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Uma dissertação final sobre a tradução de um blog de viagem para um estilo mais informal e oral. O autor reflete sobre as desigualdades entre aqueles que têm oportunidades de viajar e aqueles que não, e discute a importância de passaportes e diplomas na vida. Ele compartilha suas experiências pessoais e reflete sobre a importância de seguir seus sonhos e se abrir a novas oportunidades.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB INSTITUTO DE LETRAS - IL DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUÇÃO - LET CURSO DE LETRAS - TRADUÇÃO INGLÊS
Brasília – DF 2018
Traduzindo e viajando: uma tradução do blog de viagens The Blog Abroad Trabalho apresentado como requisito parcial à obten ção de menç ã o na disciplina Projeto Final do Curso de Letras – Traduç ã o, da Universidade de Brasí lia. Orientadora: Profa Dra. Alessandra Ramos de Oliveira Harden Brasília – DF 2018
Durante todas as etapas que culminaram nesse trabalho pude ver com imensa clareza como tenho um sistema de apoio fenomenal. Gostaria começar agradecendo aos meus pais, que me introduziram no mundo dos estudos bem cedo e sempre foram minha inspiração e exemplo de que nem o céu é capaz de te limitar se você tem garra, dedicação e força de vontade. Tanto de um lado quanto do outro da minha família estive cercada de exemplos de dedicação, empenho e incessável resiliência em superar os limites de suas criações. Sempre serei imesurávelmente grata a eles por tudo isso. É importante lembrar também de todas as pessoas que contribuíram para o meu desenvolvimento e crescimento intelectual durante meu tempo na universidade. Meu sincero muito obrigado a todos os professores, monitores, tutores, coordenadores que tive a honra de conhecer nos últimos 8 anos. Um agradecimento especial para a minha orientadora a Prof. Dra. Alessandra Oliveira de Ramos Harden que esteve ao meu lado durante as inúmeras etapas desse trabalho, sem a ajuda dela provavelmente ainda estaria tentando decidir o quê traduzir. Preciso também demonstrar meu mais profundo apreço pelos colegas que fiz na UnB, em especial a Janaina que foi peça chave durante algumas das incontáveis revisões pelas quais esse trabalho passou. O meu sistema de apoio vinha não só das pessoas com quem convivia no dia a dia. Uma parte importante dele vinha de amigos que mesmo com grandes distâncias entre nós estavam lá pra me atender quando mandei mensagem de madrugada apavorada ou estressada com alguma coisa da UnB. Bia e Thaissa meu “trio parada dura” desde 2004 me ajudaram a manter a cabeça no jogo e manter o objetivo maior sempre em vista. Os adoráveis Taylor e Thais acompanharam de perto o cansaço e ralação que foi esse semestre, ajudando inclusive durante as revisões e edições desse trabalho. Depois de tantos desvios e retornos durante meus 8 anos de universidade é de vital importância agredecer a minha terapeuta Lais que, apesar de só ter entrado no meu convívio três anos atrás, foi uma das pessoas mais insubstituíveis no processo que me fez capaz de chegar até esse momento da graduação. Foram muitas subidas e incontáveis descidas, mas agradeço também a Deus por me permitir concluir mais essa etapa da minha vida acadêmica.
