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Uma análise do poema 'eros e psique' de fernando pessoa, que trata-se de uma versão lírica e original do antigo mito grego de psique e eros. O poema, composto por trinta e cinco versos, tem sido considerado um dos mais belos da línguas por alguns autores, mas ainda não recebeu a exegese adequada a seu sublime e profundo simbolismo. O texto localiza a origem e inspiração do poema no mito grego de psique e eros, relatado pela primeira vez no romance latino de apuleio, e discute suas interpretações simbólicas e históricas.
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
(^) EROS
(^) E (^) PSIQUE
Eros e (^) Psique,
(^) poema do
(^) Cancioneiro
(^) de Fernando
(^) Pessoa,
tem (^) sido (^) incluído,
(^) com (^) razão,
(^) no (^) ciclo (^) iniciático
(^) ou (^) esotérico
do poeta,
(^) por (^) autores que abordaram
(^) esse aspecto
(^) ainda (^) insu-
ficientemente
(^) estudado da obra pessoana. Entretanto, apesar da
extraordinária
(^) importância
(^) temático-estrutural
(^) do (^) poema,
(^) que
leva um Kujawski1 a declará-lo
(^) "um (^) dos mais belos de todas as
línguas",
(^) não mereceu ainda uma exegese
(^) à altura (^) do seu
(^) subli-
me e profundo simbolismo. O nosso (^) intuito
(^) é, (^) aqui, (^) tão-somente,
(^) apesar
(^) das (^) alusões
que, inevitavelmente,
(^) mais (^) adiante se farão a tal
(^) simbolismo,
(^) o
de situar-lhe, com
(^) brevidade,
(^) a origem
(^) e inspiração
(^) no âmbito
da tradição
(^) temática
(^) a que (^) efetivamente
(^) pertence, trazendo um
subsídio porventura
(^) valioso
(^) para (^) ulteriores
(^) aprofundamentos.
Já o (^) título (^) sugere
(^) e o poema
(^) (transcrito
(^) mais (^) adiante)
(^) con-
firma, (^) nos seus
(^) trinta (^) e cinco (^) versos de
(^) sete (^) sílabas
(^) agrupado!'
em (^) sete (^) estrofes, tratar-se de uma versão
(^) intensamente
(^) lírica (^) e
sobremodo original e concisa, do antigo
(^) mito (^) grego de
(^) Psique.
Eros (ou Amor,
(^) na (^) sua (^) forma
(^) latina) é
(^) filho (^) de (^) Afrodite
(^) (ou
Vênus (^) romana), e
(^) Psique
(^) uma donzela, personagens comumente
conhecidos
(^) através
(^) de (^) várias
(^) representações
(^) esculturais
(^) de
duas (^) figuras
(^) aladas que se
(^) abraçam, alguns de
(^) cujos (^) originais
remontam
(^) ao (^) século
(^) IV (^) a.C. (^) Entretanto, só encontramos o
(^) mito
cabalmente
(^) relatado, pela
(^) primeira
(^) e única vez,
(^) em (^) forma
(^) lite-
rária, no célebre romance do
(^) escritor
(^) latino (^) Apuleio,
(^) do século
(^1) KUJAWSKI,
(^) Gilberto
(^) de (^) Mello.
Fernando
(^) Pessoa,
(^) o (^) Outro.
(^) São
Paulo, (^) Cons. (^) Est. (^) Cult., (^) Comissão
(^) de (^) Literatura,
(^) p. (^) 80.
(^2) Georg (^) Rudolf Lind,
(^) p. (^) ex., (^) que (^) aborda
(^) o assunto
(^) sob o (^) título (^) A
Iniciação
(^) do (^) Poeta (^) e o (^) Caminho
(^) Alquímico,
(^) cap. VI, p.
do seu (^) livro (^) Teoria
(^) Poética
(^) de (^) Fernando
(^) Pessoa
(^) (Porto,
(^) Ed.
Inova, (^) 1970), (^) sequer (^) menciona
(^) "Eros (^) e Psique"
(^) nas (^50) (^) páginas
do referido
(^) capítulo.
