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Tchouk o quê? Tchoukball: que esporte é esse?, Esquemas de Educação Física

estudantes a respeito do esporte coletivo Tchoukball. ... táticas de jogo, o histórico, as regras e curiosidades sobre a modalidade, inclusive a sua.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

A_Santos
A_Santos 🇧🇷

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Tchouk o quê? Tchoukball: que esporte é esse?

Jacqueline Cristina Jesus Martins CIEJA Aluna Jéssica Nunes Herculano O CIEJA Aluna Jessica Nunes Herculano, local onde aconteceram as experiências aqui relatadas, está localizado no Km 11 da Rodovia Raposo Tavares, no bairro do Butantã, zona oeste da cidade de São Paulo. O estabelecimento de ensino atende apena a Educação de Jovens e Adultos e se caracteriza por ter espaços físicos menores que as Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio, pois o prédio em que a unidade escolar está alocada é uma casa que foi reformada para receber a escola. Não possui quadra ou outro espaço apropriado para a realização das aulas de Educação Física, por isso as aulas acontecem na rua em frente à escola. O trabalho foi realizado durante o segundo semestre do ano de 2017 com as turmas dos módulos 1, 2 e 3 dos períodos da manhã e da tarde. O módulo 1 se refere a etapa inicial, o módulo 2 se refere a etapa básica e o módulo 3 se refere a etapa complementar da Educação de Jovens e Adultos As aulas acontecem uma vez por semana. As turmas que participaram do trabalho aqui relatado são compostas por adolescentes e jovens, homens e mulheres trabalhadores, idosos e idosas e pessoas com deficiência. Dentre todas as turmas que participaram do trabalho, temos estudantes com Síndrome de Down, Síndrome de Prader Willi, Deficiência Intelectual, Alunas Surdas, estudantes com deficiência física com e sem uso de cadeiras de rodas, e estudantes com deficiência múltipla (intelectual e física). Para a seleção da prática corporal a ser estudada durante o segundo semestre de 2017 , levei em consideração o que havíamos estudado no primeiro semestre do ano ( slackline e golfe), e notei que as duas práticas corporais tematizadas foram práticas individuais. Atenta ao Projeto Político Pedagógico da escola e ás nossas discussões realizadas nos horários coletivos (JEIF e PEA) – onde estávamos estudando/discutindo a participação dos adolescentes e jovens em nossa escola, e entendo que seria necessário tematizar uma prática corporal que fosse mais atrativa aos mais jovens, pois eles haviam avaliado a tematização do golfe pouco desafiadora e desinteressante. Logo no retorno as aulas no segundo semestre, ao conversar com os estudantes sobre o que estudaríamos em nossas aulas, identificamos muitas falas reclamando da impossibilidade de realização de alguns esportes coletivos como handebol e futebol, percebi aí um interesse pelos esportes

coletivos. A partir dessas observações, em pesquisas que realizei, identifiquei que o tchoukball seria uma possibilidade de tematização, pois seria possível ser realizado no espaço que dispomos para as nossas aulas: a rua em frente à escola, à margem da Rodovia Raposo Tavares – o que nos causa uma série de restrições para a realização de algumas práticas. Para tanto, seria necessário a compra dos quadros de remissão – material para a realização do jogo – e ao solicitar, a escola prontamente atendeu ao meu pedido e comprou os quadros. Vale ressaltar que não é um material barato, e a decisão da escola por comprar o material nos apresenta uma valorização do componente curricular dentro da escola. Em nossa primeira aula, apresentei a proposta do estudo de um esporte coletivo e expliquei que devido à restrição espacial que tínhamos, eu estava sugerindo um esporte pouco conhecido no Brasil, chamado tchoukball. Perguntei se alguém o conhecia, se já havia visto ou ouvido falar, e em todas as duas turmas as respostas foram negativas. Os estudantes ficaram desconfiados por não conhecer essa prática corporal, e combinamos de experimentá-la, e a nossa decisão de estudá-lo ou não partiriam das nossas experiências. Iniciei a falando sobre como funciona o esporte e apresentando o material (bola e quadro de remissão). Também demonstrei alguns arremessos. Logo de cara todos acharam interessante essa nova experiência de arremessar e receber a bola no quadro. Expliquei também que utilizaríamos a bola de vôlei no lugar da bola de handebol, pois por questões de segurança (a presença de idosas/idosos e de pessoas com deficiência) a bola de vôlei nos permitiria arremesso com menos força. Expliquei as regras, e a grande maioria ficou confusa, pois o fato de não haver um campo ou um aro de cada equipe rompe com as lógicas dos esportes coletivos, e isso causou algumas dúvidas. Após a apresentação do material e da explicação do funcionamento do jogo, passamos então a experimentação do tchouckball com atividades individuais e coletivas de arremessos e defesas da bola no quadro de remissão. Essas primeiras experiências foram importantes para os estudantes vivenciassem esses novos movimentos e reconhecessem as diferentes formas de lançar e receber a bola, visto que essas ações se diferenciavam de todas as práticas que já realizamos em nossas aulas. Ao final da aula conversamos sobre o tchoukball, apresentei sua origem, enfatizando que foi um esporte concebido por um médico, a partir de estudos, na tentativa da criação de um esporte sem contato entre os participantes, para que se diminuísse o número de lesões por contato. Também apresentei uma denominação que o tchoukball carrega consigo, o de ser o “esporte da paz”. Expliquei que devido ao fato de não haver

