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Transtornos dissociativos, conversivos e somatoformes ..., Provas de Diagnóstico

pentecostais, à procura de milagres, de reconhecimento social e de alívio. ... Os transtornos dissociativos e os de conversão se caracterizam por uma perda ...

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Amazonas
Amazonas 🇧🇷

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RAPS. Transtornos dissociativos, conversivos e somatoformes: protocolo de acolhimento.
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Blanche entrando em posição de opistótono, apoiada por Babinski, durante aula prática de Charcot. Pintura de André Brouillet, 1887.
Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial,
para o acolhimento de dissociações,
conversões, outros quadros histéricos, e de
transtornos somatoformes.
Sistema Único de Saúde
Estado de Santa Catarina, 2015.
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Blanche entrando em posição de opistótono, apoiada por Babinski, durante aula prática de Charcot. Pintura de André Brouillet, 1887.

Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial,

para o acolhimento de dissociações,

conversões, outros quadros histéricos, e de

transtornos somatoformes.

Sistema Único de Saúde

Estado de Santa Catarina, 2015.

Transtornos

dissociativos,

conversivos

e

somatoformes

Protocolo deProtocolo de Protocolo deProtocolo de

acolhimentoacolhimentoacolhimentoacolhimento

1. SITUAÇÃO A SER ABORDADA

Trata-se das manifestações neuróticas, de tipo histérico, tradicionalmente divididas em conversão (com sintomas atingindo funções físicas, como nas paralisas sem correlação neurológica, na cegueira funcional, etc.) e dissociação (sintomas atingindo a consciência, como os desmaios, as convulsões, as alterações de identidade, as amnésias, etc.), e quadros conexos. Estas manifestações ocorrem em pessoas predispostas. Todos eles são de origem psicogênica. Em sua nascente há fatores de ordem psicanalítica, vinculados a experiências dos primeiros cinco anos de idade. A escuta do sujeito histérico, pelos profissionais do SUS, é algo fundamental para a formulação de ofertas e de soluções na assistência pública^1. São características destes transtornos as perturbações nas funções habitualmente integradas da consciência, memória, identidade ou percepção do ambiente. O neurótico conversivo, como os histéricos de um modo geral, é extremamente sugestionável, demonstrando com isso seu clássico infantilismo e falta de maturidade da personalidade. Tem afetos e relações objetais pueris, valorizando as fantasias na tentativa de negar as realidades frustrantes ou penosas. Ao longo dos séculos XIX e XX as manifestações agudas conversivas e dissociativas eram vistas com frequência em serviços médicos. Atualmente elas são vistas com mais facilidade em cultos e reuniões públicas promovidos por igrejas, especialmente as pentecostais, à procura de milagres, de reconhecimento social e de alívio. Nos ambientes religiosos vinculados a tradições afro-brasileiras e a movimentos espíritas sempre houve uma receptividade e fornecimento de explicações capazes de minorar o sofrimento, compartilhando sua discussão, incluindo os sintomas no meio cultural e evitando discriminações. Nos serviços de saúde elas, na maioria das vezes, não se mostram tão claras e assumem feições de queixas somáticas polivalentes, incongruentes do ponto de vista da anatomia e da fisiologia. Podem assumir também a forma de manifestação relacional, com labilidade afetiva e comportamento histriônico.

2. CLASSIFICAÇÃO NA CID 10

F44 Transtornos dissociativos [e de conversão] Os transtornos dissociativos e os de conversão se caracterizam por uma perda parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças, da consciência, da identidade e das sensações imediatas, e do controle dos movimentos corporais. Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, em particular quando sua ocorrência se associou a um acontecimento traumático. A evolução pode igualmente se fazer para transtornos mais crônicos, em particular paralisias e anestesias, quando a ocorrência do transtorno está ligada a problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis. No passado, estes transtornos eram classificados entre diversos tipos de “histeria de conversão”. Admite- se que sejam psicogênicos, dado que ocorrem em relação temporal estreita com

(^1) BURSZTYN, Daniela Costa. O Tratamento da histeria: um desafio para a rede de saúde mental. Psicol. cienc.

prof. , Brasília , v. 31, n. 4, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932011000400006&lng=en&nrm=iso.

Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito. Exclui: esquizofrenia (F20.-) intoxicação por uma substância psicoativa (F10-F19 com quarto caractere comum .0) síndrome pós-traumática (F07.2) transtorno(s): · orgânico da personalidade (F07.0) · psicóticos agudos e transitórios (F23.-) F44.4 Transtornos dissociativos do movimento As variedades mais comuns destes transtornos são a perda da capacidade de mover uma parte ou a totalidade do membro ou dos membros. Pode haver semelhança estreita com quaisquer variedades de ataxia, apraxia, acinesia, afonia, disartria, discinesia, convulsões ou paralisia. Afonia psicogênica Disfonia psicogênica Torcicolo histérico F44.5 Convulsões dissociativas Os movimentos observados no curso das convulsões dissociativas podem se assemelhar de perto àquelas observadas no curso das crises epiléticas; mas a mordedura de língua, os ferimentos por queda e a incontinência de urina são raros contudo; além disto, a consciência está preservada ou substituída por um estado de estupor ou transe. F44.6 Anestesia e perda sensorial dissociativas Os limites das áreas cutâneas anestesiadas correspondem freqüentemente às concepções pessoais do paciente, mais do que a descrições científicas. Pode haver igualmente uma perda de um tipo de sensibilidade dado, com conservação de outras sensibilidades, não correspondendo a nenhuma lesão neurológica conhecida. A perda de sensibilidade pode se acompanhar de parestesias. As perdas da visão e da audição raramente são totais nos transtornos dissociativos. Surdez psicogênica F44.7 Transtorno dissociativo misto [de conversão] Combinação de transtornos descritos em F44.0-F44. F44.8 Outros transtornos dissociativos [de conversão] Confusão psicogênica Estado crepuscular psicogênico Personalidade múltipla Síndrome de Ganser F44.9 Transtorno dissociativo [de conversão] não especificado

F45 Transtornos somatoformes A característica essencial diz respeito à presença repetida de sintomas físicos associados à busca persistente de assistência médica, apesar que os médicos nada encontram de anormal e afirmam que os sintomas não têm nenhuma base orgânica. Se quaisquer transtornos físicos estão presentes, eles não explicam nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o sofrimento e as preocupações do sujeito. Exclui: arrancar-se os cabelos (F98.4) disfunção sexual não devida a doença ou a transtorno orgânico (F52.-)

dislalia (F80.8) fatores psicológicos ou comportamentais associados a doenças ou transtornos classificados em outra parte (F54) lalação (F80.0) roer unhas (F98.8) síndrome de Gilles de la Tourette (F95.2) sucção do polegar (F98.8) tiques (na infância e na adolescência) (F95.-) transtornos dissociativos (F44.-) tricotilomania (F63.3) F45.0 Transtorno de somatização Transtorno caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos, múltiplos, recorrentes e variáveis no tempo, persistindo ao menos por dois anos. A maioria dos pacientes teve uma longa e complicada história de contato tanto com a assistência médica primária quanto especializada durante as quais muitas investigações negativas ou cirurgias exploratórias sem resultado podem ter sido realizadas. Os sintomas podem estar referidos a qualquer parte ou sistema do corpo. O curso da doença é crônico e flutuante, e freqüentemente se associa a uma alteração do comportamento social, interpessoal e familiar. Quando o transtorno tem uma duração mais breve (menos de dois anos) ou quando ele se caracteriza por sintomas menos evidentes, deve-se fazer o diagnóstico de transtorno somatoforme indiferenciado (F45.1). Transtorno de Briquet Transtorno psicossomático múltiplo Exclui: simulador [simulação consciente] (Z76.5) F45.1 Transtorno somatoforme indiferenciado Quando as queixas somatoformes são múltiplas, variáveis no tempo e persistentes, mas que não correspondem ao quadro clínico completo e típico de um transtorno de somatização, o diagnóstico de transtorno somatoforme indiferenciado deve ser considerado. Transtorno psicossomático indiferenciado F45.2 Transtorno hipocondríaco A característica essencial deste transtorno é uma preocupação persistente com a presença eventual de um ou de vários transtornos somáticos graves e progressivos. Os pacientes manifestam queixas somáticas persistentes ou uma preocupação duradoura com a sua aparência física. Sensações e sinais físicos normais ou triviais são freqüentemente interpretados pelo sujeito como anormais ou perturbadores. A atenção do sujeito se concentra em geral em um ou dois órgãos ou sistemas. Existem freqüentemente depressão e ansiedade importantes, e que podem justificar um diagnóstico suplementar. Dismorfofobia (corporal) (não-delirante) Hipocondria Neurose hipocondríaca Nosofobia Exclui: dismorfofobia delirante (F22.8), idéias delirantes persistentes sobre o funcionamento ou a forma do corpo (F22.-) F45.3 Transtorno neurovegetativo somatoforme O paciente atribui seus sintomas a um transtorno somático de um sistema ou de órgão inervado e controlado, em grande parte ou inteiramente, pelo sistema neurovegetativo: sistema cardiovascular, gastrointestinal, respiratório e urogenital. Os sintomas são

