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Teófilo de antioquia, Notas de estudo de Teologia

Patrística, Padres Apologétas.

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 05/08/2011

dom-gabriel-amaral-8
dom-gabriel-amaral-8 🇧🇷

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TEÓFILO DE ANTIOQUIA
TEÓFILO DE ANTIOQUIA
Segundo livro a Autólico
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TEÓFILO DE ANTIOQUIATEÓFILO DE ANTIOQUIA

Segundo livro a Autólico

Os autores sacros

Ensinamento dos autores sacros sobre cosmologia

  1. Em primeiro lugar, eles estão de acordo em nos ensinar que do nada Deus tirou todas as coisas. Com efeito, nada foi coetâneo com Deus: ele próprio é o seu lugar, não conhece a necessidade e é anterior a todas as coisas. Mas ele quis criar o homem, que o conheceu. Finalmente, foi para o homem que ele preparou o mundo, pois aquele que é criado tem necessidades; mas o incriado de nada necessita. Tendo Deus o seu Verbo imanente em suas próprias entranhas , gerou-o com a sua própria sabedoria, emitindo-o antes de todas as coisas .(3) Teve este Verbo como ministro da sua criação e por meio dele fez todas as coisas. Este se chama Princípio, pois é Príncipe e Senhor de todas as coisas por ele feitas. Este, portanto, que é espírito de Deus e Princípio e Sabedoria e Força do Altíssimo, desceu sobre os profetas, e por meio deles falou sobre a criação do mundo e tudo o mais. De fato, não existiam profetas quando o mundo era feito; existia, porém, a sabedoria que nele estava, e o seu Verbo santo, que sempre estava presente a ele. Daí ele dizer por meio do profeta Salomão: "Quando ele preparava o céu, eu estava com ele, e quando ele afirmava os alicerces da terra, eu estava junto dele, harmonizando tudo“.
  1. O começo da criação foi a luz, porque é ela que manifesta o ornamento da criação. Por isso diz: "E disse Deus: 'Haja luz', e a luz se fez. E Deus viu que a luz era boa". -Evidentemente, foi criada como coisa boa para o homem. -"Colocou uma separação entre a luz e as trevas, e Deus chamou a luz dia e as trevas chamou noite. Houve uma tarde e houve uma manhã: um dia. E dis- se Deus: 'Haja um firmamento no meio da água e separe entre água e água. E assim se fez. E fez Deus o firmamento e colocou uma separação entre a água que estava por cima do firmamento e a água que estava por baixo do firmamento. E Deus chamou o firmamento céu. E Deus viu que era bom. Houve tarde e houve manhã: segundo dia. E disse Deus: 'Reúna-se a água que está debaixo do céu numa só reunião, e apareça a terra seca'. E assim se fez. A água se reuniu em suas reuniões, e a terra seca apareceu. E chamou Deus a terra seca terra e as reuniões de águas chamou mares. E Deus viu que era bom. E Deus disse: 'Que a terra faça brotar toda erva verdejante, produzindo semente conforme a sua espécie e semelhança, e árvores frutíferas que produzam frutos, que tragam em si a sua semente conforme a sua semelhança'. E assim se fez. A terra produziu erva verdejante que produz semente conforme a sua espécie, e árvores frutíferas que produzem frutos, que trazem em si sua semente conforme a sua espécie, sobre a terra. E Deus viu que era bom. Houve tarde e houve manhã: terceiro dia.

Cosmologia bíblica

Alguma coisa ainda sobre o sétimo dia, sobre o qual todos os homens falam, mas cuja razão a maior parte desconhece. De fato, o que os hebreus chamam de sábado significa em grego sétimo dia, nome que todo o gênero humano lhe dá, sem saber, porém, por que assim é chamado. O que o poeta Hesíodo diz, afirmando que do Caos nasceu o Érebo, a Terra e o Amor, que domina, segundo ele, a todos, seja deuses, seja homens, é dito de maneira vazia e fria e totalmente alheia à verdade. Com efeito, Deus não deve se deixar vencer pelo prazer, quando até os homens temperantes se abstêm de todo prazer vergonhoso e de todo mau desejo.