Esse trabalho de conclusão de curso propõe traduzir o blog de viagens The Blog Abroad de Gloria Atanmo com o objetivo de estimular a divulgação de materiais como esse, que esclarece a realidade da vida intinerante. O público alvo desse tipo de produção, em especial a Geração Y, procura multiplicidade de fonte e espera gratificação instantânea, o que explica a crescente demanda de traduções como essa. Durante o processo tradutório foram enfrentadas dificuldades com relação à informalidade e à oralidade presentes no tipo textual dos artigos que são uma mistura de relato de viagem com diário. Para encontrar soluções para os dilemas enfrentados foi necessária extensa pesquisa teórica nos mais diversos artigos e teses sobre Estudos de Tradução. Dessa maneira pôde se concluir com esse trabalho que por fazer parte de um mercado crescente sempre haverão novos materiais para serem traduzidos e que conforme mais delas forem feitas as teorias da tradução acompanharam a tendência e discutirão os fenomênos encontrados. Palavras chave: tradução, viagens, tecnologias
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Existe em quase todas as pessoas um desejo de viajar e conhecer novos lugares, muitas delas sem poder conhecer uma fração do nosso país e do mundo. A presença e a expansão da tecnologia têm criado uma linguagem própria e diferenciada. Principalmente a Geração Y tem reforçado que valoriza mais as experiências acima dos bens físicos, como por exemplo, comprar um imóvel. A globalização tem sido peça chave para que a cada dia o acesso livre às experiências de terceiro seja o funcionamento normal da sociedade. O aspecto explorador e curioso da autora foi o que chamou mais atenção e identificação para esse trabalho de tradução. Uma das marcas da globalização é a rapidez com que as informações são processadas. Nesse processo, a informática, desde seu advento, tem sido responsável por esse avanço, garantindo a melhoria da qualidade dos serviços disponíveis em vários campos do conhecimento. A rede mundial de computadores permite ao usuário o acesso a informações disponíveis a nível global. Desse modo, os indivíduos trocam, armazenam e obtêm informações atualizadas através da Internet. Mesmo antes de ser possível viajar para tantos lugares, a leitura já era importante para o desenvolvimento humano pois era fácil viajar sem sair do lugar e ter acesso a histórias dos mais diferentes países. Com a evolução da internet foi viável manter contato rápido com pessoas na Austrália, Russia, Escócia e tantos outros. Assim, tanto as futuras gerações quanto as que chegam aos trinta anos nessa década podem ampliar seus horizontes de leitura. Com essa expansão dos horizontes, a capacidade de viajar e conhecer tantas novas culturas e pessoas a cada dia alcança um maior número de pessoas. A Geração Y, também conhecida como Geração do Milênio ou Geração da Internet, é aquela que passou a infância durante a revolução tecnológica que veio com a primeira expansão da internet. Desde trabalhos escolares, essa geração foi a primeira a desenvolver as habilidades e competências vinculadas às tecnologias. Com isso é fácil notar algumas características da população dessa geração da virada do milênio, como por exemplo: estão sempre conectados, procuram informação fácil e imediata, preferem computadores a livros, preferem emails a cartas, digitam ao invés de escrever, vivem em redes de relacionamento, compartilham tudo o que é seu: dados, fotos, hábitos e estão sempre em busca de novas
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Gloria Atanmo é autora do blog de viagem traduzido no presente trabalho. Ela atualmente está com 28 anos e fez de sua carreira, nos últimos cinco anos, viajar por mais de 70 países e escrever com humor e linguagem descontraída anedotas pessoais sobre suas aventuras pelo mundo. Gloria nasceu no dia 30 de março de 1990 na Nigéria, mas cresceu com os pais nos Estados Unidos. Ela fez faculdade no estado americano do Kansas antes de ingressar na vida viajante. Gloria e seus cinco irmãos foram criados por uma mãe que sempre os incentivou a correr atrás dos seus sonhos. Mesmo assim, sua mãe ainda resiste com esse estilo de vida nômade que sua filha Gloria adotou. O blog possui vasto conteúdo de cinco anos de viagens: logo, selecionamos quatro textos para traduzir no presente trabalho. O primeiro chamou atenção especial por já ter sido traduzido em quatro outros idiomas (espanhol, francês, alemão e italiano) para publicações da Huffington Post em diversos países. O segundo é sobre como ter um passaporte a influenciou e propiciou mais experiências de trabalho à Gloria do que seu diploma universitário. O terceiro versa sobre os maiores erros já cometidos pela blogueira de viagens. O último trata de suas reflexões de aniversário, logo após completar 28 anos e cinco anos viajando pelo mundo, falando sobre como as viagens influenciaram sua visão de mundo, pessoal e profissionalmente. Gloria começou seu blog de viagem um mês antes do fim de sua graduação em Meios de Comunicação Social e Design Gráfico pela Universidade de Baker em 2013. Durante sua carreira acadêmica, ela passou seis meses estudando no Reino Unido na Haxton College, ao norte de Londres. Quando concluiu sua graduação, ela conseguiu uma vaga de emprego na Haxton graças ao seu envolvimento e contatos que fizera em seu tempo lá. Assim começou a carreira que, nos próximos cinco anos, mudaria sua vida. Suas aptidões em mídias sociais e fotografia, em conjunto com sua integração à equipe de docentes e servidores da faculdade, enriqueceram a sua experiência. O início foi mais difícil do que a autora esperava, por conta de problemas de logística. O visto que necessitava devia sair em dois dias, porém levou duas semanas para ser emitido, o que levou com que ela começasse a trabalhar um longo tempo após o planejado.
