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mergulho em Marapanim considerada a capital do carimbó, e é de lá que vem toda ... dança, refere-se também a música, coreografia, vestimenta, instrumentos, ...
Tipologia: Notas de aula
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Belém
Trabalho de conclusão de curso para obtenção de nota final do(a) aluna (Amannda Maria Pereira da Silva), graduanda em Licenciatura Plena em Dança, UFPA Professor orientador: Éder Jastes.
Agradeço também aos meus mestres, pessoas maravilhosas que encontrei ao ingressar na Universidade Federal do Pará, na ETDUFPA, não sei o que seria sem a ajuda, apoio, respeito deles. Foi vendo eles, assistindo as aulas, dividindo risadas, tirando dúvidas, até mesmo tarde da noite. Sou muito agradecida por todo o compartilhamento e troca de aprendizado, pelos conselhos e amizade, foi com eles que eu descobri o tipo de professora que eu quero ser, sempre respeitando a individualidade de cada um. Eles estarão sempre comigo, eu absorvi o melhor de cada um, o conhecimento compartilhado, com certeza alguns deles são os meus ídolos, como foi prazeroso cada aula teórica e pratica. A universidade Federal do Pará respira arte e transmite cultura. Os meus colegas e amigos de classe, por todos esses anos de luta juntos, passamos por grandes dificuldades, obstáculos mais graças a força que Deus nos deu conseguimos chegar até aqui. Eu não poderia ter estado em outra turma, aqueles trinta nomes totalmente desconhecidos, hoje se tornaram conhecedores das qualidades e defeitos de cada um. Alguns ficaram pelos caminhos da vida, mais hoje estão de volta ao curso. Eles foram tão importantes em vários momentos da minha, não só dentro, mas fora de sala de aula também, tivemos bebês lindos, grandes alegrias, mas também tivemos problemas como toda grande família, e como toda família, nós superamos. Eu agradeço de coração a paciência que eles tiveram comigo, ao me ouvir falar da minha pesquisa, do carimbó por todos esses semestres. Desejo sempre o melhor para cada um, foi um prazer estar ao lado deles. A minha pesquisa tem um pouco de cada, com as dúvidas, perguntas, questionamentos que eles faziam nas minhas apresentações. Obrigada a todos que fizeram parte direta e indiretamente da minha pesquisa, aos que me deram força e carinho, aos que não estão mais aqui, mais estão sempre nos momentos de reconhecimento. Sempre.
Este trabalho é resultado de uma pesquisa que tem como objetivo investigar, descrever e compreender a cultura carimbozeira como uma das mais fortes e influentes representações cultural do estado do Pará. Buscando intender a importância da valorização efetiva de um bem nacional. Procura registrar as primeiras comemorações depois que o carimbó recebeu o registro de Patrimônio Cultural Nacional e de como essa forte tradição pode ser mantida em um grupo urbano em meio ao século XXI, uma dança com mais de 200 anos de existência. Desse modo vou em busca das raízes e mergulho em Marapanim considerada a capital do carimbó, e é de lá que vem toda essa influência de tradição e valorização do carimbó, considerado assim um dos mais autênticos, o “carimbó praieiro”, típico da nossa região do salgado, como afirma Antônio Francisco de A. Maciel em “Carimbó - um canto caboclo”. Marapanim foi um dos municípios que levantou a bandeira da campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”. Apresento a vivencia, o dia a dia, o trabalho na lavoura e na pesca, uma dança que exterioriza através de movimentos toda essa pratica cultural, com um novo sentido, um novo significado o que Paes Loureiro chamou de conversão semiótica, um cotidiano trazido para cena, ganhando uma outa energia, o extra cotidiano de Eugenio Barba. Uma expressão simbolicamente espontânea singular e plural que revelam o comportamento do homem em seus trabalhos diário, que Éder Jaster caracterizou como espetacularidade em sua tese de mestrado intitulada “Dança da onça na cena amazônica: Espetacularidade cabocla na dança do carimbó. Assim vou ao encontro do grupo Sancari de Belém do Pará, um grupo que procura manter visivelmente a tradição do carimbó encontrado em Marapanim. Uma dança considerada uma manifestação espetacular de maior expressão criativa, com uma teatralidade cheia de significados representativos de suas matrizes estéticas fundadoras. O nome carimbó vai além de uma dança, refere-se também a música, coreografia, vestimenta, instrumentos, poesia. Um universo cultural fortemente vivenciado na região do Salgado Paraense mas que ainda assim em meio a um registro tão importante precisa muito da valorização e da tradição de suas memorias vivas, nossos mestres e mestras, grupos de carimbó que vivem do carimbó.
