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TCC - Literatura Amapanse, Esquemas de Literatura

Literatura Amapaense

Tipologia: Esquemas

2013

Compartilhado em 30/08/2013

carlos-lima-tio
carlos-lima-tio 🇧🇷

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A LITERATURA AMAPAENSE EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA
PEDAGÓGICA PARA ALUNOS DO 6º ANO DA ESCOLA ESTADUAL
PREDICANDA CARNEIRO AMORIM LOPES
Albanice dos Santos Nascimento1
Alessandro Gemaque Pantoja2
Antonio Carlos do Rosário Lima3
Mayara de Oliveira Souto4
Judivalda da Silva Brasil5
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar de que forma a Literatura Amapaense vem
sendo trabalhada na turma de ano do ensino fundamental da Escola Estadual
Predicanda Amorim Lopes, bem como apresentar uma proposta pedagógica para o
desenvolvimento da mesma. Pois a literatura atua como instrumento de apoio no
desenvolvimento das habilidades de comunicação através da fomentação da leitura,
da expressão verbal e da valorização e reconhecimento dos autores locais tornando-
os referência literária. O projeto recebe o nome de “Criança feliz é criança que diz...”
e atende alunos do sexto ano da Escola campo, cumprindo o desejo de promover o
acesso à leitura. Para realizar o estudo optou-se por aplicar uma pesquisa
envolvendo: Professora, alunos e coordenação pedagógica da referida escola,
visando registrar e avaliar a aplicabilidade do projeto do ponto de vista da inserção
da literatura junto às crianças que estão desenvolvendo a sua concepção de mundo
a partir do conhecimento dos autores e obras regionais apresentando resultados que
justificariam a iniciativa e seu êxito, trabalhando a leitura, a produção textual e as
habilidades orais com o dizer poético. Para responder a estas questões buscou-se
o suporte teórico de autores como Nely Novaes, Teodoro Ezequiel, Marisa Lajolo,
Beth Brait, Paulo Freire e muitos outros que sedimentarão a formação dos
graduandos que se lançam a este artigo em busca de respostas através da pesquisa
PAGE \* MERGEFORMAT1
1 Acadêmica do 7º semestre do curso de Letras Licenciatura Português-Inglês do
Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP. albanicesantos@hotmail.com
2 Acadêmico do 7º semestre do curso de Letras Licenciatura Português-Inglês do
Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP. alessandro.ri.gemaque@gmail.com
3 Acadêmico do curso de Letras Licenciatura Português-Francês do Instituto de
Ensino Superior do Amapá – IESAP
4 Acadêmica do curso de Letras Licenciatura Português-Inglês do Instituto de Ensino
Superior do Amapá – IESAP. mayarallua@hotmail.com
5 Graduada em Letras pela Unifap, Especialista em Educação a distancia, Mídias na
educação e Pedagogia Empresarial. judivaldabrasil@gmail.com.
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A LITERATURA AMAPAENSE EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA

PEDAGÓGICA PARA ALUNOS DO 6º ANO DA ESCOLA ESTADUAL

PREDICANDA CARNEIRO AMORIM LOPES

Albanice dos Santos Nascimento^1 Alessandro Gemaque Pantoja^2 Antonio Carlos do Rosário Lima 3 Mayara de Oliveira Souto 4 Judivalda da Silva Brasil^5

RESUMO

Este artigo tem como objetivo demonstrar de que forma a Literatura Amapaense vem sendo trabalhada na turma de 6º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Predicanda Amorim Lopes, bem como apresentar uma proposta pedagógica para o desenvolvimento da mesma. Pois a literatura atua como instrumento de apoio no desenvolvimento das habilidades de comunicação através da fomentação da leitura, da expressão verbal e da valorização e reconhecimento dos autores locais tornando- os referência literária. O projeto recebe o nome de “Criança feliz é criança que diz...” e atende alunos do sexto ano da Escola campo, cumprindo o desejo de promover o acesso à leitura. Para realizar o estudo optou-se por aplicar uma pesquisa envolvendo: Professora, alunos e coordenação pedagógica da referida escola, visando registrar e avaliar a aplicabilidade do projeto do ponto de vista da inserção da literatura junto às crianças que estão desenvolvendo a sua concepção de mundo a partir do conhecimento dos autores e obras regionais apresentando resultados que justificariam a iniciativa e seu êxito, trabalhando a leitura, a produção textual e as habilidades orais com o dizer poético. Para responder a estas questões buscou-se o suporte teórico de autores como Nely Novaes, Teodoro Ezequiel, Marisa Lajolo, Beth Brait, Paulo Freire e muitos outros que sedimentarão a formação dos graduandos que se lançam a este artigo em busca de respostas através da pesquisa