Rev. de Letras, Fortaleza,
(^) 3/ (^) (2/1): (^) Pág. (^) 102-107,
(^) jul./dez.
(^1980)
, (^) jan./jun.
(^1981)
(^11) d. (^) C., (^) mais (^) conhecido sob o
(^) título (^) O (^) Asno (^) de (^) Ouro.
(^) A (^) narra-
tiva (^) mítica
(^) ocupa parte dos
(^) livros (^) IV e VI, e o
(^) livro (^) V inteiro,
(^) re-
petindo-se,
(^) sob (^) a (^) forma
(^) de (^) ação (^) dramática,
(^) no (^) livro (^) final (^) da
obra, o qual
(^) relata
(^) a iniciação do
(^) protagonista
(^) (não (^) dos (^) prota-
mostra gonistas, note-se bem, pois são, no fundo, um só, como bem o
(^) o (^) poema
(^) de (^) Pessoa)
(^) nos (^) mistérios
(^) de (^) fsis, (^) divindade
egípcia
(^) maior,
(^) gêmea
(^) da (^) Deméter
(^) grega,
(^) ambas
(^) encarnações
culturais da
(^) mesma
(^) Magna
(^) Mater
(^) mediterrânica.
Acuradíssimo
(^) estudo
(^) hermenêuti;o
(^) sobre e a
(^) partir (^) do (^) Mito
de (^) Psique,
(^) intitulado
(^) Mito (^) de (^) Psique
(^) e a Simbólica da Luz,
(^) é
feito (^) pelo (^) insigne
(^) helenista
(^) português radicado no Brasil, Eudoro
de (^) Sousa,
(^) fazendo-o
(^) preceder
(^) de (^) um (^) inexcedível
(^) resumo
(^) da
narrativa
(^) mítica
(^) de Apuleio.4 A
(^) este (^) resumo, ou, na falta, a
(^) um
bom (^) dicionário
(^) de (^) mitologia
(^) ou (^) congênere,
(^) poderá
(^) recorrer
(^) o
interessado
(^) na (^) trama
(^) magnificamente
(^) urdida.
De (^) sob (^) esta, entretanto, e por
(^) trás (^) das (^) situações,
(^) peripé-
cias e (^) sofrimentos
(^) de (^) Psique,
(^) tendo em Eros o seu pólo de
(^) refe-
rência, (^) depreende a
(^) melhor
(^) exegese
(^) simbólica,
(^) o que
(^) podería·
mos, esquematicamente,
(^) resumir
(^) como (^) o (^) confronto
(^) entre (^) dois
planos (^) distintos
(^) de (^) existência,
(^) um (^) divino
(^) e (^) outro (^) titânico,
(^) um
superior e
(^) outro (^) inferior,
(^) e o duplo
(^) trânsito
(^) antitético
(^) de (^) um (^) a
outro, representado pela queda
(^) original
(^) e pela ascensão
(^) subse-
qüente, através
(^) de (^) ingentes
(^) trabalhos.
Já desde
(^) Apuleio
(^) apresenta o
(^) mito (^) um (^) cariz neoplatônico,
atravessando
(^) com (^) ele a Idade
(^) Média
(^) latina, para
(^) florescer,
(^) na
Renascença,
(^) como (^) tema (^) alegorizante
(^) de (^) reflexão
(^) filosófico-re-
ligiosa,
(^) e (^) inspirar,
(^) na (^) cultura
(^) européia
(^) posterior,
(^) escritores
(^) e
poetas,
(^) artistas
(^) plásticos
(^) e músicos.
