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A narrativa do projeto 'a hora do lazer', desenvolvido por flávia rezende silvello durante sua residência integrada na faculdade federal do rio grande do sul. O projeto teve por objetivo incentivar os usuários-trabalhadores da geração/poa a terem momentos de lazer e praticarem atividades físicas. O autor argumenta que o lazer tem efeitos benéficos na vida de qualquer pessoa, especialmente para aqueles com transtornos psíquicos. O texto também discute a importância de criar uma cultura que valorize o lazer para a continuidade saudável de uma rotina de trabalho.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Núcleo de Educação, Avaliação e Produção Pedagógica em Saúde -EDUCASAÚDE-
Flávia Rezende Silvello
narrativas sobre o projeto “A Hora do Lazer”
Porto Alegre
Flávia Rezende Silvello
narrativas sobre o projeto “A Hora do Lazer”
Trabalho de Conclusão da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva, do Programa de Especialização em Saúde Mental Coletiva da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Orientador: José Geraldo Soares Damico Co-Orientadora: Lívia Zanchet
Porto Alegre
O lazer é essencial na vida de qualquer indivíduo, pois sem ele seriamos máquinas de estresse, e não há como haver um mundo sem diversão. João e Jhennyfer
O presente trabalho de conclusão da residência tem o intuito de discutir sobre o lazer na vida dos usuários-trabalhadores^1 da Oficina de Geração de Trabalho e Renda de Porto Alegre
(^1) Usuários-trabalhadores é o modo como os usuários são denominados no GerAção/POA, enquanto usuários de uma política de saúde que visa a reinserção social através do trabalho.
Equipes de Redução de Danos (ERD) e 6 Consultórios na Rua (CR). A Estratégia Saúde da Família (ESF) está com ocupação em 69% do Estado. A seguir será apresentado a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e como se institui.
2.1.2 Rede de Atenção Psicossocial-RAPS
É de 2011 a última Portaria/MS publicada com o que está proposto para constituição assistencial à saúde mental. A Portaria Nº 3.088, de 23 de Dezembro de 2011, nomeia a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) De acordo com a PORTARIA Nº 3.088 a RAPS tem como finalidade a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). As Diretrizes da RAPS segundo a Portaria Nº 3.088 são: I- respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; II- promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde. III- combate a estigmas e preconceitos; IV-garantia de acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; V- atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; VI- diversificação das estratégias de cuidado; VII- desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; VIII- desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; XIX- ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; X- Organização dos serviços em RAS regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; XI- promoção de estratégias de educação permanente; e XII- desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular. A RAPS é constituída pelos seguintes componentes:
I- Atenção Básica em saúde, formadas pelos seguintes pontos de atenção: a) Unidade Básica de Saúde; b) Equipe de atenção básica para populações especificas: 1- Equipe de consultório de rua; 2- Equipe de apoio aos serviços do componente atenção residencial de caráter transitório. c) Centros de convivência; II atenção psicossocial especializada, formada pelos seguintes pontos de atenção: a) Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades. III- atenção de urgência e emergência, formada pelos seguintes pontos de atenção: α) SAMU 192, β) Sala de Estabilização χ) UPA 24 horas, δ) Portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, ε) Unidades Básicas de Saúde, entre outros. IV- atenção residencial de caráter transitório, formada pelos seguintes pontos de atenção: a) Unidade de Recolhimento; b) Serviços de Atenção em Regime Residencial. V- atenção hospitalar, formada pelos seguintes pontos de atenção: a) enfermaria especializada em Hospital Geral; b) serviço Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. VI- estratégias de desinstitucionalização, formada pelo seguinte ponto de atenção: a) Serviços Residenciais Terapêuticos VII- reabilitação psicossocial A reabilitação, conforme Sacareno (2001) “é um processo que implica a abertura de espaços de negociação para o paciente, para sua família, para a comunidade circundante e para os serviços que se ocupam do paciente." Durante o ano de 2014 estive ligada, através da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva, a este último componente da RAPS, o da Reabilitação
venda. A renda das vendas é revertida para os usuários-trabalhadores e também serve para compra de materiais que suprem as oficina, quando necessário. O GerAção/POA estimula o desenvolvimento de potencialidades e capacitação, promove debates e discussões sobre a organização do trabalho e vem demonstrando que é possível avançar na direção da integralidade e da inclusão, investindo na autonomia dos sujeitos. Dentro dos objetivos saúde, inclusão e autonomia surgiu a ideia de elaborar o projeto “A Hora do Lazer” e então com ele se tentar promover mais saúde aos usuários-trabalhadores, reinserindo-os na sociedade de uma outra forma, ocupando os espaços da cidade e assim produzindo maior autonomia.
