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a intervenção obstétrica com a realização de manobras corretivas é capaz de garantir o sucesso do parto, porém, muitas vezes pode-se optar por práticas mais ...
Tipologia: Notas de aula
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Curitibanos 2018
Mariana Pagani Vieira Paes
Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Campus de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária Orientador: Prof. Dr. Giuliano Moraes Figueiró Curitibanos 2018
Mariana Pagani Vieira Paes
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária e aprovado em sua forma final pela seguinte banca: Local, 04 de dezembro de 2018.
Prof. Alexandre de Oliveira Tavela, Dr. Coordenador do Curso Banca Examinadora:
Prof. Giuliano Moraes Figueiró, Dr. Orientador Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Marcos Henrique Barreta, Dr. Avaliador Universidade Federal de Santa Catarina
Médico Veterinário Luiz Marcos Cruz Sindicato Rural de Curitibanos
Este trabalho é dedicado aos meus pais e a todos os veterinários que me inspiraram em seguir a profissão.
“Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista”. (Aldo Novak)
O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão bibliográfica sobre intervenções obstétricas e a assistência aos neonatos bovinos em casos de partos distócicos, visto a importância da pecuária no Brasil e inúmeros casos de problemas reprodutivos, principalmente ligados às distocias, sendo estas de origem fetal e/ou materna, devido a vários fatores envolvidos. Em muitos casos, a intervenção obstétrica com a realização de manobras corretivas é capaz de garantir o sucesso do parto, porém, muitas vezes pode-se optar por práticas mais drásticas, como a fetotomia e a cesariana, afim de garantir assim a sanidade da vaca e, sempre que possível, do bezerro. Além disso, a correta assistência neonatal em fetos viáveis oriundo de partos distócicos, pode aumentar a chance de sobrevivência do bezerro. Por fim, ressalta-se a importância da correta percepção e escolha, por parte do médico veterinário, do momento e método adequado para a realização das intervenções ao parto. Palavras-chave: Intervenções obstétricas 1. Partos distócicos 2. Bovinos 3. Neonato 4.
Quadro 1 – Estágios do trabalho de parto em bovinos .......................................................... 16
® Marca registrada % Porcentagem
16 2 PARTO EUTÓCICO O processo fisiológico onde o útero gravídico expulsa o feto e placenta do organismo materno é o que chamamos de trabalho de parto, ou simplesmente parto. Neste momento ocorre a dilatação da via fetal e tem-se início o período de contrações do útero e abdômen maternos para o nascimento do feto (JAINUDEEN e HAFEZ, 2004a; LANDIM-ALVARENGA, 2017). O parto eutócico ou fisiológico é definido como aquele que ocorre de forma espontânea e dentro período fisiológico de duração da gestação, este dura entre 280 a 296 dias em bovinos, variando de acordo com a origem racial predominante do animal (MEE, 2008; LANDIM-ALVARENGA, 2017). O parto possui três estágios: durante o primeiro estágio ocorrem os mecanismos de preparação materna e do concepto para o nascimento com início das contrações uterinas, dilatação da cérvix e o feto estabelecendo a posição de nascimento; no segundo estágio há o rompimento do alantocórion e da vesícula amniótica devido à presença do feto no canal do parto e a força exercida pelas contrações uterinas exercer uma pressão em receptores que estimulam a liberação de ocitocina hipofisária fazendo com que ocorram contrações miometriais, conhecido como “Reflexo de Ferguson”, concomitante o feto estimula o nervo pudendo desencadeando as contrações do abdômen materno, chamado de “reflexo de esvaziamento”; a união destes mecanismos de contração desencadeará a expulsão do feto; o terceiro estágio do trabalho de parto tem por função a expulsão das membranas fetais e preparação do útero para uma próxima prenhez (JAINUDEEN e HAFEZ, 2004a; LANDIM- ALVARENGA, 2017 ; RESENDE, 2018). No quadro abaixo encontram-se, de maneira resumida, a duração, os sinais clínicos que as fêmeas bovinas podem apresentar, bem como os eventos relacionados com cada estágio. Quadro 1 – Estágios do trabalho de parto em bovinos Estágio Duração (em horas) Sinais clínicos maternos Eventos relacionados Fase Prodrômica 2 - 6 Inquietação; vocalização; isolamento do rebanho; intenso edema de vulva, associado a hiperemia e edema de mucosa vaginal; cérvix dilatada; aumento da glândula mamária; início das contrações uterinas. Alterações de posição e postura do feto. Fase de Expulsão Fetal 0,5- 1 Fêmea pode ficar em decúbito; presença de contrações uterinas e abdominais mais fortes. Excreção do líquido do alantocórion e do líquido amniótico; expulsão do feto.
