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SOBREVIVENCIA POLICIAL, Notas de estudo de Cultura

Um estudo sobre as armas de fogo empregado na segurança pública, Curso de Gestão em Segurança Pública

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 12/01/2017

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FIC FACULDADES INTEGRADAS DE CUIABÁ
CURSO SUPERIOR SEQUÊNCIAL DE
GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
SOBREVIVÊNCIA POLICIAL:
A QUALIFICAÇÃO EM PROCEDIMENTOS TÉCNICOS NO
EMPREGO DE ARMA DE FOGO NA PRESERVAÇÃO DA
VIDA DOS OPERADORES DE SEGURANÇA PÚBLICA NO
ESTADO DE MATO GROSSO
CUIABÁ MATO GROSSO
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FIC – FACULDADES INTEGRADAS DE CUIABÁ

CURSO SUPERIOR SEQUÊNCIAL DE

GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA

SOBREVIVÊNCIA POLICIAL:

A QUALIFICAÇÃO EM PROCEDIMENTOS TÉCNICOS NO

EMPREGO DE ARMA DE FOGO NA PRESERVAÇÃO DA

VIDA DOS OPERADORES DE SEGURANÇA PÚBLICA NO

ESTADO DE MATO GROSSO

CUIABÁ – MATO GROSSO

BENEDITO BISPO DA ROSA

FLÁVIO PINTO RABELO

GILBERTO WOLF

SOBREVIVÊNCIA POLICIAL: A QUALIFICAÇÃO EM

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS NO EMPREGO DE ARMA DE FOGO

NA PRESERVAÇÃO DA VIDA DOS OPERADORES DE SEGURANÇA

PÚBLICA NO ESTADO DE MATO GROSSO

Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso Superior Seqüencial de Gestão em Segurança Pública da Associação Metropolitana de Ensino Superior (AMES). Faculdades Integradas de Cuiabá (FIC).

Prof. MS. Jamil Amorim de Queiroz – Orientador.

CUIABÁ

AGRADECIMENTOS

A todos Operadores de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, Policiais Militares, a Policia Judiciária Civil, Politec (peritos criminais), agentes prisionais e aos operadores de segurança privada, os quais estiveram junto conosco nesta jornada pela busca do conhecimento, os consideramos heróis, 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por semana, que ao operacionalizar e exercerem a segurança neste imenso Estado se abdica do conforto de seus lares e sacrificam suas vidas em prol da manutenção da ordem pública, proteção de vidas, patrimônio e promovem a sensação de segurança à sociedade.

Aos professores e acadêmicos que muito contribuíram à consolidação do nosso sonho acadêmico.

Ao Ilmo. Sr. José Lindomar Costa, Diretor Geral da Polícia Judiciária Civil, por ter contribuído ao enriquecimento deste trabalho.

Ao Professor Mestre Jamil Amorim de Queiroz, nosso orientador e amigo de todas às horas, que nos conduziu pela senda do conhecimento.

“Se queres prever o futuro, estude o passado” CONFÚCIO

“Quando vires um homem bom, tente imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te, a ti mesmo”. CONFÚCIO

“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”. CONFÚCIO

ABSTRACT

The increasing urban violence of recent times is gradually claiming lives among the operators of Public Security of the State of Mato Grosso. The training technique allows coping with high-risk incidents, where offenders, showing fearlessness and firearms caliber restricted to the armed forces terrorize cities, challenging the police apparatus and commit crimes, boldly, using sophisticated weapons and tactics of urban guerrilla warfare. The state of Mato Grosso due to its territorial extension and many localities are logistically out of reach of tactical specialized groups that focus on capital, quartered and alien threats. These remaining locations are not capable of prompt response to the confrontation of occurrences of this magnitude in the absence of effective, appropriate weaponry and strategic means of information and counter information. This paper aims to bring to light all those involved in the exercise and the operationalization of public safety and the adoption of methodologies appropriate to the qualification of these professionals, within a perspective of preserving the life of the officials responsible for law enforcement, providing them with technological mechanisms that allow coping with instances of high risk. As well as continued qualification through scholarship qualification, as an incentive instrument, stimulating the search for knowledge with paid time off. Providing arms compatible with the risks being faced and technical knowledge of the dynamics of these events as well as perform a safe approach is to promote improvement in public service delivery, arming them with information enabling preventative action and avoid confrontation. Those who develop the laws of teaching and curriculum matrix of training courses and training based on research conducted in other countries, with the social, economic, cultural, law and justice system is totally alien to our reality, our rescue autonomy to create functional devices and enforceable and that can change this scenario where our public safety systems are presented simply as reproducers and consumers of imported technologies.