Palavras-chaves: Carimbó, Cultura carimbozeira, Patrimônio Cultural, Espetacularidade, Teatralidade, Matrizes estética, Tradição.
Figura 14 - Mestre Coutinho .................................................................................................... 32
Figura 15 - Colares de sementes, uma herança ameríndia ........................................................ 32
Figura 16 - Luciete Pantoja, dançarina do grupo Sancari ......................................................... 34
Figura 17 - Dona Neire Rocha .................................................................................................. 28
Figura 18 - Campanha do carimbó ........................................................................................... 36
Figura 19 - I Congresso Estadual do Carimbó .......................................................................... 37
Figura 20 - Rejane Nobrega. I Congresso de Carimbó Estadual. 2015 .................................... 39
Figura 21- Dona Neire, Mestre Lucas e a Dançarina Luciete ................................................... 40
Figura 22 - Os mestres e mestras na roda de Carimbó pelos corredores do Centro de cultura e formação cristã (Seminário Pio ............................................................................................... 40
Figura 23- Mestre Manoel do grupo uirapuru e Mestra Bigica das Serias do mar na roda da acolhida .................................................................................................................................... 41
Figura 24 - Frutas e outros sabores da região Paraense ............................................................
Esta pesquisa baseia-se na busca pela valorização e pelo reconhecimento do carimbó no estado do Pará, não só pelo o título de Patrimônio Cultural do Brasil, mais de fato essa valorização aqui dentro da sociedade paraense. O carimbó possui as várias vertentes das matrizes formadoras da população do estado do Pará. Uma Dança que surgiu em meio a uma vida difícil de um povo explorado pelos colonizadores que acabavam se refugiando em rodas de tambores, em seus terreiros, dançando e cantado a labuta diária, amores, a relação com a natureza e lendas do lugar.
Em uma de minhas andanças em busca de informações do carimbó conheci nona Iná avó de uma colega de sala de aula, a qual fizemos um trabalho juntas da disciplina Dança, cultura e sociedade, ministrada pela professora Maria Ana Azevedo. Ela me apresentou a avó, que nasceu em Marapanim e tem lembras vivas daquela época da dança.
A escolha do Carimbó como objeto de pesquisa foi de uma etapa importante da minha vida, uma vivencia na dança, foi através desta pratica da dança do carimbó que passei a perceber como é importante a valorização do que é nosso, da mais extraordinária manifestação culturalmente criativa, artística e tradicional do Pará. Acredito que através da dança podemos ensinar nosso povo os valores sócio-culturais, que infelizmente não possuem oportunidades de vida com dignidade e direitos. Vejo a dança como forma de conhecimento histórico, social, político, cultural. E qual maneira mais eficaz se não a de educarmos por meio de nossa cultura Amazônica? Rica de conhecimento, histórico, mitos, lendas e rituais das três etnias formadoras do nosso povo. Uma dança que sofreu influência de três etnias diferentes e ricas culturalmente, com costumes e modos de vida diferentes, mas que acabaram se completando.
Acredito que esta pesquisa contribuirá para academia, pela escassez de trabalhos das danças tradicionais populares do nosso estado. De acordo com Geetz em “a Interpretação das culturas” (1889, p. 61), ―Sem os homens certamente não haveria cultura, mas, de forma semelhante e muito significativa, sem cultura não haveria homens‖. Para ele o homem tem papel fundamental na cultura. Tudo dentro de uma cultura tem significado. A cultura é basicamente tudo o que podemos aprender em uma determinada sociedade e cada uma tem sua maneira de beber, comer, andar, falar, dormir, dançar. Marcel Maus cita em ― A noção de técnica corporal ‖. Somos o que nos é repassado através dos ensinamentos por décadas por
nossos ancestrais. E podemos veicular isso com os nossos costumes que nos apresenta um rico conhecimento desta manifestação cultural que é o carimbó inserido no cenário Amazônico.
