Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Melhoramento Genético da Seringueira: História, Técnicas e Impacto Econômico, Manuais, Projetos, Pesquisas de Genética

A história do melhoramento genético da seringueira, desde a introdução de material genético livre de doenças até o desenvolvimento de clones de alta produtividade e resistência. Aborda as técnicas de melhoramento, como hibridação seletiva e marcadores moleculares, e destaca o impacto econômico da seringueira na produção de borracha natural. O documento também apresenta exemplos de programas de melhoramento genético em diferentes regiões do brasil, como a bahia e são paulo.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2024

Compartilhado em 13/03/2025

maiara-soares-23
maiara-soares-23 🇧🇷

2 documentos

1 / 12

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
MELHORAMENTO GENÉTICO DA SERINGUEIRA.
BELÉM/PA
2023
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Melhoramento Genético da Seringueira: História, Técnicas e Impacto Econômico e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Genética, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE AGRONOMIA

MELHORAMENTO GENÉTICO DA SERINGUEIRA.

BELÉM/PA

ALESSANDRA MARIE OHASH

ANDRECELLY GUIMARÃES DA SILVA

ELUANA SANTOS DA COSTA DE MOURA

IARA SILVA COSTA

JOSE WILLIE SILVA FRANCO

MAIARA CUNHA SOARES

MELHORAMENTO GENÉTICO DA SERINGUEIRA.

Pesquisa apresentada à disciplina de Métodos de melhoramento de plantas, a ser utilizado como objeto avaliativo e de aprendizagem, sob orientação da Profª Hérica Santos de Oliveira. BELÉM/PA 2023

1. Importância da Seringueira. A Seringueira pertence à ordem Malpighiales, do gênero Hevea , da família Euphorbiaceae, que tem a Hevea brasiliensis Muell Arg., como a espécie mais importante do seu gênero, com cultura laticífera, produz látex de melhor qualidade e com elevado teor de borracha, sua origem é brasileira. Do seu tronco extrai-se o látex que, por coagulação espontânea ou por processos químico-industriais, se transforma no produto comercial denominado de borracha, que é um produto estratégico e insubstituível em função de suas características peculiares como: elasticidade, flexibilidade, resistência, impermeabilidade e fácil adesão a tecidos e ao aço (COSTA et al. 2001). A seringueira ( Hevea brasiliensis ) é uma árvore de grande porte podendo atingir entre 40 m e 50 m de altura, seu caule é do tipo tronco, podendo chegar a 1,5 m de DAP (seringueira nativa). A copa é densa, porém, não muito desenvolvida. As folhas são alternas e trifolioladas, com características senescentes, em maio, junho e julho, e com reenfolha a partir de agosto. Apresenta sistema radicular pivotante de onde partem as raízes secundárias, as quais por sua vez se ramificam. O clima, no caso específico da seringueira, pode-se afirmar que o seu desenvolvimento satisfatório e econômico só acontece se associarmos os fatores ambientais com as exigências específicas da cultura, de modo que se consiga a manifestação plena de toda sua capacidade produtora. Devido a sua principal matéria-prima (borracha natural) decorreu a sua grande importância para o Brasil, mais especificamente para o Pará com o ciclo da borracha. No final do Século XIX as invenções da câmara de ar (Thompson), da roda pneumática (Michelin, Dunlop) e do automóvel (1895) tornaram a borracha natural um produto de grande importância econômica. Assim, o Brasil, “habitat” natural das “heveas”, passou a frente dos países produtores de borracha natural. A exportação cresceu, chegando a 24.300 t em 1900, entrando, no Século XX com a Amazônia no auge da produção de borracha natural. A cultura da seringueira apresenta algumas vantagens: apropriada para pequenos agricultores por não ter custos fixos elevados e nem encargos sociais; exploração econômica durante o longo ciclo de vida da planta sem a necessidade de desnudamentos periódicos do solo; pode ser utilizada no reflorestamento, ajudando na conservação do solo e da água e no sequestro de gás carbônico da atmosfera, amenizando o efeito estufa (CORTEZ, et al. 2002).

Demanda recentemente crescente: por borracha natural, setor produtivo com dificuldades para ofertar a matéria-prima em quantidade suficiente. De acordo com o Sistema Brasileiro de Respostas Técnicas alguns cuidados precisam ser tomados, pois o cultivo da seringueira em áreas de monocultura, têm favorecido o aparecimento e desenvolvimento de diversas pragas e doenças como, por exemplo, o mal-das- folhas, mancha areolada, doenças causadas pelo fungo Phytophthora spp , Antracnose causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides. A praga de considerável importância é o Erinnyis ello , conhecida vulgarmente como mandarová, e outras de menor importância, são as formigas, vaquinhas, mosca-branca, cochonilhas, cupins, paquinhas, coleóbrocas, ácaros e percevejos-de-renda. O látex produzido pela árvore é uma suspensão aquosa contendo 30 a 40% de sólidos em forma de partículas de borracha visíveis em ultramicroscópio. Com propriedades únicas entre os produtos naturais poliméricos, a borracha natural combina elasticidade, plasticidade, resistência ao desgaste (fricção), propriedades de isolamento elétrico e impermeabilidade a líquidos e gases (Gonçalves et al., 1990 apud Reginaldo Brito da Costa, Paulo de Souza Gonçalves, Adriana Odalia-Rímoli e Eduardo José de Arruda, 2001). A produtividade média brasileira é de 1,26 t/ha de borracha seca, em que o estado de Goiás com suas fazendas com alta tecnificação pode chegar até 2 t/ha(EMBRAPA, 2016)

