Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

tratamento farmcaologico (pg 179-244), Notas de aula de Medicina

A dor deve ser tratada segundo escala ascendente de potência analgésica. Os analgésicos antiinflamatórios e os psicotrópicos associados ou não aos opióides de ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Luiz_Felipe
Luiz_Felipe 🇧🇷

4.4

(175)

222 documentos

1 / 66

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Rev. Med. (São Paulo), 80(ed. esp. pt.1):179-244, 2001.
Edição Especial
179
Tratamento farmacológico da
dor musculoesquelética
Pharmacological treatment of
muscleskeletal pain
Manoel Jacobsen Teixeira*, Luiz Biela**,
William Gemio Jacobsen Teixeira***,
Daniel Ciampi Araujo de Andrade***
* Médico Neurocirurgião, Professor Doutor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Responsável pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor da Liga de Dor
do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Centro Acadêmico XXXI de Outubro da
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
** Professor Doutor livre-docente, membro do Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo.
*** Aluno de Graduação do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Liga de Dor do Centro
Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Centro Acadêmico XXXI de Outubro da Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo.
Endereço para correspondência: Rua Oscar Freire, 1380 – apto. 74 – Pinheiros. São Paulo, SP.
Teixeira, M.J., Biela, L., Teixeira, W.G.J., Andrade, D.C.A. Tratamento farmacológico da dor musculoesquelética. Rev. Med.
(São Paulo), 80(ed. esp. pt.1):179-244, 2001.
RESUMO: Várias classes de fármacos são utilizadas com finalidade analgésica. A dor deve ser tratada segundo escala ascendente
de potência analgésica. Os analgésicos antiinflamatórios e os psicotrópicos associados ou não aos opióides de baixa e/ou elevada
potência e/ou aos miorrelaxantes são as classes medicamentosas mais utilizadas no tratamento da dor musculoesquelética. Os
corticosteróides, os anticonvulsivantes, os bloqueadores da atividade osteoclástica e os tranqüilizantes menores são indicados em
casos especiais. A prescrição deve ser adequada às necessidades e respeitar a farmacodinâmica e a farmacocinética de cada agente
e as contra-indicações peculiares a cada caso. As medicações devem ser preferencialmente de baixo custo e de fácil aquisição. A
administração deve ser regular e não apenas quando necessário. A via enteral, preferentemente à oral, deve ser priorizada. Alguns
efeitos colaterais são dependentes da dose dos agentes, outros de sua natureza; alguns desses efeitos podem ser minimizados com
medidas medicamentosas ou físicas específicas. O tratamento antiálgico deve ser instituído imediatamente após as primeiras
manifestações da condição dolorosa, pois não compromete o resultado da semiologia clínica ou armada e previne a cronificação da
dor. A descoberta de analgésicos antiinflamatórios que inibem seletiva ou especificamante a COX-2, de antidepressivos que atuam
seletivamente na recaptura de serotonina e noradrenalina de neurolépticos mais específicos, de miorrelaxantes de ação prolongada
e o desenvolvimento de apresentações de derivados opióides de ação ou liberação prolongada são avanços que tornaram a analgesia
mais eficaz e segura em doentes com afecções álgicas musculoesqueléticas.
DESCRITORES: Dor/terapia. Analgesia. Analgésicos/uso terapêutico.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42

Pré-visualização parcial do texto

Baixe tratamento farmcaologico (pg 179-244) e outras Notas de aula em PDF para Medicina, somente na Docsity!

Rev. Med. (São Paulo), 80(ed. esp. pt.1):179-244, 2001.

Edição Especial

Tratamento farmacológico da

dor musculoesquelética

Pharmacological treatment of

muscleskeletal pain

Manoel Jacobsen Teixeira

, Luiz Biela

,

William Gemio Jacobsen Teixeira

,

Daniel Ciampi Araujo de Andrade

  • (^) Médico Neurocirurgião, Professor Doutor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Responsável pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor da Liga de Dor

do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Centro Acadêmico XXXI de Outubro da

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. ** (^) Professor Doutor livre-docente, membro do Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo. *** (^) Aluno de Graduação do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Liga de Dor do Centro

Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Centro Acadêmico XXXI de Outubro da Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo.

Endereço para correspondência : Rua Oscar Freire, 1380 – apto. 74 – Pinheiros. São Paulo, SP.

Teixeira, M.J., Biela, L., Teixeira, W.G.J., Andrade, D.C.A. Tratamento farmacológico da dor musculoesquelética. Rev. Med.

(São Paulo), 80(ed. esp. pt.1):179-244, 2001.

RESUMO : Várias classes de fármacos são utilizadas com finalidade analgésica. A dor deve ser tratada segundo escala ascendente

de potência analgésica. Os analgésicos antiinflamatórios e os psicotrópicos associados ou não aos opióides de baixa e/ou elevada

potência e/ou aos miorrelaxantes são as classes medicamentosas mais utilizadas no tratamento da dor musculoesquelética. Os

corticosteróides, os anticonvulsivantes, os bloqueadores da atividade osteoclástica e os tranqüilizantes menores são indicados em

casos especiais. A prescrição deve ser adequada às necessidades e respeitar a farmacodinâmica e a farmacocinética de cada agente

e as contra-indicações peculiares a cada caso. As medicações devem ser preferencialmente de baixo custo e de fácil aquisição. A

administração deve ser regular e não apenas quando necessário. A via enteral, preferentemente à oral, deve ser priorizada. Alguns

efeitos colaterais são dependentes da dose dos agentes, outros de sua natureza; alguns desses efeitos podem ser minimizados com

medidas medicamentosas ou físicas específicas. O tratamento antiálgico deve ser instituído imediatamente após as primeiras

manifestações da condição dolorosa, pois não compromete o resultado da semiologia clínica ou armada e previne a cronificação da

dor. A descoberta de analgésicos antiinflamatórios que inibem seletiva ou especificamante a COX-2, de antidepressivos que atuam

seletivamente na recaptura de serotonina e noradrenalina de neurolépticos mais específicos, de miorrelaxantes de ação prolongada

e o desenvolvimento de apresentações de derivados opióides de ação ou liberação prolongada são avanços que tornaram a analgesia

mais eficaz e segura em doentes com afecções álgicas musculoesqueléticas.

DESCRITORES : Dor/terapia. Analgesia. Analgésicos/uso terapêutico.

Edição Especial

INTRODUÇÃO

V

ários fármacos são utilizados no

tratamento da dor. As prescrições devem

ser adaptadas às necessidades de cada

caso e respeitar a farmacocinética de cada agente e as contra-

indicações peculiares de cada doente. Apesar de

controvérsias, a administração deve ser realizada regu-

larmente, e não sob demanda. Os medicamentos devem ser

preferencialmente de baixo custo, de fácil aquisição e

administração e prescritos segundo escala crescente de

potência. O conhecimento das vias mais convenientes de

administração e dos efeitos colaterais é fundamental para

que o tratamento seja satisfatório. Alguns efeitos colaterais

são dependentes da dose e outros, da natureza do fármaco.

Alguns desses efeitos podem ser minimizados com medidas

medicamentosas ou físicas específicas, outros não^163.

Para avaliar os resultados do tratamento, é reco-

mendada a execução de estudos controlados com placebo,

randomizados e duplos-cegos e a estimar o risco relativo

da redução ou aumento da expressão de determinado tipo

de fenômeno e do número de doentes necessários para

tratar (NNT), para proporcionar alívio, por exemplo, de 50%

da dor inicial (NNT = 1/ proporção de doentes com, pelo

menos, 50% de redução da dor original – proporção de

doentes com alívio de, pelo menos, 50% da dor original

com placebo). Quando os valores situam-se entre 2 e 5, o

efeito analgésico é considerado satisfatório. Os efeitos

adversos são calculados em função do número necessário

para causar adversidades segundo a mesma sistemática

para o cálculo do NNT.