A importância da valorização do carimbó também está ligada a sociedade, pois é imprescindível que esta manifestação seja mantida viva em sua essência, sua raiz por meio da tradição e todos somos responsáveis por tal conhecimento. Existe uma grande mobilização dos grupos de carimbó para que haja essa preservação, mais para isso todos temos que fazer a nossa parte de valorizar o que é nosso, uma dança com mais de 200 anos de história. É uma parte de nossa história viva e ainda vivida intensamente por muitos grupos e mestres da cultura Carimbozeira, muito presente ainda no cotidiano desse povo. O município de Marapanim^1 é tão famoso exatamente por manter firme a bandeira do carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
Este trabalho será desenvolvido através do levantamento bibliográfico, do que foi possível encontrar já publicado como livros de autores paraenses e pesquisadores como o Professor de Estética, História da arte e da cultura Amazônica, na Universidade Federal do Pará, escritor e poeta João de Jesus Paes Loureiro que possui diversas obras como os livros ― Cultura Amazônica - Uma Poética do Imaginário ‖, tese de doutoramento na Universidade de Paris V (Sorbonne, França) e “A conversão Semiótica na arte e na Cultura” , do pesquisador Paulo Cordeiro- ― O carimbó da vigia ‖, entre alguns antropólogos como o historiador Câmara Cascudo “Geografia dos Mitos ‖ estudioso da cultura brasileira, o ator, dramaturgo, diretor, pesquisador Armindo Bião “Etnocenologia e a Cena baiana”, que me ajudaram no desenvolvimento desta monografia, também utilizei artigos, revistas, analise de dados de documentos, entrevistas semiestruturadas, fotos, vídeos de festivais e comemoração em que o carimbó se fez presente. Uma pesquisa básica objetivando gerar o conhecimento teórico da dança e de tudo o que a constitui no gênero, como a vestimenta, os instrumentos, a música, a poesia, a coreografia entre outros fatores. Na primeira seção apresento os teóricos que me ajudaram a construir essa teia de conhecimento que é esta dança, reafirmando a mistura de elementos das matrizes formadoras
(^1) É um município brasileiro do estado do Pará. Localiza-se a uma latitude 00°43‘03‖ sul e uma longitude 47°41‘59‖ oeste, estando a uma altitude de 40 metros. Sua população estimada em 2004 era de 27. habitantes. Possui uma área de 799,2,99 km².O município e famoso por possui praias paradisíacas. As mais famosas são Marudá, Camará, Crispim e Sacaiteua.
de estar vivendo. Uma das lutas é o processo dinâmico de transformação pelo qual a dança tende a passar, mas sem perder sua tradição, suas origens tão bem expressadas através dos vários fatores, como o vestuário, os instrumentos que produzem a música.
O homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mais como uma ciência interpretativa, a procura do significado. (GEERTZ , Apud. WEBER , 1989, p.4)
O carimbó é essa teia de significados que o homem, caboclo da Amazônia teceu, em uma das danças mais tradicionais transmitidas através de movimentos que retratam o cotidiano da vida amazônica na pesca, na agricultura, na pecuária, na vida simples que conta histórias em pequenos versos, que se repetem, muitas vezes. Ao mesmo tempo em que surgiu em uma época tão difícil para a humanidade, tão desigual para nossos irmãos, como um modo de tentar amenizar a vida difícil, o sofrimento de um povo, longe de sua terra, sua cultura. Esse povo achou através da dança, um meio de estar mais perto de tudo que lhes foi arrancado, não falo só do homem negro, mais do nativo ameríndio que também sofreu grandes rupturas em seu habitar, quando os colonizadores chegaram aqui. Uma cultura fascinante que conta em suas versos e cantos o imaginário amazônico, mitos e lendas de um povo que se misturou de uma forma que é difícil até identificar que fatores são referentes a uma única etnia. São três matrizes formadoras do nosso povo, ricas culturalmente e que são formadoras de um novo povo, o caboclo^2 da Amazônia. Vejo o caboclo como um corpo híbrido^3 , algo que de uma homogeneização se origina um novo
2
(^3) O hibrido: Figurado. Caracterizado por ser composto por elementos diferentes: gênero de dança híbrido. Em latim, ―hibrido‖ é usado tanto para designar o resultado do cruzamento de espécies diferentes, como a égua com o jumento, como também o filho de um romano com uma estrangeira, ou de um homem livre com uma escrava.
