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A Sociologia e a Análise da Sociedade: Materialismo e Positivismo em Marx e Durkheim, Trabalhos de Sociologia

Este texto apresenta a importância da sociologia na análise da sociedade moderna, contextualizando o surgimento desta disciplina e apresentando o pensamento de marx e durkheim sobre o fenômeno 'cidade'. Os autores são opostos em suas perspectivas materialista e positivista, respectivamente, sobre a luta de classes e a solidariedade social. O texto oferece uma visão histórica sobre a revolução industrial e a transformação social que acompanhou.

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 09/12/2020

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amanda-campos-1 🇧🇷

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Estruturas sociológicas do mundo moderno
Introdução
Ao lado da Sociologia, diversas ciências estudam a sociedade: Antropologia, História,
Geografia, Economia, etc. A sociologia tem em sua origem o diálogo com essas e
outras ciências. assim consegue dar conta dos fenômenos e fatos sociais que lhe
são apresentados. Tomemos o exemplo a violência, tema clássico das análises
sociológicas: é muito difícil entender a violência desconsiderando a história, a
psicologia e a antropologia. Ao pensar sobre o problema do tráfico de drogas, temos
de pensar sobre a ciência política, a economia, a história. A Sociologia recorre a
outras ciências para fazer análise da sociedade, da mesma forma que outras ciências
recorrem à sociologia para entender determinado fenômeno.
Nesse sentido, a disciplina Sociedade e Movimentos a sociologia justamente de
forma interdisciplinar. As análises da sociedade sempre consideração a perspectiva
das diferentes ciências. O que temos a seguir vai nessa direção: um texto que explica
como a Sociologia contribui para entender a sociedade, em diálogo com outras
ciências. Depois de contextualizar o surgimento da Sociologia, o texto apresenta dois
exemplos de análise social opondo os pensamentos materialista e positivista de
Marx e Durkheim, seja nas análises sobre o fenômeno “cidade”, seja opondo as
máximas luta de classes e fato social”, ênfase teórico-política dos dois autores,
respectivamente.
Contexto do surgimento da Sociologia
Para entender o surgimento da Sociologia que se ater ao advento da sociedade
“moderna”. A sociologia é produto dessa mudança social. A sociedade moderna
surge da crise da sociedade feudal e o advento da civilização capitalista. O
esfacelamento da sociedade feudal vinha acontecendo desde o século XVI. No
entanto, no século XVIII surgem novas facetas com a revolução industrial, aliada ao
impacto da revolução francesa. Estas revoluções significaram o surgimento de novos
problemas sociais, de novas relações entre as pessoas, e máquinas, e governo, e
religião. A introdução das máquinas a vapor, o cercamento dos campos, a indústria
organizada em novas formas de produção, tudo isso criava novos problemas para os
quais muitos intelectuais empenharam-se em entender. (MARTINS, 1984)
Entre 1780 e 1860 a Inglaterra remodelou toda sua fisionomia produtiva, com
demandas organizacionais e políticas novas, afinal tratava-se de um império em
expansão, que internamente havia saído do mundo rural para organizar-se em torno
de grandes cidades, que concentravam suas nascentes industriais, que produziam
não só para o consumo interno, mas para a exportação. Rapidamente, da atividade
artesanal passou-se para a manufatura e por fim para a atividade fabril. O novo
modelo industrial necessitava de todo o tipo de mão-de-obra e logo mulheres e
crianças foram recrutadas. As rápidas industrialização e urbanização impuseram
gigantescos problemas sociais como prostituição, alcoolismo, infanticídio, crimes,
violência, epidemias entre outros problemas. (MARTINS, 1984)
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Estruturas sociológicas do mundo moderno

Introdução Ao lado da Sociologia, diversas ciências estudam a sociedade: Antropologia, História, Geografia, Economia, etc. A sociologia tem em sua origem o diálogo com essas e outras ciências. Só assim consegue dar conta dos fenômenos e fatos sociais que lhe são apresentados. Tomemos o exemplo a violência, tema clássico das análises sociológicas: é muito difícil entender a violência desconsiderando a história, a psicologia e a antropologia. Ao pensar sobre o problema do tráfico de drogas, temos de pensar sobre a ciência política, a economia, a história. A Sociologia recorre a outras ciências para fazer análise da sociedade, da mesma forma que outras ciências recorrem à sociologia para entender determinado fenômeno.

Nesse sentido, a disciplina Sociedade e Movimentos vê a sociologia justamente de forma interdisciplinar. As análises da sociedade sempre consideração a perspectiva das diferentes ciências. O que temos a seguir vai nessa direção: um texto que explica como a Sociologia contribui para entender a sociedade, em diálogo com outras ciências. Depois de contextualizar o surgimento da Sociologia, o texto apresenta dois exemplos de análise social opondo os pensamentos materialista e positivista de Marx e Durkheim , seja nas análises sobre o fenômeno “cidade”, seja opondo as máximas “ luta de classes ” e “ fato social ”, ênfase teórico-política dos dois autores, respectivamente.

