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Este documento discute o rastreamento de diversas doenças congênitas, incluindo hipotireoidismo, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, deficiência de glucose-6-fosfatase desidrogenase, adrenal hiperplasia, sífilis e infecção pelo hiv, utilizando o teste do pezinho e outros métodos de screening neonatal. O documento também aborda a importância do diagnóstico precoce e o tratamento de cada condição.
O que você vai aprender
Tipologia: Provas
Compartilhado em 07/11/2022
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O rastreamento de um grande número de doenças congênitas, relacionadas a distúrbios do metabolismo e infecções, pode ser realizado pela análise de gotas de sangue do neonato em papel filtro: O Teste do Pezinho (TP). É sugerido que o teste seja realizado entre 3 e 30 dias de vida (1,2,3,4,5). O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini disponibiliza o TP em 4 perfis: básico, ampliado, plus e completo. Cada uma das determinações também podem ser solicitadas isoladamente ou compondo um perfil individualizado.
1- Fazer anti-sepsia do calcanhar com álcool 70° e esperar secar à temperatura ambiente.
2- Puncionar, com lanceta de ponta fina ou agulha descartável, uma das áreas laterais da região plantar do calcanhar.
3- Após formação da gota de sangue, retire a primeira gota com gaze ou algodão. Encoste o centro do círculo, saturando sua área até o verso do papel filtro. Quanto ao número de círculos que devem ser preenchidos com sangue: 02 círculos para: T4 neo, TSH neo, Tripsina neo, 17-OH-progesterona neo. 02 círculos para: Biotinidase, Galactose, Toxoplasmose, Sífilis, HIV. 1 círculo para: outros
4-Aguardara secagem do cartão. Acondicionar o cartão em papel alumínio e enviar ao laboratório.
HC é um distúrbio oligossintomático ao nascimento que, se não diagnosticado precocemente, pode levar ao retardo do crescimento e do desenvolvimento neuropsicomotor. A produção inadequada do hormônio da tireóide no HC tem várias causas: agenesia ou ectopia da tireóide, distúrbios da hormonogênese, cretinismo endêmico e hipopituitarismo (6,7). Incidência de 1 em 3.600 a 5.000 nascidos-vivos nos EUA. Estudo brasileiro evidenciou TSH neonatal maior que 100 microUl/mI em 1/2980 a 8.278 nascidos-vivos. Nos estados litorâneos a incidência é maior (8). O TSH neonatal (TSHN) deve sempre ser associado ao T4 neonatal (T4N). Os valores normais de TSHN estão abaixo de 10 microU 1/mi. Aceita-se como normais valores até 40 microUl/mI com queda rápida em 10 dias. Valores entre 40-1 00 microUl/mI também podem decorrer de outras condições: anóxia perinatal, icterícia, pré-termo, síndrome do desconforto respiratório, doença hipertensiva materna e descolamento prematuro de placenta. Nestes casos, os valores também se normalizam em 10 dias. Elevações persistentes são características de hipotireoidismo. O TSH não deve ser utilizado para controle terapêutico antes de 10 meses de idade devido à imaturidade do mecanismo de supressão (6,9,10).
Os valores normais de T4N são de 6 a 17 mcg/dI. Aceita-se valores até 22 mcg/dI em virtude da tireoglobulina (TBG) materna. Sua interpretação apresenta dificuldades (7,10):
Distúrbios Achados clínicos Achados laboratoriais
A Galactosemia é uma doença autossômica recessiva, causada pela deficiência das enzimas galactose-1 -fosfato-uridil-transferase (forma clássica), uridina-difosfatogalactose-4-epimerase e da galactoquinase. Acarreta no acúmulo da galactose no sangue e nos tecidos. Incidência de 1 em 60.000 a 80.000 nascidos para a forma clássica (1,17). Manifesta-se com sinais e sintomas gastro-intestinais, icterícia, catarata, retardo mental e susceptibilidade a sepsis por E. coli. Esta doença é usualmente fatal se não diagnosticada. Dieta sem galactose deve ser mantida por toda vida para que se evite a manifestação da deficiência (17). A determinação da galactose total neonatal é realizada por imunoensaio enzimático. Valor de referência: até 10 mg/dl.
A HAC é uma herança autossômica dominante caracterizada pela deficiência de enzimas na síntese de corticóides adrenais. Cerca de 90 a 95% dos casos são devidos à deficiência da enzima 21-hidroxilase causando um aumento da 17-alfa- hidroxiprogesterona (18). A incidência é de 1:7500 a 1:12.000 nascimentos. A HAC leva a virilização com ou sem distúrbios hidroeletrolíticos graves e soldadura precoce de epífises. Apresenta mortalidade neonatal de 9% (19). A determinação da 17-OH-progesterona neonatal é realizada por fluoroimunoensaio. Os valores de referência devem considerar o peso e a idade gestacional. Para os valores de referência abaixo, a sensibilidade desse teste é próxima a 100% com a especificidade maior que 99% (20,21).
