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Mundo moderno em sua nova descrição
Tipologia: Notas de estudo
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Tendências mundiais do século que se encerra
Considerado por alguns como a Era dos Extremos, o século da violência e dos totalitarismos, do desafio comunista ou ainda o Século Americano, o século XX vai se encerrando sem que os especialistas e o público consigam pensá-lo com isenção. Afinal, qual a marca do século que se encerra? A violência desses cem anos não é inédita na história, e encontra paralelo em outros períodos. A memória coletiva é que esquece muitos dos problemas do passado.
O traço principal do século XX, e que em boa medida explica sua violência, foi a divisão política, econômica e ideológica do mundo em decorrência da Revolução Soviética. Depois de quatro séculos de expansão do capitalismo em escala planetária, justamente quando o sistema completou sua mundialização, ele foi contestado por uma nova forma de organização, o socialismo. Esse não apenas afetou as populações do "Leste", mas condicionou a própria evolução do Ocidente, que respondeu ao desafio socialista com a formação do Estado de bem-estar social, que encontra-se em vias de ser eliminado.
Marcha da juventude comunista em Moscou (03/10/00). Mesmo com a queda da União Soviética, os ideais comunistas continuam acompanhando o povo russo.
A ordem mundial esteve sob controle anglo-saxão (primeiro a Inglaterra, depois os Estados Unidos), e foi desafiada, dentro do próprio sistema, quando a Alemanha, primeiro isoladamente e, depois, acompanhada pelo Japão e pela Itália, tentou obter uma posição privilegiada dentro da ordem capitalista, resultando em duas guerras mundiais. Um segundo desafio, já mencionado, partiu de fora do sistema, com o socialismo soviético tentando criar uma alternativa à ordem existente gerando como decorrência a Guerra Fria. O terceiro desafio, atualmente em curso, emergiu na Ásia oriental, particularmente através da China, constituindo um fenômeno misto, economicamente inserido na ordem capitalista globalizada, mas politicamente independente dela. As recentes turbulências financeiras na Ásia representam, nesse sentido, o primeiro embate do novo conflito em torno da ordem mundial, não necessariamente um "choque de civilizações".
Esse, aliás, constitui outro aspecto essencial desse século, particularmente das últimas décadas: a emancipação e gradativa reemergência dos povos não europeus. A esse fenômeno está relacionado tanto aspectos como a ascensão da República Popular da China, como as guerras "tribais" na África. A globalização, por paradoxal que possa parecer, constitui um elemento que dinamiza o processo. Daí a obsessão das grandes potências em manter um controle absoluto sobre desse fenômeno. Note-se que o último quarto de século tem assistido à estagnação demográfica e envelhecimento da população, bem como um modesto crescimento econômico nos países desenvolvidos.
O final do século está sendo marcado pelos efeitos do colapso da União Soviética e da aceleração da globalização e da revolução científico-tecnológica. Por um lado, considera-se os EUA e a economia neoliberal globalizada como vencedores, sinalizando para a hegemonia de ambos no século XXI. Contudo, enquanto nos aspectos tecnológicos os avanços são notáveis, o quadro social, especialmente o desemprego e a exclusão, apontam para uma deterioração perigosa. Tal situação tem sido agravada pela irrupção da instabilidade financeira internacional e pela manifestação de crises de governabilidade em vários países.
Imagem do mundo contemporâneo. Monges atacam feira de computadores, em Bangcoc, em busca da tecnologia.
Provavelmente a primeira ou mesmo a segunda década do novo século assistirão à manutenção do quadro de instabilidade em meio a conflitos e a competição dos blocos econômicos. Trata-se não da Nova Ordem Mundial, mas da luta pela criação de uma. Dois cenários se desenham: a continuação das atuais tendências, com o estabelecimento de uma nova era americana, ou o estabelecimento de um sistema mundial de equilíbrio entre vários pólos de poder. A primeira hipótese só teria sucesso a médio prazo, devido ao declínio relativo do peso dos EUA e a instabilidade intrínseca do modelo. O segundo dependerá de respostas mais afirmativas dos diversos países, constituindo-se pólos como EUA/NAFTA, União Européia, China, Japão e, no mundo em desenvolvimento, talvez a África Austral, o Mercosul e, talvez, a Índia. A Rússia provavelmente recuperará certa importância internacional nas próximas décadas, o que é mais problemático em relação ao mundo árabe-muçulmano.
A passagem do século (e do milênio) coincide com uma transição histórica, em que o fator decisivo será a questão social. A globalização e a III Revolução Industrial (tecno- científica) estão criando simultaneamente uma capacidade de produção superior à de consumo dentro das atuais formas de organização social. Além disso, o dinamismo e a inexorabilidade de tal processo têm debilitado as estruturas sociais e políticas existentes, tal como aconteceu na Inglaterra do século XIX. Assim, o enfoque que começa a emergir no fim dos anos 90 tem sido a luta pelos benefícios possibilitados pela revolução produtiva (tal como ocorreu com o fordismo no início do século).
Os modelos que conseguirem responder a esse desafio serão bem sucedidos no próximo século. Uma economia que abasteça uma sociedade liberta do individualismo exacerbado e não destrua a natureza, mais que uma questão ética, representa um imperativo de sobrevivência. Um desafio tanto para os movimentos sociais ocidentais, como para o socialismo de segunda geração, como o da China. A alternativa seria uma Nova Idade Média, como sugere Alain Minc, que combinaria a Internet das elites internacionalizadas com o fundamentalismo obscurantista, como o dos Talibans afegãos.