2. Objetivo do melhoramento da Seringueira. O melhoramento vegetal em seringueiras é uma atividade direcionada para a obtenção de clones superiores da planta, visando aumentar a produtividade de látex, diversificar a base genética dos seringais e conferir resistência a pragas e doenças (EMBRAPA, 1989). Essa busca por aprimoramento genético varia conforme as necessidades específicas de cada região. Em todos os casos, o principal objetivo é a obtenção de clones de alta capacidade produtiva, juntamente com a melhoria de outros traços desejáveis, contribuindo assim para a redução do potencial de produtividade (COSTA et al., 2001; GONÇALVES, 1986). Dentre os caracteres principais avaliados no melhoramento da seringueira estão: a produtividade de látex, a espessura e regeneração de casca, o vigor vegetativo, a resistência ao estresse hídrico, a resistência ao vento, a resistência à seca foliar e a resistência às pragas e doenças.

Figura 1. Ciclo utilizado em programas de seleção e melhoramento genético da seringueira Fonte: COSTA et al. (2001). Adaptado pelos autores. O processo de obtenção de clones na seringueira é um procedimento complexo e estruturado, conforme descrito por Gonçalves et al. (1990). Inicialmente, o processo começa com a obtenção de sementes por meio de polinização aberta ou controlada. Essas sementes são então plantadas em sacos de polietileno e, após quatro a seis meses de crescimento, quando as plântulas atingem dois lançamentos foliares, são transferidas para um viveiro de cruzamento, onde são espaçadas a 1,5 metros de distância uma da outra. Aos dois anos e meio, os ortetes mais promissores são selecionados e clonados para serem testados em competições em pequena escala. Durante a seleção no viveiro, são levados em consideração critérios como a produção de borracha seca, o vigor das plântulas, a arquitetura da ramificação da copa e a incidência de doenças nas folhas. Quando as plantas completam 30 meses de idade, são podadas a uma altura de 1,5 metros para estimular o crescimento de novos brotos. As hastes resultantes são usadas como material de multiplicação, que será avaliado na próxima fase em experimentos de clones em pequena escala. No campo, os clones são estabelecidos sob diferentes delineamentos experimentais, incluindo testemunhas comuns. Após dois anos e meio de sangria, os

clones promissores são selecionados com base em critérios como produção, precocidade, forma de ramificação e resistência a doenças, e, se possível, qualidade do látex. Os clones selecionados com bom desempenho e características desejáveis são multiplicados e submetidos a ensaios em grande escala, avaliando seu desempenho em diferentes condições ambientais antes de recomendações para o plantio comercial. Parcelas contendo de 40 a 60 plantas são recomendadas para avaliações anuais, estendendo-se por 12 a 15 anos até que um clone seja recomendado para o plantio em larga escala. Esses métodos visam desenvolver clones de seringueira com maior produção de látex, resistência a pragas e doenças, adaptação a diferentes condições ambientais e qualidade superior da borracha natural (MORENO et al., 2006). O processo abrange diversas etapas de seleção e avaliação rigorosa, visando atender às demandas da indústria da borracha. Algumas das técnicas mais avançadas utilizadas no melhoramento genético da seringueira são o uso de marcadores moleculares, a propagação vegetativa in vitro e a seleção precoce de clones. Os marcadores moleculares são sequências de DNA que permitem identificar características genéticas de interesse, como resistência a doenças, produtividade e qualidade da borracha. Eles facilitam a seleção de genitores e de progênies, reduzindo o tempo e o custo do melhoramento (GONÇALVES, 2013). A propagação vegetativa in vitro é uma técnica que permite multiplicar rapidamente os clones selecionados, utilizando culturas de tecidos vegetais em condições controladas. Ela aumenta a disponibilidade de mudas de alta qualidade e uniformidade, além de permitir a conservação de germoplasma (CARRON et al., 2000).