FARMACOCINÉTICA

A absorção dos medicamentos é necessária para

sua atuação no organismo. A medicação deve cruzar, pelo

menos, uma membrana para alcançar seu local de ação. O

peso molecular, a ionização, a conformação da molécula, a

constante de ionização, a solubilidade lipídica relativa e

outras propriedades físicas ou químicas das membranas e

dos agentes interferem neste mecanismo. O pKA , ou seja, o

pH em que 50% do agente encontra-se na forma ionizada,

interfere na distribuição dos fármacos.

A biodisponibilidade absoluta refere-se à fração de

um determinado fármaco que, administrado por outras vias,

alcança a concentração comparável à da via intravenosa

(IV). A biodisponibilidade relativa compara a biodispo-

nibilidade absoluta de duas dosagens. A biodisponibilidade

fisiológica compara o efeito de determinada droga. O

volume de distribuição refere-se ao volume da droga

distribuída nos compartimentos do corpo, ou seja, no

compartimento vascular (5% do peso corpóreo), no

compartimento intercelular (15% do peso corpóreo) ou no

intracelular (30% do peso corpóreo). A biodisponibilidade

depende da apresentação (sólida ou líquida) e do modo da

administração, por via oral (VO) ou por via intramuscular

(IM), da velocidade de veiculação do medicamento para o

local de absorção (estômago repleto ou vazio) e da con-

centração das proteínas plasmáticas. Os medicamentos

aquosos são mais bem absorvidos; seguem-se as soluções

oleosas, as suspensões e a apresentação sólida. As cápsu-

las de gelatina dissolvem-se mais rapidamente e os

comprimidos com baixa velocidade de dissolução são

absorvidos mais lentamente. Como apresentação para

liberação entérica, dissolvem-se no intestino e não irritam

por contato direto com o estômago (analgésicos

antiinflamatórios não hormonais). O alentecimento da

absorção pode ser proporcionado pela associação de

polímeros hidrofílicos embebidos em matriz de cera ou em

álcool alifático de elevado peso molecular que permitem

hidratação da superfície de revestimento e a liberação do

medicamento através de capa de gelatina que cobre a

superfície do comprimido ou pela apresentação como

partículas com revestimento inerte, que são liberadas no

intestino, ou pela ligação a partículas de resina de troca

iônica. A absorção da apresentação injetável é mais rápida

quando o volume injetado é menor. A absorção pode ser

modificada pela massagem ou aplicação de calor na região

de absorção. A via IV é indicada para substâncias hidros-

solúveis e, a IM, para agentes hidro ou lipossolúveis. Em

tecidos edemaciados, a absorção por via IM pode ser

errática em virtude da má-perfusão. Além disso, a absorção

na região glútea é mais lenta nas mulheres que nos homens

e a absorção no músculo deltóide é mais rápida que na

musculatura glútea. Os volumes administrados devem ser

pequenos, pois a injeção causa dor e necrose no local da

injeção. A via retal (VR) evita a primeira passagem pelo

fígado, mas a biodisponibilidade varia amplamente. A via

sublingual (SL) evita a primeira passagem pelo fígado; a

absorção é melhor quando o pH da boca não é ionizável e

a lipossolubilidade, moderada. A via intranasal utiliza

superfície com elevada perfusão e extensa área de absorção

(180 cm

) e é apropriada para administração de medica-

mentos especialmente lipossolúveis. A via transdérmica

(TD) pode ser passiva (convencional) ou ativa (iontonfo-

rese). A administração tópica é apropriada para a ação

localizada da medicação.

Compostos hidrossolúveis distribuem-se tanto no

compartimento intra como no extracelular. Compostos

lipossolúveis distribuem-se nos três compartimentos. A

concentração da droga no local de ação é influenciada

pela distribuição nos compartimentos corpóreos. A dis-

tribuição ocorre em duas fases separadas: na primeira fase

ou fase precoce o medicamento distribui-se na circulação

sangüínea, ou seja, em regiões altamente vascularizadas,

como coração, fígado, rim e encéfalo. Na segunda fase, há

Edição Especial

no tronco encefálico. É provável que AAINEs não ácidos

inibam a dor quase exclusivamente na medula espinal e em

outras regiões do sistema nervoso central (SNC), onde

alcançam elevada concentração em virtude da facilidade

com que cruzam a barreira hematoneural. A inibição da

COX-2 está relacionada ao efeito analgésico dos AAINEs

(Figura 1).

A inibição da produção de PGs é o mecanismo mais

conhecido da ação dos AAINEs. Este depende da potência

e da concentração dos AAINEs. A maioria dos AAINEs

inibe tanto a COX-1, constutivamente presente na maioria

dos tecidos e relacionada à regulação da função renal,

plaquetária e à proteção das mucosas gástrica e intestinal,

como a COX-2, constitutivamente presente no SNC e no

aparelho urogenital, onde produz quantidades variadas

de eucosanóides (PGs) para manter a função e a COX-

induzida pelo processo inflamatório e expressada nos

macrófagos e outras células dos tecidos inflamados

(expressão suprimida por glucocorticóides). A inibição da

COX-1 é a maior razão da ocorrência das complicações

relacionadas aos AAINEs. A síntese da COX parece ser

regulada por cromossomos diferentes e apresenta

expressões diferentes; insere-se como homodímeros nas

membranas do retículo endoplasmático da maioria das

células. Em alguns órgãos, a atividade da COX-1 e da COX-

Figura 1 – Mecanismos de produção de leucotrienos e prostaglandinas e locais de ação dos corticosteróides e AAINEs

Edição Especial

parece ser regulada por hormônios (estrógenos,

prostágenos). O efeito antitérmico dos AAINEs parece ser

devido à inibição das PGs no hipotálamo.

Classificação

Os AAINEs diferem entre si quanto à farma-

cocinética, à potência antiinflamatória e aos efeitos

colaterais. Podem ser classificados como enzimáticos

(parenzyme) e não enzimáticos (aspirina), como

predominantemente analgésicos com pouca ou nenhuma

ação antiinflamatória (dipirona, paracetamol) ou como

moderados antiinflamatórios (ácido mefenâmico,

diclofenaco, celecoxib, rofecoxib, parecoxib), como

potentes analgésicos e antiinflamatórios (indometacina,

butazona)

ou como ácidos (salicilatos, derivados do

ácido antranílico, do ácido enólico, do ácido acético, do

ácido propiônico e do ácido indolacético) e como não

ácidos (paracetamol, fenazona, dipirona) ou como

inibidores seletivos de COX-2 (nimesulida, meloxicam)

ou específicos da COX-2 (celecoxib, rofecoxib, parecoxib,

valdecoxib) ou não seletivos (derivados do ácido

antranílico, de ácido enólico, de ácido acético, de ácido

propiônico e do ácido indolacético). Alguns apresentam

meias-vidas longas (butazona, oxicanas, coxibs), mas a

maioria, meias-vidas curtas (aspirina)

. Alguns

apresentam baixa potência e eliminação rápida, incluindo-se

os salicilatos (aspirina, ácido salicílico) e os derivados

do ácido arilpropiônico (ibuprofeno) ou do ácido

antranílico (ácido mefenâmico); outros apresentam

elevada potência e eliminação rápida, incluindo os

derivados do ácido arilpiônico (flurbiprofeno,

cetoprofeno) e os indolacéticos (indometacina), há os

que apresentam potência intermediária e velocidade de

eliminação intermediária, incluindo os salicilatos

(diflunizal), os derivados do ácido arilpropiônico

(naproxeno) ou do ácido arilacético (nabumetona) e

outros, potência elevada e eliminação lenta, incluindo as

oxicanas (meloxicam, piroxicam, tenoxicam).

Alguns são administrados 1 (oxicanas) ou (ácido

propiônico) 2 vezes ao dia, e outros, 4 a 6 vezes (derivados

do ácido acético)^159. A VO, VR, via IM, IV, SL, tópica ou

TD (por iontoforese, adesivos ), são as mais utilizadas.