 Conhecer, ressignificar, aprofundar e ampliar os conhecimentos dos estudantes a respeito do esporte coletivo Tchoukball.  Experimentar e vivenciar o tchoukball;  Entender as regras e o funcionamento do esporte;  Conhecer o contexto de origem da criação desse esporte e como se deu a construção da sua nomenclatura como “esporte da paz”;  Reconhecer características e regras que se assemelham e se diferenciam de outros esportes coletivos;  Organizar estratégias de jogo pensando nas ações coletivas. A escolha desses objetivos conduziu as ações pedagógicas durante todo o semestre. Dentre os conteúdos estudados, tivemos a gestualidade presente na manifestação corporal tchoukball : os fundamentos (arremessos, passes e recepção) e as táticas de jogo, o histórico, as regras e curiosidades sobre a modalidade, inclusive a sua denominação como “esporte da paz”. Também abordamos a importância do equilíbrio técnico entre as equipes, com a intenção da construção de uma prática que reconhecessem as diferenças presentes na escola. Dando continuidade ao trabalho, percebemos que os estudantes já estavam familiarizados com o material e já haviam construído os movimentos necessários para a realização do jogo. Apresentamos então alguns vídeos retirados do youtube, que apresentavam a história da modalidade, as regras e as jogadas. A assistência do vídeo foi bem interessante. Os estudantes gostaram de saber a origem do nome do esporte, ficaram surpresos com algumas jogadas e também apresentaram dificuldades na compreensão das regras. Como eu não consegui vídeos com descrição em LIBRAS, para as estudantes surdas, a professora explicou o conteúdo do vídeo antes, para que elas pudessem observar as jogadas, e após o vídeo retomou a explicação do que foi apresentado no vídeo, pois não seria possível fazer a tradução ao mesmo tempo do vídeo, porque ou elas assistiam o vídeo ou olhavam apara a professora traduzindo. Assistindo os vídeos sobre o Tchoukball

