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Este artigo apresenta uma análise do custo de produção de algodão convencional e geneticamente modificado no brasil. Os autores destacam as áreas dedicadas à produção de soja, milho, algodão e canola, onde as variedades gm são utilizadas. O uso de variedades gm permite economia com insumos, melhorando a competitividade da produção brasileira. O artigo também discute a história da liberação de algodão gm no brasil e a análise dos custos de produção para as principais regiões mato-grossenses.
Tipologia: Notas de aula
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a g r o n e g ó c I o
Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, Lucilio Rogerio Aparecido Alves e
Carlos Eduardo Carneiro Ballaminut*
apresentamos neste artigo a estrutura do custo de produção de algodão no Brasil, comparando os custos do algodão convencional aos do geneticamente modificado (GM). Para isso, discutimos os principais fatores referentes às tecnologias Bollgard® e Roundup Ready®, com base em dados da safra 2004/2005, uma vez que não estão disponíveis os dados consolidados para a safra 2005/2006. a comercialização de
EDERALDo J. CHAIVEGATo/uSP ESALQ
Cultivares transgênicas: rentabilidade é ainda pouco avaliada no Brasil
sementes geneticamente modificadas de soja, milho, algodão e canola, em nível mundial, ocorre desde 1996. em 2005, foram plantados aproximadamente 90 milhões de hectares, variação positiva de 50 vezes, desde o primeiro ano de utili- zação da técnica (Figura 1). esse aumento ocorreu em razão do maior do número de países que utilizam essa tecnologia, que passou de 6 para 9, em 1998, depois para 12, em 1999, chegando a 21, em 2005. a maior área plantada com sementes GM está nos Estados unidos, com 49, milhões de hectares cultivados. em se- guida vêm a argentina (17,1 milhões de hectares), o Brasil (9,4 milhões), o Canadá (5,8 milhões), a China (3,3 milhões), o pa- raguai (1,8 milhões) e a Índia (1,3 milhões). Nas áreas ocupadas com sementes GM, destacam-se as voltadas à produção de soja, seguidas pelas de milho, algodão e canola. as áreas de algodão plantadas
( Alabama argillacea ), lagarta-rosada ( Pectinophora gossypiella ) e a lagarta- da-maçã ( Heliothis virescens ).
são ainda poucos os trabalhos que ana- lisam a efetividade do uso de variedades GM em reduzir custos e melhorar a renta- bilidade do algodão produzido no Brasil. Vale ressaltar, entretanto, que na estru- tura de custo de produção de algodão no Brasil, há uma elevada participação dos custos variáveis sobre o total, em escala maior do que ocorre em outros países. Como o uso de variedades GM permite economia com insumos, é possível que, em princípio, contribuam para reduzir a participação desses itens no custo total, melhorando a competitividade da produ- ção do algodão brasileiro. Neste trabalho, foram utilizadas simu- lações para avaliar o impacto potencial
Fonte: International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Application (ISAAA), 2006.
Figura 1 | EVolução da árEa plantada com sEmEntEs gEnEticamEntE modiFicadas, Em milhõEs dE hEctarEs; 1996 a 2005
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Total Países desenvolvidos Países em desenvolvimento
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
com sementes GM chegam a aproximada- mente 10 milhões de hectares. os estados unidos utilizam em plantios de algodão a tecnologia Bollgard® desde 1996 e a tolerante ao herbicida Roundup® (Roundup Ready®) desde 1997. Apesar de estar desde então disponível em nível mundial, no Brasil não havia liberação para uso da tecnologia de algodão GM. apenas em março de 2005, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) emitiu parecer técnico defe- rindo a liberação comercial de algodão geneticamente modificado resistente a insetos. o parecer técnico refere-se ao organismo geneticamente modificado (oGM) “Algodão Bollgard Evento 531”, de domínio da Monsanto do Brasil Ltda., o qual, segundo o parecer técnico, é resistente às principais pragas da ordem lepidóptera que afetam a cultura no Bra- sil, quais sejam: curuquerê-do-algodão
visão agrícola nº 6 Jul | dez 2006 1 2 5
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custos d
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Variedades Bollgard
Variedades Convencionais
Variedades Roundup Read
Variedades Bollgard + Roundup Ready
Descrição
Var. susceptíveis
Var. resistentes
Var. susceptíveis
Var. resistentes
Var. susceptíveis
Var. resistentes
Var. susceptíveis
Var. resistentes
Produtividade - em caroço (kg/ha)
3.900,
3.600,
3.900,
3.600,
3.900,
3.600,
3.900,
3.600,
“Produtividade liquida - em pluma(kg/ha) - sem FUNRURAL”
1.501,
1.422,
1.501,
1.422,
1.501,
1.422,
1.501,
1.422,
Sistema de plantio
Semidireto
Semidireto
Semidireto
Semidireto
Semidireto
Semidireto
Semidireto
Semidireto
Tipo de colheita
Mecânica
Mecânica
Mecânica
Mecânica
Mecânica
Mecânica
Mecânica
Mecânica
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
R$/ha
Part.
