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SUÍNOS INFESTADOS POR Stcphanurus dentatus', Notas de aula de Diagnóstico

ureteral de 300 peças de suínos de abate, intensamente infestados por Stephanurus dentatus, revelou infecções por Brucelia sois em 35,6%, Corynebacteriuna ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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bg1
ABSCESSOS NA GORDURA PERIRRENAL CAUSADOS POR
Brucdila suis
EM
SUÍNOS INFESTADOS POR Stcphanurus dentatus'
JEBOME LANCENECCER', CHABLOTTE IIIJBINGER LANCENECGER' e VacE?rrE ELIAS
CUEVA CUEVA'
SINOPSE.- O exame bacteriológico de abscessos encontrados na gordura perirrenal e peri-
ureteral de 300 peças de suínos de abate, intensamente infestados por
Stephanurus dentatus,
revelou infecções por
Brucelia sois
em 35,6%,
Corynebacteriuna puo genes
em 13,6%,
Pasteuretia
multocida
em 13,0%,
Escherichia coli
em 2,6% e
Corynebacterjup, eqsii
em 0,6% dos casos.
O achado de infecções por Brueetla
luis
e outros germes, localizadas na região renal,
está relacionado com as lesões provocadas pela infestação por
Steplmnurus dentatus.
O as-
sunto mostra curiosos aspectos epizootiológicos entre a estefanurose e a brucelose suma e
é
de grande interêsse para a saúde pública.
INTRODUÇÃO
A estefanurose dos suínos ainda é doença muito disse-
minada no Brasil (Freitas 1949, 1957, Cueva 1967) e
conseqüentemente grande número de fígados e de rins
e massas volumosas de gordura perirrenal são rejeitados
anualmente pela inspeção sanitária por causa da infes-
tação por
Stephanurus dentatus.
Dentre as lesões associadas à infestação parasitária
crônica, na gordura pr-irrenal, destacam-se os processos
supurativos sob forma de abscessos, ou cavernas, de for-
suas, tamanhos e aspectos bastante variados. Lstes va-
riam de alguns mm até 10 cm de diâmetro, localizam
do-se, mas a miúdo, na gordura perirrenal e periure-
teral e só raramente na parede do ureter e do bacinete.
Em alguns exemplares chama a atenção o grande nú-
mero, que pode elevar-se a mais de 30 abscessos numa
só peça. Os abscessos são, em geral, arredondados, iso-
lados e por vêzes dispostos em aglomerados. A massa
supurada dos abscessos e cavernas, na maioria dos ca-
sos,
é
cremosa e amarelada ou amarelo-esverdeada, em
outros é mais esbranquiçada e a consistência é caseosa,
até mesmo sêca e quebradiça. Em geral, não mais se
encontram parasitos vivos nos abscessos. Em alguns ca-
sos são vistos apenas exemplares mortos, fragmentos ou
ovos do parasito, mostrando que os pseudocistos parasi-
tários podem transformar-se em abscessos. As cápsulas
dos abscessos também variam de espessura, sendo estas
muito delgadas em alguns e muito mais grossas em ou-
tros. Alguns abscessos se encontram entre o tecido adipo-
so sem apresentar reação pericapsular, enquanto, em
tôrno de outros, como também em tôrno de pseudocistos
parasitários, ocorre acentuada área edematosa entremeada
com traves conjuntivas. Os abscessos não se comunicam
mais com a luz do ureter (Cueva 1967).
Becebido
lo
out.
1971,
aceito
9
nov.
1971.
Trabalho epre,entado no
III
Congresso Nacional de Microbio-
logia,
Bolo
Horizonte, Mina, Gerais, julho de
1971.
2
Veterinário do Setor de Microbiologia do Instituto de Pes-
quisa Agropecuária do Centro-Sul (IPEACS), Em
47,
Campo
Grande,
cn,
ZC-26,
e bolaiata do Conselho Nacional de Pesqui-
'as.
Prof. Aaaiatente da Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade de Loja, Equador, em estágio no Setor de Micro-
biologia do IPEACS.
A etiologia dêstes processos supurativos ainda foi pou-
co estudada conforme se depreende da revisão biblio-
gráfica.
Lutz (1886), chamou atenção para o importante pa-
pel patogênico do Stephanurus dentatus
considerando-o
como o causador das cavernas cheias de pus na gordura
perirrenal dos suínos.
Mais tarde, Shealy e Sanders (1927), referindo-se ao
exame do pos de abscessos da gordura perirrenal de suí-
no com estefanurose, observaram, bacterioscôpicamente,
a presença de microrganismos, porém, não relataram por-
menores sóbre isolamento e a identificação de germes.
Carvalho (1928), em duas tentativas de diagnóstico
bacteriológico para esclarecer a etiologia dêstes absces-
sos, conseguiu isolar bactérias em forma de cocos Cram
positivos e coco-bastonetes, muito curtos e finos, Gram
negativos. Êstes germes não foram ideatificados em de-
finitivo.
Recentemente, Cueva (1967), estudando aspectos aná-
tomo-patológicos e bacteriológicos das lesões renais e
ureterais cansadas por
Stephanurus dentatus,
isolou
Cory-
nebacteriurn
p•y°
genes
23 vêzes,
Pesteureila multocida
20 vêzes, uma "bactéria não identificada" 17 vêes,
Es-
cherichia coti
8 vêzes,
Corynebacteriuna equi
2 vêzes
e uma vez Stephytococcus aureus
e
Streptococcus-pyo-
genes,
dentre as 81 peças com abscessos.
No presente trabalho queremos apresentar o estudo
bacteriológico de abscessos de 300 peças anatômicas
compreendendo rim, ureter e gordura perirrenal de sui-
nos infestados com
Stephenurus dentatus.
MATErnAL E Mátonos
Procede'ncia do material
As peças anatômicas, incluindo rim, ureter e gordura
perirrenal de suínos, foram coletados em matadouro de
Barra do Pirai, Estado do Rio de Janeiro. Os suínos ali
abatidos procediam do Estado do Paraná, onde, geral-
mente, são criados, em currais até a época da engorda
que é feita em pocilgas coletivas durante alguns meses.
15
Pesq. agropec.
bras.,
Sér. Vet.,
7:13-18. 1972
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ABSCESSOS NA GORDURA PERIRRENAL CAUSADOS POR Brucdila suis EM