“O divertimento é a felicidade daqueles que não sabem pensar.” Alexandre Pope
O lazer serve para viver, com ele podemos vencer, os obstáculos do mundo. Podemos dizer que o lazer é: descansar, realizar, criar, vivenciar, as coisas boas que o mundo nos oferece. Sem o lazer, podemos crer, que no mundo, não daria para viver. João e Jhennyfer
Conforme já trazido na introdução deste trabalho, durante o segundo ano da residência um dos campos que escolhi para minha prática foi o GerAção/POA. Lá, em parceria com outro residente, propusemos “A Hora do Lazer”, espaço que consistia no incentivo aos usuários-trabalhadores do GerAção/POA a desfrutarem de momentos de lazer. Pensávamos que o usuário-trabalhador que exerce sua autonomia e o protagonismo pela via do trabalho, às vezes encontra dificuldades de investir em outras áreas de sua vida. Pode - e deve - aprender também a exercer essa mesma autonomia e protagonismo nas atividades de lazer. O projeto “A Hora do Lazer” iniciou no dia 8 de Maio de 2014, quando reunimos os usuários-trabalhadores interessados do GerAção/POA e iniciamos uma conversa falando sobre a proposta: a ideia seria de acompanhá-los para conhecer e usufruir lugares dentro da cidade, fazer coisas diferentes do habitual e vivenciar de diversas formas a atividade física, que também está relacionada ao lazer. Após a conversa, pedi para que se manifestassem trazendo seus desejos, e assim foi criada uma lista de lugares que gostariam de conhecer e
22/01 Passeio Jardim Botânico
A cada encontro tirava fotos com a autorização de todos e fazia uma narrativa, onde pude colocar minhas principais observações e sensações, estas trarei nos próximos tópicos.
3.2 LAZER E SAÚDE
MOMENTOS DE LAZER O que a gente quer é se entreter e para passar bons momentos, sem nada obrigatório para fazer, esquecendo os nossos tormentos.
A ver um bom filme no cinema, A assistir uma boa peça de teatro, Para nos distrair não há problema, Nem que seja jogar cartas a quatro.
É tão bom estar bem distraído, A ver um bom jogo de futebol, Num restaurante a comer cozido, Ou numa praia deitado ao sol.
O importante é poder relaxar, E esquecer os males da vida. Ter momentos livres sem pensar, Para sermos gente divertida. JOSÉ COUTO
Quando penso em lazer logo me vem a ideia de fazer aquilo que eu tenho vontade, fazer algo diferente do habitual, algo de que eu goste e que me proporcione prazer. Definindo o lazer:
[...] um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntarias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizado num tempo livre roubado ou conquistado historicamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstico e que interferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. (SURDI E TONELLO apud DUMAZEDIER, 1979, p. 39) Quando penso em saúde penso em um ser ativo fisicamente e bem mentalmente. Conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde) 2006 “saúde é um estado completo de bem estar físico, social e mental e não apenas ausência de doença”. Surdi e Tonello (2007) relacionam lazer e saúde através de uma aproximação de valores: bem estar físico e mental, interação com pessoas ao seu redor e vontade em fazer alguma atividade. Quando nos referimos ao lazer voltado para a vida de usuários da rede de saúde mental, a realização de atividades de lazer não se dá de forma simples, uma vez que os mesmos, na sua maioria, apresentam dificuldades com o convívio social e isso pode acabar funcionando como inibidor para a prática do lazer. Pondé e Caroso (2003), citando os manuais de psiquiatria, sugerem que os transtornos mentais prejudicam os usuários com o contato interpessoal e o envolvimento em atividades sociais. Para além das dificuldades de relacionamento que os usuários de saúde mental apresentam Surgi e Tonello (2007) trazem que a realidade social também impede que a grande maioria das pessoas pratiquem o lazer. Tais limitações são consideradas prejudiciais aos usuários, assim com a ausência de lazer a qualidade de vida se torna empobrecedora como citam Pondé e Caroso (2003). Através do que os próprios usuários-trabalhadores relatam sobre suas vidas, penso na rotina monótona que deve ser, que acaba sendo voltada a controlar os horários para tomar as medicações, ir à consultas médicas e o trabalho no GerAção/POA durante a semana. Para a maioria são estes os motivos que fazem com que saiam de casa. E o que fazem em seu tempo livre? E porque não praticam o lazer? O discurso da grande maioria dos usuários é o mesmo: não tem companhia para fazer algo em seus tempos livres, principalmente, nos finais de semana e não sabem o que fazer e nem para onde ir. Pondé e Caroso (2003) através de um estudo afirmam que o lazer realizado com membros da família e outros grupos sociais levavam a um melhor estado de humor.
