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técnicas de detecção da mentira em neurociências, Notas de aula de Neurociência

“Ipse se nihil scire id unum sciat”. (Sócrates) ... se que equipamentos como EEG e termógrafo foram utilizados em estudos cujos objetivos.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Saloete
Saloete 🇧🇷

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA
COGNITIVA E COMPORTAMENTO
MESTRADO EM NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E
COMPORTAMENTO
TÉCNICAS DE DETECÇÃO DA MENTIRA EM NEUROCIÊNCIAS: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
RODRIGO LESSA TAROUCO
JOÃO PESSOA
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Baixe técnicas de detecção da mentira em neurociências e outras Notas de aula em PDF para Neurociência, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA

COGNITIVA E COMPORTAMENTO

MESTRADO EM NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E

COMPORTAMENTO

TÉCNICAS DE DETECÇÃO DA MENTIRA EM NEUROCIÊNCIAS: UMA

REVISÃO SISTEMÁTICA

RODRIGO LESSA TAROUCO

JOÃO PESSOA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA

COGNITIVA E COMPORTAMENTO

MESTRADO EM NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E

COMPORTAMENTO

TÉCNICAS DE DETECÇÃO DA MENTIRA EM NEUROCIÊNCIAS: UMA

REVISÃO SISTEMÁTICA

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Natanael Antônio dos

Santos

JOÃO PESSOA

MENSAGEM

“Ipse se nihil scire id unum sciat”

(Sócrates)

Pugliane.

A minha sócia, a advogada Alexssandra Correia Pinto Costa, pelo suporte profissional

com as demandas judiciais que surgiram durante o mestrado e pela sua gentileza quanto

à minha dedicação neste mestrado em Neurociência Cognitiva e Comportamento pela

UFPB, mesmo a advogada morando em Pernambuco.

Aos demais amigos por compartilharem das suas vivências cotidianas, por todo apoio,

amizade, atenção e “ouvidos”, em especial aos amigos Fábio Francisco, Wederson

Santos, Julieny Meireles e Mariana Dantas.

Por fim, aos que, em algum momento de conversa comigo, preferiram mentiras e,

assim, contribuíram involuntariamente com o aperfeiçoamento das pesquisas.

RESUMO

Introdução: A sociedade evoluiu com base nas suas interações. O homem, seja por necessidade ou vontade própria, interagiu com os seus semelhantes e com o meio ambiente. A mentira surge diretamente da interação entre as pessoas, mas as comunicações verbais e não verbais não se restringem ao que é externalizado. A mentira ocorre ainda dentro do corpo humano, por meio de aspectos cognitivos específicos e se manifesta em face de estímulos apresentados. Diversos pesquisadores buscaram estudar os comportamentos humanos, especificamente as emoções e posteriormente as formas de detecção da mentira. Este trabalho utilizou diretrizes de revisão sistemática para investigar algumas das técnicas de detecção da mentira para verificar resultados conflitantes ou mesmo coincidentes, e visa incentivar direcionamento para pesquisas futuras. Ele está estruturado da seguinte forma: O Capítulo I representa a fundamentação teórica; o Capítulo II apresenta a estruturação do trabalho científico e o método utilizado na realização da revisão sistemática; e o Capítulo III apresenta os resultados, análise dos dados, discussão e conclusão. Objetivos: O trabalho selecionou artigos científicos na literatura para identificar evidências relacionadas com a combinação de técnicas de detecção de mentira e verificar a possibilidade de elaboração de futuras pesquisas que foquem nas inserções das técnicas de detecção da mentira no sistema jurídico brasileiro. Métodos: As pesquisas tiveram descritos específicos e ocorreram no portal Periódico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, com a as seguintes bases de dados: Elsevier, GALE, NLM, Web of Science, Advanced Technologies & Aerospace Database, SAGE, AmericanPsychological Association, PubMed Central, CrossRef, SpingerLink, Materials Science & Engineering Database, Technology Research Database, Engineering Research Database, Annual Reviews, Taylor & Francis Online – Journals, Engineered Materials Abstracts, Copper Technical Reference Library, JSTOR Archival Journals, Materials Research Database, DOAJ, Solid State and Superconductivity Abstracts, Mechanical & Transportation Engineering Abstracts, Applied Social Sciences Index & Abstracts, CivilEngineering Abstracts e Computer and Information Systems Abstracts. Resultados: Os estudos demonstraram que as técnicas de detecção da mentira possuem grandes interações com aspectos psicológicos. Observou- se que equipamentos como EEG e termógrafo foram utilizados em estudos cujos objetivos foram a detecção da mentira, com resultados positivos, inclusive com acurácia superior a 50%. Conclusão: Com baseem toda a fundamentação teórica e nos resultados obtidos pelas pesquisas, podemos concluir que as técnicas de detecção de mentira têm validade e confiabilidade para serem aplicadas nas ações judiciais. Para tanto, acreditamos ser importante a realização de experimentos e novos estudos em tempo real para comparar as acurácias obtidas nos resultados laboratoriais.