KEYWORDS: SURVIVAL. POLICE. OPERATORS. SECURITY. TRAINING.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Grade Curricular Método Giraldi....................................................... 46

Tabela 2 – Quantidade de Disparos para Habilitação ao Porte e Emprego... 47

1. 4 .1 – PPSOM – Procedimentos Primários de Segurança na Operação de Manejo......................................................................................................................

  • Gráfico Demonstrativo – Idade dos Entrevistados..............................................
  • Gráfico1 - Modalidade de tiro...............................................................................
  • Gráfico2 - Manejo de Arma de fogo....................................................................
  • Gráfico3 - Quantitativo de Tiros com Arma de Fogo..........................................
  • Gráfico4 - Prática de Manejo com Arma de Fogo...............................................
  • Gráfico5 – Tiro e Estresse....................................................................................
  • Gráfico6 - Prática de Tiro em Seco......................................................................
  • Gráfico7 - Tempo de Saque da Arma de Fogo...................................................
  • Gráfico8 - Doutrina de Múltiplo Disparos............................................................
  • Gráfico9 - Tipo de Arma de Fogo Portada em Serviço.......................................
  • Gráfico10 - Habitação ao Porte da Pistola Semi-automática.............................
  • Gráfico11 - Grupos de Policiais Especializados.................................................
  • Gráfico12 - Treinamento Promovido pela Instituição.........................................
  • Gráfico13 - Preparado para Sobreviver...............................................................
  • Gráfico14 - Capacitado ao Porte e Emprego de Arma de Fogo........................
  • Gráfico15 - Desarmamento da Policia e do Cidadão..........................................
  • Violenta.................................................................................................................... Gráfico – Mortalidade de Operadores de Segurança Pública de Natureza
  • INTRODUÇÃO........................................................................................................ SUMÁRIO
  • 1.0 CAPITULO 1- A EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO..
  • 1.1 – CRONOLOGIA DOS PRIMEIROS ARTEFATOS..........................................
  • 1.1.1 – Século I d.C, Droga do Fogo – China......................................................
  • 1.1. 2 – O Canhão de Mão – Europa (1241 à 1290)..............................................
  • 1.1. 3 – O Canhão de Mão – Árabes (1258)..........................................................
  • 1.1. 4 – O Canhão de Mão – Chineses (1260 à 1368)..........................................
  • 1.1. 5 – Ignição por Mecha (Match-lock) (1450)...................................................
  • 1.1. 6 – Ignição por Roda (Wheel-lock) (1517).....................................................
  • 1.1. 7 – Ignição por Pedra (Flint-lock) (1517 à 1612)...........................................
  • 1.1. 8 – Sistema Retrocarga (1650 à 1776)...........................................................
  • 1.1. 9 – Ignição por Percussão (1807 à 1825)......................................................
  • 1.1. 10 – De Samuel Colt a Oliver F. Winchester (1845 à 1867).........................
  • 1.1. 11 – Revólver de Retrocarga (1869 à 1940)..................................................
  • 1.2 – CLASSIFICAÇÃO, CONCEITO E DEFINIÇÃO DAS ARMAS DE FOGO.....
  • 1.2.1 – Quanto ao Princípio Motor.......................................................................
  • 1.2. 2 – Quanto à Ação de Disparo.......................................................................
  • 1.2. 3 – Quanto ao Princípio Carregamento........................................................
  • 1.2. 4 – Quanto ao Princípio de Mobilidade e Emprego.....................................
  • 1.2. 5 – Quanto ao Calibre do Cano, Classificação, Conceito e Definição.......
    1. 3 – ARSENAL DE GUERRA NA PROVÍNCIA DE MATO GROSSO...................
    1. 3 .1 – Fabricantes de Armas no Brasil..............................................................
    1. 4 – PROCEDIMENTO TÉCNICO OBRIGATÓRIO..............................................
  • 1.4.1.1 – Manejo do Revólver...................................................................................
  • 1.4.1.2 – Outras Verificações...................................................................................
  • 1.4.1.3 – Pistola Semi-automática............................................................................
    1. 4 2 – PSAR – Procedimentos de Segurança em Ação Real.............................
  • 1.4.2.1 – Forma Técnica de Portar uma Arma de Fogo...........................................
  • 1.5 – FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO TIRO POLICIAL........................................
  • 1.5.1 – Técnicas de Empunhadura Simples e de Acompanhamento.................
  • 1.5.1.1 – Técnica de Empunhadura Simples............................................................
  • 1.5.1.2 – Técnica de Empunhadura Dupla ou de Acompanhamento.......................
  • 1.5. 2 – Técnica de Acionamento da Tecla do Gatilho.........................................
    1. 5 3 – Treinamento de Controle do Cano e do Gatilho......................................
    1. 5 4 – Técnica de Saque do Sistema Israelense, o Saque S10.........................
  • 1.6 – VISADA DO TIRO POLICIAL E O TIRO ESPORTIVO....................................
  • 1.7 – POSIÇÕES BÁSICAS DE TIRO VISADO POLICIAL......................................
  • 1.8 – DO PROCESSO DE ENSINO EMPÍRICO AO CONSTRUTIVISMO...............
  • 2.0 – CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA.....................................................................
  • 3.0 – CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DE DADOS............................................................
  • 3.1 – RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA QUANTITATIVA...........................
  • 3.2 – RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA QUALITATIVA.............................
  • CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
  • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................
  • APÊNDICE – QUESTIONÁRIO...............................................................................
  • ANEXO 1- IMAGENS ARMAS DE FOGO E TÉCNICAS DE TIRO POLICIAL.......
  • ANEXO 2- PORTARIA 001/05/CCDP/PMMT..........................................................
  • ANEXO 3- PORTARIA 029/09/INT-DGPJC.............................................................

CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.0 – A EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO

Os primeiros artefatos que deram origem as armas de fogo eram tão maciças e pesadas que possamos considerá-las como pequenos canhões aos quais foram lhes atribuídos nomes fantásticos e para nós absurdamente estranhos como se pode imaginar: “bocas de fogo”, “basilísco”, “passa-voadores”, “beija-flor”, de empurrão, sendo construída a partir da usinagem de ligas metálicas em forma de longos tubos, com uma de suas extremidades lacrada, denominada culatra e dotada um pequeno orifício de comunicação denominado fogão, que possibilitava a deflagração da carga de projeção através do contato com uma tocha de fogo, este artefato apoiados nas imensas muralhas dos castelos medievais disparando cargas compostas por pedras, pedaços de metralha e até dardos causando destruição saturando o alvo atingido, rasgando e partindo através da transferência da força do choque mecânico, causada pela desaceleração e impondo o terror repelindo os ataques de inimigos. Proporcionando aos detentores dessa inovação tecnológica maior poder defensivo e ofensivo à época, superando as armas de projeção mecânica de cargas, a catapulta. Esses pequenos canhões forjados grosseiramente em ferro ou bronze e fixado em um suporte de madeira, podendo ser transportada e operada por um único atirador, empregavam como carga de projeção um baixo explosivo que modificou a história da humanidade, a pólvora negra, um composto químico de carvão de madeira, salitre e enxofre que ao ser deflagrado e projetando sua carga mortífera, cheirava a raio e que comoveu e transformou o mundo dos combates. Este artefato que mudou a história, por mais simples ou sofisticada que seja, é uma máquina térmica que tem como princípio motor a força expansiva dos gases provenientes da queima de uma mistura ou composto químico (carga de projeção), considerado baixo explosivo, que ao ser deflagrado transfere a energia para um corpo sólido, redondo e móvel, também denominado carga ou projétil balístico. Que por sua vez é um componente da máquina que Ao ser impulsionado à extremidade aberta do cano (boca do cano), é direcionada contra o alvo e projetada no espaço percorrendo determinada distância a grande velocidade. Ao atingir o alvo pretendido, a desaceleração causada pelo

impacto transfere toda energia que possui, saturando, dilacerando, rasgando e destruindo. Este invento que deu origem as armas de fogo, é uma máquina dotada de motor explosivo capaz de projetar uma carga mortífera, sendo essencial à defesa e sobrevivência do ser humano.

