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Este documento aborda o impacto devastador do abuso sexual infantil e as estratégias para superar os traumas. Ele destaca a prevalência alarmante desse crime, com 68% dos casos contra crianças e 58% contra adolescentes sendo cometidos por familiares e conhecidos. O texto enfatiza a importância da educação sexual precoce como ferramenta de prevenção e a necessidade de uma abordagem holística para a cura das vítimas, envolvendo a família e profissionais especializados. Além disso, o documento discute o papel crucial das comunidades religiosas no combate ao abuso sexual infantil, ressaltando a importância do treinamento de líderes e da criação de uma cultura de proteção às crianças. Com informações detalhadas e perspectivas abrangentes, este documento é uma leitura essencial para pais, educadores e profissionais que buscam compreender e prevenir o abuso sexual infantil.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
INFÂNCIA AMEAÇADA
Como proteger nossos filhos da violência sexual
PROT E J A
SEU L A R
F
echar portas e janelas, ativar alarmes e instalar grades e câme- ras de monitoramento são medidas importantes para preservar a segurança de uma casa. Mas o que deve ser feito para pro- teger física e emocionalmente as pessoas que vivem em nosso lar, especialmente as crianças e adolescentes? Sem dúvida, a família é o nosso maior patrimônio e precisa ser protegida das amea- ças que, às vezes, estão mais perto do que se imagina. Depois de assistir a uma palestra sobre abuso sexual, Joana (nome fictício), de 57 anos, pediu para conversar com a palestrante. Entre soluços, ela contou que, dos 9 aos 14 anos, havia sido vítima desse crime. Um cunhado, esposo de sua irmã mais velha, tinha livre acesso ao quarto dela todas as vezes que visitava a família nos fins de semana. Durante a noite, ele a beijava e acariciava suas partes íntimas. Desde a primeira vez, Joana pediu ajuda, mas a família ignorou sua fala, alegando que era fantasia da sua cabeça, pois o cunhado jamais procederia daquela forma. Além da culpa, ela carregou as cruéis consequências dessa agressão durante anos. Tinha confusão de pensamentos, baixo rendimento no trabalho, crises de pânico, sérios problemas no relacionamento sexual com seu esposo, além da sensação de abandono por sua própria família, que não a protegeu. Com ajuda profissional, Joana está vivenciando um processo de restauração e cura. Sim, mesmo quando o pior acontece, é possível superar os profundos traumas do abuso sexual. Deus pode transfor- mar histórias tristes em testemunhos de superação. Segundo o “Relatório do Status Global sobre Prevenção da Vio- lência contra Crianças 2020”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), uma em cada oito crianças sofre algum tipo de violência (física, psicológica ou sexual). Essa estatística é assustadora porque é nessa fase que crianças e adolescentes têm maior potencial para um desenvolvimento saudável. Os números
revelam também que o perigo, muitas ve- zes, mora dentro da própria casa. Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde brasileiro, intitulado “Notificações de Violência Sexual Contra Crianças e Ado- lescentes no Brasil: 2015 a 2021”, revelam que 68% dos casos de abuso contra crianças e 58% das ocorrências contra adolescentes são praticados por familiares e conhecidos. Porém, esses números alarmantes não repre- sentam a realidade completa, pois muitos casos ficam sem denúncia.
Diante dos fatos e traumas que envolvem o abuso sexual infantil, não podemos ficar indiferentes. A Bíblia nos aconselha: “Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” (Romanos 12:21). Finalmente, é preciso entender que a vio- lência sexual é crime e que o abusador deve ser denunciado às autoridades competentes. Você verá nesta edição que cabe a nós prote- ger nossas crianças, garantindo a elas o amor, a segurança e o auxílio de que precisam. Em- bora não seja possível mudar o passado, va- mos quebrar o silêncio e ajudar a construir um futuro diferente e melhor para elas.
A maioria dos casos de abuso sexual infantil
ocorre no núcleo familiar. Prevenir essa
realidade está em nossas mãos
CABE A NÓS PROTEGER NOSSAS
CRIANÇAS, GARANTINDO A ELAS O
AMOR, A SEGURANÇA E O AUXÍLIO
DE QUE PRECISAM
Fotos: Adobe Stock e Gustavo Leighton/DSA
F E RIDA S
A BE RTA S
Crianças
violentadas na
infância podem
crescer com
dificuldades de
relacionamento
e precisam
de ajuda
profissional
A
ssim como as rasuras em um caderno deixam marcas, o abuso sexual infantil também mancha a história de crianças que foram vítimas desse crime durante seus primeiros anos de vida. Em muitos casos, a compreen- são do que aconteceu em um quarto escuro ou até mesmo em um ambiente por onde transitam mais pessoas só faz sentido anos depois, trazendo prejuízos que podem afetar, inclusive, os relacionamentos nas mais diferentes esferas. Embora possam ser suavizadas a partir da ajuda de familiares e profissio- nais, as marcas da dor continuarão lá, conforme o médico Pablo Canalis ex- plica nesta entrevista. Pós-graduado em Psiquiatria e em Medicina da Família e Comunidade, ele tem 15 anos de experiência em atendimentos que envolvem, também, pessoas que tiveram sua infância desonrada pelo abuso de quem de- veria protegê-las. A seguir, ele aborda como construir uma relação saudável, respeitosa e madura apesar do passado.