(^1) Acadêmica do 7º semestre do curso de Letras Licenciatura Português-Inglês do Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP. albanicesantos@hotmail.com (^2) Acadêmico do 7º semestre do curso de Letras Licenciatura Português-Inglês do Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP. alessandro.ri.gemaque@gmail.com (^3) Acadêmico do curso de Letras Licenciatura Português-Francês do Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP (^4) Acadêmica do curso de Letras Licenciatura Português-Inglês do Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP. mayarallua@hotmail.com (^5) Graduada em Letras pela Unifap, Especialista em Educação a distancia, Mídias na educação e Pedagogia Empresarial. judivaldabrasil@gmail.com.

acadêmica e científica com questionamentos que impulsionarão um novo olhar para o ensino de literatura inserida no estudo da língua portuguesa.

Palavras-chave: Literatura Amapaense; Leitura; Ensino.

INTRODUÇÃO

Escrever um artigo que fale sobre Literatura é um prazer antes de ser uma missão árdua e cansativa. Assim ao escolher o tema a ser abordado buscou-se primeiramente escrever sobre algo que fosse ao mesmo tempo inusitado e prazeroso. Desta forma optou-se por unir teoria e prática em torno de uma experiência metodológica que além de explorar os conhecimentos gramaticais insere a Literatura Amapaense no ensino fundamental. A Literatura, devido sua natureza multidisciplinar, neste artigo é descrita e conceituada de maneira plural a fim de demonstrar sua amplitude e relevância, ao proporcionar aos leitores a visualização e concretização dos diversos costumes, técnicas, hábitos, histórias e crenças presentes nos mais variados povos e sociedades ao redor do mundo. Para responder à questão “ o que é Literatura?” recorremos a autores como Marisa Lajolo, que publicou uma obra para responder a esta pergunta com o objetivo de direcionar discentes e docentes até as respostas que poderiam deixar de inquietar, sobretudo, os estudantes dos cursos de Letras de uma forma geral. Segundo Lajolo (1995, p. 37), em “ o que é Literatura?”, a Literatura leva ao extremo a ambiguidade da linguagem: ao mesmo tempo em que cola o homem às coisas, diminuindo o espaço entre o nome e o objeto nomeado, a literatura dá a medida do artificial e do provisório da relação. Considerando a pluralidade e a interdisciplinaridade da literatura, este estudo fará uma abordagem sobre a Literatura Amapaense em sala de aula no contexto escolar local no intuito de conhecer o desenvolvimento deste trabalho no terceiro ciclo do ensino fundamental da Escola Estadual Predicanda Amorim Lopes.

da arte pela arte (fins do séc. XIX): “A Literatura é arte e só pode ser encarada como arte”. Jean-Paul Sartre (filósofo francês, séc. XX): “O poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, e a sua obra como um fim e não como um meio; como uma arma de combate”. Alceu Amoroso Lima (escritor e crítico brasileiro) “A distinção entre Literatura e as demais artes vai operar-se nos seus elementos intrínsecos, a matéria e a forma do verbo”. Afrânio Coutinho (escritor brasileiro) “A literatura, como toda arte, é a transfiguração do real, e a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio”. Anthony Burgess (escritor) “A literatura é uma arte que explora a língua”.

