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Uma análise sistêmica da projeção de poder militar dos eua na américa do sul, analisando suas variações na última década e suas relações com outras regiões do globo, especialmente a ásia. O texto aborda a história da projeção militar dos eua na américa do sul, os mecanismos de coerção utilizados, e as consequências da guerra contra o terror e da diminuição da capacidade operacional dos eua na região. Além disso, o documento discute a reafirmação do brasil na américa do sul e as novas prioridades na política de segurança dos eua.
Tipologia: Provas
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Vicente Rodrigues da Fonseca Pchara
Florianópolis 2014
Pchara, Vicente Rodrigues da Fonseca O declínio hegemônico militar em nível regional: Os EUA frente à ascensão do brasil/ Vicente Rodrigues da Fonseca Pchara; orientador, Felipe Amin Filomeno - Florianópolis, SC, 2014. 134 p.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico. Programa de Pós- Graduação em Relações Internacionais.
Inclui referências
Este trabalho é fruto de um enorme esforço pessoal, mas que não poderia ser concluído sem aqueles que me proporcionaram um ambiente saudável e tranquilo, meus pais, Katia e Estevan. Vocês são grande cumplices nessa tarefa e responsáveis por minha trajetória e formação, foram vocês que primeiro me ensinaram a questionar e buscar a verdade acima de tudo. Aos os meus irmãos Francisco e Mathias pelo eterno companheirismo. Aos meus colegas de mestrado pelo apoio em todas as horas. Em especial ao Jefferson, Marilia e Mariana pelos debates acalorados e pela cumplicidade nas horas mais difíceis. Aos amigos de todas as horas, Gustavo, Edson, Mari, Isa, Weber, e também aos parceiros de escalada por terem ouvido mil vezes sobre minha dissertação. A todos os professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina, e a CAPES pelo financiamento dessa pesquisa. Em especial ao professor Felipe pela orientação e apoio nessa jornada, você sempre se portou como sábio na condução das minhas inquietações e questionamentos acadêmicos. Por fim, a minha amada Leticia pela dedicação, compreensão e todo amor e carinho compartilhado nesses anos.
An empire founded by war has to maintain itself by war. (Montesquieu)
The first panacea of a mismanaged nation is inflation of the currency; the second is war. Both bring a temporary prosperity; a permanent ruin. (Ernest Hemingway, 1968)
The re-militarization that has swept the world after the terrorist attacks of 9/11 took place in a period of booming of new economic powers. This trend is more acute in Asia but it is also possible to perceive a resumption of economic growth in other parts of the periphery of the international system. As the U.S. engaged in military adventures trough the Middle East its economy became weakened and strained by military overextension. At the same time, the financial crises of 2008- showed the problems of economic financialization in a context of emergence of new power centers, contributing to a conjuncture of weakened U.S. hegemony. In an effort to restore primacy, the U.S. government has maintained the logics of balance of power and started to engage more promptly with this new economic centers. Based on the threat posed by China's growth, there was a prioritization of U.S. policy towards Asia to counter-balance China’s growth. Brazil and its immediate surroundings (South America), which also managed to reach levels of economic growth, have not received the same response of counterbalancing by the hegemon. This study intends to investigate how the relative decline of U.S. hegemony globally has influenced the level of military projection in South America, seen as a regional area of Brazil’s direct influence. The period of analysis comprehends the years between 2000 and 2013. The main thesis of this work is that this security dynamics is directly related to the material capability of the hegemon for power projection. As its economic advantages decrease, so does its capacity to project military power. Thus, a rationalization of resources leads to prioritization of power projection in zones or regions in which the hegemon perceives there is the greatest threat to maintaining its own primacy. This logic of decision making might always be present but is more acute in times of domestic economic crisis and strengthening of international competitors. As this research shows, the most intense mobilization of the military instrument of domination by the declining hegemon after September 11 has led, paradoxically, to the deterioration of its military power in certain regions of the globe, especially in South America.