corpo, com informações distintas e ao mesmo tempo que se completam.
Christine Greiner (2007) aponta para uma compreensão do corpo como sistema, em detrimento de uma abordagem do corpo como um instrumento de ação ou um produto do meio. Diante das múltiplas metáforas e definições do corpo na contemporaneidade (corporeidade, corpomídia, corpo-vivo, corpo orgânico, corpo sem-órgãos), um corpo como sistema, que se reelabora continuamente na medida em que processos afetivos, cognitivos e motores se atualizam, consegue abarcar algumas das mais recentes teorias do corpo, principalmente aquelas que consideram o corpo para além da matéria, buscando eliminar as dicotomias instauradas pelos ideais cartesianos que punha o corpo como matéria dominada pela razão, força maior. O sistema se reorganiza, se reestrutura, sempre que novas informações são instauradas. ( FONSECA , 2011, p.2)
Na dança o corpo hibrido é aquele que possui várias linguagens corporais. Fonseca e Silva em seu artigo uma compreensão sobre o corpo no teatro pós-dramático: o corpo híbrido, afirma esse novo corpo. Não podemos esquecer que antes do Europeu chegar e dominar o homem que aqui habitava, trazendo algum tempo depois os africanos para o trabalho escravo, depois que os índios se rebelaram em busca da liberdade, os negros já eram escravizados na Europa. Havendo ai entre os dois povos, um contato direto com novas culturas, novos costumes. O carimbó é passado oralmente, os filhos e netos aprendem através da imitação, de seus descendentes, aprendem a tocar, a cantar, fabricar os instrumentos, observando a pratica, uma transcendência^4 , passada de geração em geração. A maioria dos instrumentos usados são os próprios cantores e músicos de grupos de carimbó. Pratica essa que descende dos negros e ameríndios.
A linguagem é a faculdade de expressão de um grupo de pessoas e a língua é o instrumento que esse grupo utiliza para expressar-se (Martinet, 1969 e 1970). Ela pode ser definida como ―linguagem oral e escrita de um determinado grupo de pessoas‖ mas ela é mais do que isso: a língua — 1. é forma do pensamento, — 2. é a manifestação do povo que a fala, — 3.
(^4) A Transcendência é fazer um caminho ou percurso para o mais além do meu eu humano; é viajar pelo saber das outras realidades que nunca tinha passado pela mente do próprio sujeito em estudo, mas para o seu objeto, isto é, a realidade do que está a ser estudada; é descobrir aquilo que era o desconhecido; é largar-se do meu egocêntrismo para conviver com os outros; é dar a vida para outra pessoa, e por aí fora.
Com a teoria de que a dança foi criada pelos índios com a chegada dos negros na Amazônia no tempo da escravidão, essa dança foi aperfeiçoada, ganhando mais vigor, intensidade sendo inseridos elementos não só na dança, mas na dinâmica corporal, no ritmo, na indumentária, no canto, signos da cultura negra. Segundo o pesquisador e Dr. Eder Jastes em sua tese de mestrado ZIMBA: A ESPETACULARIDADE GESTUAL DOS DANÇARINOS DE CARIMBÓ NA AMAZÔNIA, 2012.