SUÍNOS INFESTADOS POR Stcphanurus dentatus'

JEBOME LANCENECCER', CHABLOTTE IIIJBINGER LANCENECGER' e VacE?rrE ELIAS

CUEVA CUEVA'

SINOPSE.- O exame bacteriológico de abscessos encontrados na gordura perirrenal e peri-

ureteral de 300 peças de suínos de abate, intensamente infestados por Stephanurus dentatus,

revelou infecções por Brucelia sois em 35,6%, Corynebacteriuna puo genes em 13,6%, Pasteuretia

multocida em 13,0%, Escherichia coli em 2,6% e Corynebacterjup, eqsii em 0,6% dos casos.

O achado de infecções por Brueetla luis e outros germes, localizadas na região renal,

está relacionado com as lesões provocadas pela infestação por Steplmnurus dentatus. O as-

sunto mostra curiosos aspectos epizootiológicos entre a estefanurose e a brucelose suma e

é de grande interêsse para a saúde pública.

INTRODUÇÃO

A estefanurose dos suínos ainda é doença muito disse-

minada no Brasil (Freitas 1949, 1957, Cueva 1967) e

conseqüentemente grande número de fígados e de rins

e massas volumosas de gordura perirrenal são rejeitados

anualmente pela inspeção sanitária por causa da infes-

tação por Stephanurus dentatus.

Dentre as lesões associadas à infestação parasitária

crônica, na gordura pr-irrenal, destacam-se os processos

supurativos sob forma de abscessos, ou cavernas, de for-

suas, tamanhos e aspectos bastante variados. Lstes va-

riam de alguns mm até 10 cm de diâmetro, localizam

do-se, mas a miúdo, na gordura perirrenal e periure-

teral e só raramente na parede do ureter e do bacinete.

Em alguns exemplares chama a atenção o grande nú-

mero, que pode elevar-se a mais de 30 abscessos numa

só peça. Os abscessos são, em geral, arredondados, iso-

lados e por vêzes dispostos em aglomerados. A massa

supurada dos abscessos e cavernas, na maioria dos ca-

sos, é cremosa e amarelada ou amarelo-esverdeada, em

outros é mais esbranquiçada e a consistência é caseosa,

até mesmo sêca e quebradiça. Em geral, não mais se

encontram parasitos vivos nos abscessos. Em alguns ca-

sos são vistos apenas exemplares mortos, fragmentos ou

ovos do parasito, mostrando que os pseudocistos parasi-

tários podem transformar-se em abscessos. As cápsulas

dos abscessos também variam de espessura, sendo estas

muito delgadas em alguns e muito mais grossas em ou-

tros. Alguns abscessos se encontram entre o tecido adipo-

so sem apresentar reação pericapsular, enquanto, em

tôrno de outros, como também em tôrno de pseudocistos

parasitários, ocorre acentuada área edematosa entremeada

com traves conjuntivas. Os abscessos não se comunicam

mais com a luz do ureter (Cueva 1967).