As doses são padronizadas para cada fármaco, mas a

resposta e a tolerabilidade variam entre os doentes. O

tratamento deve ser iniciado com pequenas doses que

são elevadas, de acordo com as necessidades, até que o

efeito analgésico desejado instale-se. Apresentam efeito

teto, ou seja, doses acima das máximas recomendadas

não resultam em melhora adicional da sintomatologia, mas

elevam a freqüência de complicações 33. Medicamentos

da mesma classe farmacológica parecem ter a mesma

potência analgésica; portanto as interações são

aditivas56,163^. Quando a melhora com fármacos de um grupo

é insatisfatória, recomenda-se utilizar AAINEs de outros

grupos farmacológicos. A associação de AAINEs não

melhora a analgesia, mas a associação com opióides

(acetaminofeno com codeína, aspirina com propoxifeno),

medicamentos adjuvantes (a cafeína acentua a inibição

da COX) e medicina física é vantajosa porque atuam

segundo mecanismos diferentes e em locais distintos;

portanto a interação é potenciada

. Na maioria das

vezes, o enantiômero S é inibidor muito mais potente da

COX que o enantiômero R.

Os AAINEs são metabolizados no fígado e

excretados pelos rins (piroxicam, fenilbutazona,

diclofenaco) ou rins e fezes (indometacina, sulindaco,

ácido mefenâmico) 141. Apenas 40% do metabolismo da

nabumetona ocorre no fígado. A ativação ou inativação

pelo fígado é devida à conjugação a radicais sulfúricos

ou glicurônicos que retornam ao plasma. Pequena

quantidade pode ser conjugada em outros tecidos.

Alguns de seus metabólitos são ativos (fenacetina) 33. A

excreção urinária é livre ou conjugada e é aumentada com

alcalinizantes urinários. A absorção intestinal é reduzida

com a ingestão de alimentos, leite e carvão ativado

. A

maioria distribui-se passivamente; os agentes lipossolú-

veis apresentam efeito mais intenso no SNC. A concen-

tração plasmática é maior do que nos tecidos. O pKa da

maioria dos agentes varia de 3 a 5. A meia-vida dos AAINEs

no líquido sinovial é paralela à do plasma. Os AAINEs

ácidos alcançam concentrações elevadas na circulação

sangüínea, no fígado, no baço e na medula óssea. Ligam-se

a proteínas séricas e cruzam o endotélio vascular,

alcançando elevada concentração nos compartimentos

extracelulares com pH baixo.

Os AAINEs interagem com vários outros fármacos.

Os níveis séricos são aumentados quando associados

ao probenecid e reduzidos com aspirina e corticosteróides

(ibuprofeno, piroxicam, indometacina) 141. Inibem a

atividade dos β-bloqueadores porque inibem a síntese

da PG vascular e da renal (ibuprofeno, indometacina)

.

Aumentam o efeito hipotensor da nitroglicerina, a

toxicidade do lítio, metrotexato, ácido valpróico,

sulfonamidas e sulfoniluréias (pirazolônicos, aspirina,

ácido mefenâmico), aumentam a atividade dos anticoagu-

lantes orais (indometacina), hormônios tireoidianos e

digoxina (pirazolônicos) e potencializam o efeito

hipogliceminante da insulina 163.

No quadro 1 estão apresentados os AAINEs mais

freqüentemente utilizados no nosso meio.

Edição Especial

Quadro 1 – AAINEs mais empregados em nosso meio para o tratamento da dor

Nome farmacológico Nome Apresentação Potência Início Pico (h) Duração Dose/ Dia Dose teto/dia Meia-vida comercial (min) (h) (mg) (h)

Feldene Gel gel 3% Feldexicam cap. 10;20mg gota 10mg/ml Feldox cap. 10;20mg env. 10;20mg sup. 9mg/ml sup. 10;20;30mg Felnan cap. 20mg Flamadene cap. 10;20mg Flamarene dr. 20mg Flamostat cap. 20mg sup. 10mg/ml Flogene cap. 20mg gota 10mg/ml Flogoxen cap. 10mg Inflamene gota 9mg/ml sup. 30mg creme a 1% Inflanan cap. 10;20mg Iinflanox cap. 20mg Inflax cap. 10;20mg Lisedema dr. 10;20mg Piroxene cap. 10;20mg sup. 20mg amp. 40mg Piroxicam cap. 20mg Piroxifen cap. 20mg Piroxiflam cap. 10;20mg sup. 30mg susp. 30mg Piroxil cap. 10;20mg

Tenoxican Legil cap. 10;20mg 3 30-60 1-5 48-72 10-20mg 40 Tenotec comp. 20mg Tenoxen cap. 20mg (0,4-0,8mg/kg), 1-2x Tenoxicam cap. 10;20mg Tilatil cap. 20mg amp. 20mg Inflagel comp. 20mg sup. 20mg Meloxican Movatec cap. 7,5; 15mg 7,5-15mg, 1x 15 Dormelox comp. 7,5 e 15mg Flamatec comp. 7,5 e 15mg Inicox comp. 15mg 15mg, 1x Legrand comp. 7,5 e 15mg meloxican sup. 15mg Leutrol comp. 7,5 e 15mg e amp.15mg Loxam comp. 7,5 mg Loxiflan comp. 7,5 e 15mg 7,5-15 mg/d Melotec comp. 7,5 e 15mg sup. 15mg Meloxicam comp. 7,5 e 15mg Meloxil comp. 7,5 e 15mg Mevamox comp. 7,5mg 7,5-15 mg/d 20 Movoxicam comp. 7,5 e 15mg Derivados pirazolônicos Metamizol Anador cap. 500mg gotas 500mg/ml 1-2 6-8 500-2.000mg 3000 Analgex dr. 300mg (10-15mg/kg), 4x amp. 300mg Analgina cap. 500mg sol. 500mg/ml Baralgin M cap. 500mg gota 500mg/ml amp. 500mg Conmel cap. 200;320mg gota 500mg/ml Debela gota 500mg cap. 500mg amp. 1.000mg Dipirona comp. 500mg sol. 250mg/ml amp. 500mg Dipirona Bio cap. 500mg gota 500mg amp. 1.000mg Dipirona Sódica amp. 500mg cap. 500mg gota 500mg/ml Dipirone cap. 500mg gota 500mg/ml Dornal amp. 500mg amp. 500mg e 50mg/ml Dorscopena gota 15ml

continua

continuação

Edição Especial

continua

Quadro 1 – AAINEs mais empregados em nosso meio para o tratamento da dor

Nome farmacológico Nome Apresentação Potência Início Pico (h) Duração Dose/ Dia Dose teto/dia Meia-vida comercial (min) (h) (mg) (h) Maxiliv comp. 500mg gota 500mg/ml Nevralgina cap. 500mg gota 500mg/ml amp. 500mg/ml Novalgina cap. 500mg gota 500mg/ml sol. 50mg/ml amp. 500mg/ml sup. 300;1.000mg Associações Cefaliv comp. 350mg Mionevrix comp. 250mg Fenilbutazona Butazolidina dr. 200mg 20 15-30 1-5 4-6 ataque 600 50- amp. 600mg 100-200mg Butazona Cálcica dr. 200mg (6-12mg/kg), 3-4x Butazonil dr. 200mg manutenção Fenilbutazona dr. 200mg 50-100mg (2-8mg/kg), 3-4x Associações Algiflan dr. 75mg Mioflex comp. Oxifenilbutazona Algizolin cap. 75mg 15-30 1-2h 4-6 ataque 400 Dias Analtrix cap. 75mg 100-200mg Febupen cap. 75mg (6-12mg/kg), 3-4x Flamanan cap. 75mg manutenção Tandrex dr. 100mg 50-100mg Tandrex-A cap. 75mg (2-8mg/kg), 3-4x Algil-flamanil dr. Algil-flamazin dr. Algil-peralgin dr.

