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Tabelas de percentil baseadas no, Notas de estudo de Nutrição

Tabelas de percentil baseadas no Índice de Massa Corporal para crianças e adolescentes em Portugal e sua aplicação no estudo da obesidade

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 16/03/2012

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loamy-fernanda-8 🇧🇷

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ESTUDOS ORIGINAIS
Rev Port Clin Geral 2002;18:147-52 147
Aavaliação do estado nutricio-
nal e do estado de excesso de
peso ou obesidade tem vindo
a preocupar a sociedade em
geral e a comunidade médica em par-
ticular, sendo a obesidade definida
como aumento do peso corporal devi-
do ao excesso de massa gorda1.
A prevalência da obesidade tem vin-
do a aumentar tanto em crianças como
em adolescentes, com especial relevo
na última década, como alguns estu-
dos populacionais prospectivos têm
vindo a mostrar2,3,4.
Para o diagnóstico da situação de
excesso de peso/obesidade em crian-
ças e adolescentes2,4,5,6 e pese embora
haver uma série de métodos passíveis
de utilização, tais como: a) determina-
ção da espessura das pregas cutâneas
tricipital e abdominal; b) meios imagio-
lógicos; c) consulta de tabelas antropo-
métricas específicas7,8; e) determinação
das relações entre peso e altura (P/A),
a relação entre o peso em Kg e o qua-
drado da altura em metros (Índice de
Massa Corporal - IMC) e relação entre
peso e altura ao cubo (Índice de Roh-
rer)9, é considerado o estudo do IMC o
método mais válido em estudos epi-
demiológicos9.
A determinação do IMC é facilmente
realizável e aplicável em larga escala,
não dependendo da experiência indivi-
dual na colheita dos valores a avaliar.
Com base em extensos rastreios
LUIZ MIGUEL SANTIAGO, SUSANA JORGE, EUGÉNIA PAULA MESQUITA
EDITORIAIS
INTRODUÇÃO
Luiz Miguel Santiago
Assistente Graduado de Clínica Geral,
Extensão de Marco dos Pereiros,
Núcleo de Farmacovigilância do Centro.
Susana Jorge
Enfermeira em Cuidados de Saúde Primários,
Extensão de Marco dos Pereiros,
Subregião de Saúde de Coimbra.
Eugénia Paula Mesquita
Enfermeira em Cuidados de Saúde Primários,
Licenciada em Enfermagem, Extensão de Marco
dos Pereiros, Subregião de Saúde de Coimbra.
RESUMO
Objectivo: Desenhar curvas de percentil, em função do Índice de Massa Corporal (IMC), em popu-
lação portuguesa.
População: Crianças e adolescentes de três Listas de Clínica Geral.
Métodos: Estudo observacional, aberto, dos dados em ficheiro – peso (kg) e da altura (m) para
cálculo do IMC para todos os indivíduos do nascimento aos 17 anos, inclusivé. Utilização de mate-
rial para a colheita das variáveis – balança e craveira adaptados para as idades.
Resultados: Estudadas 6.764 unidades de medida, 3.481 (51,5%) no sexo masculino, numa
amostra de 540 rapazes e 522 raparigas. Sem diferenças com significado estatístico por sexos e
idade. A distribuição das variáveis peso, altura e IMC por sexos, não apresentou igualmente dife-
renças com significado estatístico.
Conclusões: Não havendo diferenças com significado estatístico nas unidades de medida entre
sexos, estas tabelas permitem estudo da situação nutricional e de obesidade pelo cálculo do IMC.
A comparação com outras tabelas mostra dissemelhanças. Sendo a obesidade um factor de risco
para patologias cardio-vasculares, o seu conhecimento pelas equipas de Clínica Geral é importantís-
simo. Estas tabelas são uma forma simples e objectiva de estudo do estado nutricional e de obesi-
dade em crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Crianças; Adolescentes; Obesidade; Peso; Altura; Percentis.
Tabelas de percentil
baseadas no Índice de
Massa Corporal para
crianças e adolescentes em
Portugal e sua aplicação
no estudo da obesidade
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A

avaliação do estado nutricio- nal e do estado de excesso de peso ou obesidade tem vindo a preocupar a sociedade em geral e a comunidade médica em par- ticular, sendo a obesidade definida como aumento do peso corporal devi- do ao excesso de massa gorda^1.

