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Tantra-a-suprema-compreensão- osho, Notas de aula de Energia

Por exemplo: em sua Canção de Mahamudra, Tilopa diz: ...se com a mente observarmos a mente... dominar desatenções é o método real; o caminho do não ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Aquarela
Aquarela 🇧🇷

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SUMÁRIO

  • Introdução
  • I — A Experiência Definitiva....................................................
  • II — O Problema - Raiz de Todos os Problemas......................
  • III — A Natureza das Trevas e da Luz......................................
  • IV — Seja Como um Bambu Oco.............................................
  • V — A Verdade Inata..............................................................
  • VI — O Grande Ensinamento..................................................
  • VII — A Trilha Sem Pegadas..................................................
  • VIII — Corte a Raiz.................................................................
  • IX — Além e Mais Além.........................................................
  • X — A Suprema Compreensão...............................................

INTRODUÇÃO Depois que o meu fervor revolucionário acalmou-se, mal tinha eu feito vinte anos e compreendido a inutilidade de meus esforços para tentar a transformação do mundo exterior, certos ensinamentos que sugeriam a proposta mais exequível de revolução interior vieram ao meu conhecimento. O que principalmente despertou a minha atenção, atraindo-me, foi a Ioga do Tibete, mas descobri que os livros referentes ao assunto mal conseguiam manter em mim um interesse mínimo. Não só se tratava de terminologia estrangeira, obscura e contraditória, como também, e o descobri assim que neles mergulhei, suas conceitualizações ainda eram mais estranhas, confusas e misteriosas. Por exemplo: em sua Canção de Mahamudra, Tilopa diz: ...se com a mente observarmos a mente... dominar desatenções é o método real; o caminho do não-método é o caminho de todos os Budas... obtém a não-obtenção. Bem, como seria possível chegar-se a uma conclusão? Não obstante, encontrei um Guru e um centro de meditação onde se praticavam os ensinamentos tibetanos, mas o Guru parecia estar ainda se desembaraçando de um carma bastante pesado, o que me dissuadiu. E aquilo de ficar sentado, imóvel, sem nada fazer, apenas conseguia fazer-me sentir que o caos e a confusão interior aumentavam.

Passei os seis anos seguintes indo e vindo mundo afora, à procura de algo... só para terminar de volta à Inglaterra tendo acumulado um pouco mais de conhecimento e experiência. Então, e subitamente, notícias de um outro Guru hindu chegaram até mim, e, depois de certa hesitação inicial, mordi a isca. Mal lhe senti o sabor, entretanto, a fome desesperada que me vinha roendo incessantemente as entranhas, fome precisamente daquele alimento, daquele gosto, levou-me a empanturrar-me de seus livros, de seus tapes, e de seus sannyasins. O que seus discípulos diziam era uma coisa, suas palavras escritas eram outra, sua voz falando ainda outra — um pequeno ponto de luz brilhou em minhas tenebrosas profundezas, fragrância desconhecida, ou talvez longamente olvidada, estava a chamar-me de sua fonte de origem. Finalmente — e era quase como uma festa — a presença viva faria o resto. De início, entretanto, fiquei desapontado, principalmente porque não conseguia tragar aquele novo e exótico fenômeno. Tendo-me habituado tão longamente a tipos errados de alimentação, aquela súbita dose de nutriente puro, genuíno, foi demais para o meu sistema. Paralelamente ao desconforto físico causado pêlos intestinos, ao início do meu estágio aqui na índia, tive crises de diarréia emocional e mental, também. Eu estava em péssimo estado. A confusão e o caos tornaram-se ainda piores quando Bhagwan deu início ao despedaçamento do meu ego — da forma mais sutil e mais bondosa possível, quase desapercebidamente, na verdade. Pouco sabendo sobre para onde me estava deixando levar na ocasião, ali fiquei para além dos quatro meses que planejara ficar — tendo sido chamado e fisgado com anzol, linha e chumbada — e ainda aqui estou, passados dois anos. Uma das coisas que nos confunde em Bhagwan é o fato de ele falar em muitos e conflitantes assuntos: Jesus, Buda, Lao-Tsé, Heráclito, Zen, Sufismo, Confúcio, Tao, e, naturalmente, Ioga e Tantra. Ainda assim, fala tão clara e penetrantemente a respeito de cada um desses assuntos, transmitindo a própria essência de cada ensinamento com tamanha vibração, que nos vemos pensando, a cada momento, inequivocamente: "Isto é feito para mim!" Minha mente, como é natural, começou a estalar: "Tantas contradições, nenhum