A partir dessas definições, observa-se que tentar definir literatura nunca vai ser uma resposta óbvia, pronta e acabada, mas, uma das mais antigas e mais respeitáveis formas de conceituá-la, ou considerá-la como uma forma de imitação. Isto é, tal definição explicaria a relação entre literatura e a vida, pois a partir de tal afirmação podemos também observá-la como um meio de reproduzir ou até mesmo recriar em palavras as experiências da vida, assim como a pintura reproduz ou recria em certas figuras as cenas da vida em seus contornos e cores.

Partindo do pressuposto de que é por meio das palavras que a literatura acontece, constata-se que um texto passa a ser considerado literário quando consegue produzir um efeito estético e quando proporciona a sensação de prazer e emoção no receptor. Afinal as palavras também estão presentes tanto na Ciência quanto na Arte, e dentre o campo das palavras encontramos conotações (sentimentos) e denotações (razão), e o mais especial para a Literatura é que o escritor de literatura está mais voltado às conotações, e as maneiras pelas quais ele pode fazer com que suas palavras possam comover ou excitar o leitor. Com elas, ele pode sugerir cor, movimento, caráter, som, etc. Essa é a razão da diferença entre o escritor literário e o cientista, como por exemplo: o advogado e o cientista precisam fazer com que suas palavras signifiquem uma coisa determinada e apenas

ela, já os escritores de literatura geram em suas palavras um trabalho extra, o que faz as palavras irem muito além do significado do dicionário, o que nos leva a constatação de que segundo Burgess: “A literatura pode ser definida como as palavras trabalhando ao máximo; a literatura é a exploração das palavras”.

Segundo Vitor Manuel de Aguiar e Silva: “a literatura não é um jogo, um passatempo, um produto anacrônico de uma sociedade dessorada, mas uma atividade artística que, sob multiformes modulações, tem exprimido e continua a exprimir, de modo inconfundível a alegria e a angústia, as certezas e os enigmas do homem”.

1. O ENSINO DA LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Inicialmente ressaltamos que o ensino da Literatura no ensino fundamental é imprescindível para os estudantes deste ciclo, uma vez que estes já são leitores fluentes, e estão iniciando a fase de consolidação do domínio do mecanismo da leitura e da compreensão do mundo expresso no livro. Pois o domínio desta habilidade é requisito indispensável para os ciclos posteriores. De acordo com Nelly Novaes Coelho (2000, p.27) “Literatura é uma linguagem específica, que como toda linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e dificilmente poderá ser definida com exatidão”. Isso permite conhecer a longa e continua caminhada da humanidade que evolui constantemente.

Em mais uma de suas importantes contribuições para as práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem no Brasil, Paulo Freire escreveu “A importância do ato de ler (2003, p. 5)” onde ele compara sua experiência de leitor, que aprendeu a ler no quintal de casa, entre bichos e árvores, com sua experiência de vida. Segundo o mesmo, leitura boa é a leitura que nos empurra para a vida, que nos leva para dentro do mundo que nos interessa viver. “E para que a leitura desempenhe esse papel, é fundamental que o ato de leitura e aquilo que se lê façam sentido para quem está lendo”. Isso significa que desde a infância começamos a ler o mundo e que estas vivências se transformam e ganham significados no ato da leitura.

Parâmetros Curriculares Nacionais, existe o personagem fundamental e indispensável para a concretização e sucesso deste processo de ensino, o professor. Antes de tratar de Literatura ou ensino e aprendizagem da mesma, há de se falar no personagem promotor desse processo, como o indivíduo que vai planejar elaborar e desenvolver as etapas e recursos necessários para a realização de projetos educativos. Para o aluno/aprendiz chegar ao nível da leitura crítica ele tem que passar por duas outras fases, a leitura mecânica, que consiste na habilidade de decifrar códigos e sinais, e a leitura de mundo, sendo esta um processo continuado que começa no berço e só se encerra no leito de morte. Segundo Nelly Novaes Coelho (2009, p. 34):

quando, ademais, pensamos na literatura (infantil) no espaço escolar, pensamos no coletivo, na leitura partilhada, pensamos no professor como um leitor que forma leitores. Isso nos leva à questão de como se pode dar o ato de ler, em que circunstância esse momento de magia pode ocorrer.

