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Analise da Obra o Casamento o Pequeno Buguês
Tipologia: Trabalhos
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Nascido em 10 de dezembro de 1898, numa Alemanha pré-nazista em iminência da Primeira Guerra Mundial, o escritor Ugen Friedrich Berthold Brecht, ou simplesmente Berthold Brecht, destacou-se e atingiu legitimidade ao conduzir uma revolução estética na poesia e no teatro.
No teatro, com a teoria épica, o dramaturgo propunha a união da ciência e da arte para o benefício do pensamento crítico por parte do espectador. Para Brecht, o papel do autor dramático não se resume a reprodução histórica/social de determinado acontecimento, mas deve assumir um caráter transformador que atue sobre o indivíduo e seu ambiente social. Por esse contexto, suas obras refletem os problemas fundamentais do mundo, especialmente a luta pela emancipação social da humanidade. O teatro de Brecht é político declaradamente, um teatro a serviço da causa operária, da revolução social, daí seu caráter épico e didático.
Brecht colocou-se à margem a categorização das escolas literárias e mesmo tendo passado pelo expressionismo não se acorrentou a nenhuma vertente estética “pura”. Como Shakespeare, ele soube usar, na época atual, o heróico e o lírico, o dramático e o cômico, o grave e o ridículo, dando à sua obra um sentido universal e híbrido. Rejeitando a obediência às regras métricas e estilísticas tradicionalmente estabelecidas.
cervejarias e a música dos cabarés alemães, que exerceram forte
tange à relação entre tema e público – pois, no que compreende a narrativa da ação dramática, o autor emprega uma das veias do teatro épico, o distanciamento, para que o espectador não mergulhe no que Brecht nomeia como teatro culinário, em que o público embriagado pelo drama se destitui de senso crítico.
Tal distanciamento é percebido tanto na presença discreta do narrador, cujas expressões não estão inflamadas pela emoção, como no diálogo direto entre as personagens, que conferem um caráter dinâmico a narrativa das ações, no qual, cada cena desencadeia outra, sobretudo porque em Brecht, o personagem torna-se agente da história.
O emprego da música como comentário e os saltos no desenvolvimento da trama são recursos do teatro épico cuja utilização também é notada em O casamento do pequeno burguês , em que o jogo de hipocrisia vai ganhando tempero ao mesmo tempo em que o tédio, o cansaço e o álcool começam a fazer efeito entre os convidados, assim como se pode examinar nesse trecho de passagem da ação dramática, em que O AMIGO embriagado faz uso da canção para questionar, de maneira sarcástica e implícita, a honra da NOIVA.
O AMIGO canta a ‘Balada da Castidade em Tom Maior’ Oh! No escuro um no outro se fundiu Oh! Estamos sós! Ela olhou e sentiu: Ela é minha! Com desejo, ele pensou A escuridão, o fogo da paixão, atiçou Mas ele só beijou a noiva no nariz:
Daí também percebe-se a crítica que Brecht em relação as convenções estabelecidas ainda na aristocracia que atingiam a classe burguesa em ascensão, tais como: a renovação de aparências num casamento mal sucedido e infeliz, a questão da virgindade antes do casamento, o próprio empenho da sociedade burguesa de se afirmar perante a nobreza. Essas abordagens fazem com que a relação forma/conteúdo atinja certo grau de reciprocidade. Assim
como torna-se evidente a busca do autor em “solucionar” a problemática do drama clássico no que refere-se as abordagens das temáticas aristocráticas. Aqui, o drama não mais representa a saga heróica da nobreza, mas sim estabelece diálogo direto com a revolução da classe burguesa sem que se prenda na ditadura do tempo, ou no seu espaço épico.
Nesse sentido, é de interesse destacar a presença do MARIDO e da MADAME, esses personagens fundamentam com excelência a busca de Brecht em questionar as ações da nobreza e sua prática conveniente. Sobretudo por que é perceptível o recorde social que os personagens abordam: a sociedade nobre sendo obrigada a suportar e conviver com a classe burguesa em processo de estabelecimento. A MADAME, mas que o MARIDO, censura as práticas da burguesia como podemos observar no diálogo em que ela critica a forma artesanal com que os móveis dos noivos foram feitos, destacando que o tipo de carpintaria usada na produção da cristaleira já não estava na moda, mas mostrando bastante interessante em conhecer o interior do móvel, sobre outra justificativa que não a de comparar a posição social de ambas as famílias no que diz respeito aos bens materiais. Os móveis feitos a mão configuram-se como a analogia que o dramaturgo alemão faz ao comportamento coercitivo da sociedade para com o indivíduo, pois à medida que as revelações aparecem, um móvel é quebrado na ação dramática, como se a cada móvel quebrado um valor social burguês fosse perdido. A verdade se revela distinta das aparências mostradas no início da festa. Assim, Brecht em sua narrativa linear e desdobrada estimula a queda das máscaras, mostrando através de suas personagens a tendência naturalista e pouco heróica de seu drama moderno.
O PAI DA NOIVA, O NOIVO, SEU AMIGO, A MADAME, SEU MARIDO, O MOÇO, A MÃE DO NOIVO, A NOIVA e SUA IRMÃ, assim as nove personagens nos são apresentadas, sem um nome próprio e sem características, apenas sujeitos comuns dentro da ação dramática presente e presença. Contribuindo para o distanciamento necessário à análise crítica.
O autor, com essa medida, impede que as personagens cresçam além do tema, fazendo com que o espectador não se fixe apenas a uma representação, mas se lance ao conhecimento da obra como unidade. O
ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 2008. SONDI, Peter. Teoria do drama moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2003
BORNHEIM, Gerd. Brecht: a Estética do Teatro. Rio de Janeiro: Graal, 1992.
ROUBINE, Jean-Jacques. Introdução às grandes teorias do teatro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
VASCONCELOS, Luiz Paulo da Silva. Dicionário de teatro. Porto Alegre: L&PM, 2001.