Becebido lo out. 1971, aceito 9 nov. 1971.

Trabalho epre,entado no III Congresso Nacional de Microbio-

logia, Bolo Horizonte, Mina, Gerais, julho de 1971.

2 Veterinário do Setor de Microbiologia do Instituto de Pes-

quisa Agropecuária do Centro-Sul (IPEACS), Em 47, Campo

Grande, cn, ZC-26, e bolaiata do Conselho Nacional de Pesqui-

'as.

Prof. Aaaiatente da Faculdade de Medicina Veterinária da

Universidade de Loja, Equador, em estágio no Setor de Micro-

biologia do IPEACS.

A etiologia dêstes processos supurativos ainda foi pou-

co estudada conforme se depreende da revisão biblio-

gráfica.

Lutz (1886), chamou atenção para o importante pa-

pel patogênico do Stephanurus dentatus considerando-o

como o causador das cavernas cheias de pus na gordura

perirrenal dos suínos.

Mais tarde, Shealy e Sanders (1927), referindo-se ao

exame do pos de abscessos da gordura perirrenal de suí-

no com estefanurose, observaram, bacterioscôpicamente,

a presença de microrganismos, porém, não relataram por-

menores sóbre isolamento e a identificação de germes.

Carvalho (1928), em duas tentativas de diagnóstico

bacteriológico para esclarecer a etiologia dêstes absces-

sos, conseguiu isolar bactérias em forma de cocos Cram

positivos e coco-bastonetes, muito curtos e finos, Gram

negativos. Êstes germes não foram ideatificados em de-

finitivo.

Recentemente, Cueva (1967), estudando aspectos aná-

tomo-patológicos e bacteriológicos das lesões renais e

ureterais cansadas por Stephanurus dentatus, isolou Cory-

nebacteriurn p•y° genes 23 vêzes, Pesteureila multocida

20 vêzes, uma "bactéria não identificada" 17 vêes, Es-

cherichia coti 8 vêzes, Corynebacteriuna equi 2 vêzes

e uma vez Stephytococcus aureus e Streptococcus-pyo-

genes, dentre as 81 peças com abscessos.

No presente trabalho queremos apresentar o estudo

bacteriológico de abscessos de 300 peças anatômicas

compreendendo rim, ureter e gordura perirrenal de sui-

nos infestados com Stephenurus dentatus.

MATErnAL E Mátonos

Procede'ncia do material

As peças anatômicas, incluindo rim, ureter e gordura

perirrenal de suínos, foram coletados em matadouro de

Barra do Pirai, Estado do Rio de Janeiro. Os suínos ali

abatidos procediam do Estado do Paraná, onde, geral-

mente, são criados, em currais até a época da engorda

que é feita em pocilgas coletivas durante alguns meses.

15 Pesq. agropec. bras., Sér. Vet., 7:13-18. 1972

15 J. LANGENECGER, O. H. LANCENECCER e V. E. CUEVA O.

A maioria dos animais tem mais de 1 ano de idade e

pesa de 100 a 150 lcg; entre os suínos de abnte há, tam-

bém, reprodutõres castrados e porcas velhas que, no

entanto, não puderam ser examinados separadamente.

A coleta do material foi feita periôdicamente entre

os anos de 1967 a 1971, sendo selecionadas no matadouro

as peças intensamente infestadas por Stephanurus den-

tatus, geralmente portadoras de processos supurativos.

O transporte das peças anatômicas para o laboratório foi

feito em caixas isotérmicas de "Isopor" e com gêlo.

Exames realizados

No laboratório, as peças anatômicas foram examinadas,

macroscôpicamente, auxiliada pela dissecção da gordura

perirrenal e exposição do rim, ureter, pseudocistos para-

sitários e abscessos. Foi dada especial atenção aos abs-

cessos, protocolando-se o número, forma e tamanho, es-

pessura da cápsula; aspecto e consistência do pus.

