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Trecho do texto “Joãozinho da Maré”, de Rodolpho Cianiato, Notas de aula de Avaliação de Desempenho

Trecho do texto “Joãozinho da Maré”, de Rodolpho Cianiato

Tipologia: Notas de aula

2023

Compartilhado em 23/06/2023

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aline-oliveira-uip 🇧🇷

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Trecho do texto “Joãozinho da Maré”, de Rodolpho Cianiato
Leia o texto a seguir:
O Joãozinho de nossa história é um moleque muito pobre que mora numa favela
sobre palafitas espetadas em um vasto mangue. (...)
Talvez, por frequentar pouco a escola, por gostar de observar os aviões e o
mundo que o rodeia, Joãozinho seja um sobrevivente de nosso sistema educacional.
Joãozinho não perdeu aquela curiosidade de todas as crianças; aquela vontade de
saber os "como" e os "porquês", especialmente em relação às coisas da natureza; a
curiosidade e o gosto de saber que se vão extinguindo em geral, com a frequência à
escola. Não curiosidade que aguente aquela "decoreba" sobre o corpo humano,
por exemplo. (...)
Nesse dia, sua professora se dispunha a dar uma aula de Ciências, coisa que
Joãozinho gostava. A professora havia dito que nesse dia iria falar sobre coisas como
o Sol, a Terra e seus movimentos, verão, inverno, etc.
A professora começa por explicar que o verão é o tempo do calor, o inverno é
tempo do frio, a primavera é o tempo das flores e o outono é o tempo em que as folhas
ficam amarelas e caem.
Em sua favela, no Rio de Janeiro, Joãozinho conhece calor e tempo de mais
calor ainda, um verdadeiro sufoco, às vezes.
As flores da primavera e as folhas amarelas que caem ficam por conta de
acreditar. Num clima tropical e quente como do Rio de Janeiro, Joãozinho não
viu nenhum tempo de flores. As flores por aqui existem ou não, quase
independentemente da época do ano, em enterros e casamentos, que passam pela
Avenida Brasil, próxima à sua favela.
Joãozinho, observador e curioso, resolve perguntar por que acontecem ou
devem acontecer tais coisas. A professora se dispõe a dar a explicação.
- Eu já disse a vocês numa aula anterior que a Terra é uma grande bola e que
essa bola está rodando sobre si mesma. É sua rotação que provoca os dias e as
noites. Acontece que, enquanto a Terra está girando, ela também está fazendo uma
grande volta ao redor do Sol. Essa volta se faz em um ano, o caminho é uma órbita
alongada chamada elipse. Além dessa curva ser assim alongada e achatada, o Sol
não está no centro. Isso quer dizer que, em seu movimento, a Terra às vezes passa
perto, às vezes passa longe do Sol. Quando passa perto do Sol é mais quente: é
VERÃO. Quando passa mais longe do Sol recebe menos calor: é INVERNO.
Os olhos de Joãozinho brilhavam de curiosidade diante de um assunto novo
e tão interessante.
- Professora, a senhora não disse antes que a Terra é uma bola e que está
girando enquanto faz a volta ao redor do Sol?
- Sim, eu disse. - Respondeu a professora com segurança.
- Mas, se a Terra é uma bola e está girando todo dia perto do Sol, não deve ser
verão em toda a Terra?
- É, Joãozinho, é isso mesmo.
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Trecho do texto “Joãozinho da Maré”, de Rodolpho Cianiato Leia o texto a seguir: O Joãozinho de nossa história é um moleque muito pobre que mora numa favela sobre palafitas espetadas em um vasto mangue. (...) Talvez, por frequentar pouco a escola, por gostar de observar os aviões e o mundo que o rodeia, Joãozinho seja um sobrevivente de nosso sistema educacional. Joãozinho não perdeu aquela curiosidade de todas as crianças; aquela vontade de saber os "como" e os "porquês", especialmente em relação às coisas da natureza; a curiosidade e o gosto de saber que se vão extinguindo em geral, com a frequência à escola. Não há curiosidade que aguente aquela "decoreba" sobre o corpo humano, por exemplo. (...) Nesse dia, sua professora se dispunha a dar uma aula de Ciências, coisa que Joãozinho gostava. A professora havia dito que nesse dia iria falar sobre coisas como o Sol, a Terra e seus movimentos, verão, inverno, etc. A professora começa por explicar que o verão é o tempo do calor, o inverno é tempo do frio, a primavera é o tempo das flores e o outono é o tempo em que as folhas ficam amarelas e caem. Em sua favela, no Rio de Janeiro, Joãozinho conhece calor e tempo de mais calor ainda, um verdadeiro sufoco, às vezes. As flores da primavera e as folhas amarelas que caem ficam por conta de acreditar. Num clima tropical e quente como do Rio de Janeiro, Joãozinho não viu nenhum tempo de flores. As flores por aqui existem ou não, quase independentemente da época do ano, em enterros e casamentos, que passam pela Avenida Brasil, próxima à sua favela. Joãozinho, observador e curioso, resolve perguntar por que acontecem ou devem acontecer tais coisas. A professora se dispõe a dar a explicação.