Portanto, a figura do professor como mediador, promotor da leitura e formador de leitores, deve ser levada em conta sempre que medidas e diretrizes voltadas para o ensino-aprendizagem de Literatura forem formuladas, estabelecidas e normatizadas.

2. A LITERATURA AMAPAENSE

Quando se iniciou este estudo sobre a Literatura Amapaense o primeiro obstáculo encontrado foi a falta de referencial bibliográfico relativos à mesma que pudessem tornar acessível e conhecida a história da literatura amapaense dos seus primórdios aos dias atuais. Diante deste impasse resolveu-se então buscar os próprios autores da Literatura Amapaense para fundamentar o conteúdo referente ao seu surgimento e evolução. O autor indicado por professores e pela orientadora deste artigo foi o escritor Paulo Tarso, conhecido como a memória viva da literatura amapaense. Na terça-feira, 27 de novembro de 2012, em entrevista realizada na biblioteca pública de Macapá, Elcy Lacerda, local de trabalho do escritor, coletaram- se todas as informações sobre a Literatura Amapaense necessárias para

complementar o referido estudo. A entrevista foi transcrita na íntegra e é apresentada após a apresentação do autor.

O escritor Paulo Tarso Barros, tem 51 anos, nascido no estado do Pará e há mais de 30 reside no estado do Amapá. O mesmo já publicou por volta de 12 livros, e atualmente está trabalhando no lançamento de mais uma obra, um livro de poemas chamado ‘O Silêncio da Eternidade’.

Nas palestras que ele tem ministrado sempre ressalta que o marco inicial da produção literária amapaense se deu com o surgimento do Jornal ‘Pinzônia’, em

  1. Nesse jornal foram publicados os primeiros textos produzidos no Amapá, e ainda hoje existem alguns exemplares do mesmo disponíveis na biblioteca pública de Macapá. O jornal tinha como referência Mendonça Júnior, que foi um dos idealizadores do jornal, além da contribuição de outros intelectuais da época.

Legenda:

AG: Alessandro Gemaque Pantoja – Acadêmico do curso de Letras.

Paulo Tarso – Escritor Amapaense.

AG: então vamos começar... Primeiramente bom dia. Nós estamos aqui com o Paulo Tarso, considerado o histórico vivo da Literatura Amapaense. Antes da primeira pergunta Paulo Tarso... Você pode apresentar-se, por favor?

Paulo Tarso: Meu nome é Paulo Tarso Barros, tenho 51 anos, há 30 eu moro no Amapá, já publiquei mais ou menos uns 12 livros, e estou aqui pra responder as perguntas que vocês formularem.

AG: Falando nisso inclusive, vai haver o lançamento de um livro seu agora, não é?

Paulo Tarso: Isso! É o sétimo livro de poemas. É ‘ O Silêncio da Eternidade’ , e outros livros também virão depois desse.

AG: Certo. Nós vamos aguardar com toda certeza. A primeira pergunta... É com relação ao surgimento da Literatura amapaense, Quando começou a Literatura Amapaense?

www.escritoresap.blogspot.com, lá a gente publica os lançamentos de livros, artigos, datas importantes relacionadas à literatura.

AG: Falando de divulgação, como é feito esse trabalho de divulgação da Literatura Amapaense? A gente percebe que ainda é um pouco desconhecido do público de uma forma geral, não é?

Paulo Tarso: É! Geralmente o grande público não conhece a literatura produzida no Brasil. Eles conhecem os Best-sellers, eles conhecem os autores que são mais conhecidos. Mas de uma forma geral no Brasil todo, os poetas, os escritores eles não são tão conhecidos, e essa divulgação aqui, a gente faz através da mídia. A mídia sempre deu espaço para os escritores, e hoje através dos “blogs”, do “facebook”, do “twitter”, das redes sociais... as mídias sociais hoje são o grande mural de divulgação da literatura.

AG: Outra questão, com relação ao número de autores, você falou em 1895, mas o boom começou do início dos anos 90 para cá, certo?

