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Trabalho Burle Marx - Fran Stasinski
Tipologia: Trabalhos
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Não perca as partes importantes!
Faculdade Barddal de Artes Aplicadas Curso de Arquitetura e Urbanismo
Professor(a):Melissa Laus Mattos Acadêmico(a): Francelle Stasinski
Florianópolis, Junho de 2011
Nasceu em 1909 em São Paulo, mas foi criado no Rio de janeiro, filho de mãe brasileira - descendente de franceses e holandeses - (Cecília Burle) e pai alemão (Wilhem Marx). Roberto Burle Marx viajou para Berlim em 1928 e foi lá que pela primeira vez ele apreciou a flora tropical do país onde nasceu, nas estufas do Jardim Botânico de Dahlem. Segundo as palavras do próprio Marx: “Foi como estudante de pintura diante de uma estufa de plantas tropicais brasileiras, no Jardim Botânico de Berlim.”
Figura 1 - Vaso de Flores na varanda (óleo sobre tela) - Roberto Burle Marx Fonte: Catálogo das Artes, 2007.
Quando volta ao Brasil, após um ano e meio desenhando, pintando e estudando inscreveu-se na Escola de Belas Artes e iniciou carreira de pintor, fator significativo para elaboração da arte dos jardins, e estudou escultura também. O panorama artístico brasileiro deste período foi marcado pelos modernistas – lembremos da Semana de Arte Moderna de 1922 – o sentimento
Em 1949 compra em sociedade com seu irmão um sítio de 800.000 m² em Campo Grande (RJ) nesse local é que Burle Marx enfim tem a condição de organizar a sua coleção botânica. A partir de 1968, faz parceria com o arquiteto Haruyoshi Ono, que ainda dirige o escritório de Marx.
Figura 3 - Foto da casa do Sítio de Burle Marx no Rio de Janeiro Fonte: Flickr, 2011.
Paralelamente aos trabalhos paisagísticos, o advento do sítio para criação de sua coleção das espécies da flora autóctone (da região), proporciona razões para que realize expedições pelas matas brasileiras em busca de catalogar novas espécies em decorrência disso, descobre mais de 40 espécies, tendo até seu nome colocado em algumas ( Heliconia burle-marxii ). Autor de mais de 3.000 obras em 20 países, Roberto Burle Marx morre aos 84 anos de idade em 1994.
Por seus estudos no campo da arquitetura, da arte da paisagem e outras artes – pintura, escultura, música – Burle Marx exerce uma prática multidisciplinar na concepção dos jardins, pois reúne nele tanto a harmonia da música como as qualidades pictóricas na utilização da cor e formas abstratas. Explora um sistema de correspondências entre as formas, cores e materiais, inerentes à pintura (LEENHARDT, 1996). Mescla a arte do pintor e a concepção do espaço urbano e natural, tendo a planta, o vegetal, como o objeto principal do projeto. A planta agrega forma, cor, estrutura, mutação, ritmo, tempo e espaço – caracterizando o “plano dos seres estéticos” (MARX,
A formação de Burle Marx como pintor, não reduziu sua visão a somente o plano das telas, ele sabia da importância do entorno e do quanto o seu trabalho como paisagista poderia influenciar a vida das pessoas e o uso de todo um local. “A prática profissional de Burle Marx caracteriza-se pela busca permanente do diálogo entre o arquiteto e o paisagista, criando uma obra harmônica.” (VIEIRA, 2007)
“Acho muito importantes os meus trabalhos associados à cidade. O paisagista está sempre subordinado ao urbanista. Sem compreender as necessidades de uma cidade e, principalmente sem compreender as funções das áreas verdes, o paisagista não poderá realizar jardins.” (OLIVEIRA, 2001)
“Alguns críticos já observam a qualidade de “passagem” de seus jardins, que realizam uma espécie de transição entre arquitetura e a natureza ou, como disseram outros, promovem uma sorte compensação sensual ao racionalismo da arquitetura moderna” (SIQUEIRA, 2002)
[...] a proposta de criação de um paisagismo brasileiro era algo novo. Interessava a Burle Marx transferir para o seu projeto de jardim a diversidade, a instabilidade e os complexos processos de associações naturais das plantas tropicais, o que pressupunha um intenso trabalho de interpretação e compreensão da paisagem. [...] (SIQUEIRA, 2002)
Ou seja, Burle Marx estava criando a primeira escola paisagista brasileira, sendo ela totalmente voltada para o pensamento de um jardim para cada clima, um jardim com a flora daquela região de forma que assemelhasse
Quando pesquisas e trabalhos são feitos a cerca de um paisagismo ou paisagista sentimos realmente os efeitos da 4ª Dimensão – o tempo – por tratar-se de algo que necessita de manutenção, pois a sua tendência é a transformação, o crescimento principalmente dos jardins tropicais de Burle Marx que abandonam a poda artística. Notamos a depredação demasiada sofrida nesses espaços. Temos 2 exemplos disso na cidade de Florianópolis onde o Projeto do Aterro da Baía Sul executado em 1975 pelo artista nunca foi concluído na íntegra e ainda boa parte do que foi feito já foi destruída ou completamente descaracterizada. Acompanhamos isso nas imagens via satélite abaixo.