Por (^) outro (^) lado, provenientes do
(^) mesmo
(^) arquétipo
(^) mítico
(^) e
pertencentes,
(^) por (^) conseguinte, a um
(^) mesmo
(^) círculo de
(^) represen-
tações,
(^) encontramos
(^) as (^) lendas
(^) e (^) estórias,
(^) outrora
(^) largamente
difundidas
(^) e que
(^) povoam
(^) ainda (^) o (^) imaginário
(^) coletivo,
(^) do (^) tipo
A Bela (^) Adormecida,
(^) Bela (^) e (^) a Fera,
(^) O (^) Dragão
(^) e a Donzela,
emergências
(^) populares
(^) do (^) mesmo
(^) substrato
(^) mítico
(^) migrando
culturalmente
(^) no espaço e no
(^) tempo:
Conta a lenda
(^) que dormia
Uma (^) Princesa
(^) encantada.
(^3) Conhecido,
(^) igualmente,
(^) sob (^) os (^) títulos
(^) Lúcio (^) e Metamorfoses,
(^) foi,
há alguns (^) anos, (^) publicado
(^) pela (^) Editora
(^) Cultrix,
(^) de (^) S. (^) Paulo,
na (^) coleção
(^) "Clássicos
(^) Cultrix",
(^) em (^) tradução
(^) nacional.
(^4) SOUSA,
(^) Eudoro
(^) de. (^) Dionísio
(^) em (^) Greta (^) e outros (^) ensaios.
(^) São (^) Paulo,
Livr. (^) Duas (^) Cidades,
(^) 1973, (^) p. (^) 213-244.
Rev. de Letras, Fortaleza,
(^) 3/ (^) (2/1): (^) Pág. (^) 102-107,
(^) jul./dez.
(^1980)
(^1981) (^) ,
103
Mas (^) cada um cumpre
(^) Destino-
Ela (^) dormindo
(^) encantada,
Ele buscando-a sem
(^) tino
Pelo (^) processo
(^) divino
Que faz
(^) existir
(^) a estrada.
se (^) bem (^) que seja
(^) obscuro
Tudo (^) pela (^) estrada fora,
E falso,
(^) ele (^) vem (^) seguro,
vencendo
(^) estrada
(^) muro,
Chega onde em sono
(^) ela (^) mora.
inda (^) tonto (^) do (^) que houvera,
À cabeça,
(^) em (^) maresia,
Ergue (^) a (^) mão,
(^) encontra
(^) hera,
E vê (^) que (^) ele (^) mesmo
(^) era
Princesa que dormia.
Como bem se vê, Fernando
(^) Pessoa
(^) inverte
(^) as (^) situacões
(^) em
jogo (^) no (^) mito, (^) transformando
(^) Psique
(^) no (^) Infante
(^) e Eros
(^) ·na (^) Prin-
cesa. A reconfortante
(^) plenitude
(^) de (^) sentido
(^) da (^) existência,
(^) trans-
mitida (^) pelo (^) poema
(^) inteiro,
(^) e (^) o (^) teor (^) beatífico
(^) desse
(^) final (^) em
que se consuma o longo
(^) périplo
(^) da alma em busca do seu
(^) divino
Centro, são
(^) momentos
(^) raros (^) na (^) poesia
(^) ortônima
(^) do (^) Cancioneiro,
todo ele
(^) brumosamente
(^) perpassado da
(^) nostálgica
(^) reminiscência
de uma (^) existência
(^) anterior,
(^) e (^) do (^) sentimento
(^) de (^) exílio
(^) num
mundo de sombras. Para (^) o (^) poema
(^) inteiro,
(^) especialmente
(^) para (^) os (^) dois (^) versos
finais
E vê (^) que (^) ele (^) mesmo era
Princesa
(^) que (^) dormia
(^). (^)..
podemos
(^) apontar,
(^) como (^) antitética
(^) premissa,
(^) entre (^) outros,
(^) os
dois (^) seguintes
(^) versos
(^) iniciais
(^) de (^) outro (^) poema do
(^) Cancioneiro
escrito
Neste^ pouco antes: (^) mundo
(^) em (^) que (^) esquecemos
Somos
(^) sombras
(^) de (^) quem (^) somos
(^). (^) .. (^) 6
Eros (^) e Psique (^) é ainda a
(^) história
(^) da Alma, que só através
(^) dA
iniciação, e
(^) depois
(^) de provada nos combates, reencontra o
(^) Ca-
minho (^) da Verdade
(^) que (^) conduz
Vida:
(^6) PESSOA
, (^) Fernando.
