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Transtornos do Humor, Notas de estudo de Diagnóstico

o Humor normal é o eutímico, porém, pode estar alterado “para mais” (hipertímico/exaltado) ou. “para menos” (hipotímico/triste). 2) Depressão Unipolar.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Adriana_10
Adriana_10 🇧🇷

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Transtornos de Humor
1) Introdução
Transtornos de humor são alterações das vivências afetivas, podendo estar reduzidas ou exageradas
Correspondem a 17% de todos os transtornos psiquiátricos ao longo da vida
Os principais são
o Depressão Unipolar
o Transtorno Bipolar
o Distimia (transtorno depressivo persistente)
o Ciclotimia
o Transtorno disruptivo da desregulação do humor
o Transtorno disfórico pré-menstrual
Relembrando... Humor é o “basal” do paciente, determinado ao longo do tempo. Afeto é o sentimento ou
emoção que acompanha o indivíduo no momento (“variação do humor”).
o Humor normal é o eutímico, porém, pode estar alterado “para mais” (hipertímico/exaltado) ou
“para menos” (hipotímico/triste).
2) Depressão Unipolar
A depressão é uma condição caracterizada pela tristeza, melancolia, angústia e infelicidade que se
tornam intensos, duradouros e trazem prejuízo ao paciente (são sentimentos “normais” da vivência
humana).
a) Epidemiologia
Prevalência de 8 a 16% na população geral
Incidência pode atingir 30%/ano
2x mais prevalente em mulheres
Início entre 20 e 40 anos (média de 29 anos)
Incidência maior em pessoas que não apresentam relacionamentos interpessoais íntimos.
Não foi encontrada correlação acerca de sua incidência e condição socioeconômica do paciente.
Geralmente apresentam comorbidades:
o Abuso/dependência de álcool
o Transtorno do pânico
o TOC
o Transtorno de ansiedade social
A chance de recorrência cresce exponencialmente após o primeiro episódio (90% após o terceiro
episódio).
o À medida que a doença progride, o intervalo entre os episódios diminui e sua gravidade aumenta.
b) Etiologia e Fisiopatologia
Etiologia multifatorial (pessoal + psicológico + biológico + ambiente)
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**Transtornos de Humor

  1. Introdução**
  • Transtornos de humor são alterações das vivências afetivas, podendo estar reduzidas ou exageradas
  • Correspondem a 17% de todos os transtornos psiquiátricos ao longo da vida
  • Os principais são o Depressão Unipolar o Transtorno Bipolar o Distimia (transtorno depressivo persistente) o Ciclotimia o Transtorno disruptivo da desregulação do humor o Transtorno disfórico pré-menstrual
  • Relembrando... Humor é o “basal” do paciente, determinado ao longo do tempo. Afeto é o sentimento ou emoção que acompanha o indivíduo no momento (“variação do humor”). o Humor normal é o eutímico , porém, pode estar alterado “para mais” (hipertímico/exaltado) ou “para menos” (hipotímico/triste). 2) Depressão Unipolar
  • A depressão é uma condição caracterizada pela tristeza, melancolia, angústia e infelicidade que se tornam intensos, duradouros e trazem prejuízo ao paciente (são sentimentos “normais” da vivência humana). a) Epidemiologia
  • Prevalência de 8 a 16% na população geral
  • Incidência pode atingir 30%/ano
  • 2x mais prevalente em mulheres
  • Início entre 20 e 40 anos (média de 29 anos)
  • Incidência maior em pessoas que não apresentam relacionamentos interpessoais íntimos.
  • Não foi encontrada correlação acerca de sua incidência e condição socioeconômica do paciente.
  • Geralmente apresentam comorbidades: o Abuso/dependência de álcool o Transtorno do pânico o TOC o Transtorno de ansiedade social
  • A chance de recorrência cresce exponencialmente após o primeiro episódio (90% após o terceiro episódio). o À medida que a doença progride, o intervalo entre os episódios diminui e sua gravidade aumenta. b) Etiologia e Fisiopatologia
  • Etiologia multifatorial (pessoal + psicológico + biológico + ambiente)
  • Várias teorias tentam explicar sua fisiopatologia e etiologia: o Hormonal (alteração do eixo HHA e tireoideano) ▪ Hipercortisolemia ▪ 5 a 10% apresentam elevação basal do TSH ▪ Secreção de GH reduzida o Genética – 10 a 25% de chance de ter transtorno caso mãe/pai tenham o Uso de substâncias psicoativas o Psicossociais: eventos de vida estressante, infância traumática... o Neurobiológica – é a que os tratamentos atuais se baseiam, pregam que a via “final” da depressão seria a alteração das monoaminas (serotonina, dopamina e noradrenalina). ▪ Norepinefrina: receptores beta-adrenérgicos em quantidade reduzida e diminuição na liberação desse NT. ▪ Serotonina: concentração e secreção reduzida ▪ Dopamina: atividade reduzida e hipoatividade do receptor D1. c) Quadro Clínico
  • Seus principais sintomas são humor deprimido e anedonia (falta de interesse ou motivação). Outros sintomas possíveis são: o Cansaço o Apatia o Pensamentos repetitivos e tendência de distorcer a realidade para o “lado negativo” o Sentimento de culpa, desesperança o Alterações de sono/apetite/sexuais, dores o Pensamentos de morte
  • ATENÇÃO! Alterações cognitivas, principalmente referentes a atenção e concentração são comuns nesses pacientes. Ademais, a psicomotricidade pode estar lentificada.
  • ATENÇÃO! Até 2/3 dos pacientes deprimidos cogitam o suicídio e cerca de 10 a 15% chegam a concretizar o ato.
  • ATENÇÃO! 5 a 10% dos indivíduos com diagnóstico inicial de TDM apresentam um episódio maníaco cerca de 6 a 10 anos após o episódio depressivo.
  • ATENÇÃO! Casos graves podem evoluir com sintomas psicóticos, geralmente congruentes com humor (delírios de ruína e morte, vozes com conteúdo negativo) d) Diagnóstico
  • O diagnóstico é clínico.
  • Exames laboratoriais devem ser utilizados para excluir outras causas de alteração de comportamento (como hipotireoidismo).
  • Escalas podem ser utilizadas para avaliar o grau de perda funcional (escala de Hamilton, Beck, PHQ...)