Os estudos feitos sobre Manifestações Folclóricas, pelo Programa de Desenvolvimento de Arte-Educação (PRODIARTE, 1982, p. 45-46), concluíram que o Carimbó é contribuição indígena, dando a autoria aos Tupinambás, sendo depois modificado pelos europeus e negros. ( JASTER , 2012, p.23). O momento da folga era o momento em que acontecia as rodas de carimbó, considerado sagrado para eles, um momento de transição com o divino, era como se eles buscassem forças para continuar a viver com as dificuldades, e não me refiro somente ao tempo da escravidão. Pois o que sabemos é que desde sempre a dança está presente na vida do homem, como em rituais. Nas rodas de carimbó eles eram homens livres, felizes mesmo quando cantavam tristezas. Além do significado religioso assim como os africanos, os índios também usavam as danças como praticas religiosas. Em muitas danças eles ainda guardam em segredo os seus significando da pratica religiosa assim como acontece na dança, o Toré^6.
[...] Os índios brasileiros são impregnados pelos seus mistérios onde paira o misticismo. Nos seus rituais e crenças, a dança e a música têm um papel fundamental e uma grande influência na sua vida social. O índio dança para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos costumes. Dançam enquanto preparam a guerra; quando voltam dela; para celebrar um cacique, safras, o amadurecimento de frutas, uma boa pescaria; para assinalar a puberdade de adolescentes ou homenagear os mortos em rituais fúnebres; espantar doenças, epidemias e outros flagelos. (GASPAR , 2011, p.1)
(^6) O toré é uma dança realizada ao ar livre por homens e mulheres, que formam um grande círculo que giram em torno do centro. E giram em torno de si próprio, pisando fortemente o solo, marcando o ritmo da dança, acompanhado por maracas e um coro de vozes dos dançarinos, que declaram versos de difícil compreensão, puxados pelo guia do grupo, o objetivo do ritual do toré é a comunicação com os encantos e encantados, que vivem no reino dos encantados. É um ritual sagrada que pode ser praticados ou celebrados e com função religiosa, de penitência, resgate dos antepassados e relação com a natureza.
Figura 2: Ritual de caça dos ameríndio Fonte: Internet
Outros pesquisadores apontam a origem do carimbó aos negros africanos, uma variante do batuque, dança africana, que eles trouxeram para a região do Pará e Maranhão, onde também é possível encontrar o gênero, como cita Vicente Salles em ―Carimbó Trabalho e Lazer do Caboclo de 1969‖:
O batuque deve ter sido o gerador da imensa variedade do carimbó, talvez a principal dança africana ainda possível de se observar e estudar na Amazônia. Coreografia, ritmo e até cantorias, muitas vezes se confundem e daí resulta uma unidade. Partindo do Batuque podemos afiliá-lo sem qualquer sombra de dúvida, ao samba – o denominador comum da lúdica africana no Brasil em sua forma mais característica como forma local do Pará e no Maranhão. ( SALLES , 1969, p.281).
Paulo Cordeiro um pesquisador sita em seu livro Carimbó da Vigia , publicado em 2010, testemunhos de vigienses que viveram nessa época, eles relatam que teria sigo muito forte a vivencia do carimbó, como eram essas rodas de carimbó, que eram incentivadas pelos senhores, porque assim os distanciavam da ideia de fugas. Eles precisam de mão de obra e viam nessas rodas a solução para os manter no trabalho. Vivenciadas nas senzalas e barracões das fazendas, sítios engenhos, como foi muito praticada pelos negros a dança acabou sendo considerada por muitos uma dança de negros, criando-se um grande pré-conceito que se perpetua até os dias de hoje em pleno século XXI pela sociedade, mais que comparado com a época, já ouve um grande avanço, quanto a aceitação do carimbó como uma das danças representante da cultura popular paraense.