Quando alguém que foi vítima de violência sexual na infância compreende o que aconteceu? Depende muito da idade, mas geralmente entre 6 e 9 anos. Quando não há informações prévias sobre isso, ela não compreende o que está acontecendo.
Foto: Adobe Stock
de fatores de confiança que a ajudem a se unir ao seu cônjuge.
O que alguém que hoje sofre com essa dor deve fazer para encontrar alívio? Existe saída? Temos muitos preconceitos com a saúde mental, por diferentes razões, mas atualmente há muito amparo acadêmico para entender quão impor- tante é uma boa terapia. Também é importante aliar o tratamento ao vínculo familiar adequado, com uma vida espiritual saudável, alimentação adequada, atividade física e realização no tra- balho. Tudo isso faz parte do dia a dia, e esse todo precisa ser tratado para ter bons resultados ao se enfrentar qualquer doença ou situação que envolva a saúde mental. O cérebro é parte fun- damental do nosso corpo e precisamos cuidar muito bem dele. Na Bíblia, inclusive, encontra- mos referências ao cuidado essencial dos nossos sentidos. Por isso, precisamos dar atenção espe- cial ao nosso cérebro.
Pode apenas sentir que aquilo está errado, mas não sabe o motivo. Especialmente porque o abuso sexual é cometido com mais frequência por pessoas que são próximas da família. Há casos também em que isso é feito por outras crianças, como se fosse uma “brincadeira”.
De que maneira isso impacta a mente dessa criança? Ela tende a culpar a si mesma ou ao seu agressor? A pessoa tende a se culpar porque o agressor coloca a culpa na criança. Normalmente essa culpa se sustenta até a idade adulta. A criança que sofre abuso geralmente fica retraída e pode até mesmo ter problemas para ir ao banheiro. Esse é um tipo de atendimento feito com muita frequência pelos pediatras. Geralmente, as mães levam os filhos ao médido porque eles voltaram a fazer xixi na cama ou a defecar nas calças. Isso impacta bastante a mente da criança, criando confusão e levando a um peso de culpa muito forte.
E quanto aos efeitos na fase adulta? O abuso pode impactar a vítima de diversas formas, resultando em doenças como depressão, transtornos de personalidade e bipolaridade. Prin- cipalmente nos quadros depressivos, isso pode ser acompanhado de ideação suicida. Também afeta o desenvolvimento psicológico da sexualidade, o que pode prejudicar o relacionamento amoroso. Quando um evento traumático assim ocorre, a vítima tende a se isolar em vez de buscar um re- lacionamento afetivo estável. De forma geral, os problemas nessa fase são muito presentes, mas também existe uma porcentagem pequena de pa- cientes que sofreram abuso e não se veem altera- dos do mesmo jeito que outras pessoas. Além da capacidade de resiliência, o nível com que foram afetados é menor.
E quanto à construção de uma nova família? Quando as vítimas não contam com auxílio, sobretudo profissional, quais podem ser os resultados? Algumas pessoas não têm problemas para cons- tituir uma família, mas muitas se veem em uma situação de desconfiança e criam problemas no relacionamento sexual. Elas precisam muito mais
Foto: Adobe Stock
Fonte: Leila Cavalcante, psicóloga, criadora do Projeto PAS (Prevenção do Abuso Sexual na Infância) e especialista em educação sexual e emocional
PE RIGO DE NT RO
DE C A SA
Como proteger crianças de familiares abusadores
Imagens: Adobe Stock
necessidade de buscar ajuda profissional para lidar com os efeitos da violência. Esse apoio é fundamental, pois vai do diag- nóstico ao tratamento, proven- do os cuidados necessários no âmbito multidisciplinar. Além disso, o profissional pode atuar como testemunha e prestar de- poimento em casos que forem judicializados.
