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Tese de mestrado - A Ainventiva Brasileira do Século XIX: Saúde, Modernidade e Ciência., Teses (TCC) de História

Trata-se de um estudo sobre os privilégios industriais no Brasil, a partir da análise documental da coleção "A Inventiva Brasileira" disponível no Arquivo Nacional.

Tipologia: Teses (TCC)

Antes de 2010

Compartilhado em 24/07/2023

breno-martins-zeferino
breno-martins-zeferino 🇧🇷

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Aos meus Pais, pela compreensão, apoio e incentivo.
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Baixe Tese de mestrado - A Ainventiva Brasileira do Século XIX: Saúde, Modernidade e Ciência. e outras Teses (TCC) em PDF para História, somente na Docsity!

Aos meus Pais, pela compreensão, apoio e incentivo.

Sumário Agradecimentos ........................................................................................................... Introdução : Caminhos de Progresso ........................................................................... Capítulo- 1 : Modernidade e Espetáculo: o velho XIX e o novo XX ............................ Capítulo- 1.1 : O Brasil nas Exposições: a construção genuína do progresso ....................................................................................................... 32 Capítulo- 2 : A Cena Urbana do Desenvolvimento ...................................................... Capítulo-2.1 : Legislação e Memória na Invantiva Nacional ......................... 60 Capítulo-2.2 : Desenvolvimento no papel: desdobramentos do cenário nos projetos e idéias da Inventiva Brasileira ......................................................... Capítulo- 3 : A ideologia da Higiene: grandeza e modernidade através da salubrização nacional ............................................................................................... 101 Capítulo-3.1 : Projetos da Inventiva à luz da saúde social e privada ........................................................................................................... Conclusão : A Ciência do bem, caminhos entre o possível e o impossível ............... Tabela de Documentos :........................................................................................... Fontes e Bibliografia :..............................................................................................

Gostaria de agradecer também à pesquisadora Maria Inês Turazzi, por suas coerentes intervenções e por ter me proporcionado novas perspectivas na construção da dissertação. O caminho seria mais difícil senão fossem suas indicações. Agradeço também aos professores Luiz Antônio Teixeira e Robert Wegner, pelas críticas pertinentes e questionamentos que muito me fizeram avançar. Outra pessoa a quem devo inestimável apoio é minha orientadora Lorelai Brilhante Kury, da mais admirável sensatez, emprestando livros e ajudando a solucionar problemas teóricos, que me fez crescer muito intelectualmente, e soube me orientar muito bem, abrindo novos e importantes questionamentos sobre o tema. Não posso deixar de lembrar do Departamento de História das Ciências e da Saúde, aos secretários, em especial à Maria Cláudia, e à professora e pesquisadora Maria Rachel, um muito obrigado pela chance de ser mestre e por me fornecer durante 24 meses bolsa de pesquisa, sem a qual seria mais difícil a conclusão deste trabalho. Agradeço á banca de exame de admissão, Robert, Luiz Antônio e Magali, que acreditaram na minha idéia e me deram esta chance. Não existe escala que possa expressar o nível e o tamanho do aprendizado destes 2 anos estudos no Rio de Janeiro. E por fim, à Deus.

Introdução Caminhos de progresso “ (...) esse último quarto de século é o princípio de uma era nova e extraordinária(...)” Machado de Assis, crônica, A semana , 25/03/ Inventiva Brasileira é um termo inaugural utilizado por Clóvis da Costa Rodrigues em sua obra A Inventiva Brasileira^1 , para designar o vasto repertório de documentos que tratam de pedidos de privilégio e patente sobre invenções criadas ou descobertas no Brasil do século XIX. Segundo o autor, este conjunto de documentos é um retrato da inventividade do brasileiro em buscar, ainda que de forma precária, soluções práticas inspiradas na modernidade para problemas do cotidiano. Este tema foi por mim conhecido em 2001, durante realização de um Seminário sobre As Perspectivas do Ensino de História em Ouro Preto. Naquela ocasião assisti a uma palestra da professora da USP, Lilia Moritz Schwarcz, sobre seu livro recém lançado pela Companhia das Letras No Tempo das Certezas: 1890-1914. A partir daí fiquei obstinado por pesquisar aqueles registros e encontrar uma justificativa teórica correspondente á importância dos documentos. O caminho não seria nada fácil. Aqui, compartilho do corpo documental de Clóvis da Costa Rodrigues, sugerido pela pesquisadora Maria Inês Turazzi em minha banca de qualificação para a dissertação. Durante 8 meses pesquisei os documentos da Inventiva Brasileira, comparando as anotações de Clóvis da Costa Rodrigues com os registros localizados