impressão de instabilidade global. São comuns, além disto, inquietudes com relação a uma degradação da saúde mental e física, irritabilidade, anedonia, depressão e ansiedade menores e variáveis. O sono freqüentemente está perturbado nas suas fases inicial e média mas a hipersonia pode também ser proeminente. Síndrome de fadiga Usar código adicional, se necessário, para identificar a doença física antecedente. Exclui: astenia SOE (R53), estafa (Z73.0), mal estar e fadiga (R53), psicastenia (F48.8), síndrome da fadiga pós-viral (G93.3) F48.1 Síndrome de despersonalização-desrealização Trata-se de um transtorno raro no qual o paciente se queixa espontaneamente de uma alteração qualitativa de sua atividade mental, de seu corpo e de seu ambiente, estes últimos percebidos como irreais, longínquos ou “robotizados”. Dentre os vários fenômenos que caracterizam esta síndrome, os pacientes queixam-se mais freqüentemente de perda das emoções e de uma sensação de estranheza ou desligamento com relação aos seus pensamentos, seu corpo ou com o mundo real. A despeito da natureza dramática deste tipo de experiência, o sujeito se dá conta da ausência de alterações reais. As faculdades sensoriais são normais e as capacidades de expressão emocional intactos. Sintomas de despersonalização-desrealização podem ocorrer no contexto de um transtorno esquizofrênico, depressivo, fóbico ou obsessivo-compulsivo identificável. Neste caso, reter-se-á como diagnóstico aquele do transtorno principal.

3. DIAGNÓSTICO

Os sintomas devem ser avaliados num espectro que varia do normal ao patológico e do neurológico ao psicológico^2 :

(^2) CARDEÑA E. The Domain of Dissociation. In: Lynn SJ, Rhue JW, editors. Dissociation: Clinical and Theoretical

Perspectives. New York: The Guilford Press; 1994 , p.15-31. Apud: NEGRO JUNIOR, Paulo Jacomo; PALLADINO-NEGRO, Paula; LOUZA, Mario Rodrigues. Dissociação e transtornos dissociativos: modelos teóricos. Rev. Bras. Psiquiatr. , São Paulo , v. 21, n. 4, Dec. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44461999000400014&lng=en&nrm=iso.

A avaliação do meio cultural e das tradições religiosas em que o paciente está inserido é importante. O profissional de saúde não deve contrariar frontalmente ou se envolver em questões religiosas que visam explicar os sintomas. O respeito a todos os tipos de religião deve ser preservado.

Uma vez feito o diagnóstico diferencial com transtornos não psicogênicos, avalia-se o tipo de transtorno dissociativo manifestado. Os dissociativos geralmente apresentam mais dificuldades no diagnóstico diferencial imediato:

4. POSSÍVEIS LOCAIS DE TRATAMENTO

Rotineiramente estes transtornos são atendidos em unidades básicas de saúde (UBS) e, quando mais graves, em centros de atenção psicossocial (CAPS). Em momentos de descompensação e crise aguda, são vistos em unidades de pronto atendimento (UPA), prontos-socorros hospitalares (PS) e até, mais raramente, em serviços de atendimento móvel de urgência (SAMU). Estes casos, como regra, não devem ser encaminhados a internação e nem à avaliação na triagem de hospital psiquiátrico. Seu tratamento é ambulatorial.