P E R I GO N O A M B I E N T E V I R T UA L O abuso sexual também se propa- ga no mundo virtual. Em 2022, a Internet Watch Foundation (IWF), organização que atua na luta contra o abuso sexual in- fantil on-line, recebeu 375. relatórios e confirmou 255. endereços de páginas na inter- net com imagens de abuso sexual infantil. A cada 2 minutos, eles removem uma foto de criança so- frendo abuso sexual e recebem mais de 7 mil denúncias por se- mana. Um relatório de 2020 do Unicef mostra que meninas são as vítimas mais recorrentes dos crimes virtuais, atingindo 12,9% das norte-americanas entre 14 e 17 anos, e 15% das espanholas de 12 a 15 anos (“Action to End Child Sexual Abuse and Exploi- tation”, p. 5). Por isso, os pais e cuidadores devem orientar e filtrar o acesso
É importante notar que a criança adotará comportamentos que não são comuns para ela. Reações repentinas, silêncio predomi- nante, proximidades excessivas, comporta- mentos sexuais, falta de apetite, afastamento dos amigos e notas baixas na escola também podem ser sintomas de abuso. A delegada Danielle Lima sugere algumas medidas que podem ajudar na prevenção do abuso sexual infantil. A primeira delas é a educação sexual desde cedo, ensinando a criança a identificar partes íntimas, limites e toques abusivos, além de incentivá-la a falar sempre a verdade (veja o artigo da p. 14).
P E R F I L D OS A B US A D O R E S Abusadores geralmente têm relações próxi- mas com a família, são sociáveis e se dão bem com a criança. Eles se mostram como cuidadores, buscam ganhar sua confiança e dedicam mais atenção a ela do que aos outros. Muitas vezes, essas pessoas passam tempo compartilhando atividades com crianças. Podem ser treinadores, babás, professores, etc. Afirmam amar as crianças e usam tru- ques, atividades e brincadeiras para ganhar sua confiança. Podem pedir que a criança guarde segredos e usam ameaças para ame- drontá-la. As brincadeiras frequentemente envolvem carinho, beijos e toques inade- quados. Além disso, essas pessoas podem expor a criança a material pornográfico e tentar extorqui-la e suborná-la, misturando essas ações com afeto e amor para confun- dir e isolar. De acordo com o estudo intitulado “Per- fil Psicológico de Delincuentes Sexuales”, publicado na Revista de Psiquiatría da
à internet, promovendo o uso se- guro e educativo. O monitora- mento e diálogo contínuos são essenciais para reduzir os ris- cos de abuso e exploração sexual on-line. A falta de controle pode facilitar o contato de agressores com as crianças, resultando em exploração e compartilhamen- to de material abusivo. Afinal, mídias sociais, aplicativos de bate-papo, fóruns e games têm sido usados pelos agressores.
FA LTA I N F O R M AÇ ÃO Aline e Camila demoraram anos para falar sobre o abuso que sofreram devido à falta de orientação e segurança em seus ambientes. Aline ressalta a im- portância de projetos que tra- tem abertamente do assunto em igrejas, escolas e lares. Ela tam- bém encoraja os pais a ouvir seus filhos, saber onde estão e com quem estão brincando. Informar-se a respeito do assun- to é uma forma de proteger as crianças e estar preparado para ajudar outras pessoas. Segundo a psiquiatra Maria Gabriela Dias Aragão, existem sinais e sintomas comuns em crianças que foram vítimas de abuso sexual. Mudanças com- portamentais como retração social, exibicionismo e agressi- vidade podem ser indicativos.
Respeitar limites e ter um ambiente
acolhedor pode salvar crianças do
abuso sexual
Foto: Adobe Stock
Faculdade de Medicina de Barcelona, o abusador de crianças geralmente não usa vio- lência (acesse: link.cpb.com.br/8ed90c). Ele consegue convencê-las a manter o relaciona- mento por meio da manipulação da inocência e vulnerabilidade infantil. Esse comporta- mento é conhecido como pedofilia e, de modo geral, requer tratamento psiquiátrico, pois é difícil ser mudado sem ajuda profissional.
