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livreto encontrado no encontro da sociedade brasileira de quimica
Tipologia: Teses (TCC)
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Estudo do Gás Natural
Índice
O gás natural é insumo de grande importância para a indústria química, seja como matéria-prima, seja como combustível, sendo que este último uso comanda o preço no mercado. A produção mundial de energia, em 1996, foi da ordem de 377 quatrilhões de BTU, dos quais cerca de 85 % a partir de combustíveis fósseis e o restante de origem hidráulica ou nuclear. A fração direcionada para a indústria química foi de apenas 5,4% do total de combustíveis fósseis consumidos. Assim, é fácil constatar que o preço dos produtos petroquímicos são significativamente influenciados pelo mercado mundial de energia.
O gás natural vem adquirindo crescente importância na matriz energética, representando atualmente o equivalente a cerca de 60% da energia de todos os derivados de petróleo, quando, no início da década de 50, representava menos de 25%. Este crescimento decorre das seguintes razões: A ) o gás natural é bem mais limpo que o óleo combustível ou o carvão e causa menos receio público quanto à segurança do que a energia nuclear, levando à substituição desses na produção de energia elétrica, processos industriais e centrais térmicas; e b) o desenvolvimento de turbinas à gás de alta eficiência, alta confiabilidade e cada vez de mais baixo investimento veio adicionar a vantagem de menor custo à vantagem de menos poluição.
O sistema americano de comercialização de gás natural pode servir de exemplo para outros países, pela facilidade em colocar o produtor de gás diretamente em contato com o consumidor.Desde a Ordem 366 da FERC (Federal Energy Regulatory Comission), de abril de 1992, que obrigou as companhias transportadoras estaduais a separarem os serviços de venda e de transporte de gás e ampliou o livre acesso (“by-pass”) para os grandes consumidores, o sistema de distribuição de gás, nos Estados Unidos, sofreu importantes alterações no sentido de ampliar o ambiente de competição.
Disso resultou uma redução dos preços reais do gás natural, favorecendo os consumidores industriais e a geração de energia, que são os propulsores do aumento de consumo. Além disso, os grandes consumidores industriais e as companhias geradoras de eletricidade há muitos anos vêm recebendo preços inferiores ao do “city-gate”. Por exemplo, a região Centro-Sudoeste dos Estados Unidos ( Texas, Oklahoma, Arkansas e Louisiana), que consome 40% do gás industrial e 53% do gás para geração de eletricidade do país, apresenta a seguinte estrutura de preços:
QUADRO 2
Preços de Gás Natural na Região “West South Central”
(US$ MM/BTU)
Wellhead Citygate Residencial Comercial Industrial Energia 1990 1,67 2,80 5,28 4,26 2,07 2, 1991 1,63 2,64 5,47 4,12 1,86 2, 1992 1,75 2,81 5,53 4,22 2,06 2, 1993 2,09 3,02 5,69 4,54 2,44 2, 1994 1,94 2,82 5,90 4,53 2,21 2, 1995 1,60 2,73 5,82 4,26 1,90 1, 1996 2,32 3,08 5,96 4,48 2,67 2, Fonte:”Natural Gas Annual” 1994 e 1996 – DOE – EIA
Esse fato também é observado em outros países, e pelo menos em cinco deles (Argentina, Canadá, Inglaterra, México e Estados Unidos), representando 65% do consumo mundial, os grandes consumidores pagam tarifas abaixo do “city-gate”, E entre 46% e 90% menores do que os valores residenciais. Tal sistemática se apóia na estrutura de consumo desses países, onde os consumidores comerciais e residenciais, que pagam tarifas superiores ao “city-gate”, representam uma fatia expressiva do mercado. Em 1995, por exemplo, os consumidores comerciais e residenciais representavam 35% do total nos países da OECD, 42% nos Estados Unidos e 26% na Argentina. No Brasil, com se verá a seguir, não ocorre estrutura de consumo semelhante, pois os consumidores comerciais e residenciais, representam menos de 3% do total.
