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Guias e Dicas
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Tudo sobre a Pera..., Resumos de Jardinagem e Horticultura

Tudo sobre a pera, morfologia, fisiologia...

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 24/04/2023

franciele-bernardino-de-campos
franciele-bernardino-de-campos 🇧🇷

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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS
GERAIS – CAMPUS BARBACENA
FRUTICULTURA TEMPERADA A CULTURA DA PERA
ALEX JÚNIOR CAMPOS FRANCIELE BERNARDINO DE CAMPOS
VANESSA NAIARA DO NASCIMENTO
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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS

GERAIS – CAMPUS BARBACENA

FRUTICULTURA TEMPERADA A CULTURA DA PERA

ALEX JÚNIOR CAMPOS FRANCIELE BERNARDINO DE CAMPOS

VANESSA NAIARA DO NASCIMENTO

DEZEMBRO

INTRODUÇÃO

O Brasil importa cerca de 95 % da pêra de alta qualidade que consome. Assim, o plantio da pereira, no Brasil, é de fundamental importância, sendo uma alternativa de renda para os produtores. A pereira pertence à família Rosaceae, gênero Pyrus, e compreende mais de 20 espécies. A Pyrus communis, ou pêra européia, é considerada uma das frutas mais deliciosas, combinando uma textura cremosa e sucosa com uma insuperável delicadeza de sabor e aroma. A Pyrus pyrifolia, conhecida como oriental, asiática ou japonesa, apresenta textura crocante e sucosa com sabor peculiar, mas sem muito aroma. A híbrida produz frutas mais firmes, com característica entre manteigosa e crocante, e tem a vantagem de 10 se adaptar melhor ao clima de inverno ameno do Brasil, além de ser mais rústica. CLIMA Climas secos, frios no inverno, mas com boa soma de horas de calor no verão, são especialmente recomendados para as cultivares européias. Para boa quebra de dormência na primavera, as cultivares européias necessitam de mais de 900 horas de frio hibernal. As asiáticas e as híbridas necessitam de 200 a 800 horas, adaptando-se à variada gama de temperaturas e condições climáticas, e são menos tolerantes a baixas temperaturas primaveras. Geadas tardias podem comprometer as gemas, as flores e as frutas recém-formadas. Temperaturas abaixo de -3,5 ºC podem danificar as gemas, ao passo que as inferiores a -1,7 ºC danificam os estigmas. A penetração de luz no interior da planta é importante para melhorar a qualidade da fruta e a formação de gemas florais. Isso é obtido pela poda, durante o inverno. Recomenda-se o uso de quebra-ventos, utilizando espécies adaptadas a cada uma das regiões onde está implantada a cultura. Os quebra-ventos devem ser dispostos no lado dos ventos dominantes durante a fase de crescimento vegetativo. CULTIVARES Três são os tipos de pereira cultivadas comercialmente no Brasil: a Pyrus communis, conhecida como européia ou manteigosa; a Pyrus pyrifolia, conhecida como oriental, japonesa ou asiática; e a híbrida. Cultivares européias Packham´s Triumph – De origem australiana, é uma planta vigorosa e semi- 14 expansiva, muito produtiva, floresce entre a última semana de setembro e meados de outubro. Fruta de tamanho médio a grande, de formato piriforme e contorno irregular, de epiderme delgada de cor amarelo-esverdeada e com russeting (rugosidade) de intensidade média. Polpa creme, muito firme, fina, suculenta, doce, de aroma moderado e muito boa qualidade. Amadurece na segunda quinzena de fevereiro e suporta de 3 a 5 meses de armazenagem. É suscetível à entomosporiose (Entomosporium mespeli) e à sarna (Venturia sp.). William´s (=Bartlett) – Originada na Inglaterra, é a mais cultivada nos Estados Unidos, tanto para consumo in natura quanto para industrialização. A planta é de tamanho e vigor médios, de crescimento ereto e moderadamente resistente à entomosporiose. Floresce em meados de outubro. Produz frutas de tamanho médio a grande, piriformes,