14 Gloria passou por várias adaptações e, quando o primeiro semestre na Inglaterra acabou, ela precisou decidir qual seria seu próximo passo. O destino escolhido foi Barcelona, Espanha. O tempo que viveu lá não passou sem suas desventuras, mas toda a experiência de iniciar um programa de ensino sem ter experiência prévia em sala de aula trouxe mais benefícios do que prejuízos. Deparar-se com um lugar diferente, com outra língua, foi uma experiência que ela exploraria cada vez mais nos próximos anos. A vida aparentemente glamurosa de viajar pelo mundo carrega também seus desafios, visto que a autora renunciou a uma série de estabilidades e possibilidades para se dedicar ao estilo de vida que ela acreditou fazer-lhe feliz. Hoje se diz realizada e a cada dia com mais patrocinadores e colaboradores não deixa de explorar o mundo e tudo o que tem a oferecer. Mesmo achando que a vida na estrada não é fácil, e mesmo com seus momentos de fraqueza, Gloria não desiste e continua vivendo suas aventuras. Explorando novos meios sociais e tecnologias, a autora também aprende constantemente hábitos e costumes de diversas culturas pelo planeta. Atualmente, Gloria continua viajando, e o alcance de seus textos tem crescido exponencialmente. Com aproximadamente 6. 500 seguidores no Twitter, mais de 60 mil seguidores no Instagram e 17 mil inscritos em seu canal do YouTube, ela tem inúmeras oportunidades de alcançar cada vez mais pessoas e mostrar o bom e o ruim da carreira que escolheu. Sempre aberta ao diálogo com seus seguidores, tem participado de convenções sobre blogs de viagem. Mesmo cinco anos depois de embarcar nesse mundo de aventuras, Gloria não sente que precisa parar para criar uma família ou nada que seja normativamente dever de uma mulher: ela valoriza sua independência e liberdade. Sempre de braços e mente aberta para as possibilidades que a vida trouxer. Como criadora de conteúdos, Gloria sempre busca melhorar a qualidade do que produz e alcançar novos destinos. Isso tudo pode ser visto nas suas publicações, e as que serão traduzidas nesse trabalho introduzem as vivências da aventureira Gloria Atanmo a uma nova audiência.
16 ingresso no mercado de trabalho. Com financiamentos, Educação a Distância, entre outros, cada vez mais jovens estão entrando no mercado de trabalho com seus diplomas e encontrando portas fechadas que esperam dois ou três anos de experiência prévia para diversos cargos básicos. O terceiro texto selecionado foi “ My 10 Biggest Mistakes As a Travel Blogger ”, uma lista dos 10 maiores erros que cometeu como blogueira de viagem, sendo alguns por falta de experiência, outros por tentar conciliar mais atividades do que conseguia, como, por exemplo, ter que lidar com regulamentos alfandegários e reajustar suas expectativas, tomando medidas para que pudesse continuar viajando. Outro exemplo é sua maneira de lidar com comentários negativos, e como ela os mantêm bloqueados em suas redes, o que tem um efeito direto em sua autoestima. O último texto escolhido foi “ I get paid to travel the world. Here are the 7 biggest lessons I’ve learned ”, que traz uma reflexão sobre sua carreira, as escolhas que Gloria fez para chegar onde está e planos para o futuro. A princípio pode parecer que é mais um texto falando como ela conquistou essa carreira, mas é muito mais que isso. Em seu aniversário de 28 anos, ela reflete sobre o que viveu nos últimos cinco anos e o que planeja para os próximos cinco. Como sua experiência como blogueira de viagem mudou o que ela se imaginava fazendo rumo aos 30. Agradecida pelas incomensuráveis oportunidades que tivera e ainda terá, Gloria sabe que sua vida de aventura está longe de acabar e de forma otimista permanece aberta às possibilidades que o mundo trará.