Feprazona Metrazone 120 6 ataque 200mg, 3x

Bumadizona Zepelan 100-300mg, 1x Eutomol comp. 220mg 220-440mg Derivados do ácido indolacéticos Indometacina Agilisin spray 8mg 20 15-30 1-3 4-6 25-50mg 200 2- Indocid cap. 25;50mg (0,5-1mg/kg), 2-4x sup. 100mg Indometacina 25 e 50 mg Sulindaco Clinoril 20 15-30 1-2 3-4 150-200mg 400 7- (3-4mg/kg), 2x Glucametacina Teoremin cap. 140mg 140mg(1,5mg/kg), 2x Benzidamina Benflogin dr. 50mg 50mg, 3-4x 30 gotas 30mg/ml Benziflex dr. 50mg sol. 30mg/ml Ciflogex dr. 50mg gota 30mg/ml sol. 1,5mg/ml pastilha 3mgl/ Flogi-Ped 30mg/ml Flogo-Rosa sol. 50mg/ml env. 500mg Flogoral colutório 1,5mg/ml creme/dental a 0,5% Neoflogin dr. 50mg sol. 30mg/ml Panflogin dr. 50mg sol. 30mg/ml gel 3% Petiflog sol. 30mg/ml Top Flog colutório 1,5mg/ml pastilha 3mg Derivados do ácido fenolacético Diclofenaco Ana-Flex cap. 50mg 15 15-30 1-3 4-6 25-75mg 200 1- amp. 75mg (2-4mg/kg), 2-4x sup. 50mg Artren cap. 100mg sup. 50mg amp. 75mg Benevran dr. 50mg amp. 75mg sup. 50mg Biofenac cap. 50mg gotas 15mg/ml Biofenac D.I. cap. 50mg Biofenac LP cap. Biofenac CLR comp. 75mg Cataflam dr. 50mg sup. 12,5;75mg susp. 15mg/ml amp. 75mg gotas 20ml lata 60g

continuação

Edição Especial

continua

Quadro 1 – AAINEs mais empregados em nosso meio para o tratamento da dor

Nome farmacológico Nome Apresentação Potência Início Pico (h) Duração Dose/ Dia Dose teto/dia Meia-vida comercial (min) (h) (mg) (h) Aceclofenaco Proflam comp. 100mg 100-200mg, 2x Fentiazaco AtilanDonorest comp. 100; 200mg comp. 100mg 300mg, 2x aceclofenaco Proflam comp. 100mg 100-200mg, 2x Derivados do ácido propiônico Ibuprofeno Actiprofen cap. 200mg 1 < 30 2-4 6-8 200-800mg 3.200 2 (8-20mg/kg), 2-3x (400mg/kg) Advil comp. 200mg Algiflex comp. 200mg Artril comp. 300; 600mg Dalsy gts. 100mg/5ml Benotrin dr. 600mg Danilon comp. 600mg Doretrim cap. 400mg Ibufran comp. 600mg Ibuprofeno dr. 600mg Motrin dr. 600mg Parartrin comp. 300;600mg Sanafren comp. 200mg Spidufen granulado 400mg/envelope Associações Algi-Danilon comp. 200;300mg Algífen comp. 200;300mg Fymnal comp. 200mg Reuplex comp. 200;300mg Spidufen env 400;600mg Motrin dr. 600mg

Cetoprofeno Algiprofen cap. 50mg 20 15-30 1-2 3-4 50-100mg 300 1- Artrinid cap. 50mg (0,5-1mg/kg), 2-3x amp. 100mg sup. 100mg Artrosil cap. 160mg cap. 320mg Bi-Profenid cap. 150mg cetoprofeno cap. 50mg Keduril sol. a 2%'dr 100ml Profenid amp. 100mg gel a 2,5% comp 50;100mg sol. 20mg/ml susp. 100mg 200mg Profenid Retard comp. 200mg

Fenoprofeno Trandor cap. 200mg 60-120 300-600mg, 3-4x 3.

Flurbifrofeno Evril comp. 100mg 200-300mg

Naproxeno Flanax cap. 100;275;550mg 3 30-60 1-2 3-7 ataque 1. 500mg(10mg/kg), 2x Naprosyn susp. 25mg/ml manutenção cap. 250;500mg 250mg(5mg/kg), 3-x susp. 25mg/ml Naproxeno comp. 250; 500mg Derivados do aminofenol Acetofenitidina Fenacetina 1-

N-para-aminofenol Acetofen gotas 120mg/ml 1 5-30 0,5-2 3-7 ataque 500mg 6.000 1- (paracetamol) cap. 500mg (6-12mg/kg), 4-6x Anatyl cap. 325mg manutenção 0,2-6g sol. 100mg/ml Bromil gripe chá sachês Calpol susp. 24mg/mll Cefalex cap. 500mg Cetynol comp. 325mg gts 129md/ml Dôrico cap. 500mg gotas 100mg/ml Dorfen Gts. 200mg/ml comp. 500 e 700mg Dorvan comp. 500mg e gts 200mg/ml EMS gripe chá Sachê 5g Febralgin comp. 750mg Gripeonil cap. 325mg Pacemol gotas 100mg/ml Parador cap. 500mg Piramin cap. 500; 750 mg gotas 200mg/ml

continuação

Edição Especial

continua

Quadro 1 – AAINEs mais empregados em nosso meio para o tratamento da dor

Nome farmacológico Nome Apresentação Potência Início Pico (h) Duração Dose/ Dia Dose teto/dia Meia-vida comercial (min) (h) (mg) (h)

Paralgen comp. 500; 750mg gts. 200mg/ml Pyrimel Termol comp. 750 mg gts. 200mg/ml Termo ped Gts. 200 mg/ml Tylenol cap 500;750mg gotas 200mg/ml Tylephen cap. 750mg gotas 200mg/ml Tylidol cap. 750mg gotas 200mg/ml Unigrip Envel 500mg/5g Associações Algi-Danilon cap. 200;300mg Aflogen comp. 300mg Algi tanderil comp /susp. Algi-Flamanil dr. 300mg Algi Flamazin dr. Algi peralgin dr. Algifen cap. 200;300mg Algisol comp. Alginflan dr. 300;75mg Algizolin cap. 75;300mg Analtrix cap. 75;40mg Antigripine cap. 300;10;120mg Asafen cap. 150mg Beserol comp. 300mg 30 4-6h Buscopan Plus dr. 500mg susp. 800mg Butapirin dr. 125mg Butazil dr. 250mg Cefalium cap. 450mg Cibalena cap. 300mg Coldrin cap. 300mg Descon sol. 24mg/ml gotas 160mg/ml Doralém cap. 300mg Dorex comp. Dordendril gotas 15ml cap. 500mg Dorilax cap. 350mg Dorpinol comp. Dorserol comp. Excedrin comp. 500 mg 1g 6/6h 4g/d Febupen cap. 300mg Flamanan cap. 300mg Fluviral comp. e gts Frenolan cap. 130mg Gegrip comp. e gts Gripcaps dr. gripeonil comp. 325 mg Gripotermon comp. gts. Gripen cap. 100mg Gripionex dr. 150mg Gripotermon cap. 500mg sol. 100mg/ml Mio-Citalgan comp. 325mg Mioflex cap. 300mg Nasogrip dr. 300mg Notuss adulto xarope 50mg/ml Notuss pediátrico xarope 12mg/ml Ormigrein cap. 220mg Otonal dr. 300mg Paceflex cap. 350mg Par cap. 325mg Paralon comp. 300 mg 2 comp., 4x d Parcel dr. 450 mg 2 dr. 6 dr/ d Parenzyme dr 300mg Analgésico Probenzima dr. 300mg Analgésico Regulador susp. 45mg/ml Gesteira Rescold cap. Resfry dr. e gts. Resprin comp. 400mg Reuplex cap. 300mg Saridon cap. 250mg Sedilax comp. Sinarest comp. 300mg Tandene comp. Tanderalgin comp. Tandrex-A cap. 300mg

continuação

Edição Especial

da aspirina. A hipersensibilidade à aspirina pode expressar-se

como urticária e angioedema, fenômenos observados em

3,8% dos indivíduos, especialmente naqueles que

apresentam urticária crônica ou broncospasmo ou a tétrade:

rinite, polipose nasal, asma e sinusite. Esta condição não

está relacionada à IgD, mas à inibição da COX com o

conseqüente desvio do metabolismo do ácido

araquidônico para outras vias, incluindo a via lipo-

oxigenase que aumenta a produção de leucotrienos (NTP4,

LTC4, LT4, LTE 4 ), resultando em broncospasmo, em aumento

da permeabilidade das mucosas, da síntese de secreções e

do efluxo de elementos tóxicos nos tecidos.