A prevalência da obesidade tem vin- do a aumentar tanto em crianças como em adolescentes, com especial relevo na última década, como alguns estu- dos populacionais prospectivos têm vindo a mostrar2,3,4. Para o diagnóstico da situação de excesso de peso/obesidade em crian- ças e adolescentes2,4,5,6^ e pese embora haver uma série de métodos passíveis de utilização, tais como: a) determina- ção da espessura das pregas cutâneas tricipital e abdominal; b) meios imagio- lógicos; c) consulta de tabelas antropo- métricas específicas7,8; e) determinação das relações entre peso e altura (P/A), a relação entre o peso em Kg e o qua- drado da altura em metros (Índice de Massa Corporal - IMC) e relação entre peso e altura ao cubo (Índice de Roh- rer)^9 , é considerado o estudo do IMC o método mais válido em estudos epi- demiológicos^9. A determinação do IMC é facilmente realizável e aplicável em larga escala, não dependendo da experiência indivi- dual na colheita dos valores a avaliar. Com base em extensos rastreios

LUIZ MIGUEL SANTIAGO, SUSANA JORGE, EUGÉNIA PAULA MESQUITA

I E NTRODUÇÃO DITORIAIS

Luiz Miguel Santiago Assistente Graduado de Clínica Geral, Extensão de Marco dos Pereiros, Núcleo de Farmacovigilância do Centro. Susana Jorge Enfermeira em Cuidados de Saúde Primários, Extensão de Marco dos Pereiros, Subregião de Saúde de Coimbra.

Eugénia Paula Mesquita Enfermeira em Cuidados de Saúde Primários, Licenciada em Enfermagem, Extensão de Marco dos Pereiros, Subregião de Saúde de Coimbra.

RESUMO Objectivo: Desenhar curvas de percentil, em função do Índice de Massa Corporal (IMC), em popu- lação portuguesa. População: Crianças e adolescentes de três Listas de Clínica Geral. Métodos: Estudo observacional, aberto, dos dados em ficheiro – peso (kg) e da altura (m) para cálculo do IMC para todos os indivíduos do nascimento aos 17 anos, inclusivé. Utilização de mate- rial para a colheita das variáveis – balança e craveira adaptados para as idades. Resultados: Estudadas 6.764 unidades de medida, 3.481 (51,5%) no sexo masculino, numa amostra de 540 rapazes e 522 raparigas. Sem diferenças com significado estatístico por sexos e idade. A distribuição das variáveis peso, altura e IMC por sexos, não apresentou igualmente dife- renças com significado estatístico. Conclusões: Não havendo diferenças com significado estatístico nas unidades de medida entre sexos, estas tabelas permitem estudo da situação nutricional e de obesidade pelo cálculo do IMC. A comparação com outras tabelas mostra dissemelhanças. Sendo a obesidade um factor de risco para patologias cardio-vasculares, o seu conhecimento pelas equipas de Clínica Geral é importantís- simo. Estas tabelas são uma forma simples e objectiva de estudo do estado nutricional e de obesi- dade em crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Crianças; Adolescentes; Obesidade; Peso; Altura; Percentis.

Tabelas de percentil

baseadas no Índice de

Massa Corporal para

crianças e adolescentes em

Portugal e sua aplicação

no estudo da obesidade

com origem nos Estados Unidos^8 – re- lação P/A – e Europa^9 – IMC –, foram realizadas tabelas de relacionamento entre peso e altura para fácil determi- nação desta situação. Tem sido de grande importância a consideração do ritmo de crescimento da criança que, não sendo linear, intro- duz variações importantes para o dia- gnóstico do excesso de peso/obesida- de6,9,10. Sendo reconhecidas as diferenças rácicas de hábitos e culturais entre vá- rios povos, parece haver diferenças en- tre as curvas de distribuição por sexo e idade de crianças e adolescentes de vários países^11 deve supôr-se que as tabelas elaboradas em outros países não serão forçosamente adaptáveis à nossa realidade, pelo que há assim razões para a realização de um traba- lho de elaboração de tabelas de per- centis baseados no Índice de Massa Corporal em Portugal. A aplicação des- te tipo de tabelas baseadas no IMC a estudos populacionais, revelou já a existência de valores importantes de prevalência da situação de excesso de peso/obesidade, utilizando-se como li- mites o Percentil 90 para o excesso de peso e o Percentil 95 como obesida- de12,13. No entanto, o percentil 92 deve- rá ser utilizado por ser aquele que tem a maior especificidade (92%) e sensi- bilidade (92%) para o diagnóstico de obesidade nestas idades^14. Surge, as- sim, a necessidade de criar curvas de percentis, baseados no Índice de Mas- sa Corporal a partir de observações em população portuguesa.

Elaborar tabelas de percentis baseadas no Índice de Massa Corporal – e que possibilitem o estudo da situação de excesso de peso/obesidade – por sexos e idades, em população ambulatória portuguesa, desde o nascimento até

aos 17 anos, inclusivé.