mais amplo e complexo que a mera reforma das instituições políticas. Por isso sonhou-se muito na passagem do século XIX para o XX. Este parecia ser o momento das realizações, da efetivação de projetos e do controle do incontrolável. Todos os recursos pareciam disponíveis, onde os avanços técnicos traziam consigo a confiança de um domínio absoluto sobre a natureza e os homens. Não é à toa que os grandes símbolos desse momento tenham sido a luz elétrica e a velocidade. Em parte, estas razões talvez expliquem o porque de tantos projetos inexeqüíveis, que perdem em sensatez mas ganham em imaginação. Isto é certamente mais um aspecto que se incorpora ao repertório moderno e suas vibrações. A Coleção Privilégios Industriais nos revela algumas novas percepções sobre o que é ser moderno e como o Brasil se coloca nessa modernidade, pensada também sob um ideal capitalista. Nesse caso, o Estado passava a garantir a propriedade intelectual de cada idéia. A idéia virava mercadoria, revelando uma forte relação entre a economia, a sociedade brasileira e o desenvolvimento técnico. Neste estudo, o que está em jogo é o fluxo intenso de mudanças, que atingia na Capital Federal todos os níveis de existência social, concentradas no final do século XIX, e início do século XX. Estimuladas sobretudo por um novo dinamismo da economia internacional, essas transformações iriam afetar desde a hierarquia social até o cenário e o ambiente em que tudo ocorria. As pessoas daquela época também já sentiam a vibração do tempo e do espaço de forma diferenciada, bem como os modos de perceber os objetos ao seu redor e de reagir aos seus estímulos variados. Tudo isso era resumido numa única palavra: Modernidade. Esses aspectos foram observados, obviamente a partir da bibliografia necessária, mas principalmente quando me deparei com a preciosidade de informações constando dos registros da Coleção. O acervo disponível sobre esse

processo é abundante e se acha localizada no Arquivo Nacional com o nome Coleção Privilégios Industriais. Documentação ímpar que pode ilustrar e compor parte importante da história da ciência e da técnica no Brasil. Carros, carros adaptados, dirigíveis, remédios inovadores, sofás, cadeiras, janelas, extratores de dentes, supositório elétrico, telégrafo, lâmpada, jogos de loteria, talismã, sistemas de esgoto, tratamento para afta, ventiladores, sistemas de transporte, tratamentos para doenças em geral, enfim, um elenco temático vastíssimo para vários campos de pesquisa, onde muitos dos registros contêm fotos e todos possuem relatório descritivo. A diversidade da fonte documental com a qual fui me habituando revelava de forma fragmentária (assim como grande parte do campo da História) momentos, espaços e visões de aspectos pouco conhecidos ou inexplorados do desenvolvimento nacional. Na coleção há também muitos registros de inventores residentes em outros países, certamente com intenção de proteger internacionalmente suas idéias. Esses registros não foram considerados nesta análise pelo fato de não fazerem parte do contexto em questão. Isso não diminui sua importância e merece estudo exclusivo em outro momento. Essa experiência de pesquisa documental, conciliada com a bibliografia sugerida por minha orientadora Lorelai Brilhante Kury e pela banca de qualificação composta pelos pesquisadores Maria Inês Turazzi e Robert Wegner, dirigiu meu trabalho com vistas à construção de uma dissertação para um estudo crítico e ao mesmo tempo justificado. Embora tenho consultado somente um conjunto de documentos, o exercício de interpretação e quantificação não foi menos exaustivo. Foi necessária uma vasta pesquisa bibliográfica para revelar algumas informações enigmáticas e entender o significado social e “científico” de cada pedido de propriedade intelectual. A fonte é composta por 9301 relatórios descritivos, cerca de 22000 desenhos que acompanham