Item de custo Insumos^ Semente de milheto
0,
0,0%
0,
0,0%
0,
0,0%
0,
0,0%
0,
0,0%
0,
0,0%
0,
0,0%
0,
0,0%
Adubos e corretivos
974,
22,6%
974,
24,1%
974,
22,2%
974,
23,6%
974,
22,5%
974,
23,9%
974,
22,9%
974,
24,4%
Herbicidas
286,
6,6%
286,
7,1%
286,
6,5%
286,
6,9%
259,
6,0%
259,
6,4%
259,
6,1%
259,
6,5%
Inseticidas
827,
19,2%
573,
14,2%
880,
20,0%
625,
15,2%
880,
20,3%
625,
15,4%
827,
19,4%
573,
14,4%
Fungicidas
247,
5,7%
254,
6,3%
247,
5,6%
254,
6,2%
247,
5,7%
254,
6,3%
247,
5,8%
254,
6,4%
Semente de algodão
70,
1,6%
82,
2,0%
70,
1,6%
82,
2,0%
70,
1,6%
82,
2,0%
70,
1,7%
82,
2,1%
Outros
104,
2,4%
135,
3,4%
104,
2,4%
135,
3,3%
104,
2,4%
135,
3,3%
104,
2,5%
135,
3,4%
Subtotal
2.512,
58,3%
2.308,
57,0%
2.564,
58,4%
2.360,
57,2%
2.537,
58,5%
2.333,
57,3%
2.485,
58,4%
2.281,
57,1%
Operações mecânica e manual^ Preparo do solo
160,
3,7%
160,
4,0%
160,
3,7%
160,
3,9%
160,
3,7%
160,
3,9%
160,
3,8%
160,
4,0%
Plantio de algodão
70,
1,6%
70,
1,7%
70,
1,6%
70,
1,7%
70,
1,6%
70,
1,7%
70,
1,7%
70,
1,8%
Tratos culturais
252,
5,9%
244,
6,0%
256,
5,8%
248,
6,0%
248,
5,7%
240,
5,9%
244,
5,7%
236,
5,9%
Pragueiro
41,
1,0%
41,
1,0%
41,
0,9%
41,
1,0%
41,
0,9%
41,
1,0%
41,
1,0%
41,
1,0%
Colheita
347,
8,1%
346,
8,6%
347,
7,9%
346,
8,4%
347,
8,0%
346,
8,5%
347,
8,2%
346,
8,7%
Destruição de soqueira
15,
0,4%
15,
0,4%
15,
0,4%
15,
0,4%
15,
0,4%
15,
0,4%
15,
0,4%
15,
0,4%
Subtotal
888,
20,6%
878,
21,7%
892,
20,3%
882,
21,4%
884,
20,4%
874,
21,5%
880,
20,7%
870,
21,8%
Serviços^ Beneficiamento
300,
7,0%
284,
7,0%
300,
6,8%
284,
6,9%
300,
6,9%
284,
7,0%
300,
7,1%
284,
7,1%
Custo de classificação
8,
0,2%
8,
0,2%
8,
0,2%
8,
0,2%
8,
0,2%
8,
0,2%
8,
0,2%
8,
0,2%
Subtotal
309,
7,2%
292,
7,2%
309,
7,0%
292,
7,1%
309,
7,1%
292,
7,2%
309,
7,3%
292,
7,3%
CESSR
43,
1,0%
41,
1,0%
43,
1,0%
41,
1,0%
43,
1,0%
41,
1,0%
43,
1,0%
41,
1,0%
Arrendamento
165,
3,8%
165,
4,1%
165,
3,8%
165,
4,0%
165,
3,8%
165,
4,1%
165,
3,9%
165,
4,2%
Capital de giro
374,
8,7%
342,
8,5%
396,
9,0%
365,
8,8%
378,
8,7%
346,
8,5%
355,
8,4%
324,
8,1%
Assistência técnica
18,
0,4%
17,
0,4%
19,
0,4%
18,
0,4%
19,
0,4%
17,
0,4%
18,
0,4%
17,
0,4%
Custo Operacional Total (COT)
4.312,
100,0%
4.046,
100,0%
4.392,
100,0%
4.126,
100,0%
4.338,
100,0%
4.072,
100,0%
4.258,
100,0%
3.992,
100,0%
Custo unitário na fazenda
“Custo operacional líquido (R$/kg) -sem FUNRURAL”
2,
2,
2,
2,
2,
2,
2,
2,
“Custo operacional líquido (R$/lb) -sem FUNRURAL”
1,
1,
1,
1,
1,
1,
1,
1,
Margem na fazenda
Preço médio de venda interna (R$/lb)
1,
1,
1,
1,
1,
1,
1,
1,
Margem sobre o COT1 (R$/lb)
-0,
-0,
-0,
-0,
-0,
-0,
0,
-0,
Margem sobre o COT1 (R$/ha)
-115,
-72,
-195,
-152,
-141,
-97,
-61,
-18,
Produção de nivelamento