Key Words: Hegemony, South America, Modern World-System, Zones of Regional Influence, Brazil.
Figura 1 Padrão evolucionário do capitalismo mundial........................ 34 Gráfico 1 Relação entre inflação e gasto governamental nos EUA 1929- 2013....................................................................................................... 56 Gráfico 2 Gasto com defesa nos EUA entre os anos fiscais de 1960 e 2015....................................................................................................... 71 Gráfico 3 Dívida pública dos EUA em USD trilhão (nominal) 1968- 2013....................................................................................................... 76 Gráfico 4 Ajuda militar e policial para a América do Sul 2000-2014, todos os programas............................................................................... 99 Gráfico 5 Relação entre orçamento de defesa dos EUA e ajuda militar e policial para América Latina 2000-2012............................................. 104
1.1.1 O CSA norte-americano ............................................................... 36 1.2 AS TRANSIÇÕES HEGEMÔNICAS E A MILITARIZAÇÃO .... 40 1.2.1 A internalização dos custos de proteção e a industrialização da guerra nos CSAs .................................................................................... 40 1.2.2 Abordagens complementares sobre a relação entre economia capitalista e capacidade militar.............................................................. 47
2 O PODER MILITAR DOS ESTADOS UNIDOS APÓS 1945 ......... 50 2.1 O PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E O COMPLEXO INDUSTRIAL MILITAR DOS EUA ................................................... 50 2.2 A CRISE SINALIZADORA E O DECLINIO DO LONGO SÉCULO AMERICANO ...................................................................... 54 2.3 DÉCADA DE 1990, A CONSOLIDAÇÃO DA UNIPOLARIDADE MILITAR 63 2.4 POLÍTICA DE SEGURANÇA DOS EUA NA ERA BUSH.......... 69 2.4.1 O 11 de setembro de 2001 ............................................................ 72 2.5 POLÍTICA DE SEGURANÇA NO GOVERNO OBAMA. ........... 78
3 A PRESENÇA MILITAR DOS EUA NA AMÉRICA DO SUL E NOVOS ARRANJOS DE SEGURANÇA REGIONAL ...................... 85 3.1 BACKGROUND HISTÓRICO - DA INDEPENDÊNCIA AO FIM DA GUERRA FRIA.............................................................................. 86 3.2 POLÍTICA DE SEGURANÇA DOS EUA PARA AMÉRICA DO SUL/AMÉRICA LATINA DURANTE O GOVERNO GEORGE W. BUSH.................... ................................................................................ 93 3.2.1 As bases militares na América Latina .......................................... 96 3.2.2 O plano Colômbia ........................................................................ 99 3.3 POLÍTICA DE SEGURANÇA DOS EUA PARA AMÉRICA DO SUL DURANTE O GOVERNO OBAMA ......................................... 102 3.4 O BRASIL DO SÉCULO XXI E A AMÉRICA DO SUL............ 109
O tema desta pesquisa é o declínio hegemônico dos EUA. Para vários autores a hegemonia dos EUA sobre o sistema mundial tem declinado nas últimas décadas (ARRIGHI, 1994; WALLERSTEIN, 1974; CHOMSKY, 2003; KENNEDY, 1988; HARVEY, 2008)^1. Ao mesmo tempo, há uma percepção generalizada de que novos atores estatais têm emergido na hierarquia mundial de riqueza e poder, ameaçando a posição hegemônica dos EUA (ARRIGHI, 1994; HARVEY, 2008; IKENBERRY, 2011; BUZAN; WÆVER, 2003; WALT, 2005; KENNEDY, 1988). Tal conjuntura histórica de transição hegemônica não é inédita. Do final do século XIX a meados do século XX, ocorreu a transição da hegemonia da Grã-Bretanha para a hegemonia dos Estados Unidos da América (EUA), (ARRIGHI, 1994; WALLERSTEIN, 1974). Da mesma forma que ocorreu com a hegemonia da Grã-Bretanha no século XIX, a hegemonia estadunidense vem se desgastando em alguns setores, principalmente a produtividade e competitividade na indústria, dando sinais de sua dissolução em algum ponto no futuro. Entretanto, os EUA ainda sustentam a primazia financeira, através da centralidade do dólar como principal moeda de troca e reserva de valor internacional 2 , e, em termos militares, continuam sendo de longe a principal potência, contribuindo com cerca de 40% de todo gasto mundial em defesa 3. Todavia, essas forças militares se encontram dispersas geograficamente, dificultando sua mobilização completa e aumentando consideravelmente seus custos de manutenção 4. Além disso, as mais recentes demonstrações de força