Os textos selecionados nesse trabalho fazem parte de um tipo de tradução que há alguns anos não seria considerada importante. Entretanto, com o advento das tecnologias e as mudanças nos meios de comunicação e nos suportes de traduções, este trabalho se torna relevante. A Geração Y, principal público de consumo nesses novos suportes, exige materiais dinâmicos e impactantes. Dessa maneira, a tradução de blogs ou outros meios virtuais pode se tornar habitual para que tanto os conteúdos de outros países cheguem ao Brasil quanto os produzidos aqui alcancem o exterior. Assim é importante fomentar novos trabalhos com essa temática.
17 Durantes as leituras feitas para o desenvolvimento, foram encontrados alguns trabalhos que também discutiram a presença do meio virtual nos estudos da tradução. A partir deles foi possível evidenciar a necessidade desse tipo de tradução. Com o constante crescimento das tecnologias e a mentalidade de recompensa imediata que a Geração Y estimula, redes sociais e grupos de comunicação rápida ganham cada vez mais força e espaço nos mercados de produção cultural. Vista inclusive em dissertações sobre o papel da tradução no turismo como a de Arnold (2017), a observação estimulou o imaginário das pessoas que gostam de viajar. Escritores de viagem alimentavam a imaginação do leitor a partir da escrita, levando-o a viajar, sonhar por meio desses relatos. Uma vez iniciada desse tipo de texto foi detectada a necessidade dos Estudos da Tradução interligada ao processo produção e disseminação.
Antes de falar sobre a tradução de fato, iremos discutir a respeito das classificações do texto original, quanto ao tipo, gênero e para que se possa descobrir mais sobre a variação da linguagem utilizada, afinal a linguagem utilizada na internet ainda é considerada inovadora e pouco estudada por ser tão recente. Observa-se que os textos podem ser considerados descritivos, pertencentes ao gênero diário e relato de viagem. Nota-se também a expressividade coloquial dos textos, com marcas de oralidade. Com relação à linguagem utilizada, pode-se destacar o uso da função apelativa. Esta função está voltada para o destinatário e “encontra sua expressão gramatical mais pura no vocativo e no imperativo” (JAKOBSON, 2003, p.125). Textos descritivos são caracterizados pelo extenso detalhamento de pessoas e lugares, criando uma imagem mental do que está sendo descrito. Nas suas publicações, Gloria faz com que o leitor se sinta parte de suas aventuras, mencionando inclusive possíveis interpretações de seus textos. Como as publicações têm o objetivo de levar o leitor para aquele lugar novo que Gloria está conhecendo, busca fazer com que possam entender suas viagens e aventuras. Dessa forma, a descrição de aspectos físicos dos locais e das pessoas com que ela interagiu são importantes e diferenciam-se uns dos outros. Mas, como outros textos descritivos não são completamente autônomos, existe a presença de narrativa em alguns dos textos. Passagens descritivas no meio da narração de
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Partindo da definição de Jakobson (2003), a tradução a ser feita pode ser definida como interlingual, especialmente por se tratar de um texto com a presença de oralidades; pode se afirmar que não existe equivalência completa entre as unidades de código, ao passo que as mensagens podem servir como interpretações adequadas das unidades de código ou mensagens estrangeiras. A oralidade na tradução vem sendo discutida principalmente nos estudos sobre tradução para dublagem. A oralidade é uma forma de variação linguística, marcada pela linguagem coloquial. No que diz respeito à informalidade presente no texto é preciso falar sobre a pragmática. No que tange a este trabalho, a manipulaç ão linguí stica em foco caracteriza-se pelo registro escrito e por sua presenç a em sites de interaç ão social. A linguagem escrita, nesse caso, possui um conjunto de estruturas caracterí sticas, sendo impactada, por hipó tese, pelo meio em que aparece. A perspectiva adotada, assim, é a de que aspectos sintáticos, semâ nticos e pragmáticos