O diflunizal não apresenta ação antipirética porque

não cruza a barreira hematoencefálica. Apresenta meia-vida

de 8 a 12 horas e sofre aumento gradual na concentração

com o uso contínuo. É menos irritante para o trato

gastrointestinal e interfere menos na função plaquetária

que a aspirina.

O ibuprofeno, o flurbiprofeno e o cetoprofeno

apresentam elevada biodisponibilidade por VO. São

empregados no tratamento de doenças reumáticas. O

flurbiprofeno é um dos mais potentes agentes do grupo

do ácido propiônico.

O ibuprofeno apresenta eliminação rápida mesmo

em doentes com comprometimento moderado ou intenso

da função hepática ou renal; é útil no tratamento da dor

inflamatória aguda e no tratamento das afecções reumá-

ticas; não exerce efeito uricosúrico.

O cetoprofeno é utilizado como analgésico no

tratamento das cólicas menstruais, da enxaqueca e como

antiinflamatório. Exerce também atividade antipirética. É

rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal. Liga-se

intensamente a proteínas plasmáticas e cruza a membrana

sinovial. Pode lesar o trato gastroduodenal, mas outros

efeitos colaterais são pouco freqüentes.

O naproxeno é rapidamente absorvido pelo trato

intestinal. A absorção é comprometida por alimentos,

hidróxido de alumínio ou de magnésio e bicarbonato de

sódio. A meia-vida é longa, aspecto que melhora a adesão

ao tratamento. É muito empregado no tratamento da

enxaqueca. É mais tóxico e causa mais efeitos adversos

digestivos e no SNC que o ibuprofeno. Pode, raramente,

causar lesões hepáticas.

O cetoprofeno é muito empregado no tratamento

de doenças reumáticas. Inibe a ação da bradicinina. Causa

lesões gastrointestinais e que implicam a suspensão do

tratamento em 5% dos casos.

Ácido mefenâmico atua como antagonista do

receptor de PGE 2 e é utilizado no tratamento da dor

inflamatória discreta, dismenorréia e por lesão de partes

moles; em doses elevadas, acarreta efeitos adversos,

especialmente no SNC, anormalidades gastrointestinas e

anemia hemolítica. Não é uricosúrico.

O diclofenaco é utilizado no tratamento de doenças

reumáticas. A biodisponibilidade por VO (50% a 60%) é

baixa; a intensa primeira passagem pelo fígado pode ser

responsável pela hepatopatia resultante do seu uso.

Apresenta relação da inibição de COX-2 / COX-1 favorável.

Reduz a migração de leucócitos dos locais de inflamação,

interferindo na ação da L-selectina, envolvida na aderência

dos leucócitos ao endotélio ativado, propriedade esta

também compartilhada pela aspirina, indometacina e

cetoprofeno. Acarreta aumento das aminotransferases

hepáticas em cerca de 15% dos doentes e pode causar

hepatite; a aminotransferase hepática deve ser avaliada

durante as primeiras semanas de seu uso; o tratamento

deve ser descontinuado quando a anormalidade persistir

ou quando ocorrerem os primeiros sinais de compro-

metimento hepático.

A indometacina é um dos mais potentes inibidores

da COX. Apresenta elevada biodisponibilidade, intenso

efeito antiinflamatório e maior risco de efeitos indesejáveis.

É muito eficaz no tratamento da doença reumática, da dor

óssea, das cólicas e da febre. É uricosúrica, sendo utilizada

no tratamento da gota. Aproximadamente 20% dos

indivíduos apresentam intolerância à indometacina. Pode

causar pancreatite, hepatite, cefaléia, depressão, psicoses,

alucinações, suicídio, depressão da medula óssea e anemia

plástica. Em virtude de seus efeitos colaterais, não deve

ser usada durante período superior a duas semanas.

A butazolidina bloqueia intensamente a COX e não

é uricosúrica

.

O sulindaco é menos tóxico que a indometacina e é

uma pró-droga.

O cetarolaco é um analgésico potente, com ação

antiinflamatória moderada. Seus efeitos colaterais limitam

seu uso a períodos curtos de tempo. Seu efeito é em parte

central, interferindo na liberação de opióides endógenos e

na síntese de NO. É indicado no tratamento da dor crônica

discreta ou moderada ou da dor aguda e intensa (cólica

renal, enxaqueca, crise de anemia falciforme, dor pós-

operatória). A analgesia é retardada, mas persiste durante

um período de tempo prolongado que o proporcionado

pelos opióides. Pode causar repercussões gastrointestinais

e hematológicas.

A tolmetina apresenta potência antiinflamatória entre

a aspirina e a fenilbutazona e bom efeito antipirético e

analgésico. É utilizada no tratamento da artrite reumatóide,

osteoartrite e espondilite anquilosante. Os efeitos cola-

terais são discretamente superiores aos da aspirina e menos

significativos que os da fenilbutazona. Causa edema

periférico, retenção de Na

e hipertensão arterial.

Os derivados benzotiazinas (oxicanas) apresentam

meia-vida prolongada e elevada potência antiinflamatória.

O meloxicam, o piroxicam e o tenoxicam apresentam

Edição Especial

metabolismo lento e elevado grau de circulação entero-

pática; a meia-vida prolongada não os torna adequados

no tratamento da dor aguda e de curta duração, mas sim no

tratamento da poliartrite crônica e da dor no doente com

câncer. A prolongada duração de sua ação e a elevada

potência são as razões da ocorrência de complicações

gastrointestinais e nefréticas.

O piroxicam apresenta alguma especificidade na

inibição da COX-1 que o torna especialmente tóxico. A

absorção gastrointestinal é completa e não sofre a

influência de alimentos e de antiácidos. É apresentado

também por via SL. É indicado no tratamento da artrite e da

dor musculoesquelética. Os efeitos colaterais gastroin-

testinais manifestam-se 40% das vezes e podem ser

intensos o bastante para implicar a suspensão do uso da

medicação em 10% dos casos.

O tenoxicam é completamente absorvido pelo trato

gastrointestinal, mas a absorção pode ser comprometida

por alimentos. É um dos AAINEs menos lipolíficos; causa

poucas complicações neurológicas e poucos efeitos no

tecido gorduroso e no tegumento. Penetra razoavelmente

no tecido sinovial, o que explica sua elevada atividade

antiinflamatória em doenças reumáticas crônicas.

Apresenta efeitos semelhantes aos do piroxicam. É também

apresentado para uso parenteral.

O meloxicam é um inibidor seletivo da COX-2 com

alguma atividade COX-1. É metabolizado no fígado, sendo

seus metabólitos excretados na urina ou na bile. É

empregado no tratamento das doenças reumáticas. Parece

causar poucos efeitos colaterais gastrointestinais e renais.

O etidolaco inibe a COX-1 e a COX-2 e a síntese da

bradicinina. É utilizado no tratamento da artrite reumatóide,

osteoartrite, tendinite e bursite, e como uricosúrico, no

tratamento da gota. É bem tolerado; causa pouca irritação

gastrointestinal porque é mínimo o seu efeito na síntese

de PGE 2 e na PGI 2 na mucosa gástrica.

A fenilbutazona, além do efeito analgésico, antiin-

flamatório e antitérmico, inibe a síntese de sulfato de

condroitina e de mucopolissacarídeos nas cartilagens e

desacopla a oxidação fosfolirativa. Pode ser utilizada

durante intervalos curtos de tempo no tratamento da gota,

artrite reumatóide, espondilite anquilosante e crises agudas

de osteoartrite do quadril e do joelho.

A oxifenilbutazona é metabólito da fenilbutazona

que exerce atividade antiinflamatória, analgésica e anti-

térmica. Causa menos irritação gástrica que a fenilbutazona.

A nabumetona é não ácida e exerce fraca inibição

da COX. Seus metabólitos são inibidores potentes da COX

e apresentam alguma seletividade para a COX-2. É excretada

como metabólito ativo na urina. Causa pouca agressão à

mucosa gastrointestinal. Pode causar dor abdominal,

dispesia, diarréia e flatulência.