Palavras-chaves: mentira, detecção da mentira, meios de provas judiciais

SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO
  • CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
  • I. ASPECTOS SOCIAIS E BIOLÓGICOS DA MENTIRA
    • I.1. ALGUMAS FORMAS DE DETECÇÃO DA MENTIRA
      • MICROEXPRESSÕES FACIAIS I.1.1. O MEIO CLÁSSICO DE VERIFICAÇÃO DA MENTIRA: AS
      • I.1.2. A LINGUAGEM CORPORAL MENTIROSA
      • CEREBRAIS DO COMPORTAMENTO MENTIROSO I.1.3. AS INVESTIGAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS DAS REGIÕES E ONDAS
      • INSTRUMENTO DE ANÁLISE TERMOGRÁFICA I.1.4. A POSSIBILIDADE DA VERIFICAÇÃO DA MENTIRA POR MEIO DE
      • JURÍDICAS VIGENTES I.1.5. PROVAS JURÍDICAS: UMA BREVE VISÃO BASEADA NAS NORMAS
  • CAPÍTULO II: TRABALHO CIENTÍFICO
  • II.1 PROBLEMÁTICA
  • II.2 JUSTIFICATIVA
  • II.3 OBJETIVOS
    • II.3.1. OBJETIVO GERAL
    • II.3.2. OBJETIVOS PECÍFICOS
  • II.4 HIPÓTESE
  • II.5 MÉTODO
  • II.6 RESULTADOS
  • CAPÍTULO III: CONCLUSÃO E REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
  • III.1 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
  • III.2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
    • III.2.1 ARTIGOS UTILIZADOS PARA A ELABORAÇÃO DA METANÁLISE

ABREVIAÇÕES

Interpersonal Deception Theory – (IDT)

The Preoccupation Model of Secrecy – (PMS)

The Activation Decision Construction Model – (ADCM)

Neurological Model of Deception – (NMD)

Sistema nervoso central – (SNC)

Sistema nervoso periférico – (SNP)

Sistema nervoso visceral – (SNV)

Imagens por ressonância magnética funcional – (IRMf)

Eletroencefalograma – (EEG)

Regiões de interesse – (ROIs)

Concealed Information Tt – (CIT)

The Control Question Technique – (CQT)

Guilty Knowledge Tt – (GKT)

Statement Validity Assessment – (SVA)

Facial Action Coding System – (FACS)

Action Units – (AUs)

Eventos relacionados com a oscilação (EROs)

Características da frequência alfa (AFC)

Probe – (P)

Target – (T)

Irrelevant – (I)

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – (CAPES)

Tomografia por emissão de pósitrons – (PET)

Imagem por ressonância magnética funcional – (fMRI)

Código de Processo Penal – CPP

Emenda constitucional – EC

Inquérito policial - IP

Figura 17. Mapas de integração e densidade dos termos nos artigos científicos dos descritores microexpression* and deception* and thermo*. .................................... 56/

Figura 18. Mapas de integração e densidade dos termos nos artigos científicos dos descritores microexpression* and deception* and eeg* ........................................... 61/

Figura 19. Mapas de integração e densidade dos termos nos artigos científicos dos descritores microexpression* and deception* and body language* ......................... 66/

Figura 20. Mapas de integração e densidade dos termos nos artigos científicos dos descritores microexpression* and deception* and nervous system* ............................. 71

Figura 21. Mapas de integração e densidade dos termos nos artigos científicos dos descritores microexpression* and deception* and eeg* ................................................ 75

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Corresponde à característica da face e às suas associações com a região de interesse e as marcações. ............................................................................................... 29

Tabela 02. Quadro de artigos encontrados na plataforma de periódicos da CAPES, com os descritores microexpression* and deception* and thermo*......................................

Tabela 03. Distribuição da fonte de dados na pesquisa dos artigos.............................. 56

Tabela 04. Quadro de artigos encontrados na plataforma de periódicos da CAPES, com os descritores microexpression* and deception* and eeg* ........................................... 60

Tabela 05. Distribuição da fonte de dados na pesquisa dos artigos.............................. 61

Tabela 06. Quadro de artigos encontrados na plataforma de periódicos da CAPES, com os descritores microexpression* and deception* and body language* ......................... 65

Tabela 07. Distribuição da fonte de dados na pesquisa dos artigos.............................. 66

Tabela 08. Artigos encontrados na plataforma de periódicos da CAPES, com os descritores microexpression* and deception* and nervous system* ............................. 69

Tabela 09. Distribuição da fonte de dados na pesquisa dos artigos.............................. 70

Tabela 10. Artigos encontrados na plataforma de periódicos da CAPES, com os descritores microexpression* and deception* and psychology* ................................... 73

Tabela 11. Distribuição da fonte de dados na pesquisa dos artigos.............................. 74

ocorrida durante a mentira é conhecida como efeito Pinóquio e consiste no acúmulo de

sangue na zona muscular orbital gerando vermelhidão na ponta do nariz, Panasiti et al.

(2016).