Valores esperados para 17-OHP Neonatal - Teste do Pezinho
Peso ao Nascimento (gramas) Idade Gestacional (semanas) Valor de Referência (ng/dI)
A possibilidade de encontrarmos valores falso-positivos ocorre principalmente em prematuros, recém- nascidos com baixo peso ao nascer e em crianças com doenças intercorrentes. A possibilidade de falso-negativo deve sempre ser considerada devido ao espectro clínico-laboratorial da HAC, sendo mais freqüente em amostras colhidas nas primeiras 24 horas de vida. A Academia Americana de Pediatria sugere que o teste deva ser coletado até o sétimo dia de vida da criança (22,23). O objetivo primordial da triagem é a detecção da forma clássica perdedora de sal. A confirmação dos casos positivos deve ser feita com a determinação do 17-OH- progesterona no plasma (24,25).
A Fibrose Cística ou mucoviscidose é uma herança autossômica recessiva decorrente de mutações genéticas localizadas no cromossomo 7 que determinam deficiência da proteína responsável pelo transporte de cloro pelas células epiteliais, acarretando distúrbio da secreção exócrina (muco espesso). Incidência de 1 em 2.000 a 9.000 nascidos-vivos. A mutação mais comum em crianças brancas é a F508, havendo mais de 150 mutações descritas (26,27,28). O acúmulo de tripsina decorre da obstrução dos ductos pancreáticos. Da mesma forma, o espessamento da secreção pulmonar leva a doença pulmonar crônica com infecções de repetiçãó (29). A determinação da tripsina neonatal é realizada por fluoroimunoensaio. Valor de referência: até 204 ng/ml. A confirmação da doença requer níveis aumentados de cloreto de sódio no suor (iontoforese) e PCR para Fibrose Cística. O diagnóstico neonatal permite intervenções terapêuticas precoces e o aconselhamento genético dos pais (30,31).
As Hemoglobinopatias são um grupo de desordens genéticas caracterizadas pela produção anormal de cadeias de hemoglobina (são conhecidas aproximadamente 400 hemoglobinas variantes). Apresentam alta prevalência na população brasileira em virtude da miscigenação racial. O recém-
A presença de anticorpo lgM para treponema caracteriza uma infecção aguda, sendo útil na sífilis congênita. Resultado negativo não exclui esta infecção (sensibilidade de 80%). Guinsburg encontrou soropositividade para sífilis em 5,6% de 3664 nascidos-vivos em amostra brasileira (46). Triagem neonatal de sífilis é realizada com a detecção de lgM por imunoensaio enzimático por captura em papel filtro. Deve ser complementada pela sorologia caso seja positiva ou haja suspeição clínica (46,47).
A infecção materna pelo vírus da rubéola pode gerar aborto ou feto com má formação (Síndrome da Rubéola Congênita). Ao nascer, pode não haver sintomas desta infecção (47,48). A presença de anticorpos lgM para Rubéola no neonato é indicativo de rubéoia congênita, pois esse não atravessa a barreira placentária. A determinação é realizada por imunoensaio enzimático de sanduíche duplo em papel filtro. Deve ser complementada pela sorologia caso positiva ou haja suspeita clínica. Ressalta-se que 20% dos neonatos infectados não produzem IgM antes de 30 dias de idade. A IgG materna pode estar presente por mais de 6 meses. Lembramos que lgG avidez não tem utilidade nos casos de rubéola congênita pois pode permanecer com baixa avidez por 3 anos (48,49).
O CMV é considerado a causa mais freqüente de infecção congênita (0,3 a 2% dos nascimentos). A maioria absoluta dos recém-nascidos com infecção sintomática ao nascimento nascem de mães que tiveram infecção primária durante a gestação. A reativação de infecção pregressa na gestante está associada a baixos índices de infecção do concepto (50,51). Dos recém-nascidos infectados, apenas 15% têm sintomas ao nascimento, sendo que 10% dos infectados sem sintomas terão seqüelas neurológicas. A forma mais grave é denominada “Doença de inclusão citomegálica” e caracteriza-se por icterícia, hepatoesplenomegalia, petéquias, microcefalia, corioretinite e calcificações cerebrais. IgM não ultrapassa a barreira placentária, sendo sua presença no recém-nascido útil para o diagnóstico de infecção congênita. Ressaltamos a possibilidade de infecção do recémnascido durante o trabalho de parto ou pelo leite materno, pois 50% das mães infectadas excretam o CMV no leite. Em caso de resultados positivos no teste do pezinho, a confirmação requer complementação da sorologia (51,52).
A deficiência da MCAD (acil-CoA Desidrogenase de Cadeia Média) é uma condição autossômica recessiva que resulta em um defeito na beta-oxidação de ácidos graxos, usualmente precipitado por infecções ou jejum. A apresentação clínica é súbita e variável podendo manifestar-se agudamente com sintomas de encefalopatia aguda e hepatomegalia. Episódios caracterizados por hipoglicemia não-cetótica fulminante podem ocorrer. Esta deficiência é responsável por 3% dos quadros de morte súbita na infância. Apresenta prevalência entre 1:10.000 e 1:25.000 nascidos-vivos no Reino Unido. A mutação A985G é encontrada em 85% dos casos e pode ser detectada em neonatos pela reação em cadeia da polimerase em papel filtro. Tratamento da Deficiência de MCAD inclui a prevenção de períodos prolongados de jejum, redução de gordura na dieta e suplementação de carnitina (1,53,54).
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