A obtenção asséptica do pus dos abscessos para o exa-

me bacteriológico foi precedida de flambagem da super-

fície da cápsula, perfuração desta com bisturi esteriliza-

fio e retirada do conteúdo por meio da alça de platina.

Nos abscessos grandes foi coletado o material de exame

na superfície da massa supurada. O pus assim obtido foi

rotineiramente semeado em placas de agar simples, agar

sangue, meio de Xristensen e em caldo simples e meio

de Torozzi.

Os meios semeados eram incubados em estufa bacte-

riológica a 37°C durante 4 dias, sendo controlados dià-

riamente. Quando julgado conveniente, eram colhidas,

com alça, colônias para subculturas. Uma placa de agar

sangue foi incubada em atmosfera de cêrca de 10% de

CO,, em recipiente próprio.

O pus de cada abscesso foi examinado bacterioscôpi-

camente, a fresco, entre lâmina e lamínula, bem como

por esfregaços corados pelo método de Cram e, às vêzes,

pelo método de Ciemsa.

O mesmo material foi suspenso em salina estéril, apro-

ximadamente, na proporção de 1:10 e inoculado em co-

baios de mais de 400 gramas, por via subcutânea, na

dose de 0,5 ml. Os animais que morriam foram subme-

tidos a exames anátomo-patológico e bacteriológico e os

que sobreviviam foram sacrificados após 4 a 6 semanas,

procedendo-se, também, à necrópsia e exame bacterio-

lógico.. O sôro dêstes cobaios foi submetido ao teste rá-

pido da sôro-aglutinação para diagnóstico da brucelose.

A identificação das amostras bacterianas isoladas ba-

seou-se nas propriedades culturais, morfológicas e tinto-

riais, bem como nas provas bioquímicas e testes bioló-

gicos das culturas suspeitas. A identificaçáo das amos-

tras de Bruceila suis obedeceu às provas preconizadas

em Alton e Jones (1969) pela Organização Mundial de

Saúde.

Foram enviadas 3 amostras de Bruceila suis para o

Centro l'anamericano de Zoonosis, na Argentina, para

confirmar a identificação.

RESULTADOs

O exame bacteriológico, complementado por testes bioló-

gicos, de 300 peças anatômicas compostas de rim e gor-

dura perirrenal de suínos de abate intensamente infes-

tados por Stephanurus dentatus e portadores de supu-

rações, mormente sob forma de abscessos de vários ta-

manhos e formas (Fig. 1 a 4) e com pus variando de

côr e consistência, permitiu o isolamento e identificação

dos seguintes microrganismos responsáveis pelas lesões

supuradas:

Brucefla suje (Biotipo 1) (^) em 107 peças (33,6%); Corynebacterium ptjogenes em (^) 41 peças (13,6%); Pasteurcua ,nultocida (^) em 39 peças (13,0%); Escherkhia coli (^) em 8 peças ( 2,6%); Corynebacterium equi (^) em 2 peças ( 0,6%); Ausència ou germes ineapecíficos em 103 peças (34,3%).

Em várias peças puderam ser isolados 2 agentes etio-

lógicos do mesmo abscesso ou de abscessos diferentes.

houve infecções mistas de:

Brucelta guie e Pasteurdila ,nuttockta 7 vise,;

Brucelta sois e Corynebacteriune pyoge,aes 3 vises;

Pasteurdila mu!tocida (^) e Corynebacte,iu,n pyogenes (^) 3 vise,.

Em 37 coleções supuradas nas quais ainda foi en-

contrado o Stephanurus dentatus e/ou fragmentos e ovos

do parasito, a Brucelia suis foi isolada 8 vêzes (21,6%).

DiscussXo

A brucelose suína manifesta-se também, ocasionalmen-

te, por lesões necrótico-supuradas sob forma de abscessos

nos tratos genitais, em articulações ósseas, no baço, no

fígado e em linfonodos (Feldman & Olson 1933, Hipó-

lito et ai. 1951, 1958, Anderson & Davis 1957) e muito

raramente em outros órgãos. Cumpre mencionar o tra-

balho de Creech (1935) que descreveu o achado de

múltiplos nódulos encapsulados contendo massas necró-

tico-purulentas de côr amarelada, em parte caseosas e

dispostas em camadas concêntricas, localizadas na por-

ção medular do rim e no bacinete de um suíno, dos

quais isolou a Brucelia sitia. Este achado é muito seme-

lhante ao nosso, diferindo apenas pela localização no

interior do rim.