de qualidade regular. Le Conte – Obtida nos Estados Unidos, a planta é de grande desenvolvimento, alta produtividade e é resistente a pragas e doenças. As frutas são de tamanho médio, com pedúnculo comprido. A película é grossa, resistente e bem unida ao mesocarpo. A polpa é branca, firme, de sabor agradável. Amadurece no fim de janeiro. Primorosa – Desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas, é uma planta vigorosa e produtiva. As frutas são de tamanho médio, de formato ovóide-piriforme. pedúnculo longo e película lisa de cor verdeclara. A polpa é branca, doce, tenra, suculenta, de sabor suave e de boa qualidade. A maturação ocorre do final de dezembro até janeiro. Carrick – Obtida nos Estados Unidos, é uma planta vigorosa e produtiva. A floração ocorre na segunda quinzena de setembro. A fruta é de tamanho médio a grande, de formato oblongo-periforme e de epiderme bronzeada com manchas avermelhadas. A polpa é branco-amarelada, firme, de moderada suculência, doce e de pouca acidez, de aroma leve e qualidade regular. É suscetível à entomosporiose. Kieffer – Originada nos Estados Unidos, a planta é de tamanho médio, vigorosa, muito produtiva. Frutas de tamanho médio a grande, de forma oval, epiderme grossa, dura, lisa, de coloração amarela com um pouco de russeting. A polpa é branco- amarelada, granulosa, crocante, firme e de baixa qualidade. É resistente à entomosporiose e suscetível à sarna. Triunfo – Desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas, é uma planta é vigorosa, produtiva e de rápido crescimento. A fruta é grande, de forma oblonga, película espessa, de cor verde, com pontuações. A polpa é firme, granulada, de sabor doce acidulado e de qualidade regular. Cascatense – Cultivar lançada pela Embrapa Clima Temperado, é uma planta de vigor médio, produtiva, semi-aberta e suscetível à entomosporiose. Floresce na segunda quinzena de agosto. A fruta é piriforme, de tamanho médio, epiderme fina, coloração amarelo-esverdeada. A polpa é branca, de textura parcialmente manteigosa, suculenta, de aroma leve e de bom sabor. Amadurece em meados de janeiro. POLINIZAÇÃO As cultivares de pereira são de polinização cruzada, isto é, necessitam de outra cultivar para a frutificação efetiva. Algumas cultivares podem produzir partenocarpicamente, o que significa que produzem frutas sem sementes quando autopolinizadas. Entretanto, mesmo para estas últimas, são maiores a produtividade e o tamanho das frutas quando polinizadoras são fornecidas. As polinizadoras são cultivares que florescem no mesmo período e produzem polens viáveis em quantidade e compatíveis com a cultivar a ser polinizada. SOLO, CALABEM E ADUBAÇÃO A pereira adapta-se a diferentes tipos de solo, o que depende do porta-enxerto utilizado, preferindo solos profundos, de textura franca a franco-argilosa, férteis e com bons teores de matéria orgânica. O solo deve ser bem drenado, pois a pereira não tolera encharcamento. Recomenda-se instalar o pomar em terrenos não muito inclinados, e com exposição norte. Qualquer declividade deve ser controlada com curvas de desnível para evitar erosão. A calagem tem por objetivo aumentar o pH do solo, reduzir a acidez e a disponibilidade de elementos tóxicos presentes nele, capazes de afetar o desenvolvimento das plantas.