Contexto do surgimento da Sociologia Para entender o surgimento da Sociologia há que se ater ao advento da sociedade “moderna”. A sociologia é produto dessa mudança social. A sociedade moderna surge da crise da sociedade feudal e o advento da civilização capitalista. O esfacelamento da sociedade feudal vinha acontecendo desde o século XVI. No entanto, no século XVIII surgem novas facetas com a revolução industrial, aliada ao impacto da revolução francesa. Estas revoluções significaram o surgimento de novos problemas sociais, de novas relações entre as pessoas, e máquinas, e governo, e religião. A introdução das máquinas a vapor, o cercamento dos campos, a indústria organizada em novas formas de produção, tudo isso criava novos problemas para os quais muitos intelectuais empenharam-se em entender. (MARTINS, 1984)

Entre 1780 e 1860 a Inglaterra remodelou toda sua fisionomia produtiva, com demandas organizacionais e políticas novas, afinal tratava-se de um império em expansão, que internamente havia saído do mundo rural para organizar-se em torno de grandes cidades, que concentravam suas nascentes industriais, que produziam não só para o consumo interno, mas para a exportação. Rapidamente, da atividade artesanal passou-se para a manufatura e por fim para a atividade fabril. O novo modelo industrial necessitava de todo o tipo de mão-de-obra e logo mulheres e crianças foram recrutadas. As rápidas industrialização e urbanização impuseram gigantescos problemas sociais como prostituição, alcoolismo, infanticídio, crimes, violência, epidemias entre outros problemas. (MARTINS, 1984)

A sociedade vivia uma transformação profunda e passava a ser vista como um "problema", um "objeto" de estudo e de investigação. Pode-se dizer que os primeiros pensadores sociais estavam interessados em "introduzir modificações na sociedade". Eram homens de ação interessados em modificar radicalmente a sociedade de seu tempo, entre estes se destacam Owen (1771-1858), William Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832) entre outros.

A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela revolução industrial. Boa parte de seus temas de análise e de reflexão foi retirada das novas situações como, por exemplo, a situação da classe trabalhadora, o surgimento da cidade industrial, as transformações tecnológicas, a organização do trabalho da fábrica. (MARTINS, 1984).

Assim, o uso sistemático da razão e do livre exame para a compreensão dos fenômenos da realidade fez com que uma nova atitude intelectual dominasse o debate cultural do século XVII e XVIII. Isso fez com que o pensamento social ganhasse segurança para realizar novas descobertas, entre as quais a pressuposição de que o processo histórico possui uma lógica passível de ser apreendida, por conseguinte a investigação racional da sociedade também seria possível. Marx foi um dos teóricos que mais se dedicou em explicar os processos históricos.

No bojo dessa mudança da sociedade feudal para a capitalista surgem os filósofos iluministas, espécie de ideólogos da nascente burguesia. Essa nova classe burguesa se tornaria revolucionária, pois ao atacar os privilégios da classe dominante minava os fundamentos da sociedade feudal. Os iluministas atacavam também a estrutura de conhecimento vigente na época. Em linhas gerais preconizavam que a explicação da realidade fosse baseada no modelo das ciências da natureza, e não mais na especulação metafísica, comuns à filosofia e à teologia aristotélica.

Para os iluministas, o conhecimento era uma chave para a mudança social. Conhecer a realidade e transformá-la era uma coisa só. A filosofia tornava-se um instrumento prático para a transformação da realidade, não mais um conjunto de idéias abstratas distantes da realidade. Se por um lado as instituições, as crenças e as superstições eram atacadas pelos iluministas, de outra parte desenvolvia-se um clima propício para o estudo científico da sociedade. O impacto da revolução francesa (1789) foi profundo na modificação das antigas instituições, na mudança dos costumes, hábitos e leis. Ainda no século XIX os efeitos dessa mudança faziam-se observar no meio cultural, intelectual e econômico. "Durkheim, por exemplo, um dos fundadores da sociologia, afirmou certa vez que a partir do momento em que ‘a tempestade revolucionária passou, constituiu-se como que por encanto a noção de ciência social ’”. (MARTINS, 1984).