  • Eu já disse a vocês numa aula anterior que a Terra é uma grande bola e que essa bola está rodando sobre si mesma. É sua rotação que provoca os dias e as noites. Acontece que, enquanto a Terra está girando, ela também está fazendo uma grande volta ao redor do Sol. Essa volta se faz em um ano, o caminho é uma órbita alongada chamada elipse. Além dessa curva ser assim alongada e achatada, o Sol não está no centro. Isso quer dizer que, em seu movimento, a Terra às vezes passa perto, às vezes passa longe do Sol. Quando passa perto do Sol é mais quente: é VERÃO. Quando passa mais longe do Sol recebe menos calor: é INVERNO. Os olhos de Joãozinho brilhavam de curiosidade diante de um assunto novo e tão interessante.
  • Professora, a senhora não disse antes que a Terra é uma bola e que está girando enquanto faz a volta ao redor do Sol?
  • Sim, eu disse. - Respondeu a professora com segurança.
  • Mas, se a Terra é uma bola e está girando todo dia perto do Sol, não deve ser verão em toda a Terra?
  • É, Joãozinho, é isso mesmo.
  • Então é mesmo verão em todo lugar e inverno em todo lugar, ao mesmo tempo, professora?
  • Acho que é, Joãozinho, vamos mudar de assunto. A essa altura, a professora já não se sentia tão segura do que havia dito. A insistência, natural para o Joãozinho, já começava a provocar uma certa insegurança na professora.
  • Mas, professora, - insiste o garoto - enquanto a gente está ensaiando a escola de samba, na época do Natal, a gente sente o maior calor, não é mesmo?
  • É mesmo, Joãozinho.
  • Então nesse tempo é verão aqui?
  • É, Joãozinho.
  • E o Papai Noel no meio da neve com roupas de frio e botas? A gente vê nas vitrinas até as árvores de Natal com algodão. Não é para imitar a neve? (A 40 graus Celsius no Rio).
  • É, Joãozinho, na terra do Papai Noel faz frio.
  • Então, na terra do Papai Noel, no Natal, faz frio?
  • Faz, Joãozinho.
  • Mas então tem frio e calor ao mesmo tempo? Quer dizer que existe verão e inverno ao mesmo tempo?
  • É, Joãozinho, mas vamos mudar de assunto. Você já está atrapalhando a aula e eu tenho um programa a cumprir. Mas Joãozinho ainda não havia sido domado pela escola. Ele ainda não havia perdido o hábito e a iniciativa de fazer perguntas e querer entender as coisas. Por isso, apesar do jeito visivelmente contrariado da professora, ele insiste.
  • Professora, como é que pode ser verão e inverno ao mesmo tempo, em lugares diferentes, se a Terra, que é uma bola, deve estar perto ou longe do Sol? Uma das duas coisas não está errada?
  • Como você se atreve, Joãozinho, a dizer que a sua professora está errada? Quem andou pondo essas suas ideias em sua cabeça?
  • Ninguém, não, professora. Eu só tava pensando. Se tem verão e inverno ao mesmo tempo, então isso não pode acontecer porque a Terra tá perto ou tá longe do Sol. Não é mesmo, professora? A professora, já irritada com a insistência atrevida do menino assume uma postura de autoridade científica e pontifica:
  • Está nos livros que a Terra descreve uma curva que se chama elipse ao redor do Sol, que este ocupa um dos focos e, portanto, ela se aproxima e se afasta do Sol. Logo, deve ser por isso que existe verão e inverno. Sem dar conta da irritação da professora, nosso Joãozinho lembra-se de sua experiência diária e acrescenta:
  • Professora, a melhor coisa que a gente tem aqui na favela é poder ver avião o dia inteiro.
  • E daí, Joãozinho o que tem a ver isso com o verão e o inverno?
  • Sabe, professora, eu acho que tem. A gente sabe que um avião tá chegando perto quando ele vai ficando maior. Quando ele vai ficando pequeno é porque ele tá