A nimesulida exerce fraca inibição da COX-1 e inibe

o metabolismo oxidativo dos neutrófilos, a peroxidação de

radicais livres, o fator de necrose tumoral α e o fator de

ativação plaquetário.

Os agentes não ácidos (fenazona, acetaminofeno,

dipirona) exercem apenas atividade analgésica, e não

antiinflamatória. Apresentam pKa próximos à neutralidade,

ligam-se fracamente a proteínas plasmáticas, distribuem-se

de modo quase homogêneo no corpo e facilmente cruzam

barreiras, incluindo a hematoencefálica.

O acetaminofeno é um inibidor fraco da COX que

exerce pequena atividade analgésica e antipirética. Atua

no SNC. É indicado no tratamento da febre e da dor discreta,

especialmente a decorrente de afecções virais, as cefaléias

e a dor em crianças. É absorvido especialmente no intestino

delgado. Em doses elevadas, causa nefrotoxicidade,

trombocitopenia e hepatoxicidade; metaemoglobinemia é

rara. Doses elevadas depletam as reservas de glutationa

resultando em acúmulo de metabólitos tóxicos. Seu uso

não é apropriado durante o período pós-operatório. Age

sinergicamente com aspirina e cafeína. Apenas 20% do

acetaminofeno liga-se a proteínas. É metabolizado a uma

benzoquinona nucleofílica tóxica que se liga covalen-

temente ao DNA e a proteínas estruturais das células

parenquimatosas do fígado e do rim, onde intermediários

ativos são produzidos. Disto resulta necrose hepática que

pode ser antagonizada quando diagnosticada preco-

cemente se for administrada n-acetilcisteína ou glutationa

que ativam os mecanismos de destoxificação. É, portanto,

contra-indicada em doentes com comprometimento

hepático.

A fenacetina é nefrotóxica.

A dipirona é hidrossolúvel, apresenta elevada

potência analgésica e baixa freqüência de efeitos colaterais;

a incidência de agranulocitose é muito baixa (1 caso para

1.000.000 de procedimentos terapêuticos). A taxa de

abandono com a dipirona é de 15%.

Os agentes inibidores seletivos (meloxicam, nimesu-

lida) inibem também de modo mais marcante a COX-1 que os

inibidores específicos de COX-2 e, portanto, apresentam mais

efeitos colaterais que estes. Os inibidores da COX-2, ou

específicos da COX (celecoxib, rofecoxib, valdecoxib,

parecoxib)

, são agentes não ácidos que causam menos

inibição da COX-1 e menos complicações, especialmente

pépticas e de coagulação. Os inibidores seletivos de COX-2 são

utilizados em várias condições reumáticas, incluindo a artrite

reumatóide e a osteoartrite. O celocoxib é bastante tolerado.

O refecoxib e o valdecoxib apresentam meia-vida longa. Seus

efeitos colaterais são discretos. Cruzam a barreira

hematoencefálica sendo potencialmente eficazes na

prevenção da doença de Alzheimer. São usados no tratamento

da osteoartrite, dor aguda e dismenorréia. Os efeitos no

Edição Especial

pépticas em 15% a 25% dos doentes que utilizam AAINEs.

É provável que o efeito gastropático dos AAINEs deva-se

a vários mecanismos. A proteção gástrica envolve vários

fenômenos que incluem a adequada perfusão vascular, a

renovação de epitélio celular, os fosfolipídios ativos de

superfície, a produção de muco, a secreção de bicarbonato

e de mediadores, incluindo as PGs, os radicais sufidrila, a

interleucina-1 e os neuropeptídeos. No estômago, a PG 2 e

a PGI 2 protegem a mucosa reduzindo a secreção gástrica,

causando vasodilatação e estimulando a secreção de muco

que atua como barreira física e a secreção do bicarbonato

duodenal que neutraliza o excesso ácido. A PGI 2 inibe a

adesão dos neutrófilos no endotélio vascular, evento

importante para a proteção da mucosa. Os AAINEs são

solúveis em ácidos orgânicos fracos; quando ionizados

no pH baixo da luz intestinal, penetram na parede

hidrolipídica e na superfície das células que revestem a

mucosa. A inibição da COX-1 compromete a síntese de

PGE 2 relacionada à secreção de muco, bicarbonato de sódio

e ácido clorídrico, gera alterações na permeabilidade das

membranas, aumenta o influxo de hidrogênio nas células

que resulta em lesão tecidual, lesa a mitocôndria e causa

desacoplamento da oxidação fosforilativa e redução da

formação de ADP, que resultam em perda da integridade

das junções intercelulares estreitas permitindo o refluxo

de peptina e do ácido na camada protetora de muco,

fenômenos que justificam algumas das complicações

gastroduodenais. A ocorrência de úlcera associada ao uso

de AAINEs é maior quando há histórico prévio de doença

péptica, úlcera, concomitância pelo Helicobacter pylori ,

uso de anticoagulantes e de álcool^89. Recomenda-se o

tratamento da infecção gástrica pelo H. pylori em doentes

candidatos ao tratamento prolongado com AAINEs. As

lesões hepáticas são muito raras e, geralmente, discretas.

Alguns compostos são mais hepatotóicos por sofrerem

oxidação, provavelmente na estrutura fenólica, do que

resulta a formação de metabólitos reativos. Agentes que

causam lesões hepáticas, como o diclofenaco, podem

produzir radicais reativos durante a biotransformação e

devem ser prescritos com cautela em doentes com história

prévia de disfunção hepática. A superdosagem de AAINEs,

especialmente de fenacetina e de acetaminofeno, pode

causar disfunção hepática. A necrose hepática (amino-

fenol) decorre da ação antagônica à n-acetilcisteína.

Atuando no sistema hematopoiético, os AAINEs

podem causar leucopenia, anemia hemolítica e aplástica

(fenamatos, dipirona), agranulocitase (dipirona) e

comprometimento da função plaquetária ou trombocito-

penia (ibuprofeno)^33.

A ação dos AAINEs no SNC resulta em insônia,

diaforese, anormalidades visuais, parestesias, tonturas,

cefaléia, borramento visual (indometacina), ansiedade,

desorientação, confusão mental, sonolência, letargia,

alucinações, psicose, convulsões e coma89,141,163. A cefaléia,

as tonturas e a confusão mental são intensas nos idosos.

Há referência sobre a ocorrência de depressão e paranóia

em doentes sob tratamento com AAINEs, em que se

recomenda cautela com o uso desses produtos em doentes

com afecções psiquiátricas ou que usem abusivamente

esses medicamentos. Há controvérsias sobre alterações

de memória relacionadas ao uso de AAINEs. É provável

que os AAINEs reduzam a prevalência ou retardem a

instalação da doença de Alzheimer por inibirem a COX-

na micróglia. Algumas dessas manifestações talvez se

devam à inibição da COX-3 presente no SNC. A toxicidade

caracterizada pela ocorrência de zumbidos, tonturas e

nistagmo é comum (salicilatos, naproxeno, ibuprofeno).

Dentre as complicações respiratórias, a mais

expressiva é a dispnéia e a cianose devida à broncoconstri-

ção, que se manifestam em doentes com afecções inflamató-

rias respiratórias proximais representadas por asma e pólipos

nasais, condições associadas ao acúmulo de células

produtoras de PGf na mucosa respiratória. O bloqueio da

COX (indometacina, aspirina) e o aumento da oferta de

substratos para a via da lipo-oxigenase gera pseudo-alergia^141.

Podem causar edema agudo do pulmão (salicililatos) e

pneumonites (naproxeno, ibuprofeno). Dentre as

complicações cardiocirculatórias, citam-se: hipertensão

arterial, palpitações, taquicardia, arritmias, insuficiência

cardíaca congestiva (ICC) e cardite (fenilbutazona).