3) Transtorno bipolar a) Introdução

  • Nesse transtorno, ao contrário da depressão unipolar, o humor varia entre picos de humor exaltado (mania), deprimido (episódios depressivos) e de eutimia. o ATENÇÃO! O humor do paciente não oscila como uma “montanha russa”, podem estar presentes longos períodos eutímicos, que duram de meses a anos, entre os episódios de alteração de humor. Podem também estar presentes períodos de distimia alternados com os de hipomania.
  • Em geral, costumam apresentar mais episódios depressivos do que maníacos ao longo da vida.
  • Episódios maníacos são mais comuns em homens, enquanto episódios depressivos são mais frequentes em mulheres.
  • ATENÇÃO! O TB é diferente de labilidade emocional. Nessa, estão presentes oscilações de humor dentro de um mesmo dia , enquanto no TB as oscilações devem durar no mínimo sete dias, no caso da mania, no mínimo quatro dias, no caso da hipomania e no mínimo 15 dias, no caso da depressão.
  • Costuma ter início ao redor dos 3 0 anos de idade.
  • Esses pacientes apresentam um maior risco de suicídio quando comparados aqueles com depressão unipolar. Além disso apresentam um maior índice de comorbidades relacionadas ao uso de substância e transtornos de ansiedade quando comparados com esses. b) Etiologia e fisiopatologia
  • Multifatorial e desconhecida. Fatores genéticos, ambientais e psicológicos influenciam.
  • Sabe-se que fatores genéticos estão envolvidos.
  • Os neurotransmissores envolvidos são gaba, glutamato e monoaminas (mas ao contrário da depressão, suspeita-se que essas estejam em excesso, o que explica as diferenças no tratamento) o Down-regulation de receptores beta-adrenérgicos (norepinefrina) o Depleção de serotonina o Dopamina encontra-se com atividade reduzida na depressão e aumentada na mania
  • 5 a 10% dos pacientes apresentam disfunção tireoideana indetectável (TSH basal elevado) – explica a necessidade de investigar função tireoideana em todos esses pacientes. c) Quadro Clínico
  • O TB se divide em dois tipos: o Tipo I: episódios de depressão alternados com episódios de mania, podendo também estar presentes episódios de hipomania e mistos. o Tipo II: episódios depressivos alterandos com hipomania ( nunca fica maníaco ). ▪ A hipomania dura apenas 04 dias e não é grave o suficiente para causar comprometimento funcional do paciente.
  • O Tipo II parece ser o mais frequente, entretanto, é o de diagnóstico mais difícil, visto que os episódios hipomaníacos raramente são detectados, por serem menos disfuncionais.
  • Durante a evolução da doença, é comum que os episódios se tornem mais frequentes e com períodos de normalidade mais curtos.
  • Alguns “red flags” para pacientes bipolares são: o Idade de início precoce o Depressão com sintomas atípicos/depressão psicótica o Depressão puerperal o Início e término abrupto de depressão (ou episódios breves < 3 meses) o Depressão recorrente o HF de TB o Perda de efeito dos antidepressivos e sintomas maníacos durante um episódio depressivo o Irritabilidade e impulsividade periódica o Depressão refratária ao tto (03 antidepressivos distintos)
  • Distingue-se da depressão maior pela presença, atual ou passada, de períodos de dias, meses ou anos, nos quais o humor ficou irritável ou exaltado, houve maior entusiasmo ou impaciência e sensação de “pavio curto”, somada a aumento de energia mental e/ou física, maior impulsividade e aceleração de pensamentos.