Por outro lado, ainda como conseqüência do livre acesso, em 1995 apenas 53% do gás natural americano foi comercializado pelas companhias distribuidoras, sendo que 76% do consumo industrial e 61% do consumo para energia foram adquiridos diretamente,
sem intermediação das distribuidoras. Como os preços na comercialização direta são inferiores aos preços das distribuidoras, pode-se inferir que os preços médios publicados são superiores aos preços efetivamente pagos pela indústria e pelas companhias geradoras de energia.
O quadro a seguir mostra a evolução do preço médio do gás natural nos Estados Unidos. QUARO 3
Preço Médio do Gás Natural nos Estados Unidos
ANO Wellhead City Gate Util. Elétricas
(1)
Industrial
(1)
Comercial
(1)
Residencial
(1)
90 1,97 3,48 2,74 3,37 5,55 6, 91 1,81 3,21 2,41 2,98 5,32 6, 92 1,87 3,24 2,54 3,06 5,25 6, 93 2,14 3,36 2,74 3,22 5,47 6, 94 1,90 3,14 2,34 3,12 5,57 6, 95 1,55 2,78 2,02 2,71 5,05 6, 96 2,17 3,34 2,69 3,42 5,40 6, 97 2,23 3,61 2,81 3,53 5,76 6, 98(até março)
EM US$/milhão de BTU
(1) consumidores abastecidos “on system”, i.e. pelas distribuidoras.
Fontes: Natural gas 1996 – issues and trends DOE – EIA – USA (dados até 1995)
Energy information Administration Natural gas Monthly (dados de 1996 a 1998)
O consumo de gás natural na Europa Ocidental, em 1997, foi da ordem de 345 bilhões de m^3 ( mais de 10 vezes o consumo brasileiro) – foi importado da Rússia. Além disso, foram também importados cerca de 22,3 bilhões de LNG, em sua maior parte da Argélia.
O Japão, por não possuir reservas significativas e não ter alternativa de abastecimento de gás natural por tubulação, foi abrigado, por razões de meio ambiente, a recorrer ao uso de gás natural liquefeito ( LNG), pagando em média o dobro do preço do gás em outros países. Em 1997, o preço médio para a importação de LNG de várias origens foi de 3,91 dólares por milhão de BTU.
(4)Preço Médio de Importação de LNG – FOB porto
Fonte: ENARGAS – Informe 1996 e “ Natural Gas Information 1996” – OECD
As reservas brasileiras de gás natural são bastante modestas,tendo atingido, no início de 1998, cerca de 228 bilhões de m^3 , isto é, apenas 0,16% das reservas mundiais provadas. Além disso, é baixa a relação gás/óleo das jazidas brasileiras, ou seja, as reservas de gás se situam na faixa de apenas 20% das reservas de petróleo. Assim, embora as reservas de petróleo do Brasil sejam mais de cinco vezes maiores do que as da Argentina, as reservas brasileiras de gás natural são substancialmente inferiores às daquele país vizinho. Isso explica em grande parte a pequena importância do gás natural na matriz energética do Brasil. Enquanto na Venezuela a participação do gás natural no consumo global de energia primária é da ordem de 55%, na Argentina de 51%, no Brasil essa participação é de apenas 2,5%.
O quadro a seguir mostra a produção e vendas de gás natural no Brasil, em 1997.
QUADRO 5
1997
Produção de gás natural
1000 m 3 / dia Distribuição % do consumo
Destinação % da produção Combustível 12.829 76,6% 47,5% Doméstico 384 2,3% 1,4% Petroquímico (1) 3.028 18,1% 11,2% Siderúrgico 364 2,2% 1,3% Automotivo 130 0,8% 0,5% 16.733 100,0% 61,9% Não-usado 4.189 15,5% Reinjetado 4.986 18,5% Liquefeito 1.107 4,1% 27.017 100,0% (1) inclui fertilizantes
Face à deficiência de gás natural e graças às bacias fluviais que possui, o Brasil construiu seu esquema de produção de energia com base quase exclusivamente na
geração hidráulica. As melhores oportunidades de geração de energia de origem hidráulica já foram utilizadas, restando ainda algumas possibilidades em regiões distantes dos centros de consumo, com menos economicidade. Desse modo, o atendimento das necessidades crescentes de energia do País fica na dependência de uma oferta adequada de gás natura, particularmente pra a geração de energia elétrica. Caso contrário, a tendência do País será ter custos de energia e de matéria-prima crescentes e cada vez menos competitivos. Esse fato cresce em importância se considerado que 40% das exportações brasileiras são constituídas de produtos intensivos em energia.