Na tentativa de tentar ajudar no entendimento das regras, fomos para a nossa “quadra” colocar em jogo o que havíamos visto. Alguns estudantes, que possuem experiências em outros esportes coletivos demonstraram um certo desinteresse pelo jogo, pois a impossibilidade de “roubar” a bola, e a falta de dinâmica do jogo acabou por deixá- lo chato. Além disso, muitas faltas aconteciam por deixarem a bola cair no chão, e muitas vezes os estudantes com deficiência eram os que deixavam a bola cair. Essa aula acabou por gerar em mim uma desconfiança se deveríamos dar prosseguimento ou não aos estudos do tchoukball. Nas aulas seguintes, na tentativa de melhorar a realização dos jogos, com a ajuda das estagiárias que estavam me acompanhando nas aulas, demostramos as regras através de jogadas, exemplificadas passo a passo. Essa estratégia foi uma boa opção, pois os estudantes visualizavam as jogadas e tiravam as dúvidas no momento das ações. Nessa aula, percebemos algumas falas comparando e diferenciando o tchoukball de outros esportes coletivos. Essas relações ajudaram os estudantes a compreender um pouco mais a lógica desse novo esporte. Mesmo com esses avanços, tivemos dificuldade em equilibrar os times para o jogo, visto que as questões de mobilidades comprometem bastante a formação das equipes, e essa dificuldade está tanto entre as pessoas com deficiência como com os idosos. É preciso relembrar que nas turmas, a faixa etária vai de 15 ás 65 anos. Mesmo com essas dificuldades, percebemos uma melhora na dinâmica do jogo um espírito competitivo começando a aparecer em algumas turmas, principalmente entre os mais jovens e os homens. Pensando nas dificuldades apresentadas nas aulas anteriores, resolvi realizar algumas flexibilizações e adaptações em algumas turmas. Para garantir a participação dos estudantes com deficiência e com mobilidade reduzida, e dos que não conseguiam lançar e receber a bola com facilidade, permitimos que esses estudantes recebessem a bola em suas mãos e também que os demais estudantes pudessem vir até eles para receber a bola, sem a necessidade dela ser lançada. Em uma turma, uma estudante, que possui um problema de locomoção, participava sentada em uma cadeira, colocávamos ela sentada na lateral da quadra e por ter facilidade em lançar e receber a bola ela participava do jogo, apenas com o diferencial de estar sentada. Para os estudantes que utilizam a cadeira de rodas, levávamos a bola até eles e conduzíamos a suas cadeiras para o lançamento no quadro. Essas alterações pouco interferiram na dinâmica do jogo, e garantiram a participação de todos.

nos aspectos de lançar e receber a bola, inclusive os estudantes com deficiência. Esse aspecto também havia contribuído para a melhoria do jogo. Mesmo não sendo o objetivo central do trabalho, essa melhora técnica no proporciona novas ações nos jogos, o que consequentemente propicia novas possibilidades de problematização. Um outro ponto que permeou o trabalho, está relacionado à uma das características da EJA, há uma grande quantidade de estudantes faltosos, além de estudantes que se matriculam nas turmas em diferentes momentos. Essa rotatividade nos faz ter que retomar as regras, o histórico, a organização do jogo em todas as aulas, mas percebemos que isso não estava sendo ruim, pelo contrário, ao retomar o que já havia sido feito para os estudantes que faltaram ou para os novos, o restante da turma acabava por relembrar. Vale ressaltar, que alguns estudantes sem deficiência passaram a auxiliar muito os estudantes com deficiência, e essa ajuda não é no plano do assistencialismo, muitas vezes é na cobrança de que eles realizem as atividades, é nos momentos em que parabenizam quando eles conseguem, é na colaboração fazendo duplas com eles, enfim, e a ampliação da participação de todos foi acontecendo sem a necessidade da nossa intervenção. Entendemos que essas ações compõem um processo de inclusão dos estudantes com deficiência em nossas aulas, e isso nos alegra muito, pois entender as pessoas com deficiência como sujeitos de direito, assim como os demais estudantes, que devem participar das aulas é o que acreditamos ser a inclusão escolar. Percebemos que já havia uma compreensão a respeito do esporte, que o jogo já acontecia e haviam montado esquemas táticos. Na intenção de ampliar e tentar experiência mais intensa com esse esporte, sugeri realizarmos uma vivência no Parque da Previdência – local próximo da escola, onde poderíamos ir a pé até lá. Prontamente todas as turmas aceitaram. No dia da vivência do tchoukball no parque, foram as turmas dos módulos 1, 2 e

  1. Em todos os horários as turmas foram numerosas. Os estudantes foram divididos em equipes, misturando os estudantes de todos as salas. Montamos a “quadra”, em um espaço gramado com dimensões bem maiores do que as que usamos na escola. Foi uma experiência muito bem avaliada pelos estudantes. Inicialmente tiveram dificuldades pela diferença de espaço, mas depois foram se organizando de forma que os jogos ficaram disputados e equilibrados. Muitos estudantes apontaram novas formas das equipes se organizarem para que os lances de ataque e defesa fossem mais efetivos.