5. TRATAMENTO

Num primeiro momento, sem haver intensa relação terapêutica formatada por uma transferência bem montada, a confrontação do paciente com seus sintomas, apelando para a razão, não é resolutiva. Pode até gerar uma revolta em pacientes mais suscetíveis e afetados, com acentuação da sintomatologia. Os pacientes de personalidade histriônica, sempre que sentirem uma postura de mestre autoritário no profissional, trabalharão inconscientemente para mostrar que os profissionais da saúde não podem dar conta de seus sintomas. Um passo importante, durante as crises, é esclarecer o caráter emocional do quadro, em linguagem suave e em posição de ajuda. As abordagens terapêuticas implicam postura psicoterápica, de apoio, mesmo na rede básica. Casos mais complexos, sintomáticos ou incômodos precisarão de psicoterapia sob inspiração psicodinâmica, em CAPS, ou em ambulatório, por psicólogo ou por psiquiatra com habilidade em psicoterapia.

  1. Podem ser fornecidas regularmente consultas breves, de acompanhamento, evitando que o paciente venha em crise, após ter desaparecido do serviço de saúde por meses.

  2. Uma abordagem multidisciplinar para o tratamento do transtorno de conversão é benéfica.

  3. O ideal seria haver possibilidade de acompanhamento regular com psicólogo.

  4. O problema não é neurológico. Logo, a consulta com neurologista só é necessária na fase de estabelecimento do diagnóstico, se houverem dúvidas a respeito da diferenciação com possíveis doenças neurológicas a serem descartadas.

  5. A consulta com cardiologista somente deve ser incentivada se o paciente tem alterações episódicas de consciência devido à preocupação com a síncope cardiogênica, podendo-se necessitar de descarte de hipóteses cardiológicas.

  6. A consulta com fisioterapeuta pode ser indicada para aqueles com grande distúrbio motor ou da marcha, por tempo longo. O contato do clínico geral, do psicólogo ou do psiquiatra com o fisioterapeuta, esclarecendo sua opinião, é importante.

  7. O psiquiatra é geralmente indicado quando os sintomas persistem. Pode ajudar na identificação de estressores psicológicos simbolicamente ligados aos sintomas e outros fatores de risco para transtorno de conversão. Medicações poderão ser utilizadas de forma temporária, num contexto planejado.

  8. Deve-se ter cuidado com as solicitações de medicamentos, especialmente de bezodiazepínicos, pois muitos pacientes com sintomas neuróticos se tornam graves dependentes de tranquilizantes e aumentam as doses por conta própria. Muitos deles têm vários médicos ao mesmo tempo, em ambulatórios diferentes, garantindo receitas para poderem tomar doses muito além das receitadas.

7. ALGORITMO PARA CRISES DISSOCIATIVAS

Paciente chega com

provável

Transtorno Dissociativo

  • Amnésia episódica e reversível
  • Identidade múltipla
  • Fuga dissociativa
  • Despersonalização
  • Desrealização
  • Associação com sintomas de ansiedade, tontura, sensação de perda de controle ou depressão
  • Relação com estresse ou trauma intenso

Provável condição clínica geral?

Não

Sim

Investigar transtorno induzido por substância

Exames complementares

Não

  • Avaliação psíquica
  • Excluir outros transtornos psiquiátricos

Fez uso de álcool ou drogas?

Confirma Transtorno Dissociativo ou Conversivo

Sintomas intencionais?

Sim

Investigar transtorno factício ou simulação

Não

Sim

  • Explicar condição clínica
  • Tranquilizar e ser acolhedor
  • Se necessário, indicar psicoterapia
  • Avaliar uso medicação sintomática conforme sintomas, temporariamente.