Paulo Tarso: É difícil você precisar quantos autores têm publicados. Eu acho que há mais de 150 autores publicados aqui. Agora os que se destacam são poucos, nesse universo da literatura. Geralmente os mais conhecidos são aqueles que publicam mais em blog, tipo Alcineia, que vive na mídia todo tempo, desde a época do pai dela, ela procura divulgar bastante. Ela tem o ‘Poesia na boca da noite’. Quem “tá” na mídia ´”tá” aparecendo. Agora tem muita gente aí, que não participa de mídia, mas tem produção; e os autores que são indicados para vestibular. Tipo Mauro Guilherme, Elíude Viana, Arthur Marinho - Eu mesmo, já tive vários livros indicados para o vestibular; Carla Nobre e outros mais.

AG: Agora voltando mais para a questão da qualidade da produção? Você falou que tem um universo de mais ou menos 150 autores.

Paulo Tarso: Olha! A qualidade deveria ser aferida pelo público e pelos críticos. Como a gente não tem nenhuma coisa nem outra fica assim muito difícil, pois cada um escreve, e acha que é o melhor do mundo, e que tá fazendo o seu papel, e ele está certo. Pois se você não acreditasse naquilo, você nem publicaria. Mas existem algumas pessoas que tem essas listagens. Eu até não tenho como te dar essa informação, até porque eu presido uma entidade, e eu a presido porque eu valorizo

de uma forma geral a produção literária. Agora o que vai sobreviver, o que vai ficar aí pra história, a gente não sabe, é uma incógnita. Às vezes tem um autor aí, que ninguém fala nele, e de repente algum estudioso, algum crítico, ou mesmo a mídia o redescobre. Tipo, um grande exemplo que tem no Brasil é o “Souza Andele” no maranhão, que na época ninguém lia nada dele, e quando se passaram muitos anos, descobriu-se que ele era um cara modernista, um cara a frente do seu tempo, e que hoje é lido, é debatido, e que se faz vários estudos sobre ele.

AG: Uma pergunta com relação ao estudo da literatura. Você sabe que os PCN´s só incluíram o estudo da literatura no Ensino Fundamental a partir de 2009, no segundo ciclo. O que você acha dessa iniciativa?

Paulo Tarso: Exato! Eu acho muito louvável, porque cada região tem os seus escritores, tem seu autores, tem sua cultura e sua historia, até pra não ficar só naquilo que vem lá do centro sul, São Paulo, Rio de Janeiro, porque é onde ficam as grandes editoras, os grandes movimentos culturais, os grandes museus... Mas hoje isso não faz mais sentido, até porque todo mundo tem acesso à internet. Então não faz sentido só a gente estudar os autores que são colocados nos livros didáticos, quando nós temos aqui. Mas é como você falou tem que procurar aqueles autores que realmente atendem a uma necessidade, o domínio linguístico, conteúdo, não é qualquer um que saia escrevendo e dizendo que é poesia e vá pra sala de aula, e vá ser estudado, vá ser um cânone da literatura. Não! Eu acho que não tem que ter critério. E isso é uma questão de tempo pra acontecer, e eu espero. Pois eu sou um otimista e espero que no futuro, se possam descobrir esses autores que são dignos de ser estudados.

AG: Seria a minha próxima pergunta, justamente em relação à mensagem, a carga cultural que essas obras podem trazer, porque de uma forma geral a gente sabe que a literatura trás uma lição de moral, direcionamentos quanto à vida social, cultural e histórica mesmo. Em partes você já respondeu, mas eu gostaria de saber se você acha que a Literatura Amapaense tem essas características?

Paulo Tarso: Olha, o que eu vejo aqui é uma proliferação muito grande de poesia, só se fala muito em poesia. Mas, eu conheço autores aqui, que têm uma produção em prosa de alto nível como Rui Guilherme, o Mauro Guilherme, o Fernando Canto, Eliúde Viana, a Lulih Rojanski. A Lulih é essencialmente prosadora, tá? O Mauro e

São negócios, fundo de negócios, que é a venda de livros e os movimentos culturais como sarau, palestras, oficinas encontros, é uma maneira de colocar o livro em evidência, o objetivo da feira é esse. E o Amapá agora está no meio desse circuito e a gente espera que na próxima feira eles deem mais visibilidade aos autores locais.