Estudo observacional aberto sistemáti- co dos dados em ficheiro quanto ao peso – em quilogramas até à terceira casa decimal – e da altura – em metros até à segunda casa decimal – com cál- culo do IMC – utilizando-se para efeitos da construção de tabelas os valores até à segunda casa decimal – de todos os indivíduos, desde o nascimento até aos 18 anos, exclusivé, inscritos em listas de três médicos de Clínica Geral da Extensão de Marco dos Pereiros da Subregião de Saúde de Coimbra.. Recorreu-se à utilização de suporte manual de registo de dados e do se- guinte material:

  • Até aos 36 meses: balança decimal de mesa e craveira infantil.
  • A partir dos 36 meses: balança deci- mal vertical e craveira vertical. Foram estudados todos os registos com data mais próxima à data em que perfaziam 0, 2, 4, 6, 9, 12, 15, 18, 24 meses, 3 anos e, a partir de tal data anual, a mais aproximada à data de aniversário, até aos 17 anos. Para elaboração das tabelas foi seguida a seguinte metodologia:
  • Uma determinação por indivíduo, e para cada idade, de acordo com os re- gistos existentes nos ficheiros clínicos;
  • Para novas avaliações, tomada de medidas, utilizando sempre os mes- mos materiais de medida – balança decimal e craveira – e também a mesma metodologia de ter os objec- tos da amostra com as mesmas pe- ças interiores de roupa.
  • Altura medida em supino e na ver- tix do crâneo, com a linha do tragus ao rebordo orbital inferior no plano horizontal.
  • Desenho das curvas de percentil 5, 10, 25, 50, 75, 92 e 95. Foram utilizadas medidas de estudo

E O DITORIAIS BJECTIVOS

E M DITORIAIS ÉTODOS

uma aproximação razoável ao estudo da situação de obesidade através do cálculo do índice de massa corporal, assim se utilizando uma medida que utiliza duas dimensões – o peso e a altura – para o mesmo fim e que é con- siderada como a mais indicada para

este fim em estudos de base epidemio- lógica. Resta, mesmo assim, a questão de saber se estas tabelas serão as definitivas para a população portugue- sa ou se, com a adição de inúmeras outras medidas se poderão vir a con- firmar. A comparação com tabelas de-

Raparigas 30

25

20

15

10

5

0

0M 4M9M 15M^246810121416 Idade

Valor IMC

P

P P

P P

P P

35

25

30

20 15 10

5 0

0M4M 9M15M^24 (^6810121416) Idade

Valor IMC

P P P P P P P

Rapazes

Gráfico 2. Curvas de percentil por idades para o sexo feminino, em função do índice de massa corporal.

Gráfico 1. Curvas de percentil por idades para o sexo masculino, em função do índice de massa corporal.

senhadas em outras populações – francesa^9 e suiça^16 – mostra curvas dis- semelhantes, particularmente até aos dois anos de vida, o que pode colocar a questão de diferença de diagnóstico pelas várias curvas disponíveis. Mes- mo entre estas duas curvas há diferen- ças apreciáveis. A observação destas curvas mostra também fenómenos semelhantes aos observados em outros países, nomea- damente o que parece ser um cres- cimento muito moderado após os dois anos de vida, até à idade para a en- trada para a escola primária, pelos 6 anos – fenómeno de alteração de alimentação? – e outro pico de cresci- mento aos 14 anos – pico pubertário? Subsiste, no entanto, a questão de saber se, acima dos 15 anos, não será preferível utilizar para diagnóstico o limite de IMC de 25 kg/m^2 , como su- gerido em pelo menos um estudo, obtendo-se uma sensibilidade de 90% com 5% de falsos positivos nos rapazes^16. Sendo um importante factor de risco para várias patologias, hoje em dia cada vez mais prevalentes, como a diabetes, a doença cardiovascular, doenças do foro ortopédico e, também, do foro psíquico12,17, o empenho das equipas de Clínica Geral no enfrentar deste problema e no seu conhecimen- to é importantíssimo. Sendo uma forma fácil e expedita de poder realizar o diagnóstico, porque abarca todas as idades até à maioridade, e porque a sociedade está em permanente mu- dança, será importante que este tra- balho seja regularmente actualizado. Há, assim, diferenças nas curvas de percentil agora realizadas em popu- lação portuguesa relativamente às efectuadas noutras populações. Estas tabelas poderão ser uma forma de avaliação simples e objectiva da situa- ção de obesidade em crianças e ado- lescentes, bem como da evolução do crescimento das crianças e adoles- centes.

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REFERÊNCIAS EDITORIAIS BIBLIOGRÁFICAS