Como os solos dos estados do Sul do Brasil em geral são ácidos e de baixa fertilidade natural, é preciso fazer sua análise antes da implantação do pomar, coletando amostras nas profundidades de 0 a 20 cm e de 20 cm a 40 cm. Para corrigir o pH para 6,0 e as deficiências de magnésio (Mg), fósforo (P2 O5 ) e Potássio (K2 O), recomenda-se aplicar calcário dolomítico pelo menos três meses antes do plantio. 31 A adubação de pré-plantio tem por objetivo elevar a disponibilidade de nutrientes no solo para níveis compatíveis com a necessidade da cultura. Nessa fase, a análise do solo é o único método de diagnose para estimar as necessidades de fósforo e potássio. A adubação de manutenção é importante e tem por objetivo repor as perdas de nutrientes ocasionadas pela colheita. A reposição deve ser baseada nas análises do solo e foliar. Deve-se dar preferência a formulações simples e solúveis como uréia, superfosfato triplo ou simples e cloreto de potássio, pois assim é possível aplicar nutrientes nas quantidades necessárias. A aplicação total da adubação anual com fósforo e potássio pode ser feita no período de dormência das plantas. O uso de matéria orgânica, como esterco curtido de aves, de suínos e de bovinos, pode 32 ser uma alternativa técnica e econômica. Recomenda-se a aplicação da matéria orgânica 30 dias antes da brotação. PLANTIO Os locais escolhidos para plantio devem ser preferencialmente os mais altos, localizados na parte superior das encostas ou livres de geadas tardias. As mudas devem ser plantadas em covas, tomando cuidado para que o ponto de enxertia fique a cerca de 10 cm acima do solo para evitar o franqueamento. A disposição das raízes deve ser feita de modo a evitar que fiquem dobradas na cova e que se formem bolsas de ar. Como alternativa, usa-se produtos como óleo mineral e cianamida hidrogenada para quebrar a dormência. PODA E CONDUÇÃO Existem dois tipos de poda: de formação e de frutificação. A poda de formação é realizada nos primeiros dois anos após o plantio e visa a preparar a planta para a obtenção da maior produção possível, com qualidade. Nesse caso, preconiza-se, no Brasil, a forma de líder central com seleção de 4 a 6 ramos laterais. As brotações nos primeiros 50 cm a partir do nível do solo devem ser eliminadas. Após o plantio, quando as mudas iniciam a brotação, elas devem ser despontadas. O atraso no desponte favorece o desenvolvimento dos ramos laterais ao longo do tronco. O desponte no 2º ano deve ser feito após o início da brotação, para estimular a brotação. Os ramos laterais também podem ser despontados. A poda e a condução no terceiro e quarto anos são iguais às do segundo. Os ramos em excesso devem ser eliminados, assim como os mal colocados, ou que estiverem provocando sombreamento ou dificultando a penetração dos tratamentos fitossanitários. O sistema de condução das cultivares asiáticas pode ser feito em latada (caramanchão – estrutura leve construída geralmente de madeira, que se pode cobrir de vegetação). Seu inconveniente é o alto custo de implantação. A poda de frutificação visa a manter a planta em equilíbrio entre os crescimentos vegetativo e produtivo a fim de evitar seu envelhecimento precoce. Nesse tipo de poda, procura-se fazer a renovação dos órgãos de frutificação e retirar os ramos em posição vertical que causam sombreamento. Deve-se evitar a retirada excessiva de ramos.

ocorre em pontos isolados do pomar, a pulverização não deve ser feita em toda a área. Recomenda-se também o emprego do controle biológico com parasitóides e predadores que apresentem boa eficiência. Grafolita – Os adultos da grafolita são mariposas pequenas de cor cinza-escura e com distintas manchas escuras nas asas. O dano nos ramos só é significativo em plantas jovens (1 a 2 anos). Com o início da produção, os danos são menos importantes e raramente comprometem a formação da copa da planta. No fruto, as lagartas penetram principalmente próximo à cavidade peduncular. A galeria resultante contém excrementos do tipo “serragem”, ligados a uma espécie de teia. Para seu controle, recomenda-se a utilização de armadilhas para o levantamento do nível populacional da praga. Sucos fermentados de frutas – para capturar os adultos – e armadilhas com feromônio sexual – 1 ou 2 por hectare – são excelentes para o controle da grafolita. Mosca-das-frutas – A mosca-das-frutas é de cor amarelada, sendo o corpo amarelo mais escuro e as asas, transparentes, com manchas escuras de desenho característico. As larvas nascem no interior do fruto e alimentam-se da polpa, completando seu desenvolvimento. A larva, ao se alimentar da polpa do fruto, forma galerias, que se transformam em uma área úmida, em decomposição, de cor marrom. Diversas larvas são encontradas dentro de um fruto atacado, e constata-se a perda de consistência da polpa quando ele é atacado. Percebem-se os orifícios na casca do fruto quando as larvas saem dele; ao pressioná-lo, há extravasamento de suco. O uso de iscas tóxicas para o controle dessa praga apresenta a vantagem de não exigir a aplicação de produtos químicos diretamente sobre as frutas, o que evita sua contaminação e garante a obtenção de um produto natural. Além disso, recomenda-se retirar os frutos temporões, eliminar do pomar os frutos caídos ou refugados e enterrá-los entre 20 cm e 30 cm de profundidade. Ácaro – É uma praga que se torna problema por causa do desequilíbrio decorrente das práticas agrícolas. Sua ocorrência em pereiras, no Sul do Brasil, é esporádica e em apenas certas localidades. De cor vermelhoescura, com pernas mais claras e longas, tem cerdas abundantes no dorso do corpo. Os ácaros vivem em colônias, especialmente na face inferior da folha, predominantemente junto à nervura central. Removem os tecidos superficiais da folha, provocando o amarelecimento ao longo da nervura central e lateralmente a ela ou o bronzeamneto em infestações severas, o que reduz a quantidade e a qualidade dos frutos. DOENÇAS As doenças de importância econômica para a pereira são a sarna e a entomosporiose. As pereiras de origem européia são mais suscetíveis ao ataque da sarna. A entomosporiose em cultivares muito suscetíveis provoca desfolhamento precoce e, ao longo dos anos, enfraquece a planta e reduz, portanto, a produção. Folhas, ramos e frutos são atacados. Nas folhas, a doença começa na forma de pequenos pontos avermelhados. Esses pontos crescem e se tornam marrons. Em frutos muito atacados, as lesões crescem muito _ a ponto de se encontrar _, o que forma grandes áreas de tecido morto. Como resultado, esse processo acaba por rachar e desidratar os frutos. Nos ramos, as lesões são de cor púrpura, com margens irregulares.