As PGs são importantes na manutenção hemodinâ-

mica renal; os AAINEs podem causar vasoconstrição nas

arteríolas aferentes e eferentes e contração mesangial que

reduzem a filtração glomerular. Esta condição agrava-se com

a hipotensão arterial devida à redução do volume circulante

causado por diuréticos, hemorragias, sepse, edema, ICC,

cirrose hepática e síndrome nefrótica. A insufi-ciência renal

vasoconstritiva aguda é a causa mais comum de

nefrotoxicidade associada aos AAINEs; é reversível quando

a medicação é interrompida e o volume é restaurado. A PGE 2 opõe-se ao efeito concentrador urinário. Os AAINEs reduzem

a concentração de PGs, aumentam a concentração urinária,

causam retenção hídrica, hiponatremia e retenção de Na

(em 10% a 25% dos doentes); esse mecanismo pode ser

relacionado aos efeitos tubulares ou vasculares indiretos.

O volume plasmático pode aumentar em até 50%, resultando

em sobrecarga cardíaca e em edema (butazolidina)^33. O edema

parece ser mais importante em doentes que apresentam maior

propensão a apresentá-lo, como ocorre em casos de ICC,

cirrose hepática e síndrome nefrótica. Os prostanóides

regulam o tônus vascular e modulam a vasoconstrição e o

efeito antinatriurético de hormônios pressóricos,

especialmente do sistema renina-angiotensina. A PGE 2 e a

PGI 2 apresentam atividade hipertensiva e a PGH 2 e a

tromboxona-A, atividade hipotensiva. A PGE 2 é um potente

vasodilatador; os prostanóides causam vasodilatação

arteriolar e os leucotrienos, constrição. Nessas condições

Edição Especial

ou em casos de insuficiência renal, pode ocorrer resistência

ao efeito dos diuréticos, incluindo os de ação tubular, do

que resulta hiponatremia e edema. A retenção hídrica pode

causar hipertensão arterial e resultar em palpitações e

agravamento ou geração de ICC. Hematúria, cistite, necrose

tubular, acidose metabólica, aumento da concentração de

Ca++, K+^ e da creatinina plasmática e, menos freqüentemente,

nefrite instersticial, síndrome nefrótica (indometacina,

fenoprofeno) e insuficiência renal são as complicações renais

e urinárias mais significativas relacionadas ao uso de AAINEs;

em parte, estas são relacionadas à inibição da COX-1.

A inibição da contração do miométrio durante a

gestação depende do equilíbrio entre fatores inibitórios e

excitatórios, incluindo a progesterona, a PGI 2 e o NO.

Ocorre aumento da PG mediada pela COX-2 no fluido

amniótico durante a gestação a termo, antes do início da

contração miometrial. O ducto arterioso mantém-se

permeável graças à ação da PG. Com o uso de inibidores de

COX-2 pode haver prolongamento da gestação e

fechamento do ducto precoce arterioso.

Prurido, urticária, hiperemia cutânea e reações

cruzadas são as anormalidades dermatológicas mais comuns

associadas ao uso das AAINEs

. Febre (ibuprofeno), lúpus

eritematoso (fenilbutazona, ibuprofeno), vasculites (fenil-

butazona, indometacina, naproxeno) ou lesões oculares

(ácido propiônico, ibuprofeno) são menos freqüentes. Podem

causar síndrome de Steven Johnson, síndrome de Lyell e

choque anafilático; a freqüência dessas ocorrências é seme-

lhante à que ocorre com a penicilina. A aspirina associa-se ao

desenvolvimento da síndrome de Reye (icterícia,

anormalidades neurológicas, edema cerebral), especialmente

em crianças com gripe ou varicela141,163.

A maioria dos AAINHs inibe temporariamente (24h)

a agregação plaquetária^72. As plaquetas contêm COX-1. A

PG e a TX são ativadoras das plaquetas. A PGI 2 e o NO são

produzidos no endotélio como resposta à ativação

plaquetária. Os AAINEs são inibidores da atividade de

plaquetas e vasodilatadores. A PGI 2 previne a adesão

plaquetária, mas não sua aderência ao endotélio. Os AAINEs

inibem a coagulação ao inibirem a produção de TX-A 2. Os

efeitos dos AAINEs nas plaquetas são temporários e depen-

dem da sua concentração. A aspirina exerce efeito durante

toda a vida das plaquetas e dos megacariótipos porque as

acetila irreversivelmente, impedindo a síntese de novas

enzimas. Não alteram o tempo de protrombina e de coa-

gulação. Existem controvérsias a respeito da ocorrência de

sangramentos perioperatórios em doentes tratados com

AAINEs. Deve-se aguardar, sempre que possível, uma

semana de intervalo entre a interrupção do uso da aspirina

e horas ou dias em relação aos outros AAINEs para indicar

operações com risco de hemorragia.

Os agentes não ácidos como o acetaminofeno e a

dipirona não apresentam propriedades antiinflamatórias e

não comprometem as funções renal e plaquetária e não

acarretam toxicidade gastrointestinal. A dipirona é segura

mesmo em elevada dosagem, o que a torna mais apropriada

que o paracetamol em muitas ocasiões22,^.

No quadro 4 são apresentados alguns efeitos

colaterais dos AAINEs.

Quadro 4 – Efeitos colaterais dos AAINEs

Agente Dispepsia Sangramento Hematopoiese Nefrotoxicidade Hepatoxicidade Alergia Hipersensibilidade Neurotoxidade Salicilatos Aspirina +++ +++ Plaquetas + + + +++ +++ Zumbido Diflunisal + 0 Plaquetas + + +++ + - 0 Paraaminofenóis Acetaminofeno 0 0 Discreta + + +++ 0 0 Indolacéticos Indometacina +++ + + Plaquetas + + + + + + + Cefaléia, psicose Sulindaco + + + plaquetas + + + + + Cefaléia, psicose Zomepiraco + + Discreta + + ++++ +++ Sonolência Cefaléia Etodolaco + + + Plaquetas + + + + Cefaléia Pirazolonas Fenilbutazona +++ +++ Anemia plástica + + + + + +++ Vertigem, insônia, turvação visual, euforia Oxifenilbutazona + + + + Depressão medular + + + + + +++ discreta Fenamatos Ácido mefanámico +++ + + Anemia hemofilítica + + + + + Cefaléia, tonturas Derivados do ácido acético Tolmetina +++ + + Plaquetas + + + + Ansiedade, insônia, sonolência Cetorolaco +++ + + Plaquetas + + + + + Cefaléia, tonturas, ansiedade, sonolência, parestesias Diclofenaco + + + + Anemia + + + + + + + Sonolência, tonturas Hemolítica Derivados do ácido propiônico Ibuprofeno + + + Plaquetas + + + + Cefaléia, tonturas Naproxeno +++ + + Plaquetas + + + + Cefaléia, sonolência, tonturas, fadiga Fenoprofeno + + Plaquetas + + + + + Zumbido, tonturas, fadiga Cetoprofeno + + Plaquetas + + + + + Cefaléia, tonturas, sonolência Derivados de benzotinzina Piroxicam + + + Plaquetas + + + + Insônia Alcanonas Nabumetona + + + + + + Tonturas, cefaléia

*0=sem efeito; +=efeito mínimo; ++=efeito moderado; +++=efeito intenso; ++++=efeito máximo.

Edição Especial

Receptores μ 3 são seletivos para morfina nas células

imunitárias. Os agonistas δ parecem atuar de maneira

autócrina e parácrina. Os receptores k estão presentes nas

células dos tecidos e do SNC envolvidas nos mecanismos

de defesa; os agonistas κ modulam tanto as reações

imunitárias como celulares. Os opióides podem atuar como

citocinas, regulando as funções de granulócitos, ou como

monucleares; a α-endorfina e as encefalinas atuam como

hormônios endócrinos quando secretadas na circulação

sistêmica. Podem, portanto, influenciar a atividade dos

tecidos periféricos envolvidos na defesa e na imunidade. A

morfina inibe a liberação de colecistocinina (CCK) e de outros

neurotransmissores nos neurônios intrínsecos do CPME.

Esta é a razão da aplicação de agentes opióides localmente

nos tecidos, durante procedimentos operatórios^192. Ocorre

redução da eficácia dos opióides em algumas condições

neuropáticas, paralelamente ao aumento da produção de

CCK no SNP, devido à degeneração dos aferentes C, à

depleção dos receptores opióides pré-sinápticos e à

transmissão da dor por vias nervosas periféricas calibrosas.