(^) Obra (^) Poética
. (^) Rio (^) de (^) Janeiro
, Ed. (^) Aguilar,
(^) 2.
ed. , (^) 1965, (^) p. (^) 178.
Rev
(^). de Letras, Fortaleza,
(^) 3/ (^) (2 (^) / 1): (^) Pág. (^) 102-107,
(^) jul./dez.
(^1980)
, (^) jan./jun
(^). (^1981)
Ele (^) tinha que,
(^) tentado
Vencer
(^) mal (^) e
Antes (^) que, (^) já (^) libertado,
Deixasse
(^) caminho
(^) errado
Por
que (^) à (^) Princesa vem.
poema (^) representa
(^) também
(^) o (^) drama
(^) do (^) conhecimento,
desde a
(^) superfície
(^) das coisas
(^) se bem
(^) que seja obscuro
Tudo pela
(^) estrada
(^) fora,
E falso
(^) ..
. (^) ,
até a sua profundidade.
(^) Igualmente
(^) implicado
(^) na iniciação e no
ritual (^) dos (^) mistérios,
(^) tal (^) drama do
(^) conhecimento
(^) deve (^) culminar
no (^) cumprimento
(^) do (^) imperativo
(^) "Conhece-te
(^) a (^) ti mesmo!"
(^) Mas
este (^) cumprimento
(^) só (^) é (^) realmente
(^) possível
(^) mediante
(^) a (^) trans-
mutação do eu
(^) titânico,
(^) terreno,
(^) ilusório,
(^) no (^) verdadeiro
(^) eu, (^) no
eu (^) divino
(^) que (^) preexiste
(^) em nós, só
(^) aparentemente
(^) adormecido
para a nossa consciência, só aparentemente
(^) à espera de que o
acordemos;
(^) porque,
(^) de (^) fato, (^) ao encontrá-lo após tê-lo buscado,
nós é que
(^) despertamos
(^) nele, (^) do sono da nossa
(^) consciência
(^) an-
terior .. -
. (^) E vê que
(^) ele (^) mesmo
(^) era
A Princesa que
(^) dormia
esfumando-se o sonho que éramos: E, inda (^) tonto (^) do (^) que houvera.
E o sonho que
(^) éramos
(^) - o (^) Infante
(^) e (^) toda (^) a sua busca -
era (^) o (^) sonho
(^) da (^) Princesa,
(^) o (^) que (^) dá (^) a (^) diferença
(^) entre (^) os (^) dois
graus de realidade.
Em (^) outras palavras, o que,
(^) dentro
(^) de nós,
(^) por (^) nós mesmos
espera,
(^) como (^) "a (^) Princesa
(^) adormecida",
(^) é (^) o (^) nosso
(^) verdadeiro
Eu, o (^) qual (^) devemos
(^) realizar
(^) (pelo caminho
(^) certo,
(^) depois
(^) de (^) tê-lo
buscado,
(^) "sem (^) tino
pelo (^) processo
(^) divino
que (^) faz (^) existir
(^) a
estrada"),
(^) o (^) Si (^) central,
(^) o (^) "Selbst"
(^) junguiano
(^) representado nas
mandalas
(^) orientais,
(^) "centro
(^) da vida psíquica
(^) total, (^) princípio
(^) de
unificação
(^) dos (^) contrários,
(^) do (^) exterior
(^) e do (^) interior,
(^) do (^) positivo
e do negativo, do racional e do
(^) irraciona1".
(^) nosso
(^) verdadeiro
(^7) KUJAWSKI
, (^) cf. (^) obra (^) citada,
(^) p. (^) 84.
Rev. de Letras,
(^) Fortaleza,
(^) 3/ (^) (2/1) (^) : (^) Pág. (^) 102-
, (^) jul./dez.
(^1980)
, (^) jan./jun.
(^1981)