Capítulo 1 Modernidade e Espetáculo: o velho XIX e o novo XX “(...) Mas então que é o tempo? É a brisa fresca e preguiçosa de outros anos, ou esse tufão impetuoso que parece apostar com a eletricidade. Não há dúvida que (...) os relógios andam muito mais depressa(...)”. Machado de Assis, crônica, A semana , 25/03/ Não há impressões que tenham marcado tão profundamente as gerações que viveram entre o final do século XIX e o início do XX do que as rápidas transformações dos cenários e comportamentos, sobretudo na amplitude das grandes cidades. O desenvolvimento tecnológico foi espetacular, onde campos completamente novos da ciência surgiram, para alterar a sociedade de modo profundo e irreversível. Uma nova paisagem, mais desenvolvida, dinâmica e complexa, fixou-se consoante ao surgimento de engenhos a vapor, fábricas automatizadas, ferrovias, zonas industriais; prolíficas cidades que crescem do dia para a noite; jornais diários, aviões, controle de doenças. Enfim, foi uma expansão dos níveis de experiência que destruiu barreiras morais e provocou o rompimento com as “letárgicas” lembranças do passado, dando origem a uma atmosfera de agitação e turbulência e, por conseqüência, à sensibilidade moderna. Esta desconcertante abundância de possibilidades explodiu de vários modos para além dos próprios limites, onde a moderna humanidade, crescente e multiforme, sofre um poderoso impulso de destruição e reconstrução: (...) na pintura e na escultura, na poesia e no romance, no teatro e na dança, na arquitetura e no design , (...) e em um

vasto conjunto de disciplinas científicas que nem sequer existiam no início do XIX (...)^2. Para pronunciar o ineditismo dessa experiência representada pelas metrópoles tecnológicas, era preciso forjar um novo cenário contingente. Essa nova (re)construção, alicerçada ante a repentina e estonteante aparição, por exemplo, da eletricidade, faz-se sentir em sua plenitude, alterando tanto os hábitos e costumes cotidianos quanto o ritmo e intensidade dos transportes, comunicações e do trabalho. Por volta de 1900 o poder da tecnologia estava muito além do que qualquer outro século jamais sonhara. Ivan Tolstói, em O Conhecimento e o Poder , afirmou não haver precedente histórico para o que se passava. Um otimismo curioso, uma fé que afirmava, com efeito, que se caminhava no caminho certo, ajudou a impulsionar o ideal máximo almejado pelos homens daquela época: Modernidade. Nessa transição das condições materiais de reprodução do cotidiano, o triunfante progresso da ciência e todo o repertório que envolve os processos de modernização acabam por selecionar os “livres modernos”^3 em detrimento dos defensores da tradição. O pensamento moderno, desde Marx a Nietzsche, cresceu e desenvolveu. De fato, se notarmos com atenção o argumento modernista do século XX e compararmos àqueles de um século atrás, encontraremos uma incrível mudança de perspectivas^4. Segundo Marshall Berman, o pensamento do século XIX foi pessimista em relação à vida moderna. (^2) BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. P. 24- 25 (^3) Umberto Boccioni, em “Manifesto of the futurist painters, 1910”, trad. Robert Brain, in Futurist manifestos , org. Umbro Apollonio (Viking, 1973), p. 25. utiliza o termo “livres modernos” para designar indivíduos engajados com o processo de modernização. Também citado por BERMAN, Marshall. Op. Cit. P. 27. (^4) Marshall Berman em sua obra citada acima debate os argumentos de alguns pensadores do século XIX, entre eles Marx e Nietzche. Compara a linha de pensamento do século XIX e atribui seu crescimento ao momento crucial da história européia diante da expansão capitalista. Embora a obra desses autores tenha constituído a origem do pensamento moderno, não se trata aqui de uma discussão sobre o vanguardismo de suas teorias, mas sim citá-los como sua argumentação foi apreendida. O

Resultando da aplicação das mais importantes novidades científicas aos capitais mecanizados, a ciência (...)possibilitou o desenvolvimento de novos potenciais energéticos, como a eletricidade e os derivados do petróleo, dando assim origem a novos campos de exploração industrial, como os alto-fornos, as indústrias químicas, novos ramos metalúrgicos, como os de alumínio, do níquel, do cobre e dos aços especiais, além de desenvolvimentos na área de microbiologia, bacteriologia e da bioquímica, com efeitos dramáticos sobre a produção e conservação de alimentos, ou na farmacologia, medicina, higiene e profilaxia, com um impacto decisivo sobre o controle de moléstias, a natalidade e o prolongamento da vida.”^6 O surgimento da máquina a vapor e dos motores modernos associa-se diretamente à utilização dos novos materiais “descobertos” na metade do século XIX. O Aço passou a se tornar uma das principais matérias primas da moderna civilização, indispensável para fabricação de grande parte dos bens de capital, assim como vários bens de consumo duráveis. O aumento de sua utilização, a mecanização dos processos produtivos e o desenvolvimento científico-tecnológico lideraram, em larga escala, o processo de modernização. A substituição do ferro pelo aço, assim como o aumento (^6) SEVCENKO, Nicolau. História da Vida Privada No Brasil III.. São Paulo: Companhia das Letras. P. 9