Há menor possibilidade de a morfina controlar a

hiperatividade dos neurônios de segunda ordem após a

ativação dos receptores NMDA pelos aminoácidos

excitatórios envolvidos na sensiblização neuronal41,195^. A

reação aos opióides parece ser resgatada quando se

administram concomitantemente antagonistas de receptores

CCK 197. A modulação do sistema dopaminérgico

mesolímbico pelos receptores μ modifica o comportamento.

A euforia parece ser atribuída aos receptores μ e, talvez, aos

receptores δ. A disforia parece ser atribuída aos receptores

Σ e κ ou a um desequilíbrio entre os receptores μ e κ. No

hipotálamo, reduzem a reação à estimulação aferente

sistêmica e aos estressores e reduzem a temperatura corpórea

agudamente e a elevam cronicamente. Em doses terapêuticas,

reduzem discretamente a atividade dos hormônios

hipofisários; em doses elevadas, reduzem o hormônio

luteinizante, folículo estimulante, ACTH e β-endorfina por

mecanismos relacionados à redução da liberação de fatores

de liberação hormonal do hipotálamo. A tolerância aos

exercícios também se modifica. A naloxona altera a liberação

de muitos hormônios hipofisários e aumenta a liberação do

hormônio luteinizante e folículo-estimulante e reduz a

liberação de prolactina e de hormônio de crescimento. A

concentração do hormônio antidiurético eleva-se com

opióides e reduz-se com naloxona. A depressão respiratória

é devida à ação dos opióides nos receptores μ, κ e Σ; reduzem

tanto a velocidade da ventilação como o volume corrente e,

deste modo, a ventilação/minuto. O efeito mais importante é

a redução na resposta dos centros respiratórios bulbares ao

CO 2

(quadro 5)^18.

A dor, em parte, contrapõem-se à depressão

respiratória causada pelos opióides. Quando a dose é

titulada gradualmente, a depressão respiratória não se

manifesta. A depressão ocorre quando são realizados

procedimentos analgésicos sendo mantida a dose original

dos medicamentos ou em doentes que apresentam apnéia

do sono, doença pulmonar obstrutiva crônica ou obesidade

mórbida ou após cirurgias abdominais, condições em que

a respiração pela musculatura intercostal pode ser

necessária e torna-se comprometida pelos opióides. Os

opióides também deprimem o centro da tosse no bulbo.

Em doentes com asma, podem precipitar crises de

broncospasmo devidas, talvez, à liberação de histamina, à

depressão respiratória e à redução da umidificação das

secreções. Os opióides geram náuseas e vômitos por agirem

diretamente na zona quimiorreceptora do bulbo. Podem

causar hipertonia muscular. Em doses terapêuticas, não

alteram a função do miocárdio em indivíduos sadios; em

coronaropatas tratados com doses terapêuticas, reduzem

o consumo de oxigênio, o trabalho cardíaco, a pressão do

ventrículo esquerdo e a pressão diastólica.

Além da terapia da dor são indicados no tratamento

da tosse, diarréia, choque séptico, isquemia encefálica e

desconforto respiratório em doentes com doença

respiratória obstrutiva crônica e em doentes com câncer

avançado, condições em que doses menores do que as

necessárias para o tratamento da dor são empregadas 221.

Quadro 5 - Natureza do receptor e efeitos relacionados com sua ativação 163

EFEITO/RECEPTOR μμμμμ (^) 1 μμμμμ 2 , OP3, MOR δδδδδ 1 , δδδδδ 2 , OP1, DOR κκκκκ 1 , OP2, KOR κκκκκ (^) 2 κκκκκ (^) 3 Sigma εεεεε Analgesia Supra- Espinal Espinal modulação Espinal Supra- – espinal da analgesia m espinal Depressão respiratória + + + Estimula respiração Atividade muscular Hipertonia Pupila Constrição Miose Dilatação Motilidade gastrointestinal! – – Espasmogênese da + + – – musculatura lisa Diurese + + Efeito comportamental Euforia ++ Disforia Reduzido Disforia ++ sedação + potencial efeito psicomimético sedação de abuso cardiocirculatório + + Estimula efeito vasomotor Dependência física + + + – Purido + + Náuseas e vômitos + +

Edição Especial

Os opióides podem ser classificados como opiáceos

ou alcalóides do ópio (codeína, morfina), opióides semi-

sintéticos (buprenorfina) ou sintéticos (metadona). Pre-

sentemente, são denominados genericamente como

opióides, termo aplicado a compostos com ação semelhante

à morfina. São classificados, segundo sua potência, como

opióides indicados para o tratamento da dor discreta ou

moderada (opióides fracos) ou da dor moderada ou inten-

sa (opióides fortes) 233,234^. A relação entre potência dos

opióides e o efeito não é absoluta, uma vez que há condi-

ções em que opióides fracos são mais apropriados e mais

eficazes que os potentes.

No quadro 6 estão apresentados os opióides mais

utilizados em nosso meio.

Nome farmacológico/ Nome Apresentação Dose Início Pico Duração Dose Meia-vida receptor comercial (min) (min) (h) teto/dia Agonistas fracos Cloridrato de Sylador cap. 50mg VO,IM,IV 30-90 4-6 400mg tramadol gotas 50;100mg 50-100mg μ +; δ +; κ + amp. 50;100mg (0,75-5mg/kg), 4-6x Nadr; 5-HT sup. 100mg Peridural 20-100mg/dia Espinal 10-40mg/dia Tramal cap. 50mg amp. 50mg; 100mg sup. 100mg gotas 0mg;100mg/ml

Tramal R cap. 100mg

Dorless cap. 50mg 30-90 4-6 400mg gts. 100mg/ml amp. 50mg/ml Sensitram comp. 100mg 30-90 4-6 400mg Tramadol amp. 100 e 50 mg 30-90 4-6 400mg comp. 50mg e gts Fosfato de codeína Codein cap. 30mg; 60mg VO/IM 15-60 mg VO/IM15-30 30-60 3-6 240mg 3h μ +; δ +; κ + amp. 60mg (0,5-1mg/kg), 6-8x Tylex cap. 7,5; 30mg (paracetamol 500mg) Belacodid gotas 4mg/ml Setux gotas/suspensão 2mg/ml

Napsilato de propoxifeno Doloxene-A cap. 77mg (equivalente VO 50-100mg, 4-6x VO15-60 120-360 4-6 390mg 3,5h (ácido a 50mg de cloridrato) acetilsalicílico 325mg)

Agonistas potentes Sulfato de morfina Dimorf cap. 10; 30mg VO 10-60mg (0,3/mg/kg), 6- VO15-60 30-90 VO 2-7 Não há μ +++; δ+; κ 1 ++; κ 3 + 8x VO 120 VO 8- Liberação controlada 30- 2,6mg/kg/h 2-3,5h 100mg, 2x IM 3-

Sulfato de comp. 10mg; 30mg Morfina xarope (0,2%) FURP solução (2%) amp. 5mg/10ml;2mg/2ml; 10mg/ 10ml

Dimorf-LC cap. 30; 60; 100mg MS - Long cap. 10; 30; 60;100mg MST- cap. 10; 30; 60;100mg Continuous Cloridrato de morfina Dimorf amp. 10mg/ml IM/SC IM 1-5 SC 20 IV/SC Não há μ +++; δ+; κ ++ 2,5-20mg (0,05-2mg), 6-8x IV < 1 M 30-60 2- IV 5- IV 2,5-15mg (0,05-0,2mg/kg) SC 15-30 Epidural/ Intra-articular SC Espinal 0,5-1mg (diluir em lidocaína a Epidural/ 50-90 6- 0,25%) Espinal 15-60 Epidural/ Epidural Espinal bolo 2-5mg (40-100μg/kg) 90 infusão 0,1-1mg/kg (2- 20 μg/kg)h

Espinal 0,1-1mg (2-20μg/kg)

ACP – IV bolo 0,5-3mg (10-60μg /kg) infusão 0,5-2mg (15- 40 μg/kg)/h lock out, 5-20 min

Quadro 6 – Principais agentes e características farmacodinâmicas e farmacocinéticas dos opióides utilizados no Brasil