AG: Inclusive, na ocasião da semana da feira, a biblioteca esteve aberta, não é?

Paulo Tasso: Exatamente. Direto! Ficamos aqui o tempo todo, sábado e domingo pra dar esse apoio, e alguns eventos aconteceram aqui na biblioteca, outros no teatro, lá no centro de cultura, outros lá na casa do artesão... foi o primeiro passo. Acho que o governo tá no caminho certo, outra coisa certa, do que ele ta fazendo, são os editais para a publicação de livro. Não é qualquer um que chegar com um livro e pedir o apadrinhamento de um político ou de outro, que vai concorrer em pé de igualdade. E as obras que forem selecionadas, o governo vai bancar a publicação. Isso é muito importante também até pra divulgar.

AG: Interessante! Você falou que a formação do leitor é até de certa forma difícil, não é?

Paulo Tarso: Muito difícil! O acesso ao livro não é tão fácil, existem vários projetos onde até jumentos com bibliotecas, ônibus, caixas de livro, cara numa bicicleta, empréstimos, doações, os livros que eles esquecem no banco da praça, se faz tudo! Porque é uma batalha difícil de fazer a pessoa ler, porque naturalmente ninguém é um leitor. Você se torna leitor por hábito, por gostar das coisas, e tem que aprender a ler, a gente tem esse índice muito grande que é o analfabetismo funcional no Brasil. Tem um índice muito grande, e a gente sabe que as pessoas leem e não entendem o que leem.

AG: Para finalizar! A gente sabe que a biblioteca tem uma programação feita anualmente, só que infelizmente, apesar de ser bem divulgado poucas pessoas, poucos alunos e até mesmo acadêmicos, participam. Então tem algum plano que possa mudar esse cenário, para fazer com que essa realidade mude, e tragam um numero maior de leitores amapaenses, ou brasileiros como um todo?

Paulo Tarso: Os projetos que a gente tem, é ir ao encontro dos leitores e até as escolas. No atual momento não está sendo feito isso, por falta de condições materiais para isso. Mas com certeza a direção da biblioteca tem esse projeto de

tornar o livro acessível, não só o livro, mas o serviço da biblioteca, o teatro. Nós temos aqui “os contadores de histórias” que é um dos melhores projetos que a biblioteca tem há muitos anos e que já percorreu... Já foi até a Oiapoque. Todos os municípios já receberam esse grupo e atualmente ele não está se deslocando por falta de condições materiais.

AG: Bom, então eu acho que isso é o suficiente, eu gostaria de agradecer a contribuição. Muito obrigado pela entrevista.

Paulo Tarso: Eu estarei sempre aqui às ordens!

1 A PLURALIDADE CULTURAL NA LITERATURA AMAPAENSE

Diversas manifestações culturais e ideológicas manifestam a pluralidade na cultura de um povo, a fim de manifestar interesses de uma minoria ou mesmo como uma forma de expressão de descontentamento de uma maioria. As suas raízes podem ser as mais diversas, mas todas tendem a refletir questões de identidade, história, cultura, sociedade, política, religião, economia, ideologia, etnias, gêneros. Segundo Bruno Carneiro Lira (2010), os estudos culturais põem ênfase no papel da linguagem e do discurso como elementos de construção de representações sociais e ainda, que os estudos culturais não definem cultura de forma isolada, mas sempre na dimensão da vida social, articulando todas as formas de viver e de ser.

Desta forma, no que se refere à Pluralidade Cultural Amapaense, o que se percebe na maioria das obras é uma forte apresentação de costume e hábitos locais, bem como influências herdadas de outras regiões. Assim como aconteceu em todo território brasileiro, a cultura amapaense foi formada a partir da fusão e da adaptação da cultura local indígena com elementos da cultura portuguesa (europeia) e africana, inserida por meio da colonização. Algumas dessas manifestações são encontradas em outras regiões brasileiras, com poucas diferenças que não são percebidas em função da própria evolução histórica de cada localidade.