A J U DA Para prevenir o abuso sexual infantil são ne- cessárias ações que promovam um ambiente
CANAIS DE DENÚNCIA
Os canais que recebem denúncias de abuso sexual variam em cada país. No entanto, existem algumas informações gerais que podem ser úteis independentemente do local em que você vive. Confira:
Linhas telefônicas de emergência****. Muitos países têm linhas desse tipo, como o 137 na Argentina e o 100 no Peru e Brasil, que podem ser utilizadas para denunciar abuso sexual. Linhas telefônicas especializadas****. Alguns países possuem linhas telefônicas dedicadas exclusivamente a denúncias de abuso sexual, operando 24 horas por dia. Sites e formulários on-line****. Essas iniciativas podem ser governamentais, operadas por ONGs ou por organizações especializadas em proteção infantil. É importante pesquisar o site de proteção à criança do seu país para obter informações específicas. Organizações de proteção à criança****. Existem organizações nacionais e internacionais dedicadas à proteção infantil que possuem canais de denúncia. Por exemplo: o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a ECPAT (End Child Prostitution, Child Pornography and Trafficking of Children for Sexual Purposes) e a Child Helpline International. Autoridades policiais e serviços sociais****. Em muitos casos, as denúncias de abuso sexual podem ser feitas diretamente às autoridades policiais ou aos serviços sociais do país. É recomendado entrar em contato com a polícia local ou o departamento de serviços sociais para obter informações sobre como fazer uma denúncia.
Fotos: Adobe Stock
PROTEJA-SE NA WEB
Conheça algumas dicas de especialistas para a navegação segura na internet.
Nunca divulgue informações pessoais sensíveis, como senhas, nome completo, endereços e números de telefone, bem como fotos íntimas. Pense bem antes de publicar seus dados, pois uma vez que algo é compartilhado on-line, é difícil controlar seu uso. Tenha cuidado ao baixar arquivos, pois eles podem conter vírus e materiais impróprios ou ilegais. Use antivírus e filtros para ajudar na proteção. Sempre que encontrar algo inadequado que viole os direitos humanos, denuncie. Se há crianças ou adolescentes em casa, é fundamental estabelecer regras para o uso da internet, como não conversar com estranhos nem compartilhar informações pessoais. Crie um ambiente de confiança para que os filhos possam compartilhar experiências desagradáveis que tiveram no mundo virtual. Informe as crianças sobre como bloquear, reportar e denunciar conteúdos que as incomodem nas redes sociais que utilizam.
Fontes: cartilhas Saferdicas (link.cpb.com.br/d7b9e8) e Navegar com Segurança (link.cpb.com.br/16b182); “Prevenção ao abuso sexual infantil: como proteger os seus filhos?”, da ChildFund Brasil (link.cpb.com.br/4f259d)
seguro para o desenvolvimento das crianças. Fortalecer a rede de apoio, conscientizar sobre os sinais e as consequências do abuso infantil, oferecer suporte e tratamento a familiares com transtornos mentais e detec- tar precocemente situações de risco são algumas estratégias eficazes. Denúncias podem ser feitas de forma anônima por meio de diversos canais, incluindo sites,
aplicativos e até o WhatsApp. É importante que os adultos se informem sobre esses casos e estejam dispostos a denunciar. As informações fornecidas aju- dam a identificar os responsá- veis e garantir a segurança dos menores.
*Os nomes foram alterados para preservar a identidade das vítimas.
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1. Jamais insista para que a criança ofe- reça carinho ou interaja com quem ela não se sinta bem naquele momento. É muito comum forçarem as crianças a beijar ou abraçar quem não querem. Isso atrapalha diretamente a formação do direito sobre o corpo, o limite corporal e a compreensão sobre consentimento. Quando estiver fa- zendo qualquer brincadeira com ela, como cócegas ou girar, por exemplo, e a criança pedir que pare: pare! Ensine que “não” e “pare” são pedidos importantes que preci- sam ser atendidos. 2. Não permita que ninguém faça piadas ou comentários sobre as partes íntimas do seu filho. Já acompanhei muitos casos nos quais avós, tias e outros parentes diziam coisas relacionadas às genitálias das crian- ças. Nem os pais devem fazer esse tipo de
Q
uando falamos sobre pre- venção ao abuso de crian- ças, a educação sexual é a ferramenta mais poderosa para evitar e combater a violência se- xual. Não se trata apenas de fa- lar sobre partes íntimas ou “de onde vêm os bebês”. Ela tem que ver com o processo de en- sino e aprendizagem sobre a se- xualidade humana, que engloba emoções, respeito e conhecimen- to do corpo, relacionamentos e autoestima. O processo de desenvolvi- mento da sexualidade da crian- ça depende da educação sexual que ela recebe. Por isso, esta- mos falando da formação da
identidade e da personalidade dela. Estudos apontam que a criança que é bem orientada quanto a esse aspecto tende a ter uma visão mais positiva do seu corpo, é capaz de desenvolver re- lacionamentos mais saudáveis, tem melhor rendimento esco- lar, cresce com sua identidade e autoestima mais sólidas, conse- gue perceber mais fortemente a afetividade dos pais e acredita que pode confiar mais neles. Para começar esse processo de ensino sobre autoproteção, sugi- ro que você apresente à criança quatro conceitos básicos: con- sentimento, limite corporal, in- timidade e tipos de toques.