Produtividade de nivelamento - pluma (kg/ha)
1.542,
1.447,
1.571,
1.476,
1.552,
1.457,
1.523,
1.428,
Produtividade de nivelamento (kg/ha)
4.051,
3.841,
4.126,
3.916,
4.075,
3.865,
4.000,
3.789,
Acréscimo de produtividade
3,7%
6,3%
5,5%
8,1%
4,3%
6,9%
2,5%
5,0%
Legenda: 1 Regulador de crescimento, óleos mineral e vegetal e espalhante adesivo; S= Suceptível e R=Resistente Fonte: Dados de pesquisa.
visão agrícola nº 6 Jul | dez 2006 1 2 7
a g r o n e g ó c I o
tanto para variedades suscetíveis, quanto para as resistentes. para o custo unitário, em r$/lb, também houve redução de 2%, Vale a pena destacar ainda que, apesar da redução de custo por hectare ter sido de r$ 79,85, quando se avalia para a fazen- da típica de CNp, a redução no custo da propriedade chega a aproximadamente r$ 40.000,00.
análise semelhante foi realizada para a viabilidade econômica da utilização de algodão resistente à aplicação do her- bicida Roundup Ready® (RR). Também se observou uma diminuição nos custos finais de produção, quando comparados aos custos para a utilização de variedades tradicionais. No caso de uso de tecno- logia rr, ocorre uma diferenciação no tipo de manejo utilizado para o combate de plantas daninhas. Normalmente, o manejo das variedades convencionais é feito com dessecação do milheto, 30 dias antes do plantio do algodão, seguido de dessecação no dia do plantio e de aplica- ção de pré-emergente, após a semeadura. Com a cultura já desenvolvida, é feita uma aplicação de herbicidas seletivos à cultura, mas com custos bastante eleva- dos. antes do fechamento da cultura é realizada uma aplicação em jato dirigido, utilizando-se um dessecante e um pré- emergente, para controle das plantas daninhas, até a colheita. Já no caso do algodão rr, há a elimi- nação de algumas dessas aplicações, não sendo mais necessária a aplicação do herbicida de pré-emergência após a semeadura, e também a aplicação do jato dirigido. além disso, a aplicação em pós- emergência, que era realizada com dois produtos considerados caros, pode ser substituída pela aplicação do glifosato, que tem custo mais competitivo. Também foi acrescido o valor da taxa tecnológica, mas, por não se dispor de informações sobre o valor específico para o rr, consi- derou-se a mesma do Bollgard®. o uso da tecnologia rr traria uma redução de 9%
no custo com herbicidas, nas variedades suscetíveis e resistentes, o que significa uma redução nos gastos com insumos e no custo total de 1%. Isso representa redução de r$ 54,27/ha para ambas as variedades. a propriedade típica considerada para a região de CNp deixaria de gastar, assim, r$ 27.133,00, na área de 500 hectares.