17 Expulsão das membranas fetais 6 - 12 Contrações uterinas diminuem em amplitude. Expulsão das membranas fetais. Fonte: Jainudeen e Hafez, 2004a; Landim-Alvarenga, 2017; Resende, 2018. 3 PARTO DISTÓCICO Distocia é a dificuldade fetal de nascer ou a inabilidade materna para expelir os fetos pelo canal do parto sem assistência, podendo ocorrer um parto de forma prematura, prolongada ou até mesmo a impossibilidade do mesmo. Geralmente as complicações ocorrem quando o primeiro ou segundo estágio do parto permanecem com duração superior à fisiológica. (JAINUDEEN e HAFEZ, 2004b; PRESTES, 2017b; RESENDE, 2018). Os bovinos estão entre as espécies animais que mais apresentam distocias, dentre os fatores que contribuem para isto estão: padrões raciais (peso corporal e conformação anatômica de machos e fêmeas), número de partos e fetos, condições das fêmeas durante a gestação, época do ano do parto, sexo do bezerro (machos ocasionam 2 a 3 vezes mais distocias) e posição fetal intrauterina (ANDOLFATO e DELFIOL, 2014). Em casos de distocia se faz necessário o acompanhamento obstétrico por parte de um médico veterinário, este deve optar pelo melhor método de intervenção, seja ela cirúrgica, clínica ou farmacológica (ANDOLFATO e DELFIOL, 2014). Abdela e Ahmed (2016) ressaltam que casos de distocia acarretam prejuízos econômicos e produtivos aos proprietários, desde custos elevados com os tratamentos; aumento nos índices de mortalidade dos bezerros; perdas reprodutivas das fêmeas (diminuição da produção leiteira, problemas de fertilidade, etc.); além de afetar diretamente no bem-estar das parturientes, devido a dores e lesões decorrentes. Por isso o correto diagnóstico e adequada intervenção podem ser capaz de minimizar estes problemas. As distocias podem ocorrer por problemas oriundos da fêmea ou do feto, porém as distocias de origem fetal são as mais frequentes, muitas vezes em função do uso de biotecnologias reprodutivas que ocasionam fetos maiores e/ou mal posicionados (RESENDE, 2018 ). Na figura 1 estão descritas as principais causas que podem levar a quadros de distocia em bovinos.
19 A inércia é a falha ou contração insuficiente da musculatura uterina. Essas falhas são classificadas em primária e secundária de acordo com sua causa. Na inércia primária existe a dilatação cervical e o feto está em estática fetal correta, mas devido à falta de contrações no útero não tem início o segundo estágio do parto e o feto não é expulso. Sua etiologia está ligada com hipocalcemia, obesidade, gestação gemelar e distúrbios hormonais principalmente de ocitocina e estrógeno (MEE, 2004). Já a causa secundária para a inércia tem relação com partos laboriosos que demandam da fêmea elevada frequência e força de contração, tornando fracas ou inexistentes as contrações graças ao total esgotamento materno. As principais causas deste tipo de inércia são as desproporcionalidades entre feto e pelve, torção do útero e estática fetal inadequada (RESENDE, 2018). Mee (2008) alerta que nestes casos, invariavelmente, ocorrerão retenções de placenta, sendo recomendada a aplicação de ocitocina no pós-parto. A torção uterina é definida como a rotação do útero em seu eixo longitudinal, conforme ilustrado na figura 2, ocorrendo principalmente no final da gestação (MEKONNEN e MOGES, 2016). Algumas características anatômicas dos bovinos podem predispor à torção, como a assimetria do útero em gestantes onde o corno uterino gravídico se torna mais pesado que o contralateral, desequilibrando e facilitando a ocorrência da torção (RESENDE, 2018). De acordo com Mee (2008), o grau de torção geralmente está entre 90 a 180°, embora possa ser maior ou igual a 360°. Figura 2 – Representação da torção uterina A – Posição normal; B – Torção para direita; C – Torção para esquerda. Fonte: Roberts (1986) apud Agostinho (2014).
20 A etiologia da torção ainda não está totalmente esclarecida, porém acredita-se que a movimentação intensa fetal próximo ao parto para assumir a correta posição somada à quantidade reduzida de líquidos fetais; fetos pesados; região abdominal profunda com flacidez muscular, podem estar relacionados à alteração (AGOSTINHO, 2014). 4.2 ALTERAÇÕES PÉLVICAS A pelve é composta por ílio, ísquio, púbis e juntamente com o sacro e as primeiras vértebras coccígeas constituem via fetal óssea. Devido à conformação anatômica da pelve bovina, assoalho côncavo elevado na porção caudal e diâmetro estreito, o trabalho de parto, muitas vezes, é dificultado (PRESTES, 2017a). Segundo Jackson (2005) o estreitamento da via fetal óssea é devido a desproporção entre o tamanho da pelve materna em relação ao tamanho do feto, o que dificulta a passagem do mesmo pelo canal do parto. Resende (2018) alerta que inserir novilhas muito jovens e vacas que fraturaram a região pélvica no processo de reprodução pode num estreitamento da via fetal óssea, aumentando a desproporção da pelve em relação ao tamanho do bezerro e consequentemente também as chances de ocorrência de distocias. Para Prestes (2017a), a susceptibilidade dos ruminantes a distúrbios metabólicos e deficiências minerais, podem predispor a fraturas devido ao enfraquecimento ósseo. 5 DISTOCIAS DE ORIGEM FETAL De acordo com Mekonnen e Moges (2016), as distocias de origens fetais estão relacionadas à hipertrofia fetal e sua desproporção com a pelve materna e àquelas que dizem respeito às anormalidades fetais como malformações e desacordos de posicionamento na hora do parto, além destes fatores Mee (2008) ressalta que a ocorrência de gêmeos também pode contribuir para a ocorrência de partos distócicos. 5.1 ALTERAÇÕES DE TAMANHO As alterações de tamanho, também denominadas de hipertrofia fetal, se dão quando o tamanho do feto é relativamente ou absolutamente grande. O feto que é relativamente grande tamanho e proporções normais, mas, ao ser comparado com a mãe, esta possui o canal do parto com dimensões insuficientes para a expulsão do bezerro. Enquanto fetos absolutos grandes