renúncia, estar sentado à maneira de Buda — era secundário e nada realmente se modificaria, a não ser que, através da minha percepção, minha atitude, meu relacionamento com a realidade também se modificassem. Bhagwan afirma que Freud, Jung e Reich criaram, no Ocidente, a situação para uma explosão tântrica e que agora o tempo é chegado. Não só isso, mas, a menos que nossa percepção também venha a explodir, depressa seremos dinamitados em consequência da loucura a que nos estamos entregando. Bhagwan, esse alquimista definitivo, ajuda-nos, até, a usar a própria loucura, nossas compulsões neuróticas e nossas energias, para criarmos a explosão interior e transformarmos nosso mundo íntimo. E diz que há duas possibilidades para a humanidade dos dias presentes: ou o suicídio global, ou o maior despertar espiritual que o mundo jamais conheceu. Aqui em Poona, os primeiros rumores dessa revolução maior já podem ser ouvidos. A corrupção e a decadência interiores estão sendo paulatinamente extirpadas do principal ponto em que se encontram: das raízes da nossa mente, da nossa percepção, mas não através de ideologia ou moralidade impostas, vindas do exterior. As revoluções políticas nada são comparadas a essa outra, pois que ela requer que morramos para o nosso velho eu, a fim de que, como a fênix de suas cinzas, ergamo-nos para um novo nascimento, para uma nova ordem. Esse é o suicídio definitivo; requer uma coragem totalmente diferente daquela pedida para a morte comum, porque não é o nosso corpo que morre — a realidade da nossa mente, todo o sistema do nosso mundo penosamente criado é que devem ser aniquilados. Só um Mestre ao qual possamos confiar nosso próprio ser — físico, mental, e espiritual — é capaz de levar-nos através de tal viagem. Ouvindo Bhagwan, compreendi, aos poucos, que ele sabe, que ele tem o poder e que me bastará dizer: "Sim, deixo tudo em suas mãos", para que ele cuide de tudo. Diz Tilopa: Os que não crêem nela (Mahamudra) são insensatos que se chafurdarão sempre na angústia e na tristeza.

E diz Bhagwan: Por que os chama insensatos? Não os chama pecadores, não os chama irreligiosos. Chama-os, simplesmente, insensatos, porque não crer É perder a maior beatitude que a vida nos pode dar. São simplesmente insensatos! Porque assim é, a menos que confies. Toda beatitude, todos os momentos de beatitude surgem apenas quando te entregas, quando cedes. A não ser que confies a ponto de te entregares completamente, isso não pode acontecer. Mesmo a morte pode ser bela, se fores capaz de ceder diante dela; e da vida o que dizer, então? Se te entregas, a vida é a maior bênção, a maior graça. Estás perdendo a dádiva fundamental, porque não podes confiar. Esse é o convite de Bhagwan para que todos venham e realizem, não através da renúncia, mas da aceitação; não através da recusa, mas da receptividade; não através de regras, mas de regozijo. Venham: bebam, comam e sintam-se saciados. MA YOGA ANURAG Poona, Junho de 1975.

I A Experiência Definitiva Em sua Canção de Mahamudra, Tilopa diz: Mahamudra está para além das palavras e símbolos, mas para ti, Naropa, sério e leal, isto deve ser dito: O Vácuo não precisa de confiança, Mahamudra repousa sobre nada. Sem fazer esforço, Mas permanecendo desprendido e natural, é possível quebrar o jugo, ganhando, assim, a Libertação.

A experiência do definitivo não é, absolutamente, uma experiência, porque quem experimenta está perdido. E onde há aquele que experimenta, o que se pode dizer da experiência — Quem o dirá? Quem relatará a experiência? Quando não há sujeito, o objeto também desaparece: as margens desaparecem, apenas o rio da experiência permanece. O conhecimento ali está, mas o conhecedor está ausente. Este tem sido o problema dos místicos. Alcançam o Definitivo, mas não podem relatar aos que lhes vêm após. Não podem relatá-lo a outros, que gostariam de ter essa compreensão intelectual. Tornaram- se um com o Definitivo. Todo o seu ser o relata, mas a comunicação intelectual é impossível. Poderão dá-lo a ti, se estiveres pronto para recebê-lo, poderão permitir que o alcances, se também o permitires, se fores receptivo e aberto. Mas as palavras não farão isso, os símbolos não ajudarão, teorias e doutrinas não serão de uso algum. A experiência é tal que mais se assemelha a um experimentar, do que a uma experiência. É um processo: começa, mas jamais termina. Tu entras nele, mas jamais o possuis. É como uma gota caindo no oceano, ou o próprio oceano caindo na gota. É uma fusão profunda, uma unidade: tu simplesmente te dissolves nela. Nada fica para trás, sequer um traço; assim, como te comunicarás? Voltarás para o mundo do vale? Quem voltará daquela negra noite para te dizer? Todos os místicos, em todo o mundo, sempre se sentiram impotentes no que se refere à comunicação. A comunhão é possível, mas a comunicação não o é. Isso deve ser entendido desde o princípio. A comunhão possui uma dimensão totalmente diferente; dois corações se encontram, e dá-se um caso de amor. A comunicação se faz de cabeça para cabeça. A comunhão se faz de coração para coração; a comunhão é um sentimento. Comunicação é conhecimento: só palavras são dadas, só palavras são ditas e só