a última alternativa simulada foi com as variedades GM que apresentam resis- tência múltipla a lagartas e glifosato; isso é, as variedades Bollgard® + RR, caso em que, além de subtrair as operações e os insumos já descritos separadamente para a tecnologia Bollgard® e para o RR, foram adicionadas duas taxas tecnológicas, no intuito de se computar uma para cada tecnologia. e foi justamente para essa tecnologia que se obtiveram as maiores reduções nos custos de produção. a eco- nomia com gastos em herbicidas ficou em 9%, com base nos sistemas tradicionais de variedades suscetíveis e resistentes, enquanto que em inseticida, girou entre 6% e 8%, respectivamente. Isso permite um decréscimo de 3% nos gastos com insumos, assim como no custo total e por unidade produzida. Nesse caso, a redução do custo é de aproximadamente r$ 134,00/ha, re- sultando em decréscimo de r$ 67.057,00, em uma área de 500 hectares. Verifica-se assim que a introdução de sementes GM gerou, nas simulações rea- lizadas neste estudo, reduções nos custos de produção para todas as variedades. essa redução, contudo, deve ser enca- rada como particular à região estudada. Características locais, como infestação de outras pragas-chave (como é o caso da lagarta Spodoptera e do bicudo) e infestações de outras ervas daninhas podem alterar significativamente os resultados encontrados para a região de Campo Novo do parecis. além disso, há outros aspectos importantes ligados ao uso de variedades transgênicas, que não foram aqui considerados, como é o caso dos benefícios ambientais decorrentes
do menor uso de inseticidas. Da mesma forma, deve-se lembrar a redução do nú- mero de decisões a serem tomadas pelos produtores, com relação ao controle das pragas da cultura. essas novas tecnolo- gias, portanto, adicionarão certamente maior flexibilidade às opções de manejo da cultura do algodão no Brasil.
* Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho é professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da USP ESALQ (jbsferre@esalq.usp.br), Lucilio Rogerio Aparecido Alves é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), (lualves@esalq.usp.br) e Carlos Eduardo Carneiro Ballaminut é mestrando em Fitotecnia na USP ESALQ (carlosballami- nut@yahoo.com.br).
aLVes, L. r. a. assumindo a condução dos custos de produção do algodão, 2005, salvador, Ba. In: CoNGRESSo BRASILEIRo DE ALGoDão, 5., Anais ... Salvador, BA, Abrapa, 2005. CD-RoM. CoMISSão TÉCNICA NACIoNAL DE BIoSSEGu- RANçA (CTNBio). Parecer Técnico Prévio Con- clusivo, n. 513/2005. Disponível em: <http://www. ctnbio.gov.br/>. acesso em: 10 maio 2006. FERREIRA FILHo, J. B. de S.; VILLAR, P. M. del; AL- VES, L. R. A.; BALLAMINuT, C. E. C.; SILVA, L. F. T. da. estudo da competitividade da produção de algodão entre Brasil e estados unidos – safra 2003/04. In: CoNGRESSo BRASILEIRo DE ECoNoMIA E SoCIoLoGIA RuRAL, 43., 2005, ribeirão preto, sp. Anais ... ribeirão preto, sp,