(^1) O conceito de hegemonia varia sensivelmente entre autores. Não existe uma
proposta consensual sobre essa definição. Isso não impede que muitos autores tenham utilizado diferentes abordagens de hegemonia para caracterizar a dominância ou proeminência de um Estado em relação aos demais. (^2) Harvey (2008, p.204) questiona a primazia financeira dos EUA uma vez que
quase um terço das ações de Wall Street e quase metade dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos já estão nas mãos de estrangeiros, além disso, ele alega que os dividendos e juros que são remetidos a proprietários estrangeiros aproximam- se hoje, quiçá superam, o tributo de corporações e operações financeiras norte- americanas extraídas do exterior. (^3) Dados do SIPRI 2012. (^4) Paul Kennedy argumentou em The Rise and Fall of the Great Powers (1988)
que a hegemonia Americana está em perigo de "esgotamento imperial". Kennedy propõe que da mesma forma que a Grã-Bretanha voltou para as
militar dos EUA - a guerra no Afeganistão e a invasão do Iraque - colocaram em cheque as finanças dos EUA e, apesar disso, não foram capazes de garantir a segurança ou de estabilizar politicamente esses dois países, sugerindo que há limites ao poder militar dos EUA. Especificamente, após o 11 de setembro de 2001 os EUA embarcaram em uma escalada armamentista de grandes proporções, culminando em uma mobilização concentrada de poder coercitivo que tem se mostrado mais aguda do que em qualquer período recente da história - o gasto militar dos EUA na última década só não é proporcionalmente mais elevado do que durante o período da Segunda Guerra Mundial. Em concomitância a essas manobras de reafirmação da primazia militar, estabeleceu-se um quadro de constante questionamento da hegemonia norte-americana em um período de franca expansão de novas potências econômicas, sobretudo na Ásia, mas também uma retomada de crescimento econômico em outras partes da periferia do sistema internacional. Na análise de Arrighi (1994, p. 175-274), essas manobras de afirmação do poder militar podem ser vistas como um dos principais componentes da crise da hegemonia dos EUA. De acordo com Samir Amin (2004, p.76), a hegemonia dos EUA passou a depender muito mais da capacidade militar desse ator do que de sua superioridade econômica. Todavia, ambas capacidades, especialmente na sequência da crise financeira de 2008, demonstram sinais de exaustão. Observa-se a diminuição relativa da capacidade dos EUA de assegurar sua condição hegemônica através de liderança consensual e, ao mesmo passo, a concentração do componente coercitivo de dominação da hegemonia em certas regiões prioritárias para o hegemon, gerando vazios em outras. A recorrência às políticas belicistas, isto é, a formulação de um “ Warfare State ” construído sob o primado da segurança e de bases militares, iniciou um “(...) um ímpeto militarista que vai assumir as feições de uma última manobra desesperada do país para preservar a todo custo seu domínio global.” (HARVEY, 2005, p. 166)^5. Esse cenário transitório entre o declínio de uma hegemonia e a ascensão de outra é o que Arrighi (1994) chama de caos sistêmico, período marcado pela conturbação da ordem internacional e pelo
“fileiras inconvenientes da mediocridade” porque gastou muito dinheiro defendendo os interesses em lugares distantes ao lutar em guerras dispendiosas, os EUA estariam se dirigindo para um destino semelhante. (^5) Tradução pelo autor.