Figura 5 - Imagem do Geoprocessamento da PMF de 1994 Fonte: Geoprocessamento PMF
Figura 6- Imagem do Geoprocessamento da PMF de 2009 Fonte: Geoprocessamento PMF
Completamente descaracterizado, o projeto de Burle Marx hoje são estacionamentos, terminais rodoviários, camelódromos, feiras, nada do que foi planejado para o local, nada de lugares de estar e lazer. Mal se consegue perceber que um dia houve intenção de paisagismo no lugar se não fosse pela presença das Palmeiras Real (perdidas entre o estacionamento de carros). Não menos diferente o outro projeto de Roberto, a Praça da Cidadania da UFSC, também está depredada, esta ao menos com Projeto de Revitalização em tramites.
Os traços modernistas ficam bastante evidenciados nas plantas baixas de seus projetos devido às delimitações com planos geométricos, em especial na Praça do MAM, na qual os longos eixos lineares fazem divisão entre o jogo de cheios e vazios que o faz com pedras, pavimentação e canteiros de grama.
Figura 8 - Vista da Praça do MAM/RJ durante execução na década de 60 Fonte: Núcleo AP / Porto, 2009.
Figura 9 - Vista aérea atual - 2011 Fonte: Leonardo Finotti Architectural Photographer, 2011
Vários autores citam que o que Burle Marx fazia na composição conceitual modernista de seus projetos paisagísticos, nada mais era que a aplicação de alguns dos Cinco preceitos da arquitetura moderna (planta livre, fachada livre da estrutura, térreo livre sob pilotis, janela em fita e o terraço jardim). Na imagem abaixo temos a aplicação do terraço jardim na obra do MAM-RJ.
Figura 10 - Terraço jardim do MAM-RJ Fonte: Panoramio, 2011.
Podemos também falar que os 5 preceitos modernistas surgem devido a evolução na técnica construtiva, neste momento o uso do concreto armado permite a execução de construções com planta, fachadas e térreo livre. Assim como também neste momento existem estudos e técnicas para impermeabilização, as quais permitem o uso dos terraços como jardins que Burle Marx tanto utilizou. A geometrização do jardim modernista também é notada na escolha das plantas as palmeiras com seus caules longos e esguios
Figura 13 - Planta paisagística do MAM Fonte: Roberto Burle Marx, The Lyrical Landscape p.
Não só de aspectos e motivos formais os jardins modernistas de Burle Marx são concebidos, pela “inicialmente” ousadia do paisagista em utilizar a flora autóctone, seus trabalhos exigiam menos manutenção e se desenvolviam muito melhor e mais rápido que os jardins “ingleses” de roseiras e begônias em solo tropical. Os pavimentos de pedras petit pavet asseguravam melhor aderência aos usuários, além de permeabilidade, diminuindo o empoçamento de água após chuvas, logo, potencializando sistema de drenagem da água. A legenda da figura 13 apresenta a listagem das plantas utilizadas no projeto.