  • Os quadros maníacos são caracterizados por: o Período de humor alterado, persistentemente elevado ou irritável (disfórico) associado a autoestima elevada e autoconfiança, aceleração de pensamentos e fala, redução da necessidade de sono, alterações de atenção e aumento de comportamentos de risco elevado (jogo, uso de drogas, sexo, gastar dinheiro) e dificuldade de controle de impulsos. o Sintomas psicóticos são comuns (delírios de grandeza ou poder excessivo, vozes de pessoas importantes). Estão ausentes na hipomania. o Podem se apresentar com aparência extravagante. Geralmente tagarelas (logorreia) e hipotenazes. o É intenso e traz prejuízo funcional ou ocupacional ao paciente o 75% dos pacientes podem ter delírios relacionados com o humor (grandeza, riqueza, poder...) o É comum que o paciente perda o insight da doença durante esse período.
  • Os quadros hipomaníacos têm critérios diagnósticos semelhantes aos maníacos, no entanto, os sintomas são menos intensos, duram menos tempo, nunca vem acompanhados de sintomas psicóticos e principalmente, causam pouco ou nenhum prejuízo funcional ou ocupacional ao paciente. o Muitas vezes, passam despercebidos pelo paciente e pessoas ao redor.
  • Os episódios depressivos costumam ser mais graves, ter mais ideação suicida e mais sintomas psicóticos, mais retardamento psicomotor e sintomas atípicos. o Geralmente, um início precoce da depressão, com episódios frequentes, inícios abruptos e histórico familiar sugerem um transtorno bipolar subjacente. d) Diagnóstico
  • TB tipo I = depressão + mania ou episódios mistos
  • TB tipo II = depressão + hipomania
  • Sempre lembrar que os fármacos demoram ~10 a 15 dias para surtir efeito e uma melhora sintomática “100%” não é esperada de imediato. Em média, 30 a 40% dos pacientes não respondem ao tratamento inicial.
  • As principais classes de antidepressivos são: o Inibidores da receptação de serotonina: são a primeira escolha , porque são bons antidepressivos e tem melhor perfil de efeitos colaterais, menor interação e melhor tolerabilidade. Náuseas, vômitos e disfunção sexual são seus principais EC. ▪ Escitalopram, citalopram, sertralina, fluoxetina, paroxetina e fluvoxamina o Inibidores de receptação de serotonina e noradrenalina (duais): apresentam “ação ativadora” e auxiliam em questões como dor crônica. ▪ Venlafaxina, duloxetina... o Tricíclicos: são indicados em casos refratários ao tratamento prévio, por terem maior perfil de efeito colateral (tontura, sedação, boca seca, visão turva, constipação, virada maníaca...) ▪ Nortriptilina, amitriptilina, clomipramina, imipramina, maprotilina... b) Tratamento farmacológico do transtorno bipolar
  • Aqui, as medicações costumam ser prescritas mais precocemente e por mais tempo, pelo fato de o quadro ser, em geral, bem mais grave (mesmo em quadros depressivos leves).
  • Um dos problemas da mania é a dificuldade de adesão ao tratamento por parte do paciente (insight comprometido).
  • Antes de iniciar o tratamento: hemograma completo, eletrólitos, avaliação da função renal e tireoideana.
  • Combinação mais utilizada : lítio + carbamazepina + ácido valproico
  • Os estabilizadores de humor devem ser utilizados independentemente da etapa da “montanha russa” que o paciente estiver. o Lítio: pode afetar a função renal e tireoideana; apresenta uma margem terapêutica estreita (monitorização regular da litemia sanguínea do paciente) – informar estatísticas 50% de recaída nos primeiros 5 meses após interrupção do uso de lítio ▪ Ação antimaníaca lenta ▪ Age alterando o transporte de sódio nos neurônios e o metabolismo das catecolaminas ▪ Efeitos colaterais: distúrbios na tireoide, déficit cognitivo, alterações na memória, ganho de peso ▪ Intoxicação: náuseas, vômitos, diarreia persistente, sonolência, tremores e fasciculações, hiperreflexia, diplopia, arritmias, crises convulsivas. Tratamento é sintomático, sendo realizada a diálise, caso necessário. ▪ A suplementação de hormônio tireoideano é muitas vezes necessário durante o tratamento de longo prazo, pois muitos pacientes tratados com lítio desenvolvem hipotireoidismo.