postura, gestos que a nobreza europeia possuía na corporeidade, na movimentação de suas danças. Essa proibição se dava muito tempo antes, no século XIII com o surgimento do Cristianismo, a igreja passou a condenar a dança considerando-a um ato pagão, assim a dança tomou outra vertente, a de dança comemorativa por isso a pratica do carimbó nos momentos de lazer dos escravos, ao festejar uma boa colheita, ou qualquer coisa que servisse de comemoração para eles. O desconhecido, tudo que não fazia parte da sociedade dominadora causava medo, o modo como era praticado, era dançado e tocado. Na época dos colonizadores, a dança com toda essa vibração contagiava-os, essa mistura do afro-indígena, que queria mão de obra para os trabalhos estimulavam e até mesmo participavam contribuindo com traços característicos das danças tradicionais europeias. Assim como vigia, Marapanim, segundo a comunidade foi na vila de Maranhão (Maranhãozinho), sitio de Santo Antonio, localizado as margens do rio Marapanim que surgiu os primeiros indícios da dança. Também defende a paternidade do Carimbó, que foi no município que se originou o Carimbó, preservado no local a mais de dois séculos. A origem do carimbó é algo difícil de se comprovar, pois só o que temos são suposições, teorias baseadas nas características apontada por pesquisadores do Carimbó, que também tiveram poucas informações. Quanto aos documentos para embasamento teórico de pesquisa da época foi escrita pelos jesuítas, assim só temos o ponto de vista deles. Meu objetivo aqui não é provar ou defender uma teoria, mais sim intensificar como cada uma dessas matrizes serviram de base para o nosso Carimbó, uma das danças que mais representa a cultura do Pará. O carimbó se caracteriza na mistura das três matrizes ancestrais formadoras da nossa sociedade, da nossa cultura, O ameríndio, negro e o europeu. É possível identificar as raízes ameríndias representadas em algumas danças dentro do carimbó, como a dança da onça retratada na dissertação de mestrado do professor, Doutor Éder Jaster, 2004, e assim como a dança do boto, a dança da cobra. Câmara Cascudo sita que as lendas também são de herança africana e europeia em seu livro, Dicionário do Geografia dos mitos, nos conta. ― O curioso é que algumas lendas indígenas, como a do boitatá e a da Iara, lembram lendas européias da
Antiguidade ‖. Um dos principais instrumentos do carimbó é o curimbó, para se fazer carimbó é preciso dois ou três curimbós, também possui outros como maracá, banjo, flauta, milheiro, viola, xereré, afoxé.
Figura 3: Maracá Figura 4: Afoxé Foto: Neire Prestes. 2014. Foto: Ogãn Luiz. 2011.
O tambor é difícil de apontar uma origem, pois desde os primórdios da história do homem, os tambores já acompanhavam o ser humano, serviam como forma de comunicação. Assim como as outras matrizes, os ameríndios também possuem os tambores, e o curimbó acabou originando o nome da dança.
O nome carimbó tem origem indígena da cultura Tupinambá, tirado da palavra de origem Tupi-Guarani ―Curimbó‖, que vem de uma junção das palavras, curi (pau ôco) e m'bó (escavado). Pau escavado que é o instrumento que é utilizado para a marcação da dança, fabricado pelos povos ameríndios e com a chegada dos negros, que também tinham seus tambores, com o passar do tempo foi inserido outros instrumentos para dar mais vibração os atabaques^9 , assim conhecidos na África. Em Marapanim segundo algumas pesquisas o carimbó surgiu no sitio Santo Antônio, hoje conhecido como vila de Maranhãozinho. E se solidificou na região com uma proporção que até hoje é visível a força do carimbó no município
(^9) Atabaque é um instrumento musical de percussão afro-brasileiro. O nome se originou do termo árabe al- Tabaq , que significa "prato"[1]^. Constitui-se de um tambor cilíndrico ou ligeiramente cônico, com uma das bocas coberta de couro de boi, veado ou bode. Podem haver três sistemas principais de tensionamento do couro: por cordas e cunhas, por ferragens (à semelhança das congas cubanas) ou por birro (à semelhança do Sabar senegalês, do Kpanlogo ganês, entre outros tipos de tambores africanos). É tocado com as mãos, com duas baquetas, ou por vezes com uma mão e uma baqueta, dependendo do ritmo e do tambor que está sendo tocado. Pode ser usado em kits de percussão em ritmos brasileiros, tais como o samba e o axé music.