O ataque de sarna nas folhas provoca lesões circulares, mais visíveis na face inferior, de coloração verde-oliva, aveludadas. A coloração das lesões nos frutos é semelhante à das folhas, e os frutos pequenos muito atacados acabam rachando. O controle dessas duas doenças deve ser iniciado durante a fase de repouso, no final do inverno, com fungicidas à base de cobre. Após a brotação, durante a fase de crescimento vegetativo, recomenda-se o uso intercalado de fungicidas para evitar que a doença desenvolva algum tipo de resistência a eles. COLHEITA As pêras apresentam a característica de completarem a maturação durante a fase de frigorificação, nas câmaras frias. O amadurecimento das pêras asiáticas é diferente do das européias, pois aquelas podem amadurecer, sem problemas, na planta. Nas pêras européias, o momento ótimo de colheita não é fácil de determinar. Na casca da pêra, podemos distinguir a cor de cobertura (amarela, vermelha ou marrom, segundo a cultivar) e a cor de fundo (verde). Com o avanço da maturação, a cor de fundo muda para verde-amarelada, logo depois para amarelo-esverdeada e finalmente para amarela. A cor de fundo pode ser determinada visualmente, com tabelas específicas ou por instrumento (colorímetro). A determinação do ponto de colheita baseia-se em métodos físicos, químicos e 53 fisiológicos ou em combinações desses três. O amadurecimento torna a polpa mais branda e macia, mas o grau de firmeza dela depende da cultivar, da região de produção e de fatores de manejo do pomar. O grau de firmeza pode ser determinado com um instrumento chamado penetrômetro. Os sólidos solúveis são constituídos por açúcares, ácidos orgânicos, vitaminas, etc., e são determinados por um instrumento chamado refratômetro. É recomendável que a colheita seja feita em várias passadas no pomar, a cada cinco dias. Isso permite a obtenção de frutos com maturação e peso adequados. O uso de sacolas apropriadas para a colheita evita danos às frutas, preservando, portanto, sua qualidade. Para evitar contaminações, a limpeza tanto das sacolas de colheita quanto das caixas para transporte deve ser feita regularmente. Recomenda-se o uso de detergentes especiais e hipoclorito de sódio na concentração de 100 ppm a 150 ppm. COMERCIALIZAÇÃO A comercialização de pêra no Brasil é muito dependente da importação, podendo atingir até 90 % da fruta fresca co et al nsumida, pois a produção nacional é bastante reduzida, atingindo apenas 18 mil toneladas. O plantio de cultivares de baixa qualidade tem favoreCIDO a importação de pêras finas, principalmente da Argentina e do Chile. Da Argentina, são importadas mais de 85 % da pêra européia consumida no Brasil. Em 2001, o total de importação foi de 117.648 t e, em 2002, de 92.472 t, com perdas de divisas de 9,5 milhões de dólares e 34,7 milhões de dólares, respectivamente. As importações concentram-se, essencial. Colheita de frutas em bins. Foto: Luis Luchsinger 57 mente, nas pêras do tipo européia. As do tipo asiática são importadas, do Chile, em pequenas quantidades. Admite-se, atualmente, que o potencial de consumo no Brasil pode chegar a 300 mil toneladas/ano.