estã o inter-relacionados no processo comunicativo, principalmente no que se refere à cadeia inferencial, observando-se desde a seleç ão de informaç ões mais ou menos manifestas até a atribuiç ão de intenç ões de segunda ordem a outros usuários. Antes de entrar na discussão propriamente dita é importante estabelecer algumas nomenclaturas. Para o propósito de falar sobre tradução de textos, o texto fonte também será tratado como texto inicial (TI) ou texto base (TB), enquanto o produto do trabalho do tradutor será tratado como texto final (TF) ou texto meta (TM). Para que seja feita uma tradução de boa qualidade, o texto não pode ser traduzido palavra por palavra, mas sim por meio de unidades de sentido ou unidades de tradução (UT). Alves (2000), ao discutir o que é unidade de tradução (UT) disse que essa é uma questão sobre a qual não se chegou a um acordo, mas Newmark definiu que a unidade de tradução é delimitada ao nível da palavra, e, depois, das expressões idiomáticas, frases, orações e períodos. Para a análise dos problemas de tradução foi necessária a definição das UTs. Então optamos por seguir o que Fábio Alves (2000, p. 38) propôs, “a unidade de tradução é um segmento do texto de partida, independente de tamanho e forma específicos, para o qual, em um dado momento, se dirige o foco de atenção do tradutor”. Assim, a unidade de tradução
20 varia de acordo com o problema encontrado pelo tradutor ao longo de sua tarefa. Será a oração ou a frase quando o tradutor, no seu processo de trabalho, passar de um trecho solucionado para um novo trecho a ser traduzido. Tudo dependerá da dúvida ou problema sobre o qual o tradutor se dedica antes de prosseguir na tradução. No corpo da tradução os TBs foram subdivididos em UTs de acordo com a unidade de sentido que precisava ser transmitida. O formato de tabela que poderá ser visto no capítulo seguinte foi a ferramenta usada para demonstrar as subdivisões das UTs e facilitar a análise crítica dos problemas e dificuldades de tradução. No decorrer da discussão, os exemplos desses problemas serão demonstrados com a reprodução da unidade a ser explorada para que seja possível a compreensão do contexto em questão. Portanto, no corpo do trabalho tanto TB quanto TM se encontram segmentados. A segmentação é a divisão em blocos semânticos com o propósito de facilitar a compreensão. Grupos de mesma carga semântica devem ser mantidos no mesmo bloco de sentido. Através das leituras feitas em preparo para esse trabalho, nos deparamos com a produção teórica de Haroldo de Campos (19 7 2), um dos primeiros a tratar o tema com a visão que utilizaremos no presente trabalho. Célia Magalhães (1998) discutiu os trabalhos de Haroldo de Campos, dizendo como ele invertia a concepção da teoria da tradução, transformando a tradução num ato de rebeldia contra o conceito de autoria. As considerações de Haroldo de Campos sobre a tradução, reunidas em um capítulo de A Arte no Horizonte do Provável, conduzem a um paradoxo: trata- se de processo complexo em que se deixa escapar uma certa fidelidade à“intenção” bem como ao conteúdo do texto, embora o objetivo final seja a fidelidade à forma. Ou, dentro de uma concepção romântica, a tradução parece ser impulsionada por um desejo de substituir o criador na criação. (MAGALHà ES, 1998, p.14 3 ) Segundo as defesas dos autores, o papel do tradutor é de igual importância ao do autor no aspecto de poderes sobre a produção textual. O tradutor não é obrigado a se prender ao conteúdo literal do texto, podendo recriar e reinventar os aspectos que julgar necessários para produzir uma tradução com o mesmo impacto na cultura de chegada. (CAMPOS, 19 7 2) Arrojo (1986) explicita a importância de se transferir o foco interpretativo do texto para o intérprete/tradutor. Não significa que o quê sabemos sobre o original ou o autor será ignorado. “Significa que, mesmo que tivermos como único objetivo o resgate das intenções originais de um determinado autor, o que somente podemos atingir em nossa leitura ou tradução é expressar nossa visão desse autor e de suas intenções.” (ARROJO, 1986) Em