A literatura por nós compulsada não registra a ocor-

rência de lesões brucélicas na gordura perirrenal ou pe-

riureteral e não faz referência sôbre qualquer associação

da estefanurose, ou outra parasitose, com lesões causa-

das pela Brucelia suis em outros órgãos.

As "bactérias ainda não identificadas" mencionadas

no trabalho de Cueva (1967) foram posteriormente re-

conhecidas como sendo Bruceila suja.

O resultado de nossa investigação, revelando que a

infestaçáo por Steplwnuru.s dentatus cria condições para

que a Brucelia seis, e outros germes, se localizem e de-

senvolvam processos snpurativos, vem mostrar curiosos

aspectos epizootiológicos, tais como: a estefanurose tor-

na-se causa predisponente pela freqüente localização de

abscessos causados pela Bruceila seis em órgão que nor-

malmente não é afetado por êstegerme. A estefanurose

não ocorre em regiões de clima frio, por exemplo, na

Europa e América do Norte (exceto alguns estados do

sul dos Estados Unidos) e isto justifica que a lesáo bru-

célica na gordura perirrenal ainda não seja conhecida

nestes países. Nem todos os suínos infestadospor Stc-

phanurus dentatus apresentam abscessos na gordura pe-

rirrenal, mas as nossas observações evidenciaram sem-

pre a presença do parasito quando havia processos su-

purativos.

Peeq. agropec. bras., Sér. Vet., 7:15-1 8.^1972

18 J. LANGENEGGER, C. II. LANGENEGGER e V. E. CUEVA C.

Os suínos mais velhos, mormente reprodutores, devem ser mais comumente portadores de abscessos na gordura

perirrenal, pois o longo ciclo evolutivo do Stephanurus

dentatus com período de prepotência entre^9 e 12 me-

ses (Batte et^ ai.^ 1960) condiciona o aparecimento do

parasito adulto e de lesóes, por êste causados, na re- gião renal, em animais com mais de um ano de idade. Por outro lado, sabendo-se que a brucelose do suíno se transmito freqüentemente pelo coito, há maior exposi- ção à infecção brucélica nos animais de reprodução. A patogênese dos abscessos da gordura perirrenal de

suínos infestados por Stephanurus dentatus deve funda-

mentar-se no fato de que os pseudocistos parasitários, com a morte e decomposição dos vermes, constituem-se em focos inflamatórios de reabsorção e como tais atraem leucócitos. Caso êstes leucócitos tenham fagocitado an- teriormente brucelas ou outros germes, êstes são leva- dos assim para a cavidade parasitária (^) que será transfor- mada em coleção supurada com a progressiva multipli- cação dos microrganismos patogênicos. Em (^) 21,6% das cavidades parasitárias nas quais ainda havia parasitos mortos, fragmentos ou ovos de permeio com exsudato

muco-purulento, já isolamos a Brucela sois. Ê difícil

admitir-se que a própria larva do parasito pudesse ser o vetor das brucelas ou outros germes. As 300 peças anatômicas por nós estudadas repre- sentam 2 n 3% dos animais abatidos durante o período da coleta do material no matadouro. A presente inves- tigação parece ser de grande interêsse para a saúde pública, pois a manipulação destas peças, sem cuidados especiais, contaminará outras, que também se tornarão fonte de infecção para o trabalhador do matadouro e ainda para o consumidor de rins. No (^) Brasil a brucelose suma está bastante dissemi- nada como se depreende dos vários inquéritos sorológi- cos realizados em vários estados (Pacheco & Mello 1955). No Estado do Paraná, local de origem dos suí- nos por nós estudados, Schliigel (1965), examinando 25.183 amostras (^) de sangue de suínos de abate, proce- dentes de (^17) municípios, encontrou a alta incidência de 27.14% de reaszentes.

Nossos agradecimentos especiais ao Centro Panamericano de Zoonosis, Ramos Jejia, Buenos Aires, Argentina, pela conrirma-

ção e tipagem de amostras da Preceito anis.