Augusto Comte, um dos fundadores da sociologia moderna, entendia que a sociologia deveria ensinar às pessoas a aceitar a ordem existente. Durkheim, que sucedeu Comte na busca por respostas científicas para a resolução das perturbações que atingiam especialmente a sociedade francesa, preconizava os aspectos ligados à

Emile Durkheim (1858-1917) se interessou de forma indireta pela cidade, por meio da sua atenção especial à morfologia social. Ele tomou como referência para a análise da sociedade a arrumação, em determinado território, de uma massa de população de certo volume e densidade, concentrada nas cidades ou dispersa nos campos, que, servida por diferentes vias de comunicação, estabelece diferentes tipos de contato. É, portanto, no contexto da anatomia da sociedade, em seus aspectos marcadamente estruturais, que a cidade surge como substrato da vida social, acumulando e concentrando parcelas significativas da população. (ARON,

Durkheim mostra que o fenômeno da divisão do trabalho social é fruto do desenvolvimento natural da sociedade, concebendo este processo como algo positivo (positivista). Ele analisa as funções sociais do trabalho na sociedade e procura mostrar como na modernidade tal divisão é a principal fonte de coesão ou solidariedade social. No curso dessa pesquisa, Durkheim classificou a sociedade em dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica, que associou a dois tipos de lei, por ele denominados de Direito penal e Direito civil.

Tal divisão está ancorada nos dois tipos de consciência que têm lugar nos seres sociais, a consciência coletiva e a individual. Para Durkheim, o desenvolvimento de uma é exclusivo em relação à outra, sendo o processo de predominância da consciência coletiva em relação à individual o processo de evolução das sociedades, ou de sua complexificação, como também denomina o autor.

A complexificação define uma mudança em que os diversos corpos sociais, primitivamente indiferenciados no seu interior, fragmentam-se estabelecendo trocas com outros grupos e definindo diferentes funções no seu interior. As sociedades primitivas seriam aquelas em que a consciência coletiva se encontra desenvolvida de modo absoluto. Todos os indivíduos que compõem uma sociedade neste estágio detêm as mesmas representações coletivas, as mesmas finalidades, comungando dos mesmos valores. O trabalho necessário para atender suas necessidades encontra-se parcamente diferenciado, ou diferenciado apenas entre os sexos. Neste estágio a consciência individual é nula ou quase nula.

Isto permite ao autor sustentar o argumento de que não se trata de sociedades mais ou menos coercitivas, pois onde não se desenvolveu a consciência individual, não se pode coibi-la. Durkheim ainda argumenta que nestas sociedades o indivíduo, e/ou um pequeno séquito dentro delas, mais facilmente rompe e deserda da mesma, pois contem em si o conjunto das representações que definem o todo social e por isso está apto a cumprir todas as funções necessárias a sua sobrevivência.

O que caracteriza o desenvolvimento das sociedades modernas para Durkheim seria a diferenciação social, a complexificação das funções exercidas por um corpo social. A isso encontra-se vinculada a predominância da consciência individual com relação à coletiva. Entretanto, o argumento durkheimiano é contrário ao individualismo do

liberalismo econômico que pressupõe a ação econômica como o fundamento da sociedade e o único substrato possível de uma moral que não tolha o indivíduo.

Durkheim vê neste argumento um erro segundo sua lógica funcionalista. Para o autor, mesmo a consciência individual é formada socialmente. A consciência levada a ver o indivíduo como desprovido de influências de seu meio social é somente incapaz de percebê-la, pois esta é profunda e constitui seu próprio processo formativo. Desse modo é que a diferenciação social, a complexificação da sociedade, não trata de romper os laços sociais, mas de transformá-los. A divisão do trabalho social não provoca segundo o autor, senão em suas formas patológicas, a desintegração da sociedade, mas um novo tipo de solidariedade.

Sendo mecânica a solidariedade das sociedades primitivas, nas sociedades evoluídas a solidariedade é orgânica. O processo de divisão do trabalho forma indivíduos que são cada vez mais capazes de perceber o quanto dependem dos outros. Por isso a consciência individual, para Durkheim, não é sinônimo de individualismo e/ou egoísmo, mas de uma autoconsciência formada socialmente. É sim possível diferenciar-se, assumir gostos particulares, desempenhar diferentes profissões, mas na medida em que estas possibilidades proliferam, mais estreita se torna a e complementariedade proveniente das diversas atividades exercidas pelos indivíduos no corpo social, pois quanto mais especializadas as funções maior o seu número.

Glossário:

Materialismo : O materialismo histórico é uma tese do marxismo, segundo a qual o modo de produção da vida material determina, em última instância, o conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise da história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas.

Positivismo : Doutrina que surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789- 1799). Em linhas gerais, propõe valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na segunda fase da carreira de Augusto Comte.

Referências: ARON, Raymond – As etapas do pensamento Sociológico. 6ª ed. São Paulo: MARTINS FONTES, 2002.

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo, Brasiliense, 1984.

RODRIGUES, Alberto Tosi Sociologia da educação. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2007.