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CON V E R SA
SÉ RI A
A importância
da educação sexual
desde cedo
sofreu repetidamente abuso sexual praticado por cin- co missionários. Descobriu-se que outras 16 crianças também eram regularmente abusadas por um círculo mais amplo de homens. Os abusadores pressionavam as crianças para manter a violação em segredo, dizendo que, se contas- sem a alguém, a missão fecharia e os indígenas iriam para o inferno.
V IOL AÇ ÃO DO
SAGR A DO
O
que deveria ser uma experiência missionária tornou-se um trauma para a suíça Christina Krüsi, hoje escritora, artista, consultora em me- diação e resolução de conflitos e defensora da preven- ção ao abuso infantil. Na época, ela acompanhava os pais em um projeto de tradução da Bíblia para línguas nativas na Bolívia. Dos 6 aos 10 anos (de 1974 até 1979), quando deixou o país sul-americano, Christina
O abuso pode ser praticado por pessoas
e em lugares que não imaginamos
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Apesar de ter sofrido por anos em silêncio, Christina finalmente denunciou o caso e es- creveu um livro de memórias: Paradise Was My Hell (O Paraíso Foi Meu Inferno). Além de ter participado de um documentário na TV suíça intitulado Missbraucht im Namen Gottes (Abusada em Nome de Deus, em tra- dução livre), ela também foi co-fundadora da Christina Krüsi Foundation, dedicada à proteção de crianças. A propagação dos horrores que ocorreram em solo boliviano levou as organizações cristãs responsáveis pela missão no país a pedir desculpas e ado- tar medidas de proteção em igrejas, institui- ções e escolas. Uma dessas medidas foi a criação, em 2006, da Safety Child and Protection Net- work (Rede de Segurança e Proteção In- fantil), formada por agências missionárias, ONGs religiosas e escolas cristãs que bus- cam colaborar mundialmente para conectar, educar e proteger as crianças por meio de diversos programas.
A N T Í T E S E D O E VA N G E L H O “Como cristãos, acreditamos em um evange- lho que é sobre um Deus Se sacrificando para preservar e proteger os indivíduos. Quando se trata de abuso sexual infantil, muitas igre- jas e organizações cristãs preferem sacrificar indivíduos para se protegerem. Terminamos vivendo a própria antítese do evangelho que
pregamos. As consequências são devastadoras”, lamentou o ex- promotor de Justiça Boz Tchi- vidjian, professor de Direito na Universidade da Liberdade, nos Estados Unidos. Atuante no combate ao abuso em ambien- tes religiosos, o neto do famo- so evangelista Billy Graham é fundador e diretor executivo da Grace (sigla em inglês para Res- posta Divina ao Abuso no Am- biente Cristão), organização sem fins lucrativos criada para ajudar igrejas protestantes a lidar de forma justa com os incidentes de abusosexual. De acordo com um relatório sobre prevenção da violência contra crianças, divulgado em 2020 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 300 milhões de vítimas entre 2 e 4 anos sofrem regu- larmente violências por parte de seus cuidadores ao redor do mundo. Estima-se que 120 mi- lhões de meninas tenham sofri- do algum tipo de abuso sexual antes dos 20 anos de idade. Chamam atenção os dados que apontam para a recorrência
de casos em contextos religio- sos. Um levantamento feito em 2019 pela Agência Pública mos- trou que o Disque 100, canal do governo brasileiro, recebeu, nos três anos anteriores, 462 denún- cias de violações praticadas por líderes religiosos. Em 167 desses casos, as notificações envolviam acusações de violência sexual. Esse foi o tipo de denúncia mais comum que o Ministério da Mu- lher, da Família e dos Direitos Humanos recebeu em 2016. Ambientes religiosos como igrejas e templos são os luga- res em que mais teriam ocor- rido as violações – quase uma a cada quatro denúncias indica esse tipo de local. O número é próximo ao das denúncias que apontam para a casa da vítima. Na América Latina, a Child Rights International Network (Rede Internacional de Direitos da Criança), organização com foco nos direitos das crianças, pesquisou casos de abuso prati- cados por líderes religiosos nos países desse território. A enti- dade concluiu que a região es- tava à beira de uma “terceira
AS IGREJAS PRECISAM SER RADICAIS E INTRANSIGENTES
NO COMBATE A ESSE MAL, CAPAZ DE MACULAR
A IMAGEM DE DEUS NA MENTE DE PESSOAS
INDEFESAS E VULNERÁVEIS
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A P OIO
FA MIL I A R
Como agir ao descobrir que os filhos
foram abusados sexualmente