do consumo total e per capita deste material, ajudaram a constituir um movimento irreversível num cenário já moderno, configurado e, principalmente, urbano^7. As bases que viabilizaram este largo crescimento vêm desde meados do século XIX. Na Inglaterra, por exemplo, as exportações cresceram rapidamente nos primeiros sete anos da década de 1850. O produto que liderou esta expansão foi o algodão, proporcionando também um crescimento no número de máquinas de tecer. De acordo com o historiador Eric Hobsbawm, em sua obra A era do Capital , o número de máquinas de algodão cresceu de 100 mil entre os períodos de1819 e 1821, e 1844 e 1846 para o dobro disso na década de 1850. A indústria têxtil inglesa só não expandiu numa amplitude maior devido à rapidez do desenvolvimento de outras indústrias do mesmo setor. De fato, para onde se olhava na Europa, evidências similares desta expansão poderiam ser encontradas, ainda mais quando se combinava homens de negócios famintos por lucros, capital barato e um rápido aumento dos preços. Embora tivesse havido na Europa uma breve interrupção desta evolução econômica com a depressão de 1857, nos anos subsequentes registrou-se uma escala ainda maior de crescimento. A década de 1860 foi também um período bastante prodigioso, que atingiu seu apogeu entre 1871 e 1873. Graças à pressão da busca de lucro da acumulação de capital, o espaço geográfico da economia capitalista multiplicou-se repentinamente, na medida em que a intensidade das transações comerciais aumentavam. A partir daí, “(...) o mundo inteiro tornou-se parte dessa economia”^8. (^7) SZMRECSÁNYI, Tamás. Esboços de História Econômica e da Tecnologia. In: SOARES, Luiz Carlos (org). Da revolução Científica à Big (Business) Science. São Paulo- Niterói: Editora Hucitec,

  1. P. 187 (^8) HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. 9ª (^) Edição. P. 59

O resultado dessa rápida expansão européia foi um avanço acelerado em áreas de passado colonial, que se viram rapidamente dragadas pelos ritmos mais dinâmicos da industrialização européia. Estas tentativas de interferir em sociedades e culturas seculares geraram revoltas e guerras, só abafadas pela inegável superioridade estratégica e armamentícia européia. Neste processo, a maior parte da população mundial tornou-se subordinada à superioridade econômica e tecnológica dos Estados da Europa Central, setentrional e dos países estabelecidos por seus imigrantes; neste caso, os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália, a partir do século XX, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial. A certeza de que se podia controlar tudo encontrava limites no lado menos brilhante dessa história. Não há dominadores sem dominados. Por isso a tecnologia desenvolvida ante o bom momento de expansão capitalista encontrou um campo fértil quando novas matérias primas foram utilizadas. Estas fontes, a partir daí, encontraram uma significação evidente durante a corrida imperialista. No entanto, no curso das transformações globais, as dificuldades vão se diluindo diante do advento encadeado por várias invenções e descobertas; graças em parte à utilização destes novos materiais. Só para se ter breve noção aqui estão alguns exemplos: fósforos práticos de fricção (1831), clorofórmio (1831), revólver (1835), fogão a gás (1837), código Morse por Samuel Morse (1838), fotografia inventada por Jean Jacques Mandé Daguerre, borracha, bicicleta (1839), negativo fotográfico, roscas de parafuso (1841), navio transatlântico (1843), telégrafo também inventado por Samuel Morse (1844), anestesia inventada Crowford W. Long, máquina de costura inventada por Elias Howe (1846), criação da técnica para parto sem dor: oitocentista, os argumentos debatidos dão conta de uma sucessão de mudanças globais, onde o mundo, em pouco tempo, tornaria-se um único grande mercado.