estivera fazendo; então eu dizia: "Está bem, tomei um banho e enxuguei meu corpo ao sol." Ela, então, se mostrava satisfeita. Eu, porém, não o estava, porque o que se passava no rio não podia ser expressado por palavras. "Tomei um banho" parece algo tão falho e descorado! Brincar no rio, boiar, nadar no rio eram experiências de tal modo profundas, que não fazia sentido algum dizer simplesmente: "Tomei um banho." Ou dizer apenas: "Eu estive ali, caminhei pela margem, sentei-me ali" — palavras que nada transmitiram. Mesmo na vida cotidiana sentimos a inutilidade das palavras. E se ainda não sentiste a inutilidade das palavras, é porque não estiveste vivo, viveste apenas superficialmente. Se o que viveste, seja lá o que for, pode ser transmitido através de palavras, isso significa que absolutamente não viveste. Quando, pela primeira vez, algo para além das palavras começa a acontecer, então a vida acontece para ti, a vida bate à tua porta. E quando o definitivo bate à tua porta, tu simplesmente te vês para além das palavras — tornas-te mudo, não podes falar. Nem mesmo uma só palavra se delineará em teu interior. E o que for que possas dizer parecerá tão descorado, tão morto, tão sem sentido, tão destituído de qualquer significação, que pensarás estar sendo injusto para com a experiência que te aconteceu. Lembre-te disto, porque Mahamudra é a última, a Definitiva experiência. Mahamudra significa um orgasmo total com o Universo. Se tiveres amado alguém, algumas vezes sentiste uma fusão, uma submersão — os dois já não são dois. Os corpos permanecem separados, mas há algo entre esses corpos, algo como uma ponte, uma ponte de ouro, e a duplicidade interior desaparece. Uma vida-energia vibra em ambos os pólos. Se isso já aconteceu contigo, poderás compreender o que é Mahamudra. Milhões e milhões de vezes mais profunda, milhões e milhões de vezes mais alta é Mahamudra. É um orgasmo total com o Todo, com o Universo. É fundir-se na fonte do Ser.

Essa é a canção de Mahamudra. Foi belo da parte de Tilopa chamar a isso canção. Tu podes cantá-la, mas não podes dizê-la; podes dançá-la, mas não podes dizê-la. É algo tão profundo que o cantar pode transmitir, dela, minúscula parte — não o que cantares, mas a forma pelo qual cantares. Muitos místicos simplesmente dançaram, depois de sua experiência com o definitivo. Não poderiam fazer outra coisa. Estavam dizendo algo através de todo o seu ser, de todo o seu corpo: corpo, mente, alma, tudo se envolvia naquela experiência. Dançavam, e aquelas não eram danças comuns. Na verdade, toda a sua dança nascera deles mesmos: era uma forma de contatar o êxtase, a felicidade, a beatitude. Algo do desconhecido penetrara no conhecido, algo do além viera à terra — e que outra coisa poderias fazer? Dançar o fato, cantar o fato. Essa é a canção de Mahamudra. E quem a cantará? Tilopa já não existe. A sensação orgástica, ela própria está cantando, não é cantada por Tilopa. Tilopa já não existe. A própria experiência vibra e canta. Daí, a canção de Mahamudra, a canção do êxtase a canta. Tilopa fundiu-se. Quando aquele que procura se perde, só então a meta é atingida. Quando já não existe a experiência, a experiência ali está. Procure e perderás o que procuras, porque através da busca o que procuras se fortalecerá. Não procures e encontrarás. O próprio fato de procurar, o próprio esforço torna-se uma barreira, porque quanto mais procurares, mais o ego se fortalecerá, como também aquele que procura... Não procures. Esta é a mensagem mais profunda em toda a canção de Mahamudra: não procures; fique apenas onde estás, não vás a parte alguma. Ninguém jamais alcança Deus, ninguém o pode fazer porque não sabe qual é o endereço. Para onde irás? Onde encontrarás o Divino? Não há mapas, não há caminhos e não há ninguém para dizer onde Ele está. Não, ninguém jamais alcança Deus. Sempre se dá o contrário: Deus vem a ti. Quando estiveres pronto. E o estar pronto nada mais é do que estar em receptividade. Quando estiveres completamente receptivo, não haverá ego. Tu te tornarás um templo oco, sem ninguém lá dentro.

