Quero deixar bem claro, antes de terminar, que não tive a intenção de fazer deste livro uma denúncia das mazelas de determinado ramo de trabalho” (LACERDA, 1996, p. 175). Há, na narrativa, uma dinâmica das máscaras (que caem), o que, para ele, está próximo do gênero de uma novela. No posfácio, encarrega-se de esclarecer ao leitor que “menos do que numa farsa propriamente dita, minha busca pela forma fixa acabou desaguando numa comédia-farsesca, categoria consagrada no século XIX, que engloba alguns dos elementos constitutivos da farsa, porém, cuja comicidade é mais contida [...] une elementos realistas a farsescos/caricatos” (LACERDA, 1996, p. 170-71). A narrativa gira em torno de quatro personagens. Miriam é a principal organizadora do concurso de literatura promovido pela Casa do Livro, da qual é funcionária; seu marido, o professor doutor e editor universitário Carlos Vasconcelos, cansou da literatura clássica e quer ter sua própria editora para publicar o que acredita ser a literatura de massa e/ou mercadológica, visando ao lucro.
(^3) LACERDA, Rodrigo. Rodrigo Lacerda. Entrevista a Luís Henrique Pellanda. Revista Rascunho. Curitiba – PR. out. 2012. Disponível em: http://rascunho.com.br/rodrigo-lacerda/. Acesso em: 20 out.
“Que estranha patologia será essa, que me faz gostar tanto da baixa literatura? Que diabo me atrai naquilo que durante décadas eu considerei uma produção cultural de segunda classe?”, perguntava-se o professor. Este era mais um enigma, que em rodopios confundia sua cabeça atormentada. Em destaque do seu rol de idiossincrasias, o professor acalentava o secretíssimo projeto de abrir uma editora inteirinha só para ele. Apenas com a liberdade da empresa privada, livre de amarras processuais e conselheiros [...] (LACERDA, 1996, p. 18).
Há, ainda, o professor zoólogo Abdias Lobato, com sua tese “Estrutura e dinâmica de uma população de larvas de Myrmeleon uniformis ” e sua intenção de publicá-la; e o fracassado e falido editor de literatura, José Fonseca. Todos querem o prêmio para realizar seus sonhos e mudar de vida.
A sessão de autógrafos que seria realizada em 8 de setembro de 1996, na Livraria da Vila, foi divulgada em uma pequena nota de cincos linhas pelo jornal Folha de S. Paulo, três dias antes. Havia, ainda, um longo percurso para conquistar o espaço no centro das páginas dedicadas aos célebres da literatura. Uma das poucas críticas ao livro data de 7 de setembro de 1996, escrita por Rubens Figueiredo e publicada no segundo caderno do jornal O Estado de S. Paulo ; no texto, o jornalista aponta o talento de Rodrigo Lacerda, sua habilidade em tratar o humor sem perder a leveza e classifica suas obras como algo mais que mero entretenimento literário – porém, considera desnecessário o posfácio do livro.
Não há dúvida de que A Dinâmica das Larvas é um livro muito bem construído. Sua estrutura abrangendo toda a ação em uma única noite,