REFERbCIA

Alton, G.G. & 3ones, L.M. 1969. Las tecnicas de laboratorio en Ia brucelosis. Sér. Monogr. a.° 55, O.M.S., Ginebra, p. 9-42. Anderson, W.A. & Davis, C.L. 1957. Nodular aplenitia in swine aasociated with brucellosia. J. Am. vet. med. Asa. 131141-

Baile, E.G., l-Iarkema, R. & Osborne, J.C. 1960. Observations ou the life cycle and pathngenicity of the swine kidney woran. J. Am. vet. med. Ass. 138:622-625. Carvalho, A.D. 1928. Estephanuriase. Parasitosa de 90 a 100%

dos suínos do Brasil causada pelo Steplsansarna dentatua Die-

sing. Tese, Eac. sup. Agron, Rio de Janeiro.

Greech, C.T. 1395. Orgnnic lesions caused by Preceito seis. 5.

Am. vet. med. Ais. 39:211-216. Cueva, V.E.C. 1967. Estudo anatomopatológico e bacteriológico das lesões renais e ureterais causadas por Steplsonasrns dente-

tua (Diesing, 1839). Tese, Univ. Fed. Rural do Rio de la-

neiro. Feldman, W.it. & Olson, Cjr. 1933. Spondylitis nf swiue asso'

ciated with bacteria of the Preceito group. Archs Path. 16:

Freitas, M.G. 1949. Notas sóbre a incidência de helmintos em suínos de Minas Gerais. Anis Ese. sup. Vet. Minas Gerais 2:47-50. Freitas, M.C. 1957. Efeitos de alguns detergentes sôbre o de-

senvolvimento dos ovos e larvas de Stephanusus deus ratas

Diesing, 1839 (Nematoda). Tese, Univ. Rural Est. Minas Gerais, Viçosa. Ilipólito, O., Figueiredo, J.B. & Godoy, A.M. 1951. Investiga- ções sôbre a brucelose guina em Minas Gerais. Anis Eac. sup. Vet. Minas Gerais 4:57.65. Hipólito, O., Silva, J.M.L.& Barbosa, M. 1958, Sóbre dois casos de orquite brucélica em suínos. Arqs Fac. sup. Vet. Minas Gerais 11:345-349. Lutz, A. 1886. Uber in nrasilien beobachtete Darmparasiten des Schweines sand anderer Haustiere, sowie iiber das Vorkommen derselben Aden beim Menscheu. Dt.sch. Z. Tienned. vergi. Pathol. 12:61-62. (Citado por Carvalho 1928) Pacheco, C. & Mello, M.T. 1955. Bnscelose. Monogr. n.° 1, Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Distribuidora Livr. Ate- AGRADECIMENTOS

neu, P. 587. Schldgel, E. 1965. Elementos para a casuiatica da bmcelose gui- na no Paraná. Revta Esc. Med. vet. Paraná, Curitiba, 1: Queremos registrar os nossos agradecimentos à direçáo da Fábri- (^) 25-29. ca de Produtos Suínos Martsasceuo S.A., Barra do Piral, Estado do Rio de Janeiro, e à Inapeçao Sanitária, na pessoa do Sr. Vi- (^) Shealy '

A.L. & Sanders, D.A. 1927. Investigations of Stephanu-

nícius Lobato Vieira, pela prestimosa acolhida nas inúmeras vlsi- rua desstatsss (kidney wonn) ol bogs. J. Am. vet. med. Ass.

taa e facilitando ao máximo a coleta do material de estudo. 24: 361-367.

ABSTRACT.- Langenegger, J., Langenegger, CII. & Cueva, V.E.C. 1972. Abscesses caused

by Brucella sufi ia tias pari-renal fat of pigs infected by Stephanurus dentatus. Pesq

agropec. bras., Sér. Vet., 7:15-18. (Inst. Pesq. Agropec. Centro-Sul, ICm 47, Rio de Janeiro, GB, (^) ZC-26, Brazil) The bacteriological examination of abscesses, localized in the peri-renal fat of 300

hogs severely infected by Steplwnurus dentats,s, revealed infections by Brucelia sois ia

35.6%, Corynebacteriurn pyogenes ia 13.6%, Pastes,reila multocida in 13.0%, Esclterichia

coli ia 2,6% and Corynebacterium equi (^) ia 0.6% of tbe cases.

The findings of Bruceila suLg and other infections in the kidney region is related to

the lesions caused by the parasite. The study shows interesting epizootic aspects regaiding stephanuriasis and swine brucellosis. li is alio of importance for public health.

Pesq. ags'opec. bras., Sé,'. Vet., 7:15-I8. 1972