1.1 – CRONOLOGIAS DOS PRIMEIROS ARTEFATOS

1.1.1 – Século I d. C, Droga do Fogo (China) Século I d.C é atribuído aos chineses como a huo hyao, “droga do fogo” e pergaminhos contendo informações de alquimia chinesa, relatava que a mistura de enxofre e salitre era capaz de produzir raios e trovões, e alertava aos iniciantes da arte da alquimia a adotar precaução ao manipular tais ingredientes, o que estimulou que esta mistura passasse por séculos como tabu e evitando a sua manipulação. A criação da pólvora negra passou a utilizada na confecção de artefatos pirotécnicos, composto de bambu e madeira com fins recreativos e em suas milenares cerimônias tradicionais e de cunho religioso. O emprego bélico pelos chineses historicamente só se deu no início do Século XIII, restringindo-se à prática de artefatos incendiários, lançada por arqueiros. Apesar de existir registros históricos a identidade de seu verdadeiro inventor é ignorada, provavelmente tratasse de uma pessoa extremamente curiosa, com tendências à investigação experimental, membro da legião dos curandeiros, mágico, bruxo ou um alquimista nato. Na busca incessante para compreender e dominar o fogo teria notado em suas experiências que ao misturar diferentes substâncias, se incendiavam com mais rapidez e com mais facilidade que os agentes combustíveis tradicionais. E ao dedicar ao domínio desta tecnologia, substituindo as substâncias e modificando os valores das doses deviam ter observado que a combustão se produzia cada vez mais em escala crescente até que, num determinado momento se depara diante de um acontecimento histórico, surpreendidos por uma explosão e envolvidos em uma nuvem de gás inflamável. Não se tratava dos demônios das lendas milenares, tinha nascido o explosivo, a pólvora negra. O primeiro sendo composto por substâncias simples e facilmente encontrado na natureza: salitre, carvão de madeira e enxofre. Esta substância capaz de entrar em combustão por atrito ou em contato com o fogo, produzia a partir daí explosão, fumaça e cheiro que se remetia à ira dos deuses ou demônios.

Artilharia, uma máquina de componentes simples e que poucos exemplares ainda são conservados em museus pelo mundo afora, apesar do escasso registro forma muito empregadas nas bombardas (artefato rudimentar que lembra o morteiro) e ao pensarmos na portabilidade e transporte desta peça de artilharia, presume-se que eram construídas em tamanho pequeno possibilitando rapidez no emprego, aproximando-se dos padrões de armas portáteis.

1.1.3 – O Canhão de Mão – Árabes (1.258) Há registros históricos que em 1.258, os árabes empregaram o canhão de mão.

1.1.4 – O Canhão de Mão – Chineses (1.260 à 1.368) Há registros históricos que em 1.260 a 1368, os Chineses empregaram o canhão de mão contra os Mongóis e conforme afirma Setubal (2.003, p. 17), existe relatos históricos do emprego do canhão de mão “[...] o primeiro documento autêntico, uma crônica da cidade de Dante, na Bélgica, datada de 1.313, cita o emprego de canhões de mão na Alemanha”.

1.1.5 – Ignição por Mecha (matchlock) (1.450) Há registros históricos que em 1.450, Ignição por Mecha (matchlock ou pavio) e a serpentina, estão diretamente ligados ao aperfeiçoamento dos sistemas de ignição da máquina térmica movida explosão da queima de composto químico. Conforme Flores; Gomes, (2.006, p. 17) [grifo nosso], “Conhecido com a expressão ‘reze para não chover’ , os sistemas de ignição por mecha ou pavio constituem a primeira técnica de controle do disparo desenvolvida pelo homem”. A adaptação da mecha às armas de fogo, provavelmente já empregadas a outras funções da época, representou um avanço tecnológico significativo aos padrões da época, de compleição simples e primitiva, mas que apresentou uma eficiência extraordinária e que revolucionou o mundo do combate. A mecha consistia em um simples pavio ou corda frouxamente trançada em fibra de cânhamo, e outros melhores, confeccionado em estrutura tubular, fervido em acetato de chumbo ou salitre e posteriormente posto para secar. Este assessório possibilitava a permanência de um ponto em brasa sempre aceso e que apresentava uma queima lenta de aproximadamente oito a dez polegadas por hora. Bastava um pouco de estímulo através de sobro, que esta se avivava totalmente.