Apesar de uma origem estabelecida, na medida em que entravam em contato com outras culturas, iam se adaptando e formando outra mais rica pela soma de diferentes elementos culturais. Apesar dos portugueses terem conquistado e

2 ANÁLISE DE DADOS

Os questionários para a elaboração desta pesquisa campo e posterior análise dos dados qualitativo-quantitativos foram aplicados na turma 511 da escola Estadual Predicanda Amorim Lopes para um total de 26 alunos com idades compreendidas entre 10 e 12 anos, sendo que 68% têm 11 anos (17alunos), 22% 10 anos (7 alunos) e 10% 12 anos (2 alunos).

O questionário continha 12 perguntas de múltipla escolha, todas direcionadas aos alunos, os quais foram objeto de estudo quanto ao uso e prática de Gêneros da Língua Portuguesa e autores amapaenses trabalhados em sala de aula e suas diversas metodologias aplicadas pela professora regente. Sendo assim, abaixo se apresentam as análises.

Quando questionados se já haviam tido contato com a Literatura Amapaense antes de entrar na referida escola e através de qual meio de comunicação, os dados obtidos foram os seguintes:

Gráfico 1

Sendo assim, percebe-se que em uma turma de 26 alunos, 30,8%, (8 alunos), nunca haviam tido nenhum tipo de contato com a Literatura Amapaense antes de estudar e 69,2%, (18 alunos), tiveram acesso à essa Literatura antes de ingressar na sala de aula através de diversos meios de comunicação como: televisão, 56,5%, em casa e na rua, 12,3% cada, revista e jornal, 9,45% cada e 0%, rádio.

Quando questionados quanto aos Gêneros os quais mais gostam de estudar em língua Portuguesa e aqueles os quais a Professora mais estuda com os mesmos em sala de aula, obtivemos os seguintes dados comparativos, os quais irão confrontar o gosto pessoal pela leitura e o que é trabalhado em sala de aula.

Gráfico 2

Na análise feita desses dois tópicos os quais abordam o gosto pela leitura e o que é trabalhado em sala de aula seguem as seguintes análises e obedecendo a seguinte ordem: Gosto pessoal e aplicado pela Professora. Quanto à Gramática: 4 alunos, (15,38%) e 3 alunos, (11,53%); Literatura: 5 alunos, (19,23%) e 4 alunos, (15,38%); Contos: 9 alunos, (34,61%) e 2 alunos, (7,69%); Interpretação de Texto: 3 alunos, (11,53%) e 9 alunos, (34,61%); Leitura: 12 alunos, (46,15%) e 13 alunos, (50%); Nenhum: 0 alunos, (0%) e 1 alunos, (3,84%); Produção Textual: 4 alunos, (15,38%) e 3 alunos, (11,53%); Poesias/Poemas: 22 alunos, (84,61%) ambos e todos: 0 alunos, (0%) e 1 alunos, (3,84%).

Sendo assim, dentre as várias opções apresentadas aos alunos e analisadas neste questionário, percebeu-se que é unânime o gosto e o uso em sala de aula por e Poesias/Poemas, seguidos da leitura.

No que diz respeito à Literatura Amapaense e dentre vários autores apresentados aos alunos para que fossem apontados quais são trabalhados em sala de aula, obtivemos o seguinte levantamento como demonstra o gráfico.

Gráfico 3

Foram apresentados aos alunos nove Autores Amapaenses para fossem listados quais eram trabalhados em sala de aula no gênero Poesia/Poema apresentados nos gráfico anterior já que 84,61% dos alunos dizem gostar e ser trabalhado em sala de aula e obtivemos os seguintes dados: nenhum aluno conhece o Hélio Penafort; 1aluno Joseli Dias; 2 Lulih Rojanski; 4 Gonçalves Dias e Paulo Tarso; 5 Monteiro Lobato; 6 Fernando Canto; 13 Carla Nobre e 4 dizem ter conhecido todos. Temos assim com 50% a autora Carla Nobre como a mais conhecida entre os alunos da referida turma.

biblioteca e que os mesmos fazem uso dos livros didáticos e daqueles que a professora traz para a sala de aula.