  1. Além disso, ao começar o relato da criação pelas coisas da terra, aqui de baixo, Hesíodo tem pensamento puramente humano, baixo, fraco para ser aplicado a Deus. É o homem que, sendo daqui de baixo, começa a construir pela terra, e logicamente não pode pôr o telhado antes de ter assentado os alicerces. O poder de Deus, porém, se manifesta antes de tudo em fazer as coisas do nada e depois fazer como quiser. De fato, o que é impossí- vel para os homens é possível para Deus. Por isso, o profeta diz que antes foi criado o céu, que tem forma de teto, dizendo: "No princípio, Deus fez o céu", isto é, que o céu foi feito pelo Princípio, conforme dissemos antes. De certo modo, chama a terra de solo e alicerce, e de abismo à imensidão das águas, e também de trevas, porque o céu, criado por Deus, cobria como uma tampa tanto as águas como a terra. O espírito, que se mantinha sobre a água, o qual Deus deu para animação da criação, como deu a alma ao homem, misturando o sutil com o sutil- pois o espírito é sutil e a água também o é -, para que o espírito alimente a água, e a água, com o espírito, alimente a criação, pene- trando-a por todas as partes. Esse único espírito, ocupando o lugar da luz, se mantinha entre a água e o céu, a fim de que, de certa maneira, as trevas não se comunicassem com o céu, que está mais próximo de Deus, antes que Deus dissesse: "Faça-se a luz". Assim, o céu, como uma abóba- da, continha a matéria, semelhante a uma bola. Com efeito, outro profeta, chamado Isaías, falando a respeito do céu, disse: "Este é o Deus que fez o céu como uma abóbada e o estendeu como uma tenda para nele habitar".
  1. Além disso, considera a diversidade que há nessas coisas, sua variada beleza e multidão, e como, através deles, se nos manifesta a ressurreição, sendo prova da- quela que um dia se realizará em todos os homens. De fato, se refletes bem, quem não se admirará que de uma semente minúscula de figo se forme uma figueira e que de outras peque ninas sementes nasçam árvores enormes?
    1. No quarto dia foram criados os luzeiros. Deus, que sabe tudo de antemão, sabia as bobagens que os vãos filósofos iriam dizer, com intenção de eliminar a Deus: que tudo quanto nasce na terra se deve ao influxo dos elementos. Por isso, para que a verdade ficasse clara, as plantas e as sementes foram criadas antes dos elementos, pois o posterior não pode produzir o que é anterior.

Os luzeiros contêm o exemplo e símbolo de um grande mistério, pois o sol é símbolo de Deus e a lua o é do homem. Como o sol difere muito da lua em poder e glória, assim Deus é muito diferente da humanidade; como o sol perma- nece sempre cheio e não diminui, assim Deus permanece sempre perfeito, repleto de poder, inteligência, sabedoria, imortalidade e de todos os bens. Em troca, a lua perece cada mês, e de certo modo, morre, e é símbolo de como é o homem; depois torna a nascer e cresce, para demonstrar a ressurreição futura. Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade, de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria. No quarto símbolo está o homem, que necessita de luz. Assim temos: Deus, Verbo, Sabedoria, Homem. É também por isso que os luzeiros foram criados no quarto dia.(1)

  1. No quinto dia foram criados os animais que procedem das águas, pelas quais e nas quais se mostra a multiforme sabedoria de Deus. De fato, quem seria capaz de enume- rar sua quantidade e a variedade de suas variadíssimas espécies? Além disso, o que foi criado das águas por Deus foi abençoado por ele, para que isso servisse de prova sobre o que os homens deveriam receber: penitência e remissão dos pecados através da água e banho de regene- ração, todos os que se aproximam da verdade, renascem e recebem a bênção de Deus.

Os monstros marinhos e as aves carnívoras são símbolo dos avarentos e transgressores. De fato os ani- mais aquáticos e aves, embora sendo de uma única natureza, alguns permanecem no que é conforme a natureza, sem prejudicar aos mais fracos, guardam a lei de Deus e se alimentam das sementes da terra; outros transgridem a lei de Deus, comendo carne, e prejudicam os mais fracos. De modo semelhante, os justos, guardando a lei de Deus, não mordem nem causam dano a ninguém, vivendo santa e justamente; mas os ladrões, assassinos e ateus assemelham-se aos monstros marinhos, às feras e aves carnívoras, pois de certo modo engolem os mais fracos.

O ensinamento dos autores sacros sobre antropologia

  1. Quanto à criação do homem, não há palavra humana que possa expressar a sua grandeza, ainda que a narração da Escritura divina seja tão breve. Com efeito, o fato de que Deus diga: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança" dá, antes de tudo, a entender a dignidade do homem. De fato, tendo Deus feito o universo por sua palavra, considerou tudo como coisa acessória e julgou como obra eterna digna de sua criação somente a criação do homem. Além disso, Deus se apresenta como se precisasse de ajuda, pois diz: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança", mas não diz a ninguém essa palavra "Façamos", a não ser a seu próprio Verbo e à sua Sabedoria. Tendo feito o homem e tendo-o abençoado para que se multiplicasse e enchesse a terra, submeteu a ele todas as coisas para que o servisse, ordenou que desde o princípio se alimentasse com os frutos da terra, sementes, ervas e árvores e que os animais fossem seus comensais, os quais também deveriam comer todas as sementes da terra.