está — aceite-a. Leve tuas energias, mais e mais, em direção à confiança e ao amor, porque a energia que se torna dúvida é a mesma energia que se torna confiança. Mantém-se indiferente à dúvida. No momento em que te tornares indiferente, tua cooperação será rompida, tu não a estarás alimentando — porque é através da atenção que todas as coisas se alimentam. Se deres atenção à tua dúvida, mesmo que seja contra ela, será perigoso, porque essa mesma atenção é alimento, é cooperação. Devemos, apenas, ser indiferentes — nem a favor, nem contra: não sejas a favor da dúvida e nem sejas contra a dúvida. Assim, terás que compreender três palavras. Uma palavra é dúvida, a outra é crença e a terceira é confiança ou fé, aquilo que no Oriente se conhece como shraddha. A dúvida é uma atitude negativa em relação a qualquer coisa. O que quer que se diga é ouvido, de inicio negativamente. Tu te sentes contra aquilo e encontras razões, racionalizações, que apóiam tua "negatividade". Há, então, a mente da crença. É tal e qual a mente da dúvida, só que de cabeça para baixo — não há muita diferença. Tal mente vê tudo como positivo e tenta encontrar razões, racionalizações, que apóiem essa atitude "a favor". A mente que duvida suprime a crença, a mente que acredita suprime as dúvidas — mas ambas são do mesmo tipo, a qualidade não é diferente. Há, então, um terceiro tipo de mente; e dessa mente a dúvida simplesmente desapareceu. Quando a dúvida desaparece, a crença também desaparece. Fé não é crença, é amor. Fé não é crença, porque não é a metade, é total. Fé não é crença, porque nela não há dúvida, portanto, como podes crer? Fé não é racionalização, absolutamente: não é contra, nem a favor disto ou daquilo. Ter fé é ter confiança, uma confiança profunda, amor. Não encontrarás racionalização para isso; simplesmente é assim. Então, que fazer? Não crie crenças contra a fé. Seja indiferente a ambas, crença e dúvida, e leve tuas energias em direção ao amor: ame mais, ame incondicionalmente. Não ames a mim apenas, porque isso não é possível: se amas, simplesmente amas. Se amas, simplesmente existes sob uma forma mais amorosa — tem amor não só pelo Mestre, mas pelo céu e pela terra. Tu, o teu ser, a tua própria qualidade de ser

tornam-se um fenômeno de amor. Então, surge a confiança. E só a confiança, assim pode ser concedida uma dádiva como a canção de Mahamudra. Quando Naropa esteve pronto, Tilopa concedeu-lhe sua dádiva. Portanto, recorde-te de que, com um Mestre, não estás "viajando-com-a-cabeça". Dúvida e crença são, ambas, "viagens-com- a-cabeça". Com um Mestre tu "viajas-com-o-coração". E o coração não sabe o que é dúvida, o coração não sabe o que é crença — o coração simplesmente, confia. O coração é como a criança pequena que vai pela mão do pai, e o segue para onde ele for, sem confiar, nem duvidar: a criança é indivisa. A dúvida é metade, a crença é metade. Uma criança ainda é total, inteira. Vai, simplesmente, para onde quer que seu pai se dirija. Quando um discípulo se torna tal qual uma criança, só então podem ser concedidas as dádivas do mais alto grau da percepção. Quando tu se tornas o mais profundo vale da recepção, os mais altos graus da percepção te podem ser concedidos. Só um vale pode receber um grau. Um discípulo deve ser absolutamente feminino, receptivo, como um útero. Só então tal fenômeno acontece, como acontece nesta canção. Tilopa é o Mestre, Naropa o discípulo, e Tilopa diz: Mahamudra está para além das palavras e símbolos, mas para ti, Naropa, sério e leal, isto deve ser dito... Aquilo está para além de palavras e símbolos, de todas as palavras e de todos os símbolos. Então, como pode ser dito? Há, então, alguma forma? Sim, há uma forma. Se há um Naropa, há uma forma. Se há, realmente, um discípulo, há uma forma. Depende do discípulo o ser, ou não, encontrada essa forma. Se o discípulo for tão receptivo que não tenha mente própria, não julgará se é errado ou certo: ele não tem mente própria, cedeu sua mente ao Mestre; ele é, simplesmente, receptividade, um vazio pronto para receber incondicionalmente o que quer que lhe dêem — e então as palavras e os símbolos não são necessários. E, então, algo pode ser dado. Podes ouvir isso entre as palavras, podes ler entre as linhas; e as palavras são apenas uma escusa. O que é verdadeiro acontece exatamente às margens das palavras.