A mentira surge da vontade consciente e pode se manifestar pelo comportamento

não verbal e a detecção da mentira parte das incoerências entre acomunicação verbal e a

não verbal como, por exemplo, a pronunciação de uma frase afirmativa com a linguagem

corporal negativa (sinal de não com a mão). O testemunhoe o depoimento podem ser

decisivos para a resolução de uma ação judicial criminal e consistem nos relatos destas

pessoas sobre a ação em julgamento. Este trabalho pretendedemonstrar que as técnicas de

detecção da mentira podem perceber as incongruências geradas entre a comunicação

verbal e não verbal para possíveis utilizações no sistema jurídico, com base na literatura

científica e por meio da revisão sistemática.

O trabalho está estruturado da seguinte forma: O Capítulo I representa a

fundamentação teórica; o Capítulo II apresenta a estruturação do trabalho científico e o

método utilizado na realização da revisão sistemática; e o Capítulo III apresenta os

resultados, análise dos dados, discussão e conclusão.

Capítulo I: Fundamentação Teórica

pessoa. Gombos (2007) apresenta quatro teorias sobre a produção da mentira: 1)

Interpersonal Deception TheoryIDT (Buller & Burgoon, 1996); 2) the Preoccupation

Model of SecrecyPMS (Lane & Wegner, 1995); 3) the Activation Decision Construction

ModelADCM (Walezyk et al. , 2003); e 4) Neurological Model ofDeception - NMD

(Mohamed et al. , 2006).

A IDT defende que a mentira é o processo que envolve comunicações mútuas

onde o mentiroso precisa alterar o seu comportamento para demonstrar confiabilidade à

outra pessoa. Ao mesmo tempo, a pessoa que recebe a informação analisa os sinais

apresentados pelo mentiroso na busca da identificação da verdade ou da mentira (Buller

& Burgoon, 1996). Já na PMS, a “ secrecy ” é definida por Gombos (2007) como a intenção

de produzir a mentira e impedir as informações verdadeiras, também conhecida como

omissão (Lane & Wegner, 1995). Lane e Wegner (1995) defendem o processo cíclico de

criação da mentira: i) a omissão causa a supressão de pensamentos; ii) a supressão dos

pensamentos produzem outros pensamentos intrusivos; iii) pensamentos intrusivos

causam esforços renovados nos pensamentos suprimidos; e iv) há constante repetição

circular. A ADCM explica a mentira pela supressão da verdade e produção da mentira.

Nesta teoria, há três componentes cognitivos essenciais: i) ativação da informação no

campo das memórias episódica ou semântica, ii) decisão de falar a verdade ou mentir, e

iii) construção de informação falsa, com aparência verdadeira (Walezyk et al. , 2003).

Mohamed e colaboradores (2006) idealizaram a NMD e propuseram sete estágios para a

produção da mentira, podendo ocorrer simultaneamente: i) análise por meio do ouvir ou

ver, ii) compreensão do estímulo, iii) ativação da memória relacionada com o estímulo,

iv) julgamento e plano para a resposta, v) aparecimento do medo, ansiedade, apreensão,

culpa ou felicidade, vi) resposta verbal, e vii) ativação do sistema nervoso simpático.

A comunicação entre os estímulos externos e o nosso corpo se dá pelo sistema

nervoso central (SNC) e pelo sistema nervoso periférico (SNP), dividido em SNP

somático, responsável pelo controle voluntário que inerva a pele, as articulações e os

músculos, onde os axônios somatossensoriais coletam as informações e as projetam para

o SNC; e o sistema nervoso visceral (SNV), responsável pelo controle involuntário do

nosso corpo por meio do sistema nervoso simpático, parassimpático e entérico. No SNV,

também conhecido como sistema neurovegetativo ou autônomo, os axônios sensoriais

inervam órgãos internos, provocando a contração e o relaxamento muscular e alterações

nos vasos sanguíneos e gânglios, segundo Bear, Connors e Paradiso (2008).

O SNC possui duas classificações de axônios quando se trata da divisão do

transporte de informações, aferente (“que leva para”) e eferente (“que traz de”). O

hipotálamo é responsável pelas respostas sinápticas como a regulação da temperatura

corporal. O tálamo e o córtex são responsáveis pelo recebimento das sensações

emocionais e respostas fisiológicas viscerais (Bear, 2008). Mohamed et al. (2006)

realizaram um estudo neurocognitivo em que, durante a produção da mentira, verificou-

-se maior envolvimento de 14 regiões cerebrais, como, por exemplo, as relacionadas com

a linguística e outras com a inibição e atenção (cingulado anterior), representação

comportamental social e mental sobre si e os outros (lobo parietal inferior direito e giro

frontal medial), memória e emoções (sistema límbico) e outras. O estudo realizado por

Breiter e colaboradores (1996) utilizou o IRMf (imageamento por ressonância magnética

funcional) para verificar o comportamento cerebral durante a mentira e os seus resultados

demonstraram a ativação da amigdala na produção da mentira frente a estímulos

emocionais diferentes, Figura 01.