Para ampliar a oferta de gás natural, o País voltou-se para a alternativa de importação da Bolívia e da Argentina por tubulação ou , ainda, como possibilidades futuras, das reservas de Camisea, no Peru, e da Venezuela. O gás da Bolívia já é uma realidade, estando o gasoduto em fase final de construção, ligando as reservas bolivianas (que já estavam conectadas às reservas do Noroeste da Argentina) ao mercado das regiões Sul, Centro-Sul e parte da Centro-Oeste do Brasil.
O preço do gás para o consumidor final ainda não é bem definido. O valor no “city- gate” é uniforme em toda a extensão do gasoduto e é estabelecido em função do preço na origem (corrigido pela variação dos preços internacionais do óleo combustível) mais o custo do transporte e da amortização dos investimentos. Existem três blocos de contratos: a) o bloco básico, denominado TCQ, relativo aos primeiros 18 milhões de m 3 por dia, já negociado com as distribuidoras estaduais, e cujo preço tem, nos 5 primeiros anos, um teto de 85% do óleo combustível 1 A; b)o bloco intermediário , denominado TCO, evolve 6 milhões de m^3 comprados antecipadamente pela PETROBRAS, com financiamento do BNDES, destina-se à geração de energia; c) o último bloco, denomina TCX, relativo à quantidade adicional de gás para completar 30 milhões m^3 / dia, ainda não negociado pela PETROBRAS.
Assim, os blocos de contratos poderão ter preços deferentes entre si, e diferentes do preço que a PETROBRAS vende hoje o gás nacional no Rio de Janeiro, que possui sistema interligado com o de São Paulo. Esse fato pode trazer distorções que devem ser evitadas por uma política coerente de preços de gás.
Estima-se que o preço básico a ser cobrado no “city-gate” seja da ordem de US$2,7 por milhão de BTU. Este nível de preço não está distante dos pecos americanos ou daqueles praticados em outros países, para os usos energéticos e industriais. O problema consiste em que, no Brasil, não existem as condições que permitem os descontos e os “by-pass” que caracterizam as relações comerciais entre distribuidoras e os grandes clientes, em nível mundial.
O gás natural é usado na indústria como matéria-prima ou como energético. A utilização como matéria-prima é a que agrega maior valor ao gás, sendo que este valor agregado é marcadamente constituído por salários, benéficos, encargos sociais e impostos. Além disso , pelo grande poder multiplicador da indústria química, é fator de promoção de novos investimentos produtivos. Por outro lado, o uso d gás natural como matéria prima exige um longo compromisso entre o produtor e o consumidor, pois a indústria não pode trocar com facilidade sua fonte de matéria-prima sem que sejam necessários vultosos investimentos.
Mas , foi o mercado energético, muito maior, que permitiu o uso em bases econômicas do gás natural como matéria-prima petroquímica, primeiro nos Estados Unidos ( onde se montou a mais competitiva indústria petroquímica do mundo) e, mais tarde, na Europa, com a descoberta de apreciáveis reservas no Mar do Norte.
Em 1996, só os Estados Unidos consumiram 22,4 bilhões de m^3 de gás natural da produção de petroquímicos, sendo que mais de 90% do total consumido foi destinado à produção de amônia e metanol. Além disso, os Estado Unidos são os maiores produtores mundiais de etileno a partir de etano extraído do gás natural. ( A produção de etileno nos Estados Unidos,em 1996, foi da ordem de 23 milhões de toneladas).
Na Europa, no mesmo ano de 1996, foram consumidos cerca de 12 bilhões de m^3 de gás natural na indústria petroquímica, sendo que 8,1 bilhões de m 3 (67,5%) foram destinados à produção de amônia e 1,2 bilhões de m^3 (10%) à produção de metanol.