Em seguida propus que trocássemos de lugar e ela pedalou, dirigiu, sorriu, comemorou e terminou a volta dizendo que o medo tinha passado e que tinha sido a melhor sensação do mundo. Após tantas emoções paramos para fazer nosso piquenique, falar de como tinha sido aquela tarde e a experiência de andar em uma bicicleta diferente. Não preciso dizer que saí desse encontro emocionada, percebendo que pequenas coisas para mim fazem total diferença na vida deles, que não é comum saírem para passear, se divertir em um domingo. Voltei animada e com desejo de fazer eles sentirem mais, quererem mais. Esse sentir mais e querer mais relacionei ao prazer^3.^ Maria sentiu-se alegre em voltar a andar de bicicleta. Pondé e Caroso (2003) trazem que o prazer tem sido extremamente importante para o bem estar, que não só o lazer, mas tudo que esteja relacionado ao prazer tem efeitos benéficos sobre a saúde mental. Fotos: Apêndice
CENA 2- Piquenique Gasômetro II- 21 de Agosto de 2014. Após o primeiro piquenique na Usina do Gasômetro os usuários-trabalhadores participantes chegaram no dia seguinte no GerAção/POA super animados contanto e descrevendo com detalhes como havia sido nossa tarde de domingo. Assim, deixando o restante dos usuários-trabalhadores com vontade de participar também, e mais um piquenique foi armado por eles. Diferente do nosso primeiro encontro o dia estava lindo, céu azul e a temperatura muito agradável. Aluguei a bicicleta do Itaú, cada um pedalou um pouco e fomos andando encontrar um lugarzinho para nosso piquenique. E lá adiante vi Maria, chegando às pressas e se desculpando pelo atrasado. Quando olhou para o lado e reparou na bicicleta estacionada, imediatamente pediu para andar. O banco estava um pouco alto. Disse-lhe que poderia baixá-lo mas Maria não quis, pegou a bicicleta e se posicionou. Fiquei olhando e Maria pedalou “em pé” e aquele sorriso apareceu novamente, seguido de gargalhadas altas, e por fim disse: “não sei porque eu fiquei tanto tempo sem andar de bicicleta, é tão bom. Obrigada Flávia!”
(^3) Prazer: 1.Causar satisfação; agradar, aprazer. 2. Sentimento de Alegria, de satisfação. 3. Aquilo que provoca prazer (FERREIRA, p. 436)
“Todo ser vivo desde o início da humanidade já desfruta do lazer sem menos saber o que é o lazer realmente. O lazer é vida, é diversão, é fazer o que gosta, lazer é a exultação do possível, pois dificilmente desfrutamos com satisfação de um lazer que não fizemos por merecer.” João e Jhennyfer Fotos: Apêndice
CENA 3- Yoga no Parque Ramiro Souto- 25 de Setembro de 2014 Clara, uma usuária super ansiosa, extremamente agitada, chegou no GerAção/POA com duas horas de antecedência do horário marcado, andou de um lado para o outro, falou a todo instante até a hora de chegarmos no Parque Ramiro Souto. Pelo caminho ela repetiu por algumas vezes dizendo que não sabia se iria conseguir ficar até o fim da aula de Yoga. Durante essas falas eu dizia a ela que não era obrigada a fazer nada, mas fui insistindo para que ao menos tentasse, e se sentisse vontade de parar não teria problema. E lá estava ela. Tirou os calçados, pegou seu material e posicionou-se ao lado da professora. Isso mesmo, não foi na frente onde todos os outros alunos estavam, foi ao lado. Ah! Eu tive uma visão privilegiada, pois pude, o tempo todo, além de seguir a aula, ficar observando-a lá na frente. A aula foi acontecendo e Clara acompanhando perfeitamente cada movimento, cada respiração, e o mais impressionante foi ela não ter falado absolutamente nada durante toda a aula. Na última parte da aula, eu juro que pensei: “agora ela não vai conseguir”. Na hora de fazer o relaxamento, tivemos que ficar deitados, com olhos fechados, somente ouvindo uma música e a voz da professora durante 5 minutos e Clara me surpreendeu mais uma vez. Foi completamente incrível ao término da aula, depois de recolher seu material, Clara se aproximou da professora e disse: “Muito obrigada! Muito boa a aula, achei que não conseguiria fazer, é que sou muito agitada”. Ela surpreendeu-se assim como eu.
