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William Shakespeare escreveu livros dentro da tragédia, da comédia, dos dramas históricos e escreveu também este singular livro de poesia. Este livro não é ...
Tipologia: Exercícios
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PREFÁCIO
Eu me senti muito feliz e ao mesmo tempo muito apreensivo quando fui convidado para prefaciar este livro, primeiro pela indiscutível grandeza literária que Shakespeare representa dentro do mundo literário, ainda mais em se tratando de seus sonetos tão filosóficos e depois por se tratar do presente poeta (Arantes) que o coloca em sonetos rimando na língua portuguesa. Arantes apresenta neste seu trabalho uma novidade poética. Eu já vi incontáveis poetas fazerem poesia explorando a métrica nas estrofes e por isso mesmo cultivando a harmonia auditiva dos sonetos, mas ainda não vi um poeta utilizar esta simetria, ressaltando desta forma a harmonia visual nos sonetos, o que faz com que uma frase termine perfilada com as demais existentes no poema. Neste trabalho o poeta faz questão de que as frases ou versos de cada estrofe tenha exatamente 36 (trinta e seis) caracteres, só sendo ultrapassado este número por uma pontuação pertinente. Tudo isto faz com que o trabalho tenha um visual muito especial e permite também, ao mesmo tempo, pelo tamanho homogêneo dos versos, que eles tenham uma certa cadência sonora, lembrando os sonetos metrificados. O que mais me impressionou nesta tradução- interpretação dos sonetos de Shakespeare nem foi esta beleza visual e sonora alcançadas, mas sim a harmonia, a abrangência e a coerência filosófica shakesperiana transpostas em sonetos para nossa língua portuguesa. A percepção do poeta Arantes ao detectar que os sonetos de Shakespeare refletiam idéias dentro da milenar teoria dos contrários é de fundamental importância para uma reavaliação moderna deste autor tão abrangente chamado William Shakespeare. Arantes não só percebeu esta relação dos contrários, presente no original em inglês, mas também conseguiu explorá-la, igualmente, de maneira poética, só que agora dentro da língua portuguesa. As idéias poéticas de Shakespeare já são veiculadas na língua inglesa há quase meio milênio e agora elas também podem ser apreciadas, com ligeiras nuanças de diferenças de enfoque, na língua portuguesa.
Por outro lado, podem existir algumas diferenças de conteúdo entre um e outro soneto traduzido, mas é perfeita- mente perceptível que o cerne principal da idéia original de Shakespeare foi preservado; assim as ligeiras diferenças apresentadas não distanciam a obra original desta interpretação poética. Quase meio milênio nos separam das idéias deste gênio nascido na Inglaterra e assim é possível resgatar muitas idéias, conceitos e opiniões que eram próprias ou típicas daquela época; assim, neste sentido, este acaba também sendo um livro de história. Estamos diante de uma nova e bastante agradável versão dos “Sonetos completos de William Shakespeare”, que certamente servirá para o deleite dos leitores entusiastas e também para a análise de críticos que apresentam conceitos mais embasados e criteriosos a respeito do autor, na área filosófica e ainda no relevante campo das letras. Shakespeare não necessita da colaboração do poeta Arantes pois a sua fama é planetária, entretanto as pessoas de língua portuguesa, principalmente aquelas que não sabem ler em inglês, se beneficiarão sobremaneira com esta nova abordagem a respeito dos sonetos shakesperianos. É bem verdade que Shakespeare às vezes se mostra uma pessoa bastante enigmática e Arantes soube lidar com esses enigmas sem descaracterizá-los, simplesmente transpondo-os para a língua portuguesa. Com este livro os leitores farão uma viagem mental à era medieval elisabetana e também à era em que surgiram os primeiros fragmentos da teoria dos contrários na antiguidade européia e asiática, possibilitando desta forma um exercício de imaginação de inusitadas proporções. Fico muito feliz de ver que mais uma maneira diferente de se observar e de se interpretar Shakesperare chega às livrarias, beneficiando de forma exponencial os leitores que buscam novos subsídeos para tornarem os seus próprios potenciais mentais mais flexíveis e dinâmicos nesta constante ascenção evolutiva que é experimentada e cicenciada em cada ser humano e em particular aqueles que cultivam o salutar hábito da leitura de bons livros.
São Paulo, outono de 2008
Mário Scherer
na sua linha de raciocínio que se pautou nitidamente dentro da teoria da coexistência dos contrários. Assim, Cristo dizia: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros”, Bem aventurados os que choram”, “ Bem aventurados os que têm sede de justiça”, “Aqueles que julgam serão julgados”, “É dando que se recebe”, “É perdoando que se é perdoado”, “Se tiverdes fé (pequena) como um grão de mostarda, podereis mover uma (grande) montanha”, “Enquanto não vos fizerdes (como menino) não entrareis (como adulto) no reino dos Céus”; “Se quiserdes um verdadeiro tesouro, doai o vosso tesouro aos pobres”; “Quando ajudardes o menor dentre vós é a mim que estareis ajudando”; “Meus discípulos, vós me chamais de Senhor, então eu lavarei vossos pés tal como um servo”; “Graças vos dou meu Deus por haverdes revelado esta verdade aos pobres e humildes e havê-la ocultado dos ricos e poderosos”. O lado filosófico de Shakespeare não fica muito nítido em suas obras dentro da tragédia, da comédia ou dos dramas históricos a não ser em alguns trechos como aquele da citação de Hamlet onde ele disse: “Ser ou não ser, eis a questão”, mas dentro da poesia, o escritor exteriorizou toda a sua flexibilidade e abrangência filosófica dentro da teoria da co-relação dos opostos na natureza. Assim, a poesia de Shakespeare não deve ser compreendida apenas como poesia simplesmente e sim como uma demonstração filosófica de um poeta. Deve-se considerar Jesus Cristo como discípulo filosófico de Heráclito ou de Lao-Tsé e William Shakespeare como discípulo de ambos? Não, cada qual se expressa com par- ticularidades tão distintas que não podem ser classificadas como pertencentes à relações de mestre para discípulo. Assim, a poesia de Shakespeare se insere num contexto tão original e independente que o diferencia e “contrariamente” também o relaciona com estes dois pensadores predecessores. Tomei a liberdade de enumerar e dar nome a cada soneto para distinguir melhor o cerne de cada raciocínio que motivou a elaboração desta obra poética para facilitar a associação com a idéia filosófica referente aos contrários. Ao longo das páginas deste livro, o leitor vai perceber uma inusitada demonstração de relacionamentos inse- ridos na coexistência dos contrários, o que valoriza e dis- tingue sobremaneira o alcance deste escritor, filósofo e poeta inglês.
José Arantes Junior