4. Resultados alcançados no melhoramento. 4.1 Contribuições da Bahia para a heveicultura nacional: Segundo Amaral et al. (2021), a Bahia, graças à parceria entre a Cepec e a Michelin, gerou uma grande contribuição para a heveicultura no Brasil, o histórico do programa de melhoramento da seringueira realizado a partir da EDJAB (Estação Experimental Djalma Bahia), conta com clones cuja a produtividade é alta e são resistentes à doença mal das folhas estando disponíveis para os produtores

exploração, facilidade de escoamento da produção e acordo de compra da borracha, essa mudança de proprietário deu certo e poucas seriam as chances de dar errado. A fazenda do Mato Grosso foi adquirida em 1981 com uma área de aproximadamente 10 mil hectares, onde foram originalmente desenvolvidos trabalhos de grande importância para a heveicultura nacional. Nessa plantação, localizada em uma área considerada apropriada para escape ou evasão por local, para o controle da doença mal das folhas da seringueira, foram realizados diversos cruzamentos entre materiais diferentes geneticamente por meio da técnica de “polinização artificial controlada” que possibilitou a criação de novos genótipos de seringueira atualmente plantados em campos de seedlings na Bahia e no Mato Grosso. Esse programa de melhoramento genético, formalmente denominado Programa CMB (CiradMichelin- Brasil) de Melhoramento Genético da Seringueira, desenvolvido pela Michelin com a cooperação técnica do Cirad, teve como base 36 clones de seringueira importados da Guatemala e da Libéria, pela Firestone, na década de 1970, além de 10 clones brasileiros, 15 asiáticos e 3 africanos presentes no Brasil. Sendo assim, é necessário reconhecer que o programa de melhoramento genético da Michelin foi e continua sendo extremamente importante para a Bahia e para outros estados brasileiros, à medida que pode conter clones com estabilidade apropriada para cultivo em vários locais do Brasil. 4.3 Contribuições de São Paulo para a heveicultura nacional O programa de melhoramento da seringueira no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no estado de São Paulo, tem um histórico longo e profícuo e pode-se dizer que nasceu das observações de pesquisadores do IAC feitas em árvores de seringueira plantadas na Fazenda Santa Sofia, em Gavião Peixoto, onde se constatou a adaptação de Hevea brasiliensis àquela região. Essa floresta foi iniciada em 1917 com a germinação das primeiras sementes de seringueira, enviadas do estado do Mato Grosso, pelo Marechal Cândido Rondon ao Coronel José Procópio Ferraz, dono da Fazenda Sofia. Já no início da década de 1940, atividades de melhoramento genético são realizadas com os primeiros plantios de seringueira no Centro Experimental Central de Campinas, Fazenda Santa Elisa, Campinas, SP, Pindorama e Ribeirão Preto para avaliações em experimentos em São Paulo (Scaloppi Junior et al., 2017). Durante muitos anos e ainda hoje o trabalho de Paulo de Souza Gonçalves, pesquisador da Embrapa e ex integrante da equipe do antigo Centro Nacional de

Seringueira, localizado em Manaus, AM, foi fundamental no avanço do programa de melhoramento genético da seringueira. Em Campinas, em 2011, Paulo de Souza Gonçalves divulgou os clones da série 500 do IAC, de alta produtividade e precocidade de 5 anos para cultivo em região escape ao mal das folhas da seringueira (Gonçalves et al., 2011b), os quais eram comercializados pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. No grupo de clones da série 500 o clone IAC500 foi o que mais se destacou com 38% a mais de produção de borracha em relação ao clone RRIM600, além de apresentar baixa intensidade de danos por ventos, baixa incidência de secamento do painel de sangria, antracnose na folha e antracnose no painel (Gonçalves et al., 2011b). A produção total acumulada em 10 anos de sangria dos clones da série 500 mostra que o clone IAC produziu 10,96% a mais que o clone IAC500, mas ambos, separadamente, acumularam uma produção muito superior ao clone RRIM600. Antes dos clones da série IAC500 (IAC15, IAC35, IAC40, IAC56) e das séries IAC100, IAC200, IAC300 e IAC400 foram desenvolvidos e estudados, e alguns desses se encontram recomendados para plantio em São Paulo, em pequena escala ou escala moderada, todos com alta produtividade, superior ao clone RRIM600, totalizando 31 clones IAC registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em 2011, foi publicado em São Paulo um trabalho mostrando que a irrigação, combinada com bons tratos silviculturais, pode reduzir perdas nos dois primeiros anos e diminuir o tempo de formação da floresta de seringueira até a entrada em sangria (Gonçalves et al., 2011a). REFERÊNCIAS CARRON, M., LE ROUX, Y., TISON, J. et al. Compared root system architectures in seedlings and in vitro plantlets of Hevea brasiliensis, in the initial years of growth in the field. Plant and Soil 223, 75– (2000). ttps://doi.org/10.1023/A: COSTA, R. B.; GONÇALVES, P. de S.; RÍMOL, A. O.; DE ARRUDA, E. J. Melhoramento e conservação genética aplicados ao Desenvolvimento Local – o caso da seringueira (Hevea sp). Interações , v. 1, n. 2, 2001. Disponível em: https://interacoesucdb.emnuvens.com.br/interacoes/article/view/600. Acesso em: 8 out. 2023. EMBRAPA. Melhoramento Genético Da Seringueira. Manaus: EMBRAPA-CNPSD, 1989. 23 p. (EMBRAPA-CNPSD. Documentos, 10). EMBRAPA. Produtividade de seringais em Goiás é maior que a média mundial. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/11705438/produtividade-de-seringais-em-goias- e-maior-que-a-media-mundial>. Acesso em: 9 de outubro de 2023.