“A Ioga é uma forma de lazer muito usada para o descanso mental e o relaxamento para o corpo.” João e Jhennyfer
João e Jhennyfer Fotos: Apêndice CENA 5- Visita ao Estádio Beira Rio- 09 de Outubro de 2014
Este encontro foi o que reuniu o maior número de usuários-trabalhadores, entre eles estavam aqueles que sempre participaram do projeto “A Hora do Lazer” e outros que nunca tinham frequentado. A conversa sobre a visita ao estádio Beira Rio iniciou em uma das oficinas de trabalho, onde vários usuários-trabalhadores manifestaram esse desejo, uns para visitar e outros para finalmente conhecer. Entramos em contato via e-mail com os responsáveis pelo turismo no estádio e conseguimos 20 isenções. O assunto nos intervalos das oficinas era somente sobre essa visita. O dia chegou, uns aguardaram no GerAção/POA para ir conosco, outros nos esperaram em frente ao estádio. Todos reunidos esperando o momento em que o guia nos chamasse, estavam alegres, empolgados, ansiosos com essa visita. Ao iniciar os olhos ficaram brilhantes, sorrisos estampados nos rostos e a energia contagiante tomando conta. Cada um expressando de um jeito diferente o que sentia por estar ali. Ao final, abraços de agradecimento que invertíamos a eles. Afinal foram eles que quiseram e se mobilizaram para isso. O lazer cada vez mais presente na vida dos usuários trabalhadores da GeraPoa.
“O lazer, eis a maior alegria e a mais bela conquista do homem.” Rémy Gourmont
Fotos: Apêndice
CENA 6- Vivencia de Boxe- 27 de Novembro de 2014 No nosso encontro para programar o mês de dezembro alguns dos usuários- trabalhadores que participam do projeto “A Hora do Lazer” trouxeram o desejo de vivenciar algum tipo de luta e conversamos um pouco sobre isso, que tipo de luta seria, qual o objetivo de quererem ter essa vivência, entre outras questões que iam surgindo. Escolheram o boxe, por ser a mais conhecida por todos, por utilizar luvas e somente golpes com os braços. Pois
bem, como pratico boxe convidei minha professora que aceitou prontamente em ir até o GerAção/POA para essa experiência. O que eles não imaginavam era que o boxe é muito mais complexo, assim como qualquer luta. Tem que ter um bom preparo físico, resistência e força. Então chega a hora de preparar o corpo: começamos com alongamentos seguidos de “quando a gente vai lutar?”, aquecimentos seguidos de respiração ofegante e risadas, abdominais seguidos de cara de cansados e mais risadas. Hora de aprender os tipos de socos, era tanta gargalhada junta que chamamos a atenção de um usuário-trabalhador que saiu de uma oficina de trabalho e resolveu participar conosco, o Antônio, que estava há algum tempo sem participar dos nossos encontros, meio desanimado, mas nesse dia se entregou. Dizia já ter feito lutas e começou a mostrar seu talento para os outros que ali estavam. Formaram duplas, fizeram os exercícios para aprender os tipos de socos e enfim chegou o momento tão esperado: Luvas nas mãos e todos prontos para “bater” de verdade. Foram minutos de mais pura adrenalina. Antônio fazia cara de mal e batia com força no “saco” como se estivesse no ringue de verdade. A brincadeira tomou conta e todos divertiram-se muito. Em 30 minutos, desde o início da participação de Antônio, o humor já era outro, a expressão do rosto, o brilho nos olhos e o sorriso mostravam para quem quisesse ver o quanto um momento de descontração, inclusive no local de trabalho, faz bem e só traz melhorias para a saúde. Antônio e os outros usuários-trabalhadores participantes terminaram a aula satisfeitos, alegres e perguntando à professora quando ela retornaria. Fotos: Apêndice
CENA 7- Jardim Botânico- 15 de Janeiro de 2015 Neste dia havíamos combinado de ir ao Jardim Botânico, mas, devido ao mal tempo, não foi possível fazermos esse passeio. Cheguei no GerAção/POA para pesquisar uma demanda de uma usuária, a Maria, aquela da bicicleta. Ela havia pedido para ajudá-la a ver locais onde oferecem atividades gratuitas de hidroginástica, pois sua irmã fazia e ela se interessou. Comecei a pesquisa e logo ela chegou para participar, e ela disse: “Flávia, acredito que não seja interessante irmos ao Jardim Botânico, inclusive não vim preparada, tu poderias me ajudar a ver atividades de hidroginástica e natação?” Nossa!! Ela tirou as palavras da minha boca.