Referente à que formas e maneiras a professora apresenta e trabalha a leitura, o uso dos livros e seus autores em sala de aula junto com os alunos, questionamos as várias hipóteses pelas quais a mesma possibilita esse ensino- aprendizado de maneiro lúdica e eficaz para os alunos e chegamos à seguinte análise, como demonstra o gráfico a seguir.

Gráfico 5

Nesta análise percebe-se que os dados serão distantes e variados tendo em vista que os alunos afirmaram que a professora, dentre as opções questionadas, trabalha diversas formas de leitura em sala de sendo que a mais selecionada pelos alunos foi que a mesma lê e explica aos alunos o conteúdo da leitura em sala, totalizando 80,7% (21 alunos); em segundo lugar, com 50% (13 alunos), dizem fazer apresentações teatrais da obra; em terceiro, 38,4% (10 alunos), dizem ler e depois fazer a discussão em grupo; em quarto lugar, 19,2% (5 alunos), dizem que a professora os faz ler e responder às suas indagações; em quinto e sexto lugar, empatados, eles dizem ir à biblioteca para pesquisar e fazer somente do livro didático na escola, 3 alunos para cada questão (11,53% cada).

Desta forma, resolvemos questionar se os alunos recebem incentivos para ler e escrever textos com frequência e se eles acreditam está aprendendo e desenvolvendo suas habilidades na escrita e leitura, já que começaram a ter o contato com a literatura através da televisão, mencionado no primeiro gráfico, de maneira a não trabalhar às habilidades comunicativas e interpretativas dos mesmos. Este último item irá nos mostrar se os alunos estão ou não desenvolvendo tais habilidades dentro e fora de sala de aula, como demonstra o gráfico a seguir.

Gráfico 6

Segundo o levantamento dos dados coletados, um total de 10 alunos, (38,4%) acreditam ter aprendido e desenvolvido suas habilidades na escrita e leitura após terem começado a estudar Literatura dentro de sala de aula contra 8 alunos que disseram ter desenvolvido bastante (30,8%) e outros 8 alunos, (30,8%), ter dito aprendido um pouco. Assim sendo, essas habilidades se tornaram possíveis após o uso dessa literatura e metodologia aplicada dentro de sala através de leitura e explicação do conteúdo em sala. Pois segundo o levantamento, 46,1% (12 alunos), afirmaram ler e escrever textos com frequência em sala e 38,4% (10 alunos) dizem ler e escrever textos às vezes e 4 alunos, (15,5%) não ler nem produzir nada textual.

Desta forma, é notório que as habilidades na leitura/escrita e a capacidade em produzir textos e interpretá-los em sala de aula ou espaço reservado a essa manifestação cultural e/ou lúdica, parta de diferentes ideias e sugestões para que se possa desenvolver e estimular a inteligência linguística ou verbal do aluno, pois segundo Celso Antunes em, (2009, p.11) “não são todos os professores que se encontram treinados para ouvir linguagens diferentes das que a escola instituiu como única e universal”.

De acordo com os PCN’s (2009), que estabelecem e normatizam critérios para o ensino-aprendizagem da disciplina de Língua Portuguesa que abrangem o ensino de Literatura nos terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental, os procedimentos adotados pela professora regente seguem os direcionamentos definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais demandando que os alunos sejam capazes de compreender a cidadania como participação social e política, assim como o exercício de direitos e deveres políticos, civil e social; posicionar-se de maneira crítica responsável e construtiva nas diferentes situações sociais; conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir a noção de identidade nacional e pessoal; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro bem como os aspectos socioculturais de outros povos e nações, sem discriminações baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia e característica individuais e sociais. Abrangendo e explorando desta maneira, segundo Celso Antunes (2009), as Inteligências Múltiplas, a inteligência linguística ou verbal, “extremamente