Devido ao seu reduzido peso, podendo ser transportada enrolada no braço do atirador. O fogão passou por modificações e sendo deslocado à lateral direita do cano da arma de fogo, de forma que, em vez de vertical, carrega-se horizontalmente ajudada por uma guia que continha certa quantia de pólvora negra em comunicação com a que está no interior da câmara de disparo. Finalmente, o pavio é preso em na mordaça da serpentina, permitindo ao atirador efetuar a aproximação da brasa do “fogão” ocasionando a deflagração da carga iniciadora que entra em contato com a carga de propulsão no interior do cano, ocasionando um disparo sem perder a visado. Inicialmente a serpentina, tratava-se de um simples dispositivo formado por um grampo de ferro em forma de “S” com as duas extremidades de comprimento diferente. Na ponta do braço mais curto fixava-se, por meio de uma saliência, a parte acesa da mecha. A serpentina era colocada verticalmente na parte direita da arma, precisamente antes da câmara; a parte mais comprida para baixo e a curta para cima; a diferença de peso entre ambas as partes mantinha-a na vertical. O atirador puxava à alavanca para si e para cima, de forma que, consequentemente, a parte superior movia-se à frente e para baixo; dessa forma, a ponta da mecha terminava na câmara do fogão, incendiando a pólvora e provocando o disparo. Libertando a alavanca inferior, voltava tudo outra vez à posição vertical. Para realizar estes movimentos bastavam dois dedos da mão direita, possibilitando a elevação do armamento e realizar a visado no alvo pretendido. Não se tem informações da existência de exemplares de armas de fogo dotadas destes sistemas, verdadeiramente elementar, conservando-se somente algumas gravuras. Existe ainda um sistema de serpentina um pouco mais complexo, no qual esta é alojada em entalhe dentro do suporte de madeira fixando o canhão, mas o princípio de funcionamento é o mesmo. O sistema de serpentina evolui possibilitando maior segurança e comodidade, surgindo com este avanço um mecanismo que possibilitava o disparo do arcabuz com um simples acionamento de um botão. O sistema anterior apesar de ter representado avanço, apresentou-se com um grau de risco muito elevado, sendo incomodo e provocando disparos acidentais. E a necessidade de aperfeiçoamento fez com que da serpentina apenas se conservasse a parte superior onde se localiza a mordaça que prende o pavio. Juntamente com o desenvolvimento do mecanismo de acionamento por botão, também se desenvolveu um mecanismo de serpentina acionado por uma manilha, colocando a serpentina diante de uma caiçola, afastando a mecha dos olhos do

desenvolvido devido à complexidade do fecho de roda, considerado um aperfeiçoamento, mas mantendo a características do braço e da cabeça do cão e o emprego do sílex e pirita, adotando um mecanismo simplificado, sendo considerado mais seguro e funcional, com a rusticidade necessária ao emprego da arma de fogo em condições mais severas. Alguns historiadores relatam que o surgimento deste mecanismo se deu da adaptação dos sistemas amplamente utilizados pelas comunidades européias, para o acendimento do fogo nas utilidades domésticas e no preparo de alimentos.