utilização de clorofórmio e nitroglicerina, obturação com amálgama de prata (1847), invenção do elevador por Alexander Miles (1852), querosene (1853), refrigeração para produção industrial de gelo (1860), metralhadora (1862), Primeira lei de Mendel: Partículas de hereditariedade, cirurgia anti-séptica (1865), dinamite por Alfred Nobel (1866), pilha seca (1867), tabela periódica dos elementos químicos (1869), patenteação do chiclete por William Semple (1872), telefone inventado por Alfred Graham Bell, motor a explosão (1876), lâmpada elétrica por Thomas Alva Edison (187 8 ), calculadora eletromecânica, estudos sobre o inconsciente de Sigmund Freud (1880), atribuição da causa da tuberculose ao bacilo de Koch por Robert Koch (1882), utilização e produção da cocaína pura (1884), automóvel movido a gasolina, estabelecimento da individualidade por impressões digitais (1885), Refrigerante Coca-Cola inventado por John Penberton (1886), luvas cirúrgicas (1890), introdução aos estudos da psicanálise(1893), raio X, aparelho cinematográfico (1895), heroína, corn-flakes (1898), descrição e descoberta dos tipos sanguíneos (1900), barbeador de lâmina inventado por King C. Gillete, dando origem à marca Gillette(1901)^11. Estamos falando, portanto, de um momento em que não se tratava apenas da variedade de novos objetos, produtos e processos que entravam para o “viver diário” das pessoas, mas também e, talvez, principalmente o mais ressonante era a velocidade com que essas inovações compunham o ritmo diário de vivência da época; configurada numa paisagem contextual de um outro fenômeno derivado da “Segunda Revolução”: as grandes metrópoles modernas. Estas transformações radicais no cotidiano das pessoas ocorreram de forma concentrada entre as últimas décadas do século XIX e a primeira do XX. No entanto, quando o impacto da Revolução Científido-Tecnológica se faz sentir em sua (^10) HOBSBAWM, Eric. Op. Cit. P. 55

Esta referência da qual fala Edward Stanley , trata dos efeitos da velocidade sobre a percepção espaço-temporal, mais dinâmica, com deslocamento numa rapidez ainda pouco experimentada, proporcionada pela força do mecanismo, alterando de forma significativa a visão da paisagem e dos passantes. O espetáculo da modernidade, visto de dentro, completava-se, com a experimentação do exterior, ou seja, com a utlização do novo mecanismo, como fenômeno indissociável de todo processo de transformação. No rápido movimento das locomotivas, ao atingir sua máxima velocidade, mais que se deslocando, estão crescendo, em tamanho, em efeito, em progresso; enfim, tomando o rumo irreversível da modernidade. O caráter rápido de transformação da vida moderna não deriva essencialmente do maquinismo que estava sendo montado, mas do impulso que gerou um amplo e vital corpus de pensamento para a consolidação de um mercado global industrial^13. Vivia-se, então, a pré-história do cinematográfico e das “novas” diversões de massa. O cenário que se configurava ao longo do XIX deixava indícios claros de como surgiriam novos espaços, atores e público; de como os novos mecanismos da modernidade traçam nas ruas das metrópoles nova arquitetura e novas feições. Há em todo o contexto inerente ao XIX um plano de percepções nítidas dando conta de uma maneira peculiar de como as coisas vêm sendo apreendidas. Surge um clima mental permanente em que a instabilidade passa a ser uma marca identificadora da vida dos homens. Desde que o espaço próximo converteu-se num lugar de estranhamento, a sensação de fragmentação do tempo em instantes inacessíveis e a tecnologia moderna passaram a condicionar de modo irreversível o destino do (^13) Sobre o “caráter rápido de transformação da vida moderna” ver Giddens, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.

homem. Pois é desta forma volátil, fluida, emergente de tecnologia que se estava construindo a paisagem típica da era urbano-industrial. A segunda Revolução Industrial vai adquirir um novo status da vida moderna, quando a ciência, através da Física, Química e medicina reverdecem com seus instrumentos os campos mais estéreis e esgotados. Esse movimento Científico- Tecnológico levou à aplicação das recentes descobertas científicas aos processos produtivos, possibilitando o desenvolvimento de novas fontes de potenciais energéticos, como a eletricidade e os derivados do petróleo. Foi isso que se viu do deslumbrante Palácio de Cristal em Londres (1851) à perfeição da Torre Eifel (1889), entre a transparência do vidro e a flexibilidade do ferro. Esta combinação de materiais então revolucionários surgiu para o mundo através da nova vitrine da modernização mundial: As Exposições Universais. A partir de 1851, quando foi realizada a primeira vez em Londres, desvelava-se de modo exuberante uma nova classificação dos produtos do trabalho humano, iluminando vários aspectos do otimismo e do imaginário coletivo moderno.