Vivência do jogo de Tchoukball no parque Em um dos horários de aula, havia a presença de 4 estudantes usuários de cadeira de rodas. Para a viabilização dos jogos, os professores e estagiário conduziam as cadeiras (pois nos quatro casos eles não conseguem conduzir a própria cadeira). Vivência do Tchoukball no parque Na aula seguinte, após a vivência no parque, logo no começo da aula alguns alunos solicitaram uma nova aula no parque, pois apontaram que a aula foi muito mais legal e o jogo ficou muito melhor. Afirmei que veríamos a possibilidade e aproveitei para questionar uma das afirmações que o tchoukball carrega consigo, o título de “esporte da paz”. Questionei sobre alguns episódios que aconteceram nos jogos e nas últimas aulas. Onde aconteceram alguns desentendimentos por questionarem se foi falta ou não, se a bola havia saído ou não e até de algumas provocações de quem havia feito ponto ou uma defesa. Será que não há briga no tchoukball?, questionei. Será que ser da paz, significa ausência de conflitos? Essa problematização colocou em xeque o título que o esporte carrega consigo, e os estudantes afirmaram que em qualquer atividade em que haja competição haverá desentendimentos. Afirmei que tentaria descobrir de onde vinha o termo “esporte da paz”. Percebendo a aproximação do fim do ano letivo, entrei em contato com um jogador de tchoukball e o convidei para vir até a escola fazer uma conversa e uma vivência

Visita do jogador de Tchoukball Após essa visita, encerramos o trabalho com um registro escrito sobre o que estudamos durante o semestre. Considero que registros escritos com os estudantes que estão na etapa de alfabetização, principalmente na EJA precisam estar em conformidade com a fase de lectoescritura dos estudantes, pois pode acabar por constranger os estudantes, ou em alguns casos, não representam o que foi apropriado por eles durante o trabalho. Durante o trabalho com o tchoukball, realizei um registro coletivo, sendo a professora a escriba e ao final, realizei um registro escrito individual, mas com suporte textual, para que o mais importante fosse o conhecimento adquirido e não a escrita. Sem contar que tchoukball não era muito fácil de ser escrito por quem está se alfabetizando. Para os estudantes com deficiência fiz 4 tipos de registros, de forma que tentei oferecer a cada estudante o que lhe era possível de fazer, mas todos associados ao que estudamos nas aulas de educação física. Em um dele era preciso apenas reconhecer os materiais das aulas, outro tinha as imagens dos esportes estudados e o nome, precisando apenas ligar, mas que foi feito com ajuda, para as estudantes surdas, utilizei a fonte libras, e o escrito era a datilologia, elas estavam no momento em que estavam aprendendo LIBRAS. Enfim, oportunizamos a todos os estudantes a possibilidade de registrar os seus conhecimentos. Em alguns casos filmamos o momento em que realizamos o registro.

Diferentes tipos de registros escritos, utilizados com os estudantes com deficiência É importante ressaltar que durante todo o trabalho, a cada aula fiz o registro em meu caderno de bordo. Nesse caderno são registradas falas, perguntas, comportamentos dos estudantes e observações que eu fazia sobre a aula – entre ela erros e acertos na organização das aulas, dos tempos, dos espaços, etc. Dessa forma, conseguia pensar as próximas ações didáticas a partir do que aconteceu na aula. Essa avaliação diária da aula, me permitiu organizar ações didática mais próximas do que os estudantes estavam solicitando. As conversas com os estudantes também são indicadores avaliativos, pois estabelecer um diálogo com os estudantes é uma forma de percebemos o que está sendo compreendido dos nossos estudos. Durante todo o trabalho também registrei o processo através de filmagens e fotografias, esse recurso me ajuda muito a observar coisas que não notei no momento da aula, além de ser um recurso que utilizo muito com os estudantes com deficiência, pois na ausência de registros escritos, entrevistas e vídeos deles realizando as atividades são importantes para o registro do seu percurso escolar. Durante todo o trabalho, o que foi avaliado é conhecimento apropriado sobre o tema estudado e a participação na construção de um espaço democrático de respeito às diferenças para a realização das práticas. Ao analisar todos os registros produzidos, ao ouvir as falas dos estudantes, ao assistir os filmes das aulas, finalizei o semestre acreditando que tínhamos realizado um trabalho que havia proporcionado aos estudantes entrar em contato com diferentes experiências e isso lhes proporcionaram aprendizagens diferentes. Se no começo do trabalho eu havia me questionado se deveria ou não continuá-lo, pois a prática era distante