Houve diversos sistemas de fecho de pedra, destacando-se o Snaphaunce , da Holanda, o Chenapan , da França e da Itália, e o Miquelete , da Espanha. Essa última foi tão popular que seu nome, às vezes é utilizado para denominar os fechos de pedra (também conhecidos como fecho Miquelete). Alguns autores datam de 1.640, o aparecimento de armas de mão, dotadas de fechos de pedra (SETUBAL, 2003, p. 18) [grifo nosso]. 1.1.8 – Sistema Retrocarga (1.650 à 1.776) A criatividade e dedicação dos armeiros europeus revolucionaram o mundo das armas, surgindo a partir do mecanismo básico centena de variações com suas particularidades incluindo o desenvolvimento de um modelo de mosquete e pistola pederneiras, dotadas de sistema retrocarga. É atribuído à Marin Le Bourgeois e outros armeiros o desenvolvimento desse sistema por volta de 1.650. Dotado de uma alavanca rosqueável, afixada na culatra do cano possibilitando a sua abertura e o carregamento da arma de fogo, com o propelente e projétil. O sistema Flint-Lock permaneceu por mais de 200 anos, sendo adotados por praticamente todas as forças militares e espalhou-se pelo mundo afora. Em 1.723 o sistema de carregamento retrocarga era amplamente utilizado nos mosquetes, proporcionando rapidez e agilidade aos combates. O exército francês e o austríaco adotaram esta inovação tecnológica, apostando estrategicamente no ganho de agilidade e aumento do poder de fogo, ao carregar e disparar em menor tempo. Em 1.776 o inglês Patrick Ferguson projetou mais uma inovação ao sistema flint-lock, idealizando o projeto fuzil de retrocarga, dotado de cano raiado, sendo adotado pelo exército inglês.

[...] dotado de cano raiado, a arma apresentava um grande orifício vertical, provido de rosca em sua culatra, no qual se alojava um fecho cilíndrico também rosqueado, que permitia a introdução de um projétil esférico diretamente na câmara, juntamente com a carga de propelente. A abertura e o fechamento se da culatra se davam pela movimentação do guarda-mato

da arma (SETUBAL, 2.003, p. 19). 1.1.9 – Ignição por Percussão (1.807 à 1.825) Nos idos de 1.807, a Ignição por percussão, só foi possível pela perspicácia do escocês e Reverendo Protestante Alexander John Forsyth (1768 – 1843) natural de Belhelvie, região de Aberdeenshire - Escócia. Seu invento revolucionou o mundo das armas de fogo e teve como base as experiências químicas desenvolvidas por Edward Charles Howard (1.774 – 1816) (Inglaterra) e Bayen (França) e químicos alemães, responsáveis pela criação de um composto químico baseado em fulminato de mercúrio, extraído por processo de decomposição de metais em ácido, esta composição deflagrava ao entrar em atrito com outras superfícies e ao choque mecânico. No princípio tentaram substituir a pólvora por essa na composição, não sendo possível devido ser excessivamente explosivo e corrosivo. Forsyth um aficionado por química e adepto de caçadas com armas de fogo, desenvolveu e patenteou em 11 de abril de 1807 um mecanismo de percussão que substituía peças das armas dotadas de sistemas de ignição anteriores, dando adeus às mechas, serpentinas, fecho de rodas, caçoletas e pederneiras. Surgindo no lugar do fogão, projetou um mecanismo composta de uma peça idêntica a uma garrafa de metal contendo fulminato de mercúrio suficiente para cinco disparos, sendo fixada por um parafuso que lhe proporcionava mobilidade, ao girar sobre seu eixo uma porção determinada de fulminato suficiente para um disparo, ficava disponível sob um receptáculo denominado percussor, protegido da umidade, excesso de fagulhas, retardo de disparo, excesso de resíduos e entupimento do duto de comunicação com a câmara de disparo, excessos de clarões e fumaça e todos os demais problemas que eram peculiares nos sistemas anteriores. A cabeça protuberante deste percussor ao ser percutido pelo cão deflagrava o fulminato que se comunicava através de um duto com o interior da câmara provocando o disparo praticamente simultâneo ao acionamento do gatilho. Convém esclarecer que a criação da cápsula de espoletamento não é atribuída à Forsyth, mas o seu invento estimulou posteriormente sua criação. Alguns autores afirmam a criação da espoleta por volta de 1.820 e atribuem ao imigrante inglês Joshua Shaw, sendo este o mais indicado, seguido de perto por Joseph Manton, Peter Hawker, James Purdey entre tantos outros armeiros aficionados. Algum desses armeiros teve a brilhante idéia de acondicionar no fundo