Análise de projeto - O Aterro do Flamengo Praça Senador Salgado Filho
Situado em frente ao Aeroporto Santos Dumont, estes jardins são em estilo ondulante orgânico comum ao trabalho de Burle Marx do final da década de 30, início da 40. O parque possui lago com plantas aquáticas, extensos gramados com pedras grandes entre palmeiras e principalmente abusando no uso da vegetação nativa Buganvílias arborea (Primavera), Guianensis Couroupita (Abricó-de-macaco) bem como Clusia fluminensis (Clúsia) e Cecropia adenopus (Embaúba). Agrupados por espécie, as vegetações fornecem áreas densas de sombra que dão lugar ao contraste de áreas luminosas. Bancos de cimento, de vários metros de comprimento, sinuosos como uma cobra junto ao canteiros.
Figura 14 - Praça Senador Salgado Filho durante implantação Fonte: Panoramio, 2011.
“O aeroporto é uma das portas de entrada para a cidade, assim os jardins cumprimentar o recém-chegado com um sistema operacional visão mysteriuous, universos isolados, longe da azáfama da vida urbana.” (MONTERO, 2009)
Em todos os projetos de Burle Marx podemos encontrar em alguma medida essas características. Podemos destacar ainda uma outra característica do paisagismo moderno, referente à mudança no tempo de percepção do espaço, representada pela escala/tempo dos automóveis, principalmente nos espaços públicos. Os jardins da Praia de Botafogo, antes de ser um jardim de contemplação, está associado ao novo conceito de urbanização da cidade. Sua contemplação se daria majoritariamente por transeuntes em velocidade, com pouco tempo para desfrutar ou apreender o espaço e mais para perceber as manchas da paisagem. (MAGINA & MELLO, 2009)
As massas florais projetadas por Burle para os jardins da praia de Botafogo podem ser percebidas tanto na velocidade dos carros quanto no passeio do pedestre.
As obras paisagísticas de Burle Marx aparecem associadas com as transformações urbanas mais importantes da cidade, conjugando e associando modernidade com paisagem e arte na cidade. Todos esses projetos, além de se identificarem por estarem assentados sobre áreas de aterro, possuem outro ponto em comum: estão associados a novas formas de se apreender a paisagem da cidade. Todos incluem em sua vizinhança pistas de alta velocidade, que alteram sobremaneira a contemplação de uma obra paisagística. Embora esses espaços possuam áreas de permanência, suas matrizes estão relacionadas ao movimento, à velocidade, à fluidez, mudando também a relação com o tempo de apreensão do espaço. (MAGINA & MELLO, 2009)
Catálogo das Artes. (2007). Acesso em 24 de Junho de 2011, disponível em Catálogo das Artes: http://catalogodasartes.com.br/Avaliacoes2.asp?Pesquisar=1&cboArtista=Roberto% Burle%20Marx&sPasta=@Obras&rdTipoObra= DOURADO, G. M. (2009). Modernidade Verde: Jardins de Burle Marx. São Paulo: Senac. FINOTTI, L. (2011). Leonardo Finotti Architectural Photographer. Acesso em 26 de Junho de 2011, disponível em Leonardo Finotti Architectural Photographer: http://leonardofinotti.blogspot.com/ Flickr. (2011). Acesso em 26 de Junho de 2011, disponível em Flickr: www.flickr.com LEENHARDT, J. (2000). Nos Jardins de Burle Marx. São Paulo: Perspectiva S.A. MAGINA, J. d., & MELLO, F. F. (2009). A obra de Roberto Burle Marx para a cidade do Rio de Janeiro – um patrimônio cultural carioca. UFRJ , 11. MONTERO, M. I. (2009). Roberto Burle Marx: The Lyrical Landscape. Los Angeles: University of Califórnia Press. OLIVEIRA, A. R. (Abril de 2001). Vitruvius. Acesso em 24 de Junho de 2011, disponível em Vitruvius: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/02.006/3346?page= Panoramio. (2011). Acesso em 25 de Junho de 2011, disponível em Panoramio: www.panoramio.com SANTOS, N. M., CARVALHO, M. P., & SANTOS, P. (2002). Burle Marx - Jardins e Ecologia. Rio de Janeiro: Jauá Editora. SIQUEIRA, V. B. (2002). Burle Marx. São Paulo: Cosac & Naify Edições. TABACOW, J. (2004). Roberto Burle Marx Arte & Paisagem. São Paulo: Nobel. VIEIRA, M. E. (2007). O jardim e a paisagem: Espaço, arte, lugar. São Paulo: Anna Blume.