Por outro lado, até 1975, grande quantidade de gás natural ( gás associado) era queimada, na atmosfera, sem aproveitamento econômico. De fato, naquele ano, nos países da OPEP, queimava-se aproximadamente 55% do gás natural produzido. Em todo o mundo eram queimados cerca de 170 bilhões de m^3 /ano, o equivalente a 70% da reserva brasileira atual. A pressão da opinião pública e dos organismos internacionais de financiamento levou à utilização desse gás desperdiçado,resultando uma grande indústria petroquímica nas regiões produtoras de petróleo ( Oriente Médio) e em regiões com significativas reservas de gás natural, mas distantes dos centros de consumo, como Chile, Trinidad e Tobago, Indonésia e Nova Zelândia.
Com o aproveitamento do gás sobrante, houve o deslocamento da produção de determinados produtos petroquímicos dos países desenvolvidos para outras regiões do mundo, com base em preços de gás natural altamente atrativos, como exemplificado a sequir:
QUADRO 7
Preço do Gás Natural
US$/MM BTU US$ / b.o.e. ORIENTE MÉDIO 0,50 2, TRINIDADE 0,90 5, CHILE 0,85 4, VENEZUELA 0,50 2, b.o.e. = barril de óleo equivalente
A indústria petroquímica instalada nesses países tem uma vantagem apreciável, pois, os seus custos variáveis são muito menores do que os observados nos países desenvolvidos, os quais precisam ser extremamente eficientes para se conservarem competitivos, o que obviamente também se aplica à indústria brasileira.
Acredita-se que a indústria petroquímica americana, por estar localizada junto aos campos produtores e consumir concentradamente grande quantidade de gás, tem condições de obter preços no mesmo patamar conseguido pelas companhias geradoras de eletricidade ou mesmo inferiores através do “by-pass” da distribuidora local.
Na Holanda, o preço do gás é relacionado ao do óleo combustível. A parcela de gás usada como matéria-prima, porém, sofre um desconto de 2,62 cents de florins por m 3 ou aproximadamente 1,5 cents de dólar por m^3 , em relação à tarifa normal. Há também , um desconto de 0,5 cents de florins por m 3 para todos os valores acima de 100 milhões de m^3 por ano, se for firmado um contrato de cinco anos. Além disso, os contratos contêm uma cláusula, chamada “speaking clause”, que permite a negociação entre o produtor e o consumidor em função das condições de mercado.
Com relação ao Brasil, a utilização de gás natural, como matéria-prima petroquímica e de fertilizantes, começou na Bahia, no final da década de 60, visando o aproveitamento do gás associado produzido nos campos baianos. As primeiras instalações foram da PETROBRAS, para a produção de amônia e uréia; da Ciquine para a produção de oxo- álcoois; da Metanor para fabricar metanol; da Metacril para ácido cianídrico e da Pronor( hoje Isopol) para a produção de fosgênio.
Mais tarde, foram construídas as fábricas de amônia e uréia em Laranjeiras, Sergipe, permitindo melhor equacionamento das necessidades brasileiras de fertilizantes nitrogenados. Na região do Rio de Janeiro, com a descoberta de petróleo e gás na Bacia de Campos, a Prosint e a Bayer passaram a utilizar gás natural para fabricação, respectivamente, de metanol e MDI e, há projeto em desenvolvimento para a produção local de etileno.
Cabe registrar que nos últimos oito anos a indústria petroquímica brasileira tem conseguido preços médios ( 70% matéria-prima e 30% combustível) ligeiramente inferiores aos praticados na Europa e nos Estados Unidos, o que possibilitou a continuidade operacional e a melhoria das plantas instaladas.
O parque petroquímico e de fertilizantes, com base em gás natural, hoje existente nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Rio de Janeiro, representa um investimento da ordem de US$ 1 bilhão, vem operando com continuidade e eficiência e, para ser preservado, precisa ter preços competitivos da sua matéria-prima básica, em termos internacionais.
seja, um acréscimo da ordem de 20 % sobre o preço final de um produto que já inclui um frete elevado);