o Anticonvulsivantes: devemos sempre pedir hemograma e função hepática antes de iniciar a prescrição. O ácido valproico é o mais utilizado. Agem através do aumento na transmissão GABAérgica, inibindo as enzimas que degradam essa molécula e reduzem a transmissão glutamatérgica ao bloquear receptores NMDA. ▪ Valproato: indicado apenas para mania aguda , tendo como vantagem a menor toxicidade e menor quantidade de efeitos colaterais. Pode deteriorar função hepática. ▪ Carbamazepina: utilizada em alguns centros. ▪ Clonazepam e lorazepam: são BZD de alta potência , sendo utilizados para o tratamento da fase aguda da mania. o Antipsicóticos atípicos: queatiapina, olanzapina e risperidona são os fármacos mais utilizados na fase maníaca. Quetiapina é excelente para episódios depressivos.

  • Em geral, a recomendação é: o Mania: risperidona, quetiapina, olanzaprina, asenapina, aripiprazol, lítio, ácido valproico o Depressão: quetiapina, lurasidona, lamotrigina, lítio o Manutenção: lítio, quetiapina, aripiprazol, ácido valproico.
  • O uso de antidepressivo não deve ser incentivado, devido ao risco de virada maníaca. Além disso, devido a fisiopatologia distinta, tem o risco de não tratar o paciente. Nunca usar em monoterapia e ter cuidado com as associações.
  • A eletroconvulsoterapia pode ser útil para pacientes com depressão bipolar que não respondam a lítio ou outros estabilizadores do humor, principalmente em casos que o paciente apresente ideação suicida.
  • OBS: À semelhança de outros fármacos utilizados para esta especialidade, o carbonato de lítio pode sofrer interação adversa com outros medicamentos em alguns pacientes. o Haldol: síndrome cerebral caracterizada por fraqueza, letargia, febre, tremores, confusão mental, sintomas extrapiramidais, leucocitose, elevação de enzimas séricas seguida de danos cerebrais irreversíveis podem ocorrer em alguns pacientes que utilizam o haldol em associação com o carbonato de lítio, porém, a relação causal entre esta associação e estes eventos não está bem estabelecida. Estes pacientes devem ser monitorados e evidências de toxicidade neurológica devem levar a interrupção do tratamento assim que esses sinais forem identificados. A possibilidade de interações adversas semelhantes com outros antipsicóticos existe. o O carbonato de lítio pode prolongar os efeitos de agentes bloqueadores neuromusculares e, portanto estes agentes devem ser administrados cuidadosamente a pacientes em litioterapia. o Indometacina e piroxicam: podem levar a um aumento significativo dos níveis plasmáticos do lítio. Em alguns casos a toxicidade do lítio pode estar relacionada a este tipo de interação. o Agentes inflamatórios não hormonais devem ser administrados com o controle rigoroso da litemia. o Cuidados devem ser tomados quando da associação do carbonato de lítio com fenilbutazona, diuréticos como hidroclorotiazida e clortiazida, ou inibidores da conversão da angiotensina, pois a perda de sódio pode diminuir o clearence renal do lítio aumentando a sua concentração plasmática a níveis tóxicos. Quando houver estas associações, as doses do carbonato